Longe do pleno emprego nem todos têm escolhas fáceis na rua para seguir como boa trajetória. A desigualdade nas ofertas de trabalho no ...

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Longe do pleno emprego nem todos têm escolhas fáceis na rua para seguir como boa trajetória. A desigualdade nas ofertas de trabalho no Brasil provoca grandes necessidades devido à ausência frequente desse "item", e também promove a falta de mercadorias na casa do cidadão, acabando por encurtar o viver e a obrigar que repense sua vida, porque a morte anda por perto, ultimamente.

Neste exato momento, me sinto tomado por uma mistura fantástica de alegria, satisfação, compensação, orgulho e mais um montão de conf...

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Neste exato momento, me sinto tomado por uma mistura fantástica de alegria, satisfação, compensação, orgulho e mais um montão de confortantes recordações.

Há alguns anos atrás, fui visitar um casal amigo que estava veraneando em Camboinha. Na varanda da casa, como era comum, estávamos muito felizes. Eu a tocar meu violão, sempre básico, mas suficiente, talvez pelo repertório, para causar nossa alegria. Eis que de repente, ouço um pedido:

Chegaram à quitinete com os devidos instrumentos musicais. Era visita de supetão: o amigo morava com os pais velhinhos que, àquela hor...

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Chegaram à quitinete com os devidos instrumentos musicais. Era visita de supetão: o amigo morava com os pais velhinhos que, àquela hora da noite, já estavam agasalhados. O visitado fora guitarrista de uma banda da juventude transviada. Alberico era para mais de sessenta. A turma nessa média.

O poeta Sérgio de Castro Pinto está de livro novo. É mais um que vem se juntar à sua já vasta obra literária, na qual, claro, ponti...

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O poeta Sérgio de Castro Pinto está de livro novo. É mais um que vem se juntar à sua já vasta obra literária, na qual, claro, pontifica a poesia, mas sem prejuízo para a produção em prosa, de qualidade inegável. E é exatamente neste segundo segmento que se enquadra O Leitor de Si Mesmo, Arribaçã Editora, Cajazeiras, 2022, coletânea de textos publicados originalmente no jornal A União.

"No último dia de sua vida, quando ela estava com 257 anos, a poetisa cega, fazedora de milagres e profetisa Pampa Kampana comple...

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"No último dia de sua vida, quando ela estava com 257 anos, a poetisa cega, fazedora de milagres e profetisa Pampa Kampana completou a sua imensa narrativa sobre Bisnaga e a enterrou em um pote de barro selado com cera no coração do recinto real, como uma mensagem para o futuro".

Assim começa "Victory City", o novo livro de Salman Rushdie, lançado há duas semanas. O primeiro romance após o atentado que quase o matou em 2022.

É um dos mais belos livros que li nos últimos anos. O romance se passa no século XIV, em um império real, numa região que hoje se situa no sul da Índia.

O relojoeiro me fez viver um contentamento de menino, uma alegria de camisa nova, ao devolver-me recuperado um Mido de corda que dois a...

O relojoeiro me fez viver um contentamento de menino, uma alegria de camisa nova, ao devolver-me recuperado um Mido de corda que dois amigos inesquecíveis me deram de presente.

Nesse tempo, o do presente, o Banco Indústria e Comércio, dos herdeiros de Flávio Ribeiro Coutinho, tinha uma agência na Duque de Caxias, ao lado da velha A UNIÃO, hoje Assembleia. Era a agência de Edmundo, tio do poeta e escritor Geraldo Carvalho, pessoa tão comunicativa que fazia desaparecer o nome do banco; para toda a cidade o banco era dele, de Edmundo.

Em fevereiro de 1630, os holandeses conquistaram, sem maior esforço, Olinda e o Recife. No ano seguinte, os neerlandeses construíram um...

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Em fevereiro de 1630, os holandeses conquistaram, sem maior esforço, Olinda e o Recife. No ano seguinte, os neerlandeses construíram uma fortificação em Itamaracá e, no final de 1633, tomaram a fortaleza dos Reis Magos, no Rio Grande do Norte. Para o historiador Ronaldo Vainfas, “a Capitania da Paraíba era uma verdadeira cunha no território holandês, entre o Rio Grande, ao norte, e o eixo Pernambuco-Itamaracá. O alto-comando militar da WIC (a Companhia das Índias Ocidentais) decidiu, então, concentrar forças para conquistar a Paraíba”. Além do seu valor estratégico, a Capitania da Paraíba possuía vários engenhos de açúcar, de modo que, conforme escreveu Vainfas, “a sua importância econômica era indiscutível”.

O fato é que devem existir cerca de oito bilhões de pessoas no mundo, neste início da década de 2020. Somos bilhões de pessoas distrib...

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O fato é que devem existir cerca de oito bilhões de pessoas no mundo, neste início da década de 2020. Somos bilhões de pessoas distribuídas em cerca de 200 países (ONU, 2020), uma diversidade imensa de nações, considerando que, há cerca de um século, havia menos de 60 países legalmente constituídos.

Para meu amigo, professor Zezão, que fui reencontrar depois de 43 anos+ Era o final dos anos 70 e o país começava a sentir os prim...

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Para meu amigo, professor Zezão, que fui reencontrar depois de 43 anos+
Era o final dos anos 70 e o país começava a sentir os primeiros bafejos de liberdade, já quando os coturnos haviam desistido de pisotear nossas margaridas. Alguns anos depois a farda apeou do poder. Os exilados políticos começavam a retornar. Toda aquela gente que “partiu num rabo de foguete” estava de volta. Num canto ou noutro ainda choravam Marias e Clarices, mas de qualquer forma, já se respiravam os primeiros ares de nossa primavera democrática.

(Conversa com Hélder Moura) Meu caro Hélder Moura , eu gostaria, em primeiro lugar, de agradecer a sua gentileza de ter incluído, c...

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(Conversa com Hélder Moura)

Meu caro Hélder Moura, eu gostaria, em primeiro lugar, de agradecer a sua gentileza de ter incluído, como posfácio, na segunda edição de seu livro O princípio da diversidade e outros anarquismos: textos pandemônicos, o meu artigo, “A difícil arte de autogovernar-se”, originalmente publicado no Ambiente de Leitura Carlos Romero. A sua gentileza, contudo, foi além, meu amigo, convidando-me para estar presente ao debate, por ocasião do lançamento dessa nova edição.

Foi preciso que alguns meses se passassem após sua partida para que eu tivesse coragem de falar sobre ele. Eu o ganhei, há uns 40 ano...

papagaio gaiola liberdade
Foi preciso que alguns meses se passassem após sua partida para que eu tivesse coragem de falar sobre ele.

Eu o ganhei, há uns 40 anos, de um aluno da zona rural que vivia de caçá-los e de vendê-los a preço de ouro. Só depois é que eu soube que ele me deu aquela ave de presente porque ela tinha nascido com uma patinha deficiente e ninguém a compraria.

papagaio gaiola liberdade
@sayonarabrasil
Naquela época, pouco se falava, pelo menos no meu entorno, de educação ambiental, de consciência ecológica e de proteção à vida animal. Era muito comum as pessoas prenderem pássaros em gaiolas, assim como terem soltos em casa papagaios e outras espécies parecidas.

Imaginem, leitores queridos, uma empresa anunciando que irá se instalar aqui na Paraíba e gerará 15.000 empregos. Empregos diretos — dig...

Imaginem, leitores queridos, uma empresa anunciando que irá se instalar aqui na Paraíba e gerará 15.000 empregos. Empregos diretos — diga-se de passagem —, o que significa, por baixo, mais uns 30.000 empregos indiretos. Imaginem, também, que a empresa será instalada num local ermo, com baixíssima população e sem nenhuma infraestrutura. Portanto, caberá a essa empresa construir tudo, desde ruas e abastecimento de água e luz até as casas onde seus operários irão residir. Some-se a isso praças, cinema, clubes, escolas... enfim, tudo o que se fizer necessário para que os empregados tenham um padrão de vida adequado.

Para começo de conversa, um conselho de amigo. Não tente reproduzir em casa o tempero das ruas. Creia-me, não conseguirá. Digo mais: v...

pao alimentacao comida nordestina
Para começo de conversa, um conselho de amigo. Não tente reproduzir em casa o tempero das ruas. Creia-me, não conseguirá. Digo mais: você nem chegará ao pão na chapa de boteco, aquele das seis da manhã com café pingado, se o preparo acontecer no santo recesso do lar.

      Silêncio... Contempla em silêncio e os vales se farão ouvir as rochas lhe dirão de ser pó e areia o diamante luzirá n...

poesia paulista tatui cristina siqueira
 
 
 
Silêncio...
Contempla em silêncio e os vales se farão ouvir as rochas lhe dirão de ser pó e areia o diamante luzirá na bateia rios e riachos cantarão em coro a canção da vida tudo que se fez miúdo será enfim gigante as coisas vivas frutificarão enquanto as preces pairam sobre o mundo

O corte no solo feito pela lâmina da água que brota do fundo da terra ou mergulha do alto do céu ao longo dos tempos cria a ...

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O corte no solo feito pela lâmina da água que brota do fundo da terra ou mergulha do alto do céu ao longo dos tempos cria a estrada permanentemente irregular, bela e de onde até das pedras emana o cheiro de vida. Na contramão da água em cantoria vinda de uma nascente próxima, o corpo humano aceita o desafio e avança, a mente acata o convite à viagem e viaja e o Sol encontra espaços para compor pincéis de luzes telas.

As complexas relações humanas nesta contemporaneidade apresentam a necessidade de priorizar o novo conceito de ‘poder’ quando uma ação d...

michel foucault filosofia
As complexas relações humanas nesta contemporaneidade apresentam a necessidade de priorizar o novo conceito de ‘poder’ quando uma ação de uma pessoa intenciona agir sobre uma ‘conduta de outro ser humano’, com a condição de que quem manda deixa ao outro a possibilidade de questioná-lo e a escolha de cumpri-lo ou não. A partir disso, pode-se considerar que só existe ‘poder’ no consentimento, sem o uso da força nem da violência, isto é, na dinâmica da liberdade. Por isso, só há seres livres nessas relações de poder. Essa tese foi criada pelo filósofo, psicólogo, historiador, filólogo,

      Às vezes acho que a mãe de Kafka era uma barata. Que Machado de Assis era o alter ego de Dom Casmurro. Que Jorge Amado s...

literatura poesia paraibana linaldo guedes
 
 
 
Às vezes acho que a mãe de Kafka era uma barata. Que Machado de Assis era o alter ego de Dom Casmurro. Que Jorge Amado sonhava em ser Nassib. Que Júlio Verne se afogou nas milhas submarinas. Que Cortázar jogava amarelinha. Que Adélia Prado só viajava sem bagagem. Que Garcia Marques era um solitário. Que José de Alencar viveu com Ceci. Que Sartre não foi existencialista. Que Rachel de Queiroz serviu no Quinze de Cruz das Armas. Que, antropofagicamente, Oswald comeu ele mesmo. Que Drummond dormia numa pedra. Que Clarice vive dentro do meu coração selvagem. Que Borges era rato de biblioteca. Que Saramago ensaiou nossa cegueira. Que Shakespeare conheceu Hamlet. E que Augusto dos Anjos nos fez profundissimamente hipocondríaco.

Seu Lau e d. Rita moravam numa ponta de rua sem saída. Menino ainda, eu jogava bola de gude na rua sem calçamento. A turminha do burac...

cronica casal musico relacao conjugal
Seu Lau e d. Rita moravam numa ponta de rua sem saída. Menino ainda, eu jogava bola de gude na rua sem calçamento. A turminha do buraco. Gostávamos do espaço da nesga de rua fronteiriço à casa do casal porque era molhada, fofa por um cano soltando água utilizada por Nevita.

Nem se pensava em saneamento. Vinham detritos (os menos desejados e imundos )que escorriam pela ruela enladeirada na maior naturalidade do mundo. Ninguém era tolo para reclamar. O amante de Nevita puxava o revólver e berrava impropérios contra quem se atravesse a abrir o bico ou ameaçar denúncia.

Possuir forte convicção de que a ressurreição é intrínseca à própria vida não parece uma ideia plausível à maioria dos mortais. Nem ...

Possuir forte convicção de que a ressurreição é intrínseca à própria vida não parece uma ideia plausível à maioria dos mortais. Nem dos “imortais”... Principalmente em meio à diversidade de ideias que ao longo de milênios brotam de reflexões, estudos e filosofias inspirados no saber.

O nascimento, a infância, o amor, as amizades enfeitam a vida, ainda que entremeados por sofrimentos inerentes à própria condição humana. No entanto, mesmo que a morte seja a maior das certezas nossas, o fato inexorável constitui-se há séculos como

      QUANDO ESTENDI SEU CORPO NA AREIA Não sei mais de nada. O infortúnio é próprio da falta de sentido. (Ou será a fortuna...

poesia capixaba jorge elias neto
 
 

 
QUANDO ESTENDI SEU CORPO NA AREIA
Não sei mais de nada. O infortúnio é próprio da falta de sentido. (Ou será a fortuna de ter te conhecido sob o efeito do álcool?) A razão são as estrias que acumulamos na pele, e descamam a cada verão escaldante. Quando estendi seu corpo na areia, à semelhança dos fósseis, um outro tempo dizia qual o nome e o motivo de nosso encontro, e o quanto de surpresa preencheria o vazio de nossa existência.
SILÊNCIO ÁCIDO
Falo agora do seu silêncio, dizendo: se afasta de minha boca Eu queria me recordar, mas o vazio tem a força que aspira os sonhos, e a memória é um tempo perdido no não encontrar o seu abraço (O cinza não suporta o negro das noites e seus redemoinhos) Não aceito esta morte, perder o amor arrebatado do paraíso do seu nome, e a balança que rege as mãos, e o sentido dos gestos, a mentira de rosto limpo nas manhãs de paz Não quero ser obrigado a parar a noite, uma parte constrita de minha existência pertence ao desespero de sua sombra Eu me curo no tardar de sua partida.
DE IRMÃO PARA IRMÃO
Meu irmão tinha uma mala de livros um dia ele a abriu na minha frente e partiu para o desmedido entrei na mala e me cobri com as páginas de seus sonhos.
O DECLÍNIO DO ÚLTIMO DIA
Os restos de ontem combinam com os corpos de outras eras. São os mesmos mortos, as mesmas taças, o mesmo desperdício. A tradição das luvas e das meias, as fendas na carne, as porções de nozes sobre a mesa e as varejeiras, tranquilas, sobre os castiçais
BRUMADINHO
Eu não saberia dizer, estou atordoado, pisar o sem fundo das casas, entrar pelos telhados na vida das pessoas, saber os muitos tons da verdade, que a terra engole a fala dos homens e os aniquila com esse funil de lama tragando o ar e a voz de Minas. O mito é o pássaro que sobrevoa a tarde? Não, isso é poesia, e estou falando da morte.


As horas não são confiáveis, traiçoeiras, se repetem com sua vulgaridade sem fim, ostentando seu desejo de consumir cada espanto que nasce, cada corpo que tomba.


Desenterre os ossos ─ e seus medos sem face ─ deixados em outro tempo. E sobre a areia despeje o brinquedo de armar, essa cama da carne da marionete adormecida.

(do livro XXI Sombras, em fase de edição)

Domingo de carnaval, a folia corria solta nas ladeiras de Olinda. O frevo contagiava todos, difícil alguém ficar parado. Era o dia do ...

amor carnaval fantasia
Domingo de carnaval, a folia corria solta nas ladeiras de Olinda. O frevo contagiava todos, difícil alguém ficar parado. Era o dia do maior bloco, o Elefante de Olinda, que passava arrastando todos, num imprensado em que os foliões ficavam quase sem tocar os pés no chão de tanta gente pulando junta.

Aí pela terceira cerveja, um dos amigos repisou a ideia – por sinal bem velha – de que a vida é um filme. Cada um...

conversa bar retrospectiva
Aí pela terceira cerveja, um dos amigos repisou a ideia – por sinal bem velha – de que a vida é um filme. Cada um bem ou mal protagoniza o seu, e não adianta chorar diante do resultado. Quando se chega aos cinquenta, sessenta anos, o filme está feito, acabou o orçamento. Não há mais tempo senão para exibi-lo e, independentemente do que apareça na tela do tempo, contemplá-lo. Mas a verdade é que poucos têm interesse pelo filme da própria vida. Só aquele ar de déjà vu... A vida, um filme! E cada qual, animado pela quarta cerveja, tratou de repassar o seu. Fragoso pediu a palavra e foi sincero:

O tempo não é visto pelo olho do homem, e como o passado teima em sussurrar, os mortos não estão tão longe assim. Estão logo ali, em ...

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O tempo não é visto pelo olho do homem, e como o passado teima em sussurrar, os mortos não estão tão longe assim. Estão logo ali, em algum outro lado. Eles estão juntos agora. Nós é que estamos sozinhos desse lado. Necessitamos da proteção de alguém que possa nos amar, abraçar, encantar, ensinar a ser gente completa para seguir com segurança, como toda pessoa espera, com sua alma aberta e esperançosa. Podemos ser sozinhos juntos. E se você decidir tocar o mundo ou sua vida, já está de bom tamanho.

Quando o relâmpago cortava o céu além de Arara, meu pai se animava, fazia os acertos finais com os trabalhadores, meeiros ou não, para ...

Quando o relâmpago cortava o céu além de Arara, meu pai se animava, fazia os acertos finais com os trabalhadores, meeiros ou não, para começar o preparo dos roçados.

Quando escutava dizer que chovia no sertão, e ao observar as nesgas de nuvens no céu do Brejo nos primeiros meses do ano, era sinal da proximidade de chuva. A terra já tinha recebido o trato para acolher os grãos de milho, feijão, fava e os toros de maniva. Tudo isso trazia a certeza de que seria possível colher os frutos da terra durante os festejos juninos.