Haveria um tipo qualquer de conexão histórica capaz de relacionar a raiz do algodão mocó a um - mesmo que - eventual, breve uso de cache...

literatura paraibana ensaio agricultura caatinga sertao nordeste umbu algodao
Haveria um tipo qualquer de conexão histórica capaz de relacionar a raiz do algodão mocó a um - mesmo que - eventual, breve uso de cachecóis na Paraíba? À pergunta tão disparatada cabe a quem a fez responder, no caso, e antecipadamente pronto para a resposta, este que vos escreve: num esforço adaptativo de luta pela sobrevivência, a raiz do algodão mocó (assim chamado por conseguir viver entre pedras e cascalhos, bem ao modo do roedor homônimo) mergulhou na direção do centro da terra, num impulso que redundaria profundamente feliz, por conseguir atingir o lençol freático, e a partir dali tornar-se uma fonte de riquezas para o homem dessa relativamente vasta região que compreende sertões nordestinos, desde sempre considerada a mais pobre do país.

Quando o maestro José Alberto Kaplan ficou paraplégico (em virtude da siringomielia que terminaria por derrubá-lo em 2009), passei a levá...

literatura paraibana solha musica classica erudita cultura geral jose alberto kaplan opera cinema
Quando o maestro José Alberto Kaplan ficou paraplégico (em virtude da siringomielia que terminaria por derrubá-lo em 2009), passei a levá-lo em meu carro, todas as manhãs de sábado, à residência de seu grande amigo – logo meu, também - advogado Dr. Paulo Maia -, dono da maior coleção de LPs, vídeos, CDs e DVDs de música erudita da Paraíba. Era um hábito do amigo judeu argentino – de quem eu fora parceiro na Cantata pra Alagamar e no musical Burgueses ou Meliantes - , que vinha de décadas. Tomando um bom gin com tônica (“a bebida da rainha”, dizia o Dr. Paulo) , vendo o mar logo ali, atrás da vidraça, era incrível, naquelas sessões matinais, não só acompanhar as riquíssimas programações de grandes concertos em som e imagem de alta fidelidade, como absorver algo da vasta cultura musical dos dois e dos outros frequentadores, os benditos poucos, the happy few, band of brothers: jornalista Luiz Carlos Nascimento Souza, Yerko Pinto – então spalla da Sinfônica local e integrante do prestigiado Quinteto Paraíba, além de Hector Rossi - que fora professor de contrabaixo de meu filho Alexei Dmitri (1966-2017), mais o ex-governador Tarcísio Burity (1938-2003) que, em tempos áureos, não só construíra o gigantesco Espaço Cultural José Lins do Rego da capital,

Num dos episódios de “ The Crown ”, o personagem do príncipe Philip recebe a visita dos três astrona...

literatura paraibana viagem espacial excentricidade bezos cosmo transcendencia
Num dos episódios de “The Crown”, o personagem do príncipe Philip recebe a visita dos três astronautas que foram à Lua. Ele está ansioso pelo que vai ouvir. Espera um relato condizente com a extraordinária experiência pela qual aqueles homens passaram. Como tem lá os seus dilemas metafísicos, imagina que o grupo possa lhe dar alguma indicação de que vale a pena crer em Algo Maior.

A história que narrarei resumidamente a seguir é verídica, apesar de ter tudo para ser tida como fantasiosa. Colhi-a de fonte absolutamen...

literatura paraibana senador pinheiro machado forca do bem coincidencia retribuicao gratidao
A história que narrarei resumidamente a seguir é verídica, apesar de ter tudo para ser tida como fantasiosa. Colhi-a de fonte absolutamente fidedigna, conforme mostrarei mais adiante, de modo que nenhuma dúvida pode haver a respeito. Até porque, sabemos, a vida, sempre plena de mistérios que desafiam a razão, é farta de episódios semelhantes, o que muito serve à nossa humildade diante de tudo que ultrapassa as explicações simplesmente racionais, lógicas e científicas da realidade.

Quem, dentre os parnasianos, cumpriu à risca o conteúdo programático do Parnasianismo? Quem, dentre os simbolistas, românticos, modernista...

literatura paraibana rodrigues de carvalho poesia quintana
Quem, dentre os parnasianos, cumpriu à risca o conteúdo programático do Parnasianismo? Quem, dentre os simbolistas, românticos, modernistas etc., se confinou nos limites dessas correntes literárias? Aqui, cabe a pergunta: o parnasiano foi apenas parnasiano e o modernista apenas modernista?

Alguns poetas nem sempre se submetem passivamente ao espaço claustrofóbico das periodizações literárias, mas, antes, procuram extrapolá-lo para dar vazão ao ecletismo do qual Mário de Andrade fez profissão de fé: “Eu sou trezentos, trezentos-e-cinquenta...”

Virou Carlinhos, porque nas redondezas de seu sítio havia outros dois Carlos. Dois homenzarrões brutos e grossos como papel para embrul...

literatura paraibana criacao cavalo causo anedota
Virou Carlinhos, porque nas redondezas de seu sítio havia outros dois Carlos. Dois homenzarrões brutos e grossos como papel para embrulhar prego. Esses nem eram parentes e a semelhança parava por aí. Já o nosso Carlos, o Carlinhos, não era um tiquinho de gente como possa parecer, apenas era menor que os outros dois Carlos. Natural então, que o diminutivo fosse acoplado ao nome.

Antes do mergulho no horizonte o Sol dispõe um rastro de luz a um homem e seu barquinho. Em retribuição, ganha, nessa despedida, os belos ...

literatura paraibana cronica turismo por sol praia jacare jurandir saxofone bolero ravel
Antes do mergulho no horizonte o Sol dispõe um rastro de luz a um homem e seu barquinho. Em retribuição, ganha, nessa despedida, os belos acordes do Bolero, a imortal composição do francês Maurice Ravel. O espetáculo repete-se, quase diariamente, há uns 20 anos. E já mudou a vida de muita gente porquanto inscrito no Calendário Turístico da Paraíba.

Estampada no jornal, a reação de um padre, de um pastor e de seus rebanhos, diante da escultura de Jackson Ribeiro, parecia a reprodução d...

literatura paraibana porteiro do inferno astronauta jackson ribeiro estetica beleza arte
Estampada no jornal, a reação de um padre, de um pastor e de seus rebanhos, diante da escultura de Jackson Ribeiro, parecia a reprodução de uma página da Idade Média.

A princípio desconfiei, e até desejei, que fosse manobra política. Mas era coisa ainda pior. Uma metástase do câncer do obscurantismo e da arrogância. Doença que ataca as sociedades de todos os séculos.

A Santa Inquisição, com suas fogueiras que ardem até hoje, foi a epidemia maior. O símbolo que ficou para a História, como ficaram os Campos de Concentração de Hitler. Exemplos que a intolerância e o fanatismo insistem em reeditar,

GLOSA Da morte não tenho medo Acontecer é normal Pois ninguém é imortal Pode chegar tarde ou cedo, Vou lhe contar um segredo...


GLOSA Da morte não tenho medo Acontecer é normal Pois ninguém é imortal Pode chegar tarde ou cedo, Vou lhe contar um segredo, Não faço por fantasia Quando chegar o meu dia Faço um pedido paterno PEÇO QUE MEU SONO ETERNO ACONTEÇA EM SERRARIA

De computador no reparo, venho navegando em um emprestado. O que me serve é velho de uns onze anos. E estranhei que o novo entrasse na red...

De computador no reparo, venho navegando em um emprestado. O que me serve é velho de uns onze anos. E estranhei que o novo entrasse na rede sem conexão visível, sem o fio à mostra.

Liguei para um dos filhos: “É isso mesmo, pai. Os mais novos já vêm providos.”

E suspendi o que vinha escrevendo uma vez mais, desorientado com o filme de ficção científica que nos tornou reflexos das comunicações. Uma interação com a qual eu nem sonhava. E a mais bem distribuída das mercadorias em todos os níveis sociais. Talvez ainda perca para a caixa de fósforo.

Há no Evangelho duas parábolas muito próximas, que se complementam por terem sido construídas com concepções figuradas diferentes. Trata-s...

literatura paraibana evangelho parabola filho prodigo ovelha
Há no Evangelho duas parábolas muito próximas, que se complementam por terem sido construídas com concepções figuradas diferentes. Trata-se da “Parábola da ovelha desgarrada”, presente em Mateus e em Lucas, e da “Parábola do filho pródigo”, uma exclusividade do Evangelho de Lucas. Esta tem uma estrutura metonimicamente, quando opta pela parte em lugar do todo: o filho pródigo é o ser humano, cuja alma se desvia com facilidade do caminho a ser percorrido. Aquela é alegórica, com Jesus utilizando-se de uma linguagem do pastoreio, íntima das pessoas a quem ele se dirigia: a ovelha desgarrada é, ainda uma vez, a alma humana, errando por caminhos ínvios.

Trago notícias de uma flor. Um pequeno bilhete rabiscado numa folha frágil e multicolorida, escrito com uma caneta de cor verde, entregue ...

literatura paraibana poesia cronica flores cronica clovis roberto
Trago notícias de uma flor. Um pequeno bilhete rabiscado numa folha frágil e multicolorida, escrito com uma caneta de cor verde, entregue a mim numa quase manhã quando o Sol começava a dividir um pouco do seu calor com os corpos dos animais humanos recém despertos, enxugava as lágrimas orvalhadas dos galhos de árvores e ramos de arbustos e de outras flores, oferecia um aroma que invadia suavemente o novo dia.

Os poetas sempre foram fascinados pela loucura, e muitos a sentiram na pele. Alguns inclusive, atingiram seus limites, como Sylvia Plath. ...

literatura paraibana marluce castor psiquiatria loucura saudavel alegria insanidade hospicio
Os poetas sempre foram fascinados pela loucura, e muitos a sentiram na pele. Alguns inclusive, atingiram seus limites, como Sylvia Plath. O conceito de normalidade inspirou filósofos, escritores e estudiosos da área, uma definição complexa, um consenso não conquistado. “A loucura, longe de ser uma anomalia, é a condição normal humana. Não ter consciência dela, e ela não ser grande, é ser homem normal. Não ter consciência dela, e ela ser grande, é ser louco”. (Fernando Pessoa).

Na Casa da Arte Popular brota um lugar para cultivar as flores de Goretti Zenaide Amanhece o dia ensaiando e regendo a majestosa sinfoni...

casa artista popular juca pontes governador paraiba goreti zenaide artesanato paraibano
Na Casa da Arte Popular brota um lugar para cultivar as flores de Goretti Zenaide

Amanhece o dia ensaiando e regendo a majestosa sinfonia do verde, enquanto o orvalho aflora no azul do horizonte, a desenhar os magníficos fios do tempo com a claridade que move os ventos da aurora. O sublime canto dos pássaros refloresce a bela paisagem de uma das cidades mais verdes do planeta.

         RANGEM AS ENGRENAGENS, TREME A TERRA, Há UM RUMOR. E horror!, ... mas a multidão se deslumbra: na sombra que a todos obu...

literatura paraibana dulcinea trancoso poesia waldemar jose solha
  
  
  

RANGEM AS ENGRENAGENS, TREME A TERRA, Há UM RUMOR. E horror!, ... mas a multidão se deslumbra: na sombra que a todos obumbra, tudo, agora, relumbra: a Pedra... se abre... como em corte de sabre, e o que se vê ... é estupor! Na escuridão resplandece, com todos os seus vitrais, com profusão de torres

O sol paira sobre o mar profundamente azul da baía de Monterey. Algas dançam com a maré perto de um caiaque amarelo. Tudo brilha junto, nu...

literatura brasileira sonia zaghetto steinbeck monterey dalai lama mar paisagem maritima
O sol paira sobre o mar profundamente azul da baía de Monterey. Algas dançam com a maré perto de um caiaque amarelo. Tudo brilha junto, numa sinfonia inesperada. Uma criança descalça, chapeuzinho à cabeça, cata conchas na areia. O pai a acompanha, com um olhar enternecido afivelado na cara. Tenho vontade de entender sânscrito, de desinventar feiuras, de falar a língua dos pássaros. A impossibilidade me empurra para a filosofia.

Ele definitivamente não está no panteão dos dez ou quinze maiores filósofos da humanidade, mas seu pensamento de inegáveis matizes morais...

literatura paraibana ensaio filosofia religiao deus pascal thiago andrade macedo
Ele definitivamente não está no panteão dos dez ou quinze maiores filósofos da humanidade, mas seu pensamento de inegáveis matizes morais persiste até nossos dias. Foi ele que nos ensinou que o homem se perde em tempos que não são seus (o homem só pensa em ver os dias passar, ou gastar seu próprio tempo, perdendo-se em atividades como dançar, beber, jogar etc), deixando o tempo presente escapar-lhe como areia de suas mãos – um pensamento poderoso e moderno sobre a fugacidade da vida que influenciou sobremaneira os filósofos de índole existencialista.

Da janela avisto ele, empurrando a carrocinha. Contrapondo-se ao mar, companheiro de trabalho, e, talvez seguro alívio para tantas incerte...

literatura paraibana vendedor picole trabalho duro chuva coragem
Da janela avisto ele, empurrando a carrocinha. Contrapondo-se ao mar, companheiro de trabalho, e, talvez seguro alívio para tantas incertezas. Não é certo seu futuro, muito menos o sucesso. Do Sol, e não da chuva, dependem suas vendas. Já que a praia no inverno não lhe rende o desejado.

RESPEITO Quando lhe roubarem frutos de seu coraçãozeiro, espere a próxima safra e aumente os cuidados com a vigilân...

literatura paraibana saulo mendonca poesia caminho futuro enocntro interior

RESPEITO Quando lhe roubarem frutos de seu coraçãozeiro, espere a próxima safra e aumente os cuidados com a vigilância! Sua árvore merece RESPEITO.
Lá me vou pra mais um ano, caminhando comigo, sem saber pra onde, mas consciente do que me guia e me rege.

Miguel Bezerra é vivo? Que me lembre, a última vez que o ocupei, saí de sua casa da Juarez Távora com uma braçada feliz de livros encadern...

literatura paraibana cronica nostalgia livros encadernacao
Miguel Bezerra é vivo? Que me lembre, a última vez que o ocupei, saí de sua casa da Juarez Távora com uma braçada feliz de livros encadernados, verdadeiras reedições dignas da gratidão ou da memória devota dos próprios autores. O que ele fazia não era encadernação a ouro, a couro ou mesmo em boa percalina. Era simplesmente a gosto, sumo do talento artesão com materiais às vezes pobres que a nobreza artística, no auge da civilização do livro, tratava com aura de “divina proporção”.

No dia em que a rosa surgiu entre galhos, as pétalas caíram ao toque de minha mão displicente. Observávamos as manhãs esperando o sol que ...

literatura paraibana cronica nostalgia campo flores flamboyant melao sao caetano
No dia em que a rosa surgiu entre galhos, as pétalas caíram ao toque de minha mão displicente. Observávamos as manhãs esperando o sol que aparecia lento, pois os dias eram chuvosos. Alguns botões indicavam novas rosas, que surgiram igualmente belas e perfumadas.

As flores do pequeno jardim de nossa casa são atraentes. Sendo poucas, a beleza se torna grande. As roseiras encostadas à parede do muro, na lua cheia que tivemos recentemente, abriram-se em forma de cacho, expelindo perfume e sorriso.
<br /

Lembro como se fosse hoje. Era um sábado, início de tarde. Estava de saída de um shopping aqui de João Pessoa quando meu telefone celular ...

literatura paraibana cronica homenagem soul back to black amy winehouse
Lembro como se fosse hoje. Era um sábado, início de tarde. Estava de saída de um shopping aqui de João Pessoa quando meu telefone celular tocou. Era minha mãe. "Meu filho, tudo bem? Olha, aquela cantora que você gosta morreu. Acabou de dar no Jornal Hoje". Recebi a notícia com certa indiferença: "Qual delas?". "Amy Winehouse", respondeu. O que se seguiu, daí, foi um turbilhão de vastas emoções e pensamentos imperfeitos... esse diálogo completa, sexta-feira que vem, dez anos.

Hoje, quando escuto músicas que lembram minha vida na Pitumirim com meus pais, irmão e irmãs, primos, primas, tios, tias, amigos, amigas f...

literatura paraibana cronica nostalgia juventude coragem felicidade
Hoje, quando escuto músicas que lembram minha vida na Pitumirim com meus pais, irmão e irmãs, primos, primas, tios, tias, amigos, amigas fico pensando que nunca mais serei tão feliz!

Olho pra frente e sei que as coisas que provocaram aquela energia e tanta abundância não terão mais lugar, por diferentes motivos. São os momentos da vida que vão mudando e dando origem a outros.

Meus estimados leitores e queridas leitoras, sempre, desde que me conheço por gente, gerações mais novas têm desprezo por hábitos e ati...

literatura paraibana cringe cringey geracao y z Millennials internet mania
Meus estimados leitores e queridas leitoras, sempre, desde que me conheço por gente, gerações mais novas têm desprezo por hábitos e atitudes da geração anterior.

Mais modernamente acharam um outro jeito de nos aporrinhar o juízo. É o seguinte: passou dos quarenta ou está chegando perto, parece que o cidadão perdeu o selo de garantia diante dessa geração-digital nascida sob a égide da internet. É a geraçãozinha Z, para qual o mundo se apequenou às dimensões de um computador ou de um celular. Não conseguem viver sem essas engenhocas. Fora daí, para eles o mundo perdeu seus encantos e a relação entre as pessoas agora se restringe aos teclados, é por ali que eles conversam, se relacionam, se fazem presentes.

Abraço é coisa fora de moda. Mais que isso; abraço ou quaisquer manifestações de apreço podem virar cringe!

Fiquei inicialmente meio sem saber o que era essa história de cringe. Soube através de minha filha que mora lá nas latitudes de cima a origem do termo. “Cringy”, é o vocábulo cuja origem veio lá da parte de cima do mapa. Professora numa high school, na Pensilvânia, interpelou um aluno para saber o significado.

- What is cringy? – ao que ele respondeu:

- It is like when you see a person over forty-years-old dancing.

Traduzindo ao pé da letra, seria : “é como quando você vê uma pessoa com mais de quarenta anos dançando”. Difícil chegar ao exato significado, mas é bem próximo do nosso: “sem noção”. Também algo como “sentir vergonha alheia”, cafona.

Na verdade é um embate de uma geração chamada de “Millennials” (os nascidos entre 1980 a 1995 nos EUA e de 1980 em diante aqui) contra uma outra geração mais novinha, a que veio depois desta, a chamada de “geração Z”. Esta última já nasceu conectada na internet.

A derradeira geração desanca xingação na anterior por esta, a Millennials, ter hábitos e atitudes que envergonham quem é da geração Z. Essas atitudes é o que chamam de cringe. Vamos tentar relacionar alguma delas para entendermos o vazio que se instalou na cabecinha dessa gente.

Dizer que é mãe ou pai do seu pet é muito cringe. Ir a Disney também é. Tomar café da manhã, usar facebook, ser fã de Harry Potter, assistir a série Friends são outras atitudes muito cringes.

Agora entendo porque nas aulas virtuais, nesses tempos de pandemia, alguns dos meus alunos nem sob tortura abrem as câmeras, Sabem por quê? Porque é cringe assitir aula online com a câmera do notebook aberta. Pode uma coisa dessa?

Outras atitudes consideradas cringes:

Usar pontuação na internet, ficar dizendo que tem boletos para pagar, usar hashtag na legenda do Instagram. Tem mais: rir com o emoji “chorrindo”, usar sapatilha com bico redondo, ler jornal impresso, beber cerveja litrão, usar calça skinny, alugar DVD e VHS na locadora, dizer que somos jovens adultos quando já passamos dos trinta.

Imaginem se daqui a alguns anos se essa geração Z viesse a comandar o planeta. O que seria de nós? Ou dos que ficarem. Ainda bem que muita gente nessa faixa etária não se identifica com essas idiotices. Ainda bem.

Minha geração também achava brega coisas da geração anterior: chamar uma mocinha de broto, dizer “é uma brasa, mora!”, usar lenço, chamar carro de carango, usar calça jeans apertada, gostar de assistir o programa Jovem Guarda, tomar banho em Praia Grande no litoral paulista e outras coisas do mesmo tipo. Tinha mais: comprar camiseta com as inscrições “estive em tal lugar e me lembrei de você”, colocar na varanda uma placa dizendo “seja bem vindo, mas limpe os pés”; pingüim de louça em cima da geladeira e por aí vai.

Acho normal que esses conflitos existam, mas o difícil é entender de como algumas pessoas levam isso tão a sério, como uma espécie de filosofia de vida. A internet se apresentou como uma poderosa ferramenta a serviço da informação, mas se tornou também chão fértil para semear uma variedade insondável de idiotices, como esta que estamos relatando.

Que essa geração Z acorde, pois está ficando para trás. Há gente na idade deles ocupando espaço onde vai ser importante estar e esses patrulheiros perderão a vez por incapacidade intelectual. Tanta coisa importante para pensar e discutir e uns e outros preocupados em ser ou não ser cringe.

Talvez, algum dia essa geração Z, que sofre de bibliofobia; isto é, sente febre, tem urticária, sudorese quando chega perto de um livro, descubra que não há nada mais cringe do que achar alguém cringe.

Será que eles entenderiam isso?