Tenho várias lembranças de amuletos na minha infância: pé de coelho, estátua de Buda com moedas, pedras, pedaços de imã, saquinhos ...

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Tenho várias lembranças de amuletos na minha infância: pé de coelho, estátua de Buda com moedas, pedras, pedaços de imã, saquinhos com sementes de romã, figas, buzios, pimentas,...fora as imagens de santos/as... uma imagem de um Preto Velho... as velas... incensos... água benta...

O almoço com uma das cunhadas, num sobrado da Ladeira de São Francisco, permitiu-me a visita ao Varadouro, onde há muito eu não punha o...

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O almoço com uma das cunhadas, num sobrado da Ladeira de São Francisco, permitiu-me a visita ao Varadouro, onde há muito eu não punha os pés. Gosto dessa área na calmaria dos domingos. Uma esticadinha de nada em manhã de brisa leve e lá estava eu no ponto da cidade que mais me atrai e envolve, com o perdão dos que preferem os trechos com edifícios e praias.

POST SCRIPTUM Podia imaginar um doce espírito ter o brilho secreto de um anjo derramando no absurdo o sem juízo de seu...

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POST SCRIPTUM
Podia imaginar um doce espírito ter o brilho secreto de um anjo derramando no absurdo o sem juízo de seu nome, qual fosse um simples manto pousado sobre a encosta, em um abismo, (refúgio e temor do ser humano), e o som, o eco, derradeiro grito, mantra de entrega de seu corpo manso (Não se disfarça, se acolhe o aflito salto na intimidade do infinito, daquele que sem asas faz seu voo) “mais tarde”, sem sentido e agudo silvo, remanso que não cabe ao corpo hirto e o baque do soneto no abandono.

Imagens soltas como relâmpagos pela cidade salpicam tempos diversos. O caminhar traz à tona ambientes históricos e também lampejos do d...

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Imagens soltas como relâmpagos pela cidade salpicam tempos diversos. O caminhar traz à tona ambientes históricos e também lampejos do despretensioso cotidiano de décadas ou fotografias antigas. A cidade capital de Nossa Senhora das Neves se reapresenta em muitos retratos. Fachadas, prédios, recantos, praças, monumentos, festas, até pessoas revisitam a mente. Todos são passageiros dos tempos.

Nós, mulheres, levamos muito tempo para compreender o nosso corpo. Às vezes, a vida inteira! De alguma forma nos é negado — quase proib...

Nós, mulheres, levamos muito tempo para compreender o nosso corpo. Às vezes, a vida inteira! De alguma forma nos é negado — quase proibido — esse contato e nos deparamos, de supetão, com as mudanças radicais que temos que experimentar:

Ela acende o cigarro, vai até a velha radiola de ficha, hoje adaptada para uma cédula de dois reais. Nela, luzes parecem sair de todos ...

Ela acende o cigarro, vai até a velha radiola de ficha, hoje adaptada para uma cédula de dois reais. Nela, luzes parecem sair de todos os lados, seus diversos tons reluziam ao mesmo tempo em que palpitam com o ritmo de cada música tocada. No painel, a espera pelo dinheiro para destravar a escolha, exibia fotos das capas dos discos disponíveis em um menu demonstração. Mas para Rejane, só uma música tinha o significado de abrir os umbrais do fim de semana, o cair de tarde da sexta-feira, momento de libertação do espírito, depois de uma semana dura e sofrida sob todos os aspectos.

No hotel, vou até o balcão e peço um copo de cachaça. Cheio. Preciso de coragem para enfrentar a temível frieza do chuveiro que ...

No hotel, vou até o balcão e peço um copo de cachaça. Cheio. Preciso de coragem para enfrentar a temível frieza do chuveiro que me espera. Na confusa arquitetura desse hotel não se repara, mas resultou de uma antiga casa que sofreu reforma para adaptar-se a um armazém de sisal, e cujo negócio fora alguns anos depois abandonado, restando dele o grande salão, ora aproveitado para recepção, estar de hóspedes e servi- ços de bar e restaurante. A noite se aproxima. Lá fora, o vento zurra, como sempre faz nessa região de serras sem fim.

Passei batido no dia da Conceição deste ano. Conceição, cuja imagem pequenina, desfigurada, já sem as mãos, vinda de minha mãe e provi...

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Passei batido no dia da Conceição deste ano. Conceição, cuja imagem pequenina, desfigurada, já sem as mãos, vinda de minha mãe e provinda da mãe superiora da Casa de Caridade do Padre Ibiapina, conservo no ângulo mais claro ou iluminado de minha sala.

É uma claridade que me remete a Campina. Volto a repetir: é difícil saber de onde emanava mais luz, se do encanto do adolescente com a vida ou se da própria cidade. Cidade alta, descampada, toda exposta ao sol que, recamado de vento, não queimava, só iluminava.

Eu me peguei assistindo ao seriado Wandinha. Vieram-me tantos pensamentos sobre o que se passa na atualidade. Será que a nova ideia é t...

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Eu me peguei assistindo ao seriado Wandinha. Vieram-me tantos pensamentos sobre o que se passa na atualidade. Será que a nova ideia é ter prazer no prazer do outro? Será que, durante todo esse tempo de século torto, nos ensinaram a ter somente o prazer próprio?

Você já ouviu falar em compersividade? Ser um indivíduo compersivo é ser ausente de ciúmes e o primeiro passo é o reconhecimento do sistema monogâmico como opressor. O segundo passo é a reparação dos danos que esse sistema colonialista nos provocou.

Poema para a mulher Às muheres de minha vida: Emília Guerra (minha esposa), Josemília de Fátima, Terezanísia e Hebe (m...

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Poema para a mulher
Às muheres de minha vida: Emília Guerra (minha esposa), Josemília de Fátima, Terezanísia e Hebe (minhas filhas) e Maria Emília (neta) com um beijo carinhoso de marido, pai e avô
Para que se escreva Um poema à mulher Necessário se faz Saber a feminilidade Preciso é decifrar A alma feminina Fechada a sete chaves Aberta em sua fina Meiguice sem entraves

Houve um tempo em que no quintal de minha casa existia um cajueiro, que preservei por muitos anos. Dele desfrutava a sombra e colhia o...

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Houve um tempo em que no quintal de minha casa existia um cajueiro, que preservei por muitos anos. Dele desfrutava a sombra e colhia os frutos. Nele, os pássaros se acomodavam e faziam seus ninhos. Já estava em altura que trazia incômodo para o pequeno espaço, por causa das folhas secas e do cupim a infestar o madeiramento da casa.

O cajueiro me lembrava as plantações que existiram em Tapuio, as quais nos davam castanhas e pedúnculos saborosos que se espapaçavam pelo chão.

A Copa que o mundo vem acompanhando demonstra o fascínio que o fute...

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A Copa que o mundo vem acompanhando demonstra o fascínio que o futebol exerce na maior parte das pessoas. Não por acaso, ele é conhecido como o esporte das multidões. A televisão tem sido pródiga em mostrar a euforia (ou o abatimento) das torcidas em países de vários continentes. Não há dúvida de que seus habitantes veem os jogadores como guerreiros a quem se incumbiu a tarefa de representar a pátria.

A mesa de bar se transformou numa tela de computador, e por vezes de um celular. Nelas brilham os rostos de novos e antigos amigos, fam...

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A mesa de bar se transformou numa tela de computador, e por vezes de um celular. Nelas brilham os rostos de novos e antigos amigos, familiares, e de todos que seguem sentindo a falta do abraço e de gente, do calor da troca de olhares, para poderem dizer que me querem em sua vida. Ainda ouvem minha opinião e também desejam ensinar seus segredos. Esse encontro me faz gente e preenche minha caixa de experiências contraídas, sempre que sinto essa troca de histórias e de vozes muito próximas, sem importar idade, cor, sexo, muito menos distância. O que vale é estar lá para me encontrar. São essas boas memórias que nos preenchem e nos tornam eternos.

Foi longo, porém agradável, o período de estudos e coleta de informações, em vista da realização do documentário Meu Jaguaribe, filme ...

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Foi longo, porém agradável, o período de estudos e coleta de informações, em vista da realização do documentário Meu Jaguaribe, filme roteirizado e dirigido pelo cineasta Mirabeau Dias, lançado no auditório do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, no bairro do Jaguaribe, no dia 25 de outubro 2017, do qual me sinto orgulhoso de ter sido um dos participantes.

Tais estudos me levaram a “tietar” ainda mais o bairro onde minha vida profissional teve início, em João Pessoa. Nos idos de 1975-76,

“A Humildade é uma virtude humilde. Ela até duvida que seja uma virtude. Quem se gabasse da sua, mostraria simplesmente que ela lhe fa...

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“A Humildade é uma virtude humilde. Ela até duvida que seja uma virtude. Quem se gabasse da sua, mostraria simplesmente que ela lhe falta”. (Cosme Massi)

Propomos-nos a conversar com o caro leito sobre a humildade, virtude basilar no desenvolvimento da espiritualidade. A sua apropriação é pré-requisitos para conquista de praticamente todas as demais. A condição de pré-requisito já implica uma dependência sine qua non. Não é possível avançar nas conquistas ulteriores sem o domínio basilar delas, isso é muito comum nos currículos educacionais e acadêmicos nas mais diversas matérias que estudamos. No reino das virtudes, o fenômeno não é diferente.

Quando recebi o convite para o lançamento do mais recente livro de Rubens Nóbrega, de título Baixa do Mel (Editora Ideia, João Pesso...

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Quando recebi o convite para o lançamento do mais recente livro de Rubens Nóbrega, de título Baixa do Mel (Editora Ideia, João Pessoa, 2022), imaginei, no primeiro momento, que devia ser algum texto memorialístico do bananeirense que nunca deixou o chão natal, apesar de viver em João Pessoa há muitos anos. Nunca tinha ouvido falar na tal Baixa, mas supus que devia ser algum lugar relacionado a Bananeiras, atual ou antigo, que o jornalista/escritor estivesse resgatando através da memória e da palavra escrita. Só depois, quando fui ler com mais atenção o convite, é que me dei conta de que se tratava de um romance. Veja só, um romance, pensei, para completar imediatamente: Cabra corajoso, esse Rubens.

Paraíba, 11 de dezembro de 2022

Paraíba, 11 de dezembro de 2022

O compositor e instrumentista Egberto Gismonti fez 75 anos nesta segunda-feira, cinco de dezembro. Dizer que ele é um dos maiores músi...

O compositor e instrumentista Egberto Gismonti fez 75 anos nesta segunda-feira, cinco de dezembro. Dizer que ele é um dos maiores músicos do Brasil é insuficiente para dimensioná-lo corretamente. Ele é, na verdade, um dos maiores músicos do mundo. Não é possível se debruçar sobre o seu trabalho sem que seja sob essa perspectiva.

Egberto Gismonti nasceu na cidade do Carmo, no estado do Rio. Vem de uma família de músicos (o tio, o avô), o que explica o caminho que escolheu para sua vida. Para cada filho que nascia, seu avô materno compunha uma música. Quando a mãe de Egberto nasceu, ganhou de presente a valsa que tinha seu nome, Ruth.

Cada época tem uma rede tão grande de conexões entre estilos, inventos, descobertas, eventos políticos e econômicos, que os avanços qu...

Cada época tem uma rede tão grande de conexões entre estilos, inventos, descobertas, eventos políticos e econômicos, que os avanços que deverão ocorrer nela - em todos os campos - parecem estar “no ar” ... como se ocorresse uma enorme associação de ideias num cérebro único, que seria o planeta.

Em 1918, na data de 15 de novembro, como vinha ocorrendo nos primeiros tempos do regime republicano, ocorreria a posse do novo Presiden...

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Em 1918, na data de 15 de novembro, como vinha ocorrendo nos primeiros tempos do regime republicano, ocorreria a posse do novo Presidente da República. O paulista Rodrigues Alves, que já havia governado antes o país (1902-1906), foi o primeiro brasileiro eleito para um segundo mandato presidencial. Acometido, segundo alguns, pela gripe espanhola (o que é contestado por conceituados historiadores), Rodrigues Alves não pôde tomar posse e o governo ficou sendo exercido interinamente, até o seu restabelecimento, pelo Vice-Presidente Delfim Moreira. Rodrigues Alves não se restabeleceu e morreria dois meses após o início do seu mandato. Determinava a Constituição do país, vigente à época, que em caso do falecimento do

Não fui uma criança que brincava de casinha, curtia bonecas, simulava salas de aula onde era professora. Nada disto faz parte das minha...

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Não fui uma criança que brincava de casinha, curtia bonecas, simulava salas de aula onde era professora. Nada disto faz parte das minhas lembranças. No entanto, constantemente volto ao passado para recordar histórias dos livros que me foram preciosos.

Desde que comecei a ler, descobri um mundo mágico onde viajava com total liberdade. Foram inúmeros livros para os quais eu transportava a imaginação e literalmente entrava na fantasia.

Esperança Violeta vibra ao vento Sonhos de boa fortuna Povo próspero, bem cuidado Trabalho limpo em campos lavrados Ri...

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Esperança
Violeta vibra ao vento Sonhos de boa fortuna Povo próspero, bem cuidado Trabalho limpo em campos lavrados Rios nascentes como bebês acalentados Criança de corpo intocado Mente aberta em horizonte Mesa farta, Idosos aconchegados Tribo limpa, sem doença de poder Espalha bons sonhos, Projetos em vias de bom caminho Pulveriza com verdade as mentiras que até o mais bobinho vê.

José Edmilson Rodrigues se lança ao haikai, com o livro Duetos de manhãs (Itabuna, BA: Mondrongo, 2022). Já no início, a epígrafe de Gu...

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José Edmilson Rodrigues se lança ao haikai, com o livro Duetos de manhãs (Itabuna, BA: Mondrongo, 2022). Já no início, a epígrafe de Guilherme de Almeida traz uma conceituação dessa forma poética, que poderíamos chamar de gênero poético, e da sua finalidade. O que interessa na carpintaria do haikai é a essência poética, como a pepita que se garimpa em meio a toneladas de areia, fazendo-a surgir da “ganga impura”, como diria outro poeta de nossa língua, Olavo Bilac.

Compondo o seu livro com temas diversos, que vão das inquietações filosóficas, às inquietações amorosas, geradas pela dor, pela saudade, solidão, paixão e o amor, por vezes erótico,

      FESTA DA PADROEIRA O pavilhão armado, todo enfeitado com bandeirinhas de papel de seda, azuis e vermelhas. A procissã...

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FESTA DA PADROEIRA
O pavilhão armado, todo enfeitado com bandeirinhas de papel de seda, azuis e vermelhas. A procissão de nossa Senhora da Conceição, se arrastando, sem pressa, pelas ruas da cidade. O som do sino da igreja matriz e a cadência das matracas, marcando os passos dos contritos fiéis.