Saída da calourada, nossa turma foi recebida pelo inesquecível Prof. Edigardo Soares que andava ereto, postura elegante. Conforme ele mesmo dizia, era por conta de um desvio na coluna. Foi o próprio saudoso Prof. Edigardo Soares que nos contou, num desses saborosos amenos, no recreio, duas passagens antológicas do velho e respeitado Flóscolo da Nóbrega. Este sisudo, reservado, ateu e admirador de Santo Agostinho.
Não tive a honra e o prazer de ser aluno do Prof. Flóscolo da Nóbrega. Cheguei a conhecê-lo abatido, magérrimo, mumificado em vida. Logo d...
Humor em sala de aula
Saída da calourada, nossa turma foi recebida pelo inesquecível Prof. Edigardo Soares que andava ereto, postura elegante. Conforme ele mesmo dizia, era por conta de um desvio na coluna. Foi o próprio saudoso Prof. Edigardo Soares que nos contou, num desses saborosos amenos, no recreio, duas passagens antológicas do velho e respeitado Flóscolo da Nóbrega. Este sisudo, reservado, ateu e admirador de Santo Agostinho.
Continuamos nesta semana o assunto das edições anotadas, cuja discussão foi iniciada com o texto da semana passada – “Edições anotadas (Pa...
Edições anotadas (Parte II)
AVESSO Quem é que se esconde no outro lado da porta, na ponta do fino fio, na base da tela opaca? O que é que há na parte opos...
Identidade
Quem é que se esconde no outro lado da porta, na ponta do fino fio, na base da tela opaca? O que é que há na parte oposta da ponte, no extremo do arco-íris, na vértice inversa da corda?
Dona Creusa Pires , de quem tenho o privilégio de ser filho, dizia que o melhor da festa é esperar por ela. Tinha razão. Quando jovens, ...
Quando começa uma viagem?
Alguém aí já teve medo de virar tamanduá? Eu já tive, sim. Tanto eu quanto os meninos da minha geração dados à leitura da revistinha da ...
Quando virávamos tamanduá
Há um lugar em Paris, à beira do Sena, que logo atrai quem o avista, de perto, de longe ou de carro. Fica próximo ao Louvre, precisament...
Viva a liberdade!
Reaberta a biblioteca, dobro a última curva dos vagares pela praça coberta do Espaço Cultural e desço a rampa que nos introduz no univ...
Biblioteca Juarez Batista
De cara, na entrada, a inscrição com o nome de Juarez da Gama Batista. Merecidíssima. Poucos se dedicaram, se serviram e se deram tanto ao livro. E fora D. Lygia, a esposa, e as filhas e filhos, ninguém dos ainda vivos testemunha mais remotamente essa paixão do que o caboclo que ele veio conhecer num incidente de revisão.
De minha janela vejo apodrecer a juventude... De aqui miro, em foco, o cair do corpo sem alma. Sem o ouvir do Belo, o organismo fenec...
Inexcedível dom
Nonato Guedes é um jornalista completo. Ele não treme diante do papel em branco. Tem um texto primoroso e escreve como quem toma água, se...
Nonato: um jornalista de verdade
Às vésperas das eleições gerais mais importantes das últimas décadas, relembro momentos em que atuamos juntos, em clima de alta pressão.
Vinte e quatro de abril de 1984, votação da PEC 05/83, a conhecida Emenda Dante de Oliveira, que decidiria sobre o restabelecimento das eleições diretas para presidente da República.
1992: eu disse à Ione que estava na hora de visitar meu pai: - Está com 87. E o encontrei de cama. Não aceitou que o levasse a um mé...
Meu enigmático pai
eu disse à Ione que estava na hora de visitar meu pai:
- Está com 87.
E o encontrei de cama. Não aceitou que o levasse a um médico, nem que lhe trouxesse um.
Morreria uma semana depois.
Mas conversamos bastante, naquela derradeira ocasião. Em certo momento, pediu-me que lesse em voz alta, para ele, o poema “Se”, o “If” de Rudyard Kipling, que havia na tradução de Guilherme de Almeida, ... do Tesouro da Juventude – coleção que fora minha e deixara para ele.
O livro O Homem que Plantava Árvores do escritor francês Jean Giono , uma fábula sobre a preservação do meio ambiente, é compos...
Hermano, Burle Marx e o verde
Colírio que tece o dia Olhos cítricos, preguiçosos, em pelo de mel, um deixar-se estar na paz dos meninos de Liverpool (o que não s...
Colírio que tece o dia
Olhos cítricos, preguiçosos, em pelo de mel, um deixar-se estar na paz dos meninos de Liverpool (o que não se percebe é a arte dos felinos) ((Na redoma do que se denomina casa, tem um humano que me serve e eu lhe devolvo a percepção do sublime arbítrio )) E os Beatles, são um retrato dentro da vida que se persegue no tardar dos dias, Um algo que pulsa e cintila os tons do que se propõe eterno.
As calçadas engarrafadas parecem que nunca terminam em dias de meio de semana. Pernas, placas, carros, passos aglomeram-se, esbarram-se...
Placas, carros e passos
Na década de 1990 tive a oportunidade de entrar no Espaço Cultural José Lins do Rêgo e dar de cara com enormes fotografias de artistas ...
Xis
Uma revista “Visão” velha de 1978, num quartinho que poderíamos chamar de hemeroteca da Academia. Nada se perde naquela Casa! Pena que se...
Guarany
Clarice e Lisete pareciam ter vindo ao mundo para ser amigas. Conheceram-se ainda meninas; mal uma bateu os olhos na outra, senti...
As amigas
Assistiam às aulas em cadeiras vizinhas, e nos intervalos não se despregavam. Tinham a mesma opinião sobre os professores e os colegas, que pareciam tão diferentes delas! A amizade as colocava num mundo à parte, onde não havia rusgas nem ressentimentos.
Já escrevi sobre ele umas poucas linhas tempos atrás. E agora ele volta, provando sua permanência, sua eternidade, até diria. Refiro-me ...
Custódio, de novo
Dona Aparecidinha morava nos arredores num daqueles vilarejos com pose de cidade, um povoamento com menos de cinco mil almas. Vocês sabem...
Dona Aparecidinha
Tenho um diário. São minhas “anotações existenciais”. Volta e meia, ele me “surpreende” com histórias que mexem com a minha emoção. Vejam ...
Anotações existenciais
Durante os mais de 20 anos que morei com minha família no bairro, a gameleira foi a minha segunda casa. No seu imenso tronco, que dava bons assentos, e na sua copa, vivi belos momentos de minha existência.
Na gameleira fiz poemas, leituras e amizades. Ela foi testemunha de alguns dos meus amores secretos. Do alto da árvore, escondido de tudo e de todos, usando mímica, “namorava” com uma garota das imediações, meu primeiro amor.
Roberto Coutinho, um dos frequentadores assíduos da gameleira, me deu a notícia aos prantos.
Na foto, feita em 1997, três anos antes da gameleira desabar, estamos eu, o saudoso Mário Teixeira (já meio adoentado, de cabeça baixa, com um pequeno cipó e boné na mão) e o amigo Roberto Coutinho (à direita), ambos já falecidos. O primeiro à esquerda, nas minhas costas, é um morador mais recente do bairro, cujo nome, infelizmente, não me recordo.
Para Ferreira Gullar, Vinícius de Moraes “realizou o sonho de todo poeta: chegar ao povo sem mediação”. Carlos Drummond de Andrade pensava...
Vinícius de Moraes e a música da palavra
A quinta sinfonia de Gustav Mahler bem expressa a turbulenta alma de um artista. Tudo nela fala dos paradoxos emocionais de Mahler e da ...
Mahler e a explosão de uma alma de artista
Mahler escreveu sua quinta sinfonia durante os verões de 1901 e 1902. Em fevereiro de 1901, ele havia sofrido uma grande hemorragia que quase lhe custou a vida. O compositor passou um longo tempo se recuperando em sua vila à beira de um lago no sul da Áustria.
Quando pensei em você, lhe conhecendo tão pouco, imaginei a quantidade de pessoas que compunha a sua soma. Nós nunca somos um só, um todo...
Toma, este livro é teu
Nós nunca somos um só, um todo, algo bem definido. E te vi uma multiplicidade de eventos, de acontecimentos que a moldaram e assim sendo distante de algo monolítico, coeso, apesar de sua rica e inegável inteligência, o que portanto, estaria mais próxima de ser você.
Sou dos maiores defensores das edições anotadas. Livros, os importantes, sobretudo, devem merecer notas de comentadores, que sirvam ao lei...