O professor Felix de Carvalho é um homem de fé e de letras. A prova disso é seu livro recentemente dado a público, de título Poemas para r...

critica literaria sonetos poemas literatura paraibana felix carvalho
O professor Felix de Carvalho é um homem de fé e de letras. A prova disso é seu livro recentemente dado a público, de título Poemas para refletir – 100 Sonetos, Editora Ideia, 2021, cujo lançamento oficial - e certamente festivo – ainda está sendo decidido pelo autor, em face dos condicionamentos pandêmicos. Felix cuida muito bem de sua saúde e por isso preocupa-se também com a dos outros. Viva!

Belle de jour não, não é catherine de novo em busca de bordéis para saciar a sede secreta de buñnuel é juliana, sim, bela ...

poesia paraibana linaldo guedes
Belle de jour
não, não é catherine de novo em busca de bordéis para saciar a sede secreta de buñnuel é juliana, sim, bela na tarde cajazeiras; bela na tarde capital remake do que ainda está por vir: surrealismo cinematográfico - quadro de dali em rascunho eterno juliana, que caminha nas tardes , inconscientes de sua beleza em primeiro plano, seu sorriso no the end, o silêncio e o sertão dialogam para que o litoral reverencie suas maçãs secretas : ela, protagonista de um filme de almodóvar.

Severino Ramalho, ou melhor, a prefeita D. Marta, sua ilustre consorte, foi governar Bananeiras para os bananeirenses e terminou governand...

apl angela bezerra bananeiras fundacao joaquim nabuco
Severino Ramalho, ou melhor, a prefeita D. Marta, sua ilustre consorte, foi governar Bananeiras para os bananeirenses e terminou governando uma cidade confinada entre serras e suas tradições para muito além da Borborema.

Ouço falar de Bananeiras desde que um colega de banco escolar, Pedro Germano, saiu de Alagoa Nova ou de Clodomiro Leal, ainda do tempo da palmatória, para estudar no Patronato. Ora, foi isso em 1944 ou 45, a escola agrícola de Bananeiras fazendo a cabeça dos meninos de meu tempo bem antes que soubéssemos do seu antigo fastígio político e cultural. Não foi de graça, pois, o batismo do logradouro mais expressivo da Paraíba com o nome do bananeirense Solon de Lucena. Como poderia ter sido com outro bananeirense, Walfredo Guedes Pereira, historicamente o mais notável dos nossos prefeitos.

Ao ver “Piaf” (“La Vie en Rose”), de Olivier Dahan, com a esplêndida Marion Cottilard, convenci-me de que a genialidade não é dom pra do...

arte dificuldade angustia sofrimento criatividade
Ao ver “Piaf” (“La Vie en Rose”), de Olivier Dahan, com a esplêndida Marion Cottilard, convenci-me de que a genialidade não é dom pra donos de biografia sensata. Claro que ter um corpo frágil e passar a primeira parte da vida com a avó paterna – que trabalhava num bordel – marcou sua personalidade e sua visão do mundo. Ao ler o romance “A Corrida Para o Abismo - O Gênio Caravaggio”, de Dominique Fernandez, concluí que o estado de tensão permanente – causada ou não pelo berço – determina a hipersensibilidade geradora da percepção particular dos indivíduos excepcionais.

Quem nasce desastrado tende a seguir assim. Então, o que rendeu um crônica meio que autobiográfica necessita de atualização e rememoriz...

cronica desajeitado desastrado mancadas
Quem nasce desastrado tende a seguir assim. Então, o que rendeu um crônica meio que autobiográfica necessita de atualização e rememorização dos fatos. Após o estrondoso sucesso do epsódio um, quando foram revelados acontecimentos como o celular voador pela janela do carro e a faca saltitante e um quase "autosuicídio" (licença poética ao extremo gente!), agora o amigo desastrado surge em novas aventuras (ou desventuras).

Eita, Jesus. Hoje é Natal! Espiando o céu, ontem à noite, vieram-me lembranças das bordas do Mar da Galileia, de Cafarnaum, da sinagoga e ...

natal jesus evangelho mensagem crista religiao cristianismo
Eita, Jesus. Hoje é Natal! Espiando o céu, ontem à noite, vieram-me lembranças das bordas do Mar da Galileia, de Cafarnaum, da sinagoga e da casa de Pedro, por onde Teus pés passearam, Teu Espírito derramou luz e nossos olhos, um dia, por lá andaram… E sempre nos vem a indagação sobre como um personagem de um lugar simples e humilde, nascido sob perseguição e fuga, acolhido de maneira extremamente rústica, adquire força tão poderosa que se espalha pelo planeta e se mantém presente em praticamente tudo?

Os 37 homens ( Os Miseráveis, Parte V – Jean Valjean, Livro I, Capítulo II ) que se encontravam na barricada da rua de Chanvrerie, nas pri...

miseraveis victor hugo balsa medusa theodore gericault
Os 37 homens (Os Miseráveis, Parte V – Jean Valjean, Livro I, Capítulo II) que se encontravam na barricada da rua de Chanvrerie, nas primeiras horas da manhã de 6 de junho de 1832, ali estavam motivados pelo ideal. Haviam sido 50 (“Ces cinquante hommes en attendaient soixante mille” – “Estes cinquenta homens esperavam sessenta mil”, Parte IV – L’idylle rue Plumet et l’épopée rue Saint-Denis, Livro XII, Capítulo VII). Reduziam-se a olhos vistos, mas não abandonavam o que buscavam atingir. Que ideal logravam conseguir estes homens? O ideal de construção de uma sociedade justa, de acordo com o discurso de Enjolras.

O mês de dezembro é o mais esperado para muitas pessoas e nos dizeres do folclorista Câmara Cascudo o Natal é a maior festa popular do Bra...

campina grande tunel iluminado presepio lapinha
O mês de dezembro é o mais esperado para muitas pessoas e nos dizeres do folclorista Câmara Cascudo o Natal é a maior festa popular do Brasil. É a ‘Noite de Festa’. As festividades em homenagem ao nascimento de Jesus Cristo dão um tom todo especial e marcam o fim de ano. Em Campina Grande o Natal é festejado desde tempos imemoriais. A influência católica na colonização traz consigo o calendário religioso e este é seguido com afinco. Assim, de tradição familiar, a missa do galo e a ceia são bem representativos. Sob as bênçãos de Nossa Senhora da Conceição, Campina tem seus festejos iniciados na comemoração de sua padroeira exatamente no início de dezembro, transformando todo o mês em um período especial.

Quando nos aproximamos do sítio, pequena aglomeração rural, inesperadamente um menino saiu apressado de uma casa de taipa, pequena, telh...

Quando nos aproximamos do sítio, pequena aglomeração rural, inesperadamente um menino saiu apressado de uma casa de taipa, pequena, telha-vã e piso de chão batido. Parou perto de nós, descalço, tinha olhos de sol arregalados e fixos nos estranhos que chegavam. Se corpo tisnado, igual ao de outras crianças que chegavam com algazarra natural à idade.

Às vésperas do Natal de 1957, o menino que então eu era erguia os olhos na esperança de localizar aquela estrelinha miúda e veloz no céu e...

corrida espacial guerra fria yuri gagarin
Às vésperas do Natal de 1957, o menino que então eu era erguia os olhos na esperança de localizar aquela estrelinha miúda e veloz no céu escuro. Os comentários dos mais velhos em tom de espanto, o Repórter Esso e outros noticiários despertavam a minha e a curiosidade de meio mundo.

Acabei de ler essa frase. Passei o dia inteiro tentando fazer desse dia mais um dia, apenas. Mas há, existe de fato, uma vala que foi abe...

Acabei de ler essa frase. Passei o dia inteiro tentando fazer desse dia mais um dia, apenas. Mas há, existe de fato, uma vala que foi aberta na alma e que guarda memórias que nem sabia que tinha e que pulam pra fora à medida que o tempo vai passando.

Essas memórias de dois anos atrás trouxeram, no último dia dezessete, além das feições doídas e espantadas, vozes chorosas das pessoas que amo e que me amam também, diante do momento da minha (nossa) inexplicável prisão, uma mistura de sentimentos: solidão, indignação, medo, coragem…

“Eu não gosto de você, Papai Noel! Também não gosto desse seu papel de vender ilusões à burguesia. Se os garotos humildes da cidade soube...

natal ilusão brinquedos crianças pobres consumismo
“Eu não gosto de você, Papai Noel! Também não gosto desse seu papel de vender ilusões à burguesia. Se os garotos humildes da cidade soubessem do seu ódio à humildade, jogavam pedra nessa fantasia. Você talvez nem se recorde mais. Cresci depressa, me tornei rapaz sem esquecer, no entanto, o que passou. Fiz-lhe um bilhete pedindo um presente e a noite inteira eu esperei contente. Chegou o sol e você não chegou.

Sem dúvida, aquele final de semana foi diferente ou talvez, estranho demais para ser ignorado. Numa sexta-feira pela manhã, havia tomado ...

caratinga minas gerais acidente marilia mendonca
Sem dúvida, aquele final de semana foi diferente ou talvez, estranho demais para ser ignorado. Numa sexta-feira pela manhã, havia tomado a terceira dose da vacina, e, à tarde, mesmo com o braço doendo um pouco, resolvi encarar uma faxina na varanda.

Este lugar não proporciona crescimento. Sou um residente sem lar. Comecei a partir no parto de minha mãe. Disse adeus, e já prometendo se...

auto ajuda reflexoes frustracoes
Este lugar não proporciona crescimento. Sou um residente sem lar. Comecei a partir no parto de minha mãe. Disse adeus, e já prometendo ser o filho pródigo que não voltará. Tanto desafeto faz minha vida intelectual retroceder. Descanso os meus sofreres na palavra, na tentativa de não ficar amargo e cristalizar o pior de mim. Sorrisos não me são mais familiares. O parentesco se estabelece. Todos os laços, menos o sanguíneo, se desatam. Espero pelo momento de síntese para pôr os valores, definhados, na balança.

Dr. Carneiro Arnaud envia-me o último relatório de gestão do Hospital Laureano. Começo a folhear, detenho-me nos seus recursos humanos,...

rede femiina combate cancer zelia henriques
Dr. Carneiro Arnaud envia-me o último relatório de gestão do Hospital Laureano. Começo a folhear, detenho-me nos seus recursos humanos, as lembranças correndo de imediato para pessoas que ajudam e ajudaram na grandeza da instituição. Um nome puxando outro, Efigênio, Carneiro, Raminho, João Batista Simões, Batista Ramos, Julet, minha amiga Letinha, não esquecendo a mulher de sociedade que irradiava o clima de campanha que ainda hoje sustenta o hospital. Falo de Zélia Henriques.

É certo que um dia toda história se completa. Mesmo se por frase dita ao acaso, como aqui. A trama – das mais ordinárias – traria as hor...

solidao conto baralho jogo
É certo que um dia toda história se completa. Mesmo se por frase dita ao acaso, como aqui. A trama – das mais ordinárias – traria as horas a serem gastas num fastidioso circulo que, lenta e obsessivamente, havia percorrido toda a incongruente rota dos acasos, e foi, aos poucos, adquirindo brusquidão e rotação estranha, feito um engenho que sofre manipulação invisível.

I Minha terra é uma ilusão da linguagem. Tenho de meu esse rastilho de palavras que pressinto atadas aos calcanhares. Se o...

melancolia culpa sonho realidade poesia espiritossantense
I
Minha terra é uma ilusão da linguagem. Tenho de meu esse rastilho de palavras que pressinto atadas aos calcanhares. Se o desfaço, perde-se o encantamento das vivências cerzidas. Sei que as mãos ensaiam obscenidades entre dois espelhos. Quero mesmo criar algumas reentrâncias na estrutura dos olhares. Mas olhos extraviados não ardem

As cicatrizes relembram a realidade passada. É a presença viva, ou, porque não dizer, é a verdadeira imortalidade, dos momentos bons e ru...

perseveranca coragem vontade amor
As cicatrizes relembram a realidade passada. É a presença viva, ou, porque não dizer, é a verdadeira imortalidade, dos momentos bons e ruins que se foram.

Apaixonar-se costuma ser uma péssima ideia, mas, mesmo assim, nos permite mergulhar no encantador, e desafiante, oceano do amor.

I Influências Quando eu era menino meu saudoso e querido pai Francisco Espínola comprou um disco LP chamado España Cañi . O LP tinha ...

cronica viagem espanha madri barcelona toledo
I

Influências

Quando eu era menino meu saudoso e querido pai Francisco Espínola comprou um disco LP chamado España Cañi. O LP tinha na capa um esboço do mapa da Espanha, nas cores vermelha e amarela, com o desenho de um touro negro.

Um rapaz andou dezenas de quilômetros para encontrar um mestre muito respeitado em sua aldeia por sua destacada sabedoria. Quando ali chego...

Um rapaz andou dezenas de quilômetros para encontrar um mestre muito respeitado em sua aldeia por sua destacada sabedoria. Quando ali chegou o mestre estava no centro de uma pequena multidão que, silenciosa e atentamente, ouvia seus ensinamentos. O rapaz se aproximou e, como os demais, passou a ouvi-lo. O mestre disse:

      Soneto de Natal A cada ano o gesto se renova e nos faz recobrar a esperanç...

poesia poemas natal
 
 
 
Soneto de Natal
A cada ano o gesto se renova e nos faz recobrar a esperança. Quem de mágoa e dureza fez-se a prova anseia por voltar a ser criança. Verdade ou mito? Isso pouco importa à mão que se dispõe ao largo aceno e almeja em comunhão abrir a porta a quem a vida deu ou dá de menos.

Poucas cidades brasileiras têm o privilégio de contar com um grande projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer. João Pessoa é uma delas, com ...

turismo paraiba degradacao abandono politica
Poucas cidades brasileiras têm o privilégio de contar com um grande projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer. João Pessoa é uma delas, com uma obra arrojada e bela, a Estação Ciência, no Altiplano. É um complexo de edifícios e jardins realmente impressionante, não só pela beleza das formas, pelos materiais, pela amplidão dos espaços, pela vista inigualável. Um verdadeiro ponto turístico, um cartão postal, como se dizia antigamente. Ali se projetou originalmente um lugar para museu, exposições e eventos, tudo de que precisa uma cidade em termos culturais, seja ela grande ou pequena. E assim foi feito, e assim foi inaugurada a Estação, para logo depois ser praticamente abandonada,

Quanta coisa boba pode gerar um texto! A lembrança de meu gato de infância. É raro quem, durante os rápidos verdes anos, não tenha pos...

gato mascote nostalgia amor animais
Quanta coisa boba pode gerar um texto! A lembrança de meu gato de infância. É raro quem, durante os rápidos verdes anos, não tenha possuído um talismã vivo: gato, cachorro, papagaio.

Meu gato ou o bichano da casa era negrinho, retinto como se pintado de piche. Os olhos amarelos, flutuantes, invasivos. Um miado estranho. Certamente era poliglota, pois a tonalidade variava, e, não sei se por fantasia infantil ou besteira de criança, conversava comigo.

Venero Shakespeare, por isso prefiro pensar que é seu personagem Macbeth – e não ele — que diz isto:

terra destino gaia filosofia biosfera
Venero Shakespeare, por isso prefiro pensar que é seu personagem Macbeth – e não ele — que diz isto: