Epigrama I Vão-se encurtando os dias, com o Sol indo pro Norte. Vai de um Equinócio ameno pra um Solstício menos forte. Já no 21 d...

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Epigrama I

Vão-se encurtando os dias, com o Sol indo pro Norte. Vai de um Equinócio ameno pra um Solstício menos forte. Já no 21 de junho, quando o dia é mais curto, o Sol torna sobre os passos, aquecendo-nos a furto. E crescendo ele vai, vai queimando sem pudor, é que sai de outro Equinócio pra um Solstício de calor.

Um querido professor no curso de Direito da UFPB costumava me dizer que é sempre melhor ser julgado por sete do que ser carregado por s...

justica tribunal juri
Um querido professor no curso de Direito da UFPB costumava me dizer que é sempre melhor ser julgado por sete do que ser carregado por seis. Referia-se, por óbvio, à quantidade de jurados num júri e ao número de pessoas necessárias para carregar um caixão de defunto. Noves fora essa reminiscência, a primeira grande diferença entre o júri brasileiro e o americano é que lá não são sete membros, são doze.

A poeira acumula-se por todos os lados. Do álbum de fotografia aos cantos dos olhos, da vastidão da rua atravessa o vazio para o interi...

deserto vento destino
A poeira acumula-se por todos os lados. Do álbum de fotografia aos cantos dos olhos, da vastidão da rua atravessa o vazio para o interior da casa, está suspensa no ar quase que imóvel, girando em órbita aleatória sob o feixe de luz que adentrada na tarde pela fresta da janela entreaberta. Há pó na superfície dos planos, dos sonhos e de antigos sorrisos que, vez por outra, com um sopro, afastam a fina camada para reviver cenários e pessoas.

O título acima peca pela insuficiência. Poderia ser “Uma menina contra tudo e todos”. Contra o desprezo estúpido dos governantes, c...

canal mancha kay france
O título acima peca pela insuficiência. Poderia ser “Uma menina contra tudo e todos”. Contra o desprezo estúpido dos governantes, contra a cegueira absurda dos que somente patrocinam gente e equipes já consagradas, contra a descrença generalizada.

Falo da saga de Kay France, a paraibana e, até então, a primeira latino-americana, a atleta mais jovem a atravessar a nado o Canal da Mancha, um desafio para poucos seres humanos. Ela fez isso em 19 de agosto de 1979, mal havia saído do 16º ano de vida. O Jornal Nacional divulgaria o feito, na edição seguinte, para o espanto

Li excelente texto do mestre e acadêmico Gonzaga Rodrigues , sob o título de ¨Riquezas encobertas¨, em que ele faz referências a meu a...

mineracao historia paraiba plinio lemos economia paraibana
Li excelente texto do mestre e acadêmico Gonzaga Rodrigues, sob o título de ¨Riquezas encobertas¨, em que ele faz referências a meu avô, Plinio Lemos. Como Engenheiro de Minas, resolvi demonstrar a importância que a mineração teve não apenas na vida desse político areiense de renome nacional, mas também no desenvolvimento da sociedade moderna.

Sob a marquise, espalhados em trajes maltratados, o homem, a mulher e os filhos. Um pano estirado sobre a calçada. Havia respingos a...

maternidade desigualdade
Sob a marquise, espalhados em trajes maltratados, o homem, a mulher e os filhos. Um pano estirado sobre a calçada. Havia respingos a chorar a diminuição do temporal que se abatera sobre a cidade. Comeram um pão dividido entre todos, canecas de alumínio de café frio. As crianças sujas, chorando de fome, não se satisfizeram com o desjejum.

Não tive coragem de me aproximar, mas o dono da pequena loja protegida pela aba da marquise me contou que os deixara ali porque os outros comerciantes os rejeitaram. Muitos protestavam pela falta de higiene,

Não lhe disse Zé Ronald? Foi só o tema voltar à baila e as almas sebosas, sempre de prontidão, já despejaram um robusto rol de ofensas ...

araucaria mantiqueira
Não lhe disse Zé Ronald? Foi só o tema voltar à baila e as almas sebosas, sempre de prontidão, já despejaram um robusto rol de ofensas sobre minha pessoa.

Agradeço sua solidariedade, a de Thomas Bruno, a do Zé Pequeno e às gentis palavras do Zé Edmilson que vieram socorrer-me neste momento de aflição. Mesmo assim, contrariando efusivos pedidos de minha cara metade, irei com vocês quatro ao Cariri lá pelos meados de outubro, conforme já havíamos combinado, pois é quando a chuva dá trégua e assim será mais fácil encontrá-los.

Parte I – No Vento das Despedidas Da pequena multidão espremida no cais, persiste apenas o lento acenar de braços para os agora...

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Parte I – No Vento das Despedidas

Da pequena multidão espremida no cais, persiste apenas o lento acenar de braços para os agora indistintos tripulantes ainda avistáveis pelo tombadilho. Medo e esperança e júbilo, numa gama bastante variada de expectativas, seguem depositados naqueles navios acabados de levantar âncora no rumo do sol nascente. Penetrar o temível Mar Oceano é seu grande e desmesurado desafio. Estamos aí no início do século XVI, e o mundo cristão vive um dos seus mais duradouros estrangulamentos desde que as hordas de Gengis Khan, mil e duzentos anos antes, ainda no início de tudo, desceram do extremo Oriente e das estepes geladas da Ásia Setentrional empurrando centenas de tribos nórdicas para o sul, de encontro aos muros do império romano.

      Aí, os envolvidos na construção do Marco vêm, fascinados, de todos os lados, ver a Paixão, que chega ao vivo, em prosa, ...

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Aí, os envolvidos na construção do Marco vêm, fascinados, de todos os lados, ver a Paixão, que chega ao vivo, em prosa, sem trilha de Johann Sebastian nem Miklós Rózsa, pra ser – sem muitos porquês - o andar mil e três. — E eis encarregados de cordas, enxós e enxadas, martelos, serrotes, marretas, cutelos, com cravos e cunhas, legais testemunhas, e Longino: lança na mão, a cavalo, no embalo, a frase em hebraico, latim e grego na bolsa, junto ao pelego,

Sísifo é um personagem da mitologia grega, rei e fundador de um território que hoje se chama Corinto, localizado na região do Pelopones...

sisifo camus existencialismo
Sísifo é um personagem da mitologia grega, rei e fundador de um território que hoje se chama Corinto, localizado na região do Peloponeso. Sísifo viu a bela Egina ser sequestrada por uma águia a mando de Zeus. Ela era filha de Asopo, deus dos rios, que estava muito abalado com o sumiço da sua amada menina. Sísifo pensa em tirar vantagem da informação que tem e conta-lhe que Zeus havia sequestrado a jovem. Em troca, pede que Asopo crie uma nascente em seu reino, pedido que é atendido. Zeus, ao saber que Sísifo havia lhe denunciado, envia Tânatos, o deus da morte, para levá-lo ao mundo subterrâneo. Mas Sísifo engana Tânatos ao dizer que gostaria de presenteá-lo com um colar,

Quando perguntaram a José Lins do Rego qual o alimento de seus romances, na época no auge do sucesso, com seus livros tendo segu...

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Quando perguntaram a José Lins do Rego qual o alimento de seus romances, na época no auge do sucesso, com seus livros tendo seguidas edições, o autor de Banguê apontou muitos caminhos para atender à curiosidade do repórter. Ressaltou que nutria sua vocação de romancista como quem ouvia dos cantadores de feira da Paraíba e Pernambuco, por onde costumava andar. Pois sabia que estes tinham muito o que dizer.

Nas páginas do livro Suicídio e vida após a morte: amargura e remorso de poetas suicidas , mergulhamos em uma exploração profunda ...

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Nas páginas do livro Suicídio e vida após a morte: amargura e remorso de poetas suicidas, mergulhamos em uma exploração profunda e sensível das obras de quatro poetas marcantes – Antero de Quental, Batista Cepelos, Hermes Fontes e Francisca Júlia. Este livro não apenas revela a complexidade das mentes criativas desses escritores, mas também lança luz sobre a importância de suas poesias em relação ao arrependimento, reparação e, principalmente, à prevenção e posvenção do suicídio.

Gosto do termo “brumas” para figurar o esquecimento. O que vivemos se perde numa massa brumosa que dissipa as impressões do que...

imortalidade esquecimento vaidade amnesia
Gosto do termo “brumas” para figurar o esquecimento. O que vivemos se perde numa massa brumosa que dissipa as impressões do que passou. Não se revive nada, toda lembrança é o registro de uma perda. Ainda assim insistimos em lembrar, pois disso depende em grande parte a nossa identidade.

O que não pode ser visto não incomoda. Essa máxima nos protege dos males da natureza humana, que insistem surgir durante décadas e afet...

asilo inquisicao
O que não pode ser visto não incomoda. Essa máxima nos protege dos males da natureza humana, que insistem surgir durante décadas e afetar as mentes mais frágeis entre nós.

Mesmo no início do século XX, os doentes mentais crônicos eram vistos como "degenerados" e "escória", o equivalente a criminosos e escroques, por isso a ideia de escondê-los em manicômios foi a saída na época, como tentativa de resolver as questões ainda desconhecidas de nossa alma.

Grande Ricardo Anísio! Eu o chamava Cado e ele me chamava Pêpa. Éramos tão amigos! Na verdade, quase inseparáveis. Nos tempos á...

ricardo anisio perda saudade
Grande Ricardo Anísio! Eu o chamava Cado e ele me chamava Pêpa. Éramos tão amigos! Na verdade, quase inseparáveis. Nos tempos áureos, sempre estávamos próximos. Costumávamos nos reunir, sobretudo, em eventos culturais que, não raro, estendiam-se a barzinhos ou restaurantes, a exemplo do Apetitos ou Pontal do Cabo Branco.

      POESIA Dela somos dependentes. Dissecamos a poesia. Hermenêutica magia Das estradas convergentes. Dois poetas, complacen...

poesia paraibana raniery abrantes
 
 
 
POESIA
Dela somos dependentes. Dissecamos a poesia. Hermenêutica magia Das estradas convergentes. Dois poetas, complacentes, _E esta dama prazerosa_, A flor da terra, formosa, Que nos beija, induz, fustiga, Nos botecos, nobre amiga, Na boemia dadivosa.

Com um pequeno atraso, repito o óbvio: o mundo ficou mais feio, pois morreu Jane Birkin, aquela deusa que cantava, desde 1969, “Je t’a...

jane birkin serge gainsbourg
Com um pequeno atraso, repito o óbvio: o mundo ficou mais feio, pois morreu Jane Birkin, aquela deusa que cantava, desde 1969, “Je t’aime … moi non plus”, sussurrando mais que cantando, é verdade, até chegar ao clímax da imitação de um orgasmo que habitou ouvidos, corações e mentes de milhões de homens no mundo inteiro, a maioria hoje provavelmente na casa dos setenta. Que jovem daquela época heroica não dançou ou não sonhou dançar coladinho aquela linda canção feita exatamente para isso mesmo: dançar juntinho da garota dos nossos sonhos - ou pesadelos, não importa? Delícia e tortura, dependendo da situação,

A Casa de José Américo está resgatando o que se escreveu sobre o livro A Paraíba e seus problemas , nestes cem anos de presença do li...

jose americo seca paraiba bagaceira
A Casa de José Américo está resgatando o que se escreveu sobre o livro A Paraíba e seus problemas, nestes cem anos de presença do livro na biblioteca brasileira de estudos regionais.

Em sua 1ª edição de 1923, objetivava-se, de imediato, “expressar ao sr. Epitácio Pessoa o reconhecimento da Paraíba pelos benefícios outorgados como solução do problema das secas; perpetuar num livro a história desse esforço redentor.”

Parei de contar os anos. Percebi isso em duas situações: a primeira quando disse minha idade errada para um colega. Noutra, quando meu ...

tempo poesia paraibana cronologia leo barbosa
Parei de contar os anos. Percebi isso em duas situações: a primeira quando disse minha idade errada para um colega. Noutra, quando meu pai errou minha idade e ele mesmo fez a retificação. Nem eu havia notado. Mas, por que em ambas as situações houve uma redução algorítmica? Talvez um anseio por querer parar o tempo ou regressar?

Nos anos 1980, eu era um garoto de 14 anos, quando li, na sessão de cartas de um gibi de super-heróis, o telefone e o endereço de E...

revista velta emir ribeiro quadrinhos
Nos anos 1980, eu era um garoto de 14 anos, quando li, na sessão de cartas de um gibi de super-heróis, o telefone e o endereço de Emir Ribeiro . Ele já era um quadrinhista renomado, com desenhos publicados nos Estados Unidos.

No final de dezembro de 1878, um jornal do Rio de Janeiro publicava uma notícia, vinda de Nova York, com declarações que foram dadas po...

joao pessoa antiga luz eletrica
No final de dezembro de 1878, um jornal do Rio de Janeiro publicava uma notícia, vinda de Nova York, com declarações que foram dadas por um auxiliar do inventor Thomas Edison:

“Há poucos dias o preparador do laboratorio de Melon Park e ajudante do celebre inventor do phonographo declarou em uma conferencia publica que em breve não só as ruas e praças de Nova York,

Domenico Di Masi se despediu da vida na semana passada. O sociólogo italiano que se tornou famoso também pelo conceito de "ócio c...

Domenico Di Masi se despediu da vida na semana passada. O sociólogo italiano que se tornou famoso também pelo conceito de "ócio criativo", segundo o qual o ócio, longe de ser negativo, é um fator que estimula a criatividade pessoal. Conceito esse que foi contra tudo o que aprendemos desde a sociedade vitoriana com o seu senso de dever, ao capitalismo selvagem, em que tempo é dinheiro e você vale pelo que produz. O irônico é que, em mais de 40 obras, Di Mais escreveu sobre o trabalho. A atividade intelectual sempre foi renegada a um lugar às margens, como também a atividade artística. A de professora igualmente, pois pensa-se que o conhecimento cai feito um facho de luz nas nossas cabeças. E que os livros são objetos diletantes. Também.

A quanto dista o zelo do cientista ao abuso apaixonado do poeta com a palavra? Aprendi assim, colhendo poesia no coração lúdico das p...

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A quanto dista o zelo do cientista ao abuso apaixonado do poeta com a palavra?

Aprendi assim, colhendo poesia no coração lúdico das pessoas; era um tempo em que desconhecia o bombear cardíaco, apesar de sentir aquela aceleração gostosa no peito - condição comum para os apaixonados platônicos de todos os tempos.

O tão conhecido primeiro verso de “Art Poétique”, de Paul Verlaine, “De la musique avant toute chose” , encaminha o leitor, aparentemen...

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O tão conhecido primeiro verso de “Art Poétique”, de Paul Verlaine, “De la musique avant toute chose”, encaminha o leitor, aparentemente, para o entendimento da poesia como música, no sentido restrito de musicalidade. Será isto mesmo? Na discussão do que é ou do que não é literatura, esta formalidade que reveste a criação com a palavra, o poeta francês busca a música ou ele, sutilmente, vai além e a entende à maneira dos gregos, à maneira de Platão, μουσική, definida como as artes de todas as Musas? Fico com a segunda possibilidade.