Roço o dedo à procura do telefone de João Batista Simões, nesta passagem de ano e, sem que possa me queixar, surge Gil Messias no site de Romero inconformado com o tempo que levamos para vencer uma avenida de légua das muitas que dão nome à nova cidade litorânea sem atinar com o que lhe devemos e mesmo quem foi.
Isso me faz lembrar o ex-presidente da nossa Academia de Letras, Wellington Aguiar quando, em seu estilo belicoso, sugeriu a quem dá nome às ruas consultar o Instituto Histórico antes de levar a proposição a plenário. “Ainda que as injunções ou conveniências políticas passem por cima do juízo histórico.”
Onde está a rua ou estátua que a cidade dos últimos cinquenta anos deve ao naturalista Lauro Xavier? Este fez escola, inspirou instituições no zelo do que resta de característico no nosso patrimônio ambiental. Sem desmerecer o conjunto José Américo, lá em Água Fria, hoje via expressa para os destinos mais atraentes da nova cidade, incluindo o Cemitério das Acácias, é lá que se esconde a rua Lauro Pires Xavier. Como se escondem entre a Almirante Barroso e a Pedro I as sete casas de cada lado da rua dedicada ao mais universal dos nossos poetas, Augusto dos Anjos.
Sobra razão a Gil Messias quando entende com o mundo todo que pouco acrescentaria à glória de Augusto a rua da mais longa extensão emparedada entre cânions de arranha-céus. Mas há poucos Augustos no seu universo de merecimentos. Uma ruazinha não ofende quando tem o que lembrar. Às vezes uma rua é pouco para vultos do tamanho de uma cidade inteira, a antiga João Pessoa, quando rua, estátua ou monumento tentem representar um Walfredo Guedes Pereira. A ladeira que lhe deram entre o Ponto de Cem Réis e a Genaral Osório é um naco. Salva-o até agora a memória enraizada de três ou mais gerações.
Ia ligar para Simões, Telê da nossa amizade inicial no batente de imprensa, ele como repórter esportivo que aos poucos foi se entregando à Medicina e, de corpo e alma, depois do êxito em sua especialidade, na dedicação exclusiva ao Hospital Laureano. Hospital a que me liguei desde a campanha de Laureano e da luta pela pedra fundamental, encabeçada na Paraíba por Janduhy Carneiro e no Brasil por Assis Chateaubriand. Era difícil o gol de Telê no time de Carneiro Arnaud, Giácomo Zaccara, Raminho, que eu não estivesse na arquibancada. Ouvia seus reclamos e passei um deles a Tarcísio Burity governador, a quem se deve a compra e instalação do “acelerador linear” em substituição à antiga bomba de cobalto da fundação. “Leva e traz” dessas coisas, ganhei meu nome no final de uma placa que não sei se já enferrujou e despregou-se.
A estátua não acrescenta nada a Augusto; a que ergueram a José Américo, um busto ao lado da casa, foge a sua postura natural. Mas não será por isso que iremos invalidar o que egípcios, gregos e romanos faziam de melhor. Aqui pertinho, beirando o riacho de Ingá, grita um colosso de pedra na sua desesperada necessidade de expressão. Quem era? O que diz? Era uma expressão já humana.