julho 27, 2023
Olho pelos cantos e reencontro palavras únicas e juntas. Soltas, aleatórias, desencontradas pelo ambiente. Para olhares desatentos ...
Olho pelos cantos e reencontro palavras únicas e juntas. Soltas, aleatórias, desencontradas pelo ambiente. Para olhares desatentos são insignificantes, mesmo desinteressantes. Da estante à mesinha do computador, soltas na cama e mesmo dependuradas nas paredes. Para o colecionador de letras cada uma tem sentido, até sentimentos, todas uma temporalidade.
julho 27, 2023
julho 27, 2023
Devo a Aracilba Rocha um dos supremos instantes de vida. Isto porque foi ela, como dirigente municipal do PMDB, quem me assegurou a comp...
Devo a Aracilba Rocha um dos supremos instantes de vida. Isto porque foi ela, como dirigente municipal do PMDB, quem me assegurou a companhia da figura consular de Ulisses Guimarães, durante um dia inteiro de atividades culturais pela cidade.
No exercício do Fórum Universitário do UNIPÊ, empenhei-me a fundo pela iniciativa. O problema é que Aracilba era tão ocupada que, às primeiras horas da manhã, tive de invadir seu quarto de dormir, para confirmação do intento.
julho 27, 2023
julho 27, 2023
Foi uma cena emocionante: passei por uma meninota; ela me sorriu. Voltei e logo a mãe desgastada, a pele amarrotada, os cabelos descuid...
Foi uma cena emocionante: passei por uma meninota; ela me sorriu. Voltei e logo a mãe desgastada, a pele amarrotada, os cabelos descuidados se achegou. Saiu daquele beco que une a Praça Rio Branco à General Osório. Naquele fiapo de ruela a que aludi, entram muitos veículos e pouco de calçada sobra para os transeuntes.
julho 27, 2023
julho 26, 2023
Carrego comigo a cidade onde nasci, junto com seus habitantes e sua paisagem, como alimento para a alma e antídoto para o banzo. ...
Carrego comigo a cidade onde nasci, junto com seus habitantes e sua paisagem, como alimento para a alma e antídoto para o banzo.
Posso até parecer enfadonho, repetitivo e sem assunto, mas falar do lugar onde observei o mundo pela primeira vez é um tema que nunca se esgota. Mesmo que em Serraria tenha passado momentos de tormenta, que prefiro deixá-los dormindo no recanto da memória, sempre retorno à minha terra com a mesma ânsia de outrora, de quando publiquei meu primeiro texto em 1975, justamente sobre uma visita que acabara de fazer a Tapuio, depois de cinco anos afastado do sítio onde fui criado.
julho 26, 2023
julho 26, 2023
Em 68 escrevi minha primeira peça teatral, “O Vermelho e o Branco”, a pedido do colega do BB, Ariosvaldo Coqueijo, espetáculo em que ...
Em 68 escrevi minha primeira peça teatral, “O Vermelho e o Branco”, a pedido do colega do BB, Ariosvaldo Coqueijo, espetáculo em que acabei fazendo – com barba por causa disso – o papel de líder estudantil. Disso veio o pedido de que fizesse algo... menor, sobre Santa Catarina de Siena, com as estudantes do Colégio das Freiras. Um dia, ao chegar lá, uma das religiosas – de que me lembraria muito ao ver a presepeira ama de Julieta no filme de Zeffirelli – me encaminhou para um pequeno auditório com um velho piano... e o que aconteceu em seguida - eu, meio como Depardieu no filme "Greencard" - virou capítulo de meu primeiro romance, “Israel Rêmora”, publicado pela Record em 75:
julho 26, 2023
julho 26, 2023
A certeza de que a sociedade está adoecida pela imutabilidade do mal, advinda da brutalidade humana e representada por um poder patoló...
A certeza de que a sociedade está adoecida pela imutabilidade do mal, advinda da brutalidade humana e representada por um poder patológico invisível, é causadora de mal-estar. Diante disso, desembrutecer-se contra a invisibilidade da perversidade é priorizar os pertencimentos que são construídos pela dignidade humana. Deve-se analisar como a violência está implícita nos relacionamentos destrutivos.
julho 26, 2023
julho 25, 2023
As três Matriarcas do Povo Brasileiro são consideradas Bartira, Catarina Paraguaçu e Muirã Ubi (Maria do Espírito Santo Arcoverde). As...
As três Matriarcas do Povo Brasileiro são consideradas Bartira, Catarina Paraguaçu e Muirã Ubi (Maria do Espírito Santo Arcoverde). Assú Piquerobi (Antônia Rodrigues), filha do Morubixaba Piquerobi, apesar de ter deixado ilustre descendência, não teve a mesma projeção de seu nome, como sua prima Bartira.
julho 25, 2023
julho 25, 2023
“Barbie”, o filme, não é brinquedo. Nada tem a ver com a exaltação glamurosa da boneca que despertou precocemente as meninas para a...
“Barbie”, o filme, não é brinquedo. Nada tem a ver com a exaltação glamurosa da boneca que despertou precocemente as meninas para a sua diversidade de papéis – não apenas o de um simulacro de mãe que cuida de seu bebê, mas o de alguém com outras versões sociais e capaz de executar diversas tarefas no campo profissional.
julho 25, 2023
julho 24, 2023
Os interesses partidários de sua comunidade envolvem a todos que andam às escuras e cobrem de força os que gritam e agitam suas bandei...
Os interesses partidários de sua comunidade envolvem a todos que andam às escuras e cobrem de força os que gritam e agitam suas bandeiras coloridas, com nomes e símbolos de luta. Nesse transe, periódico para alguns, a cegueira é a dor carregada pelos fiéis seguidores das ideias plantadas em suas mentes.
julho 24, 2023
julho 24, 2023
Há algum tempo que as esquinas das praias (talvez da cidade toda) foi tomada por pedintes; venezuelanos, paraibanos, adultos e crian...
Há algum tempo que as esquinas das praias (talvez da cidade toda) foi tomada por pedintes; venezuelanos, paraibanos, adultos e crianças. Por aqui em Manaíra/Bessa, sempre via uma turma de crianças meninas, a fazer malabares em um sinal de trânsito específico. Meninas crianças, com shortinhos e top (a triste sexualização na infância), rasgados é verdade, e com duas, três laranjas, a tentar fazer algumas peripécias na esquina, subir uma na outra e derrubar essas laranjas na primeira jogada, para ganhar alguns trocados. Eu sempre ficava a olhar aquela cena num misto de dó e raiva. Raiva de ver as nossas meninas em situação de tanta vulnerabilidade. Dó de ver aquela meninice desperdiçada com laranjas desobedientes.
julho 24, 2023
julho 24, 2023
Para que compartilhar a loucura? Tem-se que guardar em segredo a penúria dos instintos que nos avassalam a alma. A loucura transborda, ...
Para que compartilhar a loucura? Tem-se que guardar em segredo a penúria dos instintos que nos avassalam a alma. A loucura transborda, atordoa, é inventiva demais.
Diriam que ela é suportável nas crianças e em alguns endemoniados perdidos nos acostamentos das autoestradas – sempre carregando nas costas suas sacolas cheias de coisas-nenhumas. Elas não aprenderam ainda a ser gente;
julho 24, 2023
julho 24, 2023
João Batista de Brito, nosso notável professor, cronista e crítico de cinema e de literatura, é daquelas pessoas discretas por natureza...
João Batista de Brito, nosso notável professor, cronista e crítico de cinema e de literatura, é daquelas pessoas discretas por natureza e por sabedoria. E esse é um dos seus charmes, um dentre outros, certamente só acessíveis aos privilegiados aos quais ele abre a porta, uma fresta que seja, de sua preservada individualidade. Como todo sábio, ele fala menos do que ouve, e quando quer expressar seu pensamento, geralmente escreve mais do que fala. É uma das nossas mais altas estrelas intelectuais, sem nenhuma dúvida, com renome para além dos muros baixos da aldeia, e, ao mesmo tempo, é uma das que faz menos alarde disso. Na verdade, não faz alarde nenhum, e até se esconde quando tal é possível.
julho 24, 2023
julho 23, 2023
O escritor João Guimarães Rosa é conhecido pelo caráter revolucionário e, obviamente, universal de sua obra, com características marca...
O escritor João Guimarães Rosa é conhecido pelo caráter revolucionário e, obviamente, universal de sua obra, com características marcadas pelo chamado hiperregionalismo, e o exemplo mais marcante é, sem dúvida, “Grande Sertão: Veredas”. O detalhe é que alguns pesquisadores também encontraram em textos de sua vasta produção literária elementos que poderiam ser identificados como narrativas fantásticas, especialmente nos primeiros contos, dentre estes, com destaque para “A terceira margem do rio”, que integra as “Primeiras Estórias”.
julho 23, 2023
julho 23, 2023
Faz tempo, muito tempo, que não leio o céu com esse nome. Foi como aprendi a chamar a abóbada celeste que cobria de luz ou de estrel...
Faz tempo, muito tempo, que não leio o céu com esse nome. Foi como aprendi a chamar a abóbada celeste que cobria de luz ou de estrelas o sítio lá de casa.
Era assim que ouvia de minha mãe, não com o céu amojado de chuva a castigar a lama do brejo ou dos mangues, mas com o amplo e infinito céu bem aberto, pleno de claridade, em condições de acolher todos os sonhos ou esperanças.
julho 23, 2023
julho 23, 2023
Narrar é sobreviver. É vencer o tempo e as armadilhas da vida. E enganar a morte. Foi assim com Sherazade e continua a ser com todos a...
Narrar é sobreviver. É vencer o tempo e as armadilhas da vida. E enganar a morte.
Foi assim com Sherazade e continua a ser com todos aqueles que dão sequência ao texto ou ao "risco do bordado" que a humanidade vai desenhando e tecendo ao longo de sua história.
julho 23, 2023
julho 23, 2023
Em 1909, o geógrafo Paul Walle foi encarregado pelo Ministério do Comércio francês de empreender uma viagem pelo Norte e Nordeste do ...
Em 1909, o geógrafo Paul Walle foi encarregado pelo Ministério do Comércio francês de empreender uma viagem pelo Norte e Nordeste do Brasil objetivando elaborar um levantamento sobre as potencialidades econômicas da região visando ao incremento do comércio com a França. Walle era o vice-presidente da Sociedade de Geografia de Paris e autor de algumas obras sobre a América Latina. Como resultado das suas andanças,
julho 23, 2023
julho 22, 2023
Ontem, eu olhava o pôr do sol nesta terra incendiada. Havia fuligem a flutuar, junto com um cheiro de coisas perdidas. Estava tão distr...
Ontem, eu olhava o pôr do sol nesta terra incendiada. Havia fuligem a flutuar, junto com um cheiro de coisas perdidas. Estava tão distraída que nem te vi chegar, de mãos dadas com os sons do mar.
Estendemos uma toalha – dessas de piquenique – sobre o gramado. E comemos doces, lambendo os dedos, rindo de coisas tolas.
julho 22, 2023
julho 22, 2023
A morte é um dos maiores mistérios da vida. Ninguém sabe ao certo o que acontece depois que deixamos este mundo, mas sabemos que é inev...
A morte é um dos maiores mistérios da vida. Ninguém sabe ao certo o que acontece depois que deixamos este mundo, mas sabemos que é inevitável e que um dia teremos que nos despedir de tudo e de todos que amamos. Isso pode nos causar medo, angústia, tristeza e até mesmo desespero.
julho 22, 2023
julho 22, 2023
ARQUETIGRAMAS I Antigamente a noite ardia em círios Desfalecia em flores apodrecidas As virgens ...
ARQUETIGRAMAS
I
Antigamente a noite ardia em círios
Desfalecia em flores apodrecidas
As virgens carregavam segredos
Para a cova
Em antiguidade mais recente
O ódio, entre pesados tributos
Passou a exigir também um incêndio
Assim, no instante final da purga
Na tarde borrada por insultos
Um herege recebe as terríveis
Explicações do fogo
Em outra, mais antiga
Em tempo sem leis de tempo
(Quando insuspeitos serão os poemas)
Qualquer horizonte é prenúncio
da horda, ninguém
Homem ou deus
Opõe-se a um pântano
Não se conhece a morada do deus
Cuja boca sopra
Ventos e rios
Nem mesmo a um poema
Cabe parar na forma
Grafado na pedra
julho 22, 2023
julho 22, 2023
O título do livro do meu confrade Eitel Santiago, que ora apresento a Vossas Senhorias, Impressões esparsas , deve ser entendido com a ...
O título do livro do meu confrade Eitel Santiago, que ora apresento a Vossas Senhorias, Impressões esparsas, deve ser entendido com a literalidade que lhe é própria, diferente daquela que o vulgo empresta aos termos. Seus textos não são tão impressões e não são tão esparsas, como pretende, na sua modéstia, o seu autor, ou como poderia julgar, erroneamente, quem se ativesse apenas ao título. Entendamos o termo esparsos com o seu sentido primeiro de coisas semeadas, que advém do verbo spargo, ĕre,
julho 22, 2023
julho 21, 2023
MELANCOLIA O som da chuva nas telhas, nas plantas, nas pedras, nos vãos. A água correndo nas calhas, nas bicas, na...
MELANCOLIA
O som
da chuva
nas telhas,
nas plantas,
nas pedras,
nos vãos.
A água
correndo
nas calhas,
nas bicas,
nas ruas,
no chão.
Memória
ativada,
lá vem
a saudade
dos tempos
de outrora
em meu
coração.
DAS ALEGRIAS
Não escrevo
sobre alegrias,
mesmo, dentre elas,
a mais pura.
Essa, eu deixo
para viver,
apreciando
cada sorver
de um néctar
que pouco dura,
mas se espalha
e contagia.
ALTRUÍSMO
Dor
compartilhada
é dor dividida
que nos conforta
nas agruras
da seara
que é a vida.
DO CANTO
Mesmo sendo
repetitivo,
a insistir,
não me canso
de ouvir
o canto claro
e harmônico
Do bem-te-vi.
julho 21, 2023
julho 21, 2023
Quase caí quando o pé direito das minhas legítimas havaianas rebentou. O primeiro grande problema foi identificar o nome correto da “pe...
Quase caí quando o pé direito das minhas legítimas havaianas rebentou. O primeiro grande problema foi identificar o nome correto da “peça” avariada. Riata ou arriata? Nenhuma das duas opções. O nome certo é correia, me disse o vendedor do armarinho localizado no mercado da Torre. Porém, quando ele viu o estado das minhas sandálias deu um muxoxo:
julho 21, 2023
julho 21, 2023
Essa é uma pergunta feita por muitos estudantes da rede básica e até mesmo de cursos superiores. Revelam-se assombrados com a quantidad...
Essa é uma pergunta feita por muitos estudantes da rede básica e até mesmo de cursos superiores. Revelam-se assombrados com a quantidade que lhes parece excessiva quando estão diante das regras da gramática normativa. Conforme sugere o nome, trata-se de regras, as quais podem (e devem) ser quebradas. Porém, como romper com a tradição se não a conhece? Esse é um primeiro motivo para estudar a gramática, que aqui se refere ao famoso livro no qual se estudam de fonemas a orações, passando por classes gramaticais e noções de semântica.
julho 21, 2023
julho 21, 2023
Vou preservar a identidade do meu interlocutor, um engenheiro espanhol desembarcado em João Pessoa no começo da década de 1970 a serviç...
Vou preservar a identidade do meu interlocutor, um engenheiro espanhol desembarcado em João Pessoa no começo da década de 1970 a serviço daquela fábrica do Distrito Industrial hoje mais conhecida pela produção de sacaria, bobinas e caixas para embalagem de artigos fabris e comerciais. Digamos que se chame Juan.
julho 21, 2023