A seguir, publico trechos da entrevista que dei ao poeta Fabrício Carpinejar para a revista Entrelivros , de São Paulo, por ocasião do cen...
Entrevista na 'Entrelivros'
Uma garotinha estava no parque com sua mãe, que lia um livro enquanto esperava a pequena se divertir. Certo momento, procurou nos balan...
Nunca tenha vergonha de chorar
Certo momento, procurou nos balanços e não achou a filha. Preocupada, saiu olhando nos outros brinquedos, quando, finalmente, avistou-a sentada conversando com uma senhora.
Por que foram anoitecendo as tardes cada vez mais cedo com todos os encantos? Eu não sei. Seria a chegada dos outonos? Seriam as garoas ...
O inevitável presente
Jesus afirma no Seu Discurso Profético: “Haveis de ouvir falar sobre guerras e rumores de guerras. Cuidado para não vos alarmardes. É pre...
Transição Planetária
Prêmio Jabuti de Poesia 2015 Por coincidência, poucos dias antes de ler esse livro de ALEXANDRE GUARNIERI, eu resenhara o ERRE BALADA...
Corpo de Festim
Cap. 1, pag 13 – cap. 25, pag. 98.
Sua vida foi um livro aberto.
Guarnieri escreve na página 16 de Corpo de Festim, em sangue | suor / e celulose (ii):
Eneias é herói. A palavra, per se , já nos diz muita coisa, quando se refere aos tempos míticos da narrativa clássica. Se alguém tem algum...
A vida é trabalho
Riso e lã, rio e sal, luz e liberdade tramaram com sucesso se refugiar na palavra literária da lavra de Ângela Bezerra de Castro . Foi l...
'Muito além do melhor'
Foi lá. Onde a inteligência dá as mãos à técnica e ao sentimento, quando lutas e desafios da criação borbulhavam: aconteceu de a escritora paraibana preencher e expressar a totalidade de sua consciência crítica com a mesma e inexorável verdade do dia ao suceder a noite.
Alí, Ângela extrapolou limites ao extraordinário com a sua obra em progresso.
Lá, ao narrar no refúgio-cosmos dos seus textos sobre o embate psicológico do tipo com a estrutura, ao pensar e desdobrar o regime de sentidos das classes da significação, ela expandiu a vocação da vida ao equilíbrio tumultuário da busca na linguagem por compreender mais a si mesma.
Do tempo sem fim abismado que contempla essa obra coesa no apego a certo jardim metodológico, obra diversa no empreendimento sensível da descoberta, entre o bem e o belo, do mais relevante a destacar no contexto da criação artística, recorto uma janela: vinte anos que se completam em outubro vindouro desde a eleição de Ângela Bezerra de Castro à Academia Paraibana de Letras.
A APL escolho enquanto sítio simbólico para dizer de outro aniversário, também um acontecimento vórtice.
Dizer da emulação sadia da sabedoria do tempo com o subjetivo do ser em riste na aventura do discernimento que acontece no referido outro aniversário, os dez anos desde o lançamento de "Um certo modo de ler".
Nessa coletânea de textos críticos, prefácios, discursos e conferências que não pode faltar à vida do amante das escalas da harmonia, a autora celebra uma aliança, a do prazer da leitura com a substância dos mistérios da realidade em sua plenitude de tempestades e enigmas.
No livro lançado pela Ideia Editora em 2008, a autora realiza, com a maestria de um demiurgo peregrino, a imantação da crítica enquanto metalinguagem em prol das odisseias do dizer-fazer-viver-fruir literário.
Confirma protocolos canônicos do gênero que fundamentam o clássico necessário, rejeita anacronismos de tipos ideativos regressivos que apoucam o ser e elastece o campo do repertório imaginativo e argumentativo da atividade.
A crítica em Ângela produz a recepção interpretativa do texto também enquanto estilística "retorizada" da claridade.
Claridade que se constrói a partir das convicções hermenêuticas da autora inferidas a partir da obra que nos expõe: imanência textual, historicidade, frônese (phronesis, de Aristóteles: práxis moral e racionalidade para definir a consciência da realidade, uma sabedoria prática), uma sociologia da transformação e estetismo li bertário como fundamento da condição humana no trânsito entre símbolos.
Ângela se inscreve na galeria das ótimas ensaístas brasileiras, nomes a exemplo de Moema Selma D'Andrea, Genilda Azeredo, Heloísa Buarque de Holanda, Walnice Nogueira Galvão, Marilena Chaui, Madalena Zaccara, Telê Ancona Lopez, Ana Adelaide Peixoto... e sua produção constitui riquezas em camadas concêntricas que sempre têm a dizer algo novo sobre referenciais que pensávamos totalmente escavados, desnudados, compreendidos.
No caso específico do livro aqui referido, há indicativos de uma magistral biblioteca paraibana de autores por ela escolhidos que tanto orienta nossa leitura no sentido holístico de ganhos artísticos culturais e civilizatórios, quanto se oferece qual aumento para o vislumbre dos micro percursos do nosso fazer artístico. Juarez da Gama Batista, Luiz Augusto Crispim, Osias Gomes, Gonzaga Rodrigues, Hildeberto Barbosa Filho, Augusto dos Anjos... alguns dos autores trabalhados pela autora na perspectiva da renúncia da crítica como processo censório judicativo, mas sim em defesa da crítica como percurso cognitivo e sensorial imaginativo metodologicamente orientado.
Em "Um certo modo de ler", a acadêmica e sempre professora Ângela Bezerra de Castro ao tratar da imortalidade, sob o influxo de menções a Fernando Pessoa, nos remete à invariância da incerteza que a morte nos apresenta, o que vem sem que saibamos quando. Há também a logicidade do humanismo cósmico que a consciência da universalidade da aldeia nos impõe. O cristal prismático da palavra criadora rebrilha o tempo todo na álgebra sutil da crítica da escritora paraibana. Com ela, fomos muito além do melhor.
Walter Galvão distribuiu alguns exemplares deste livro a alguns amigos e amigas, antes do desenlace. "Isso tem um lado que é bonito demais. Em meio a dor, é possível enxergar toda a poesia por trás do ato. É como se Walter Galvão já soubesse, já sentisse, já aceitasse o fato inescapável de que iria morrer em breve.E, na consciência da morte, do fim definitivo, distribuiu literatura aos seus (Phelipe Caldas)".
O menino que eu fui aguardava com certa ansiedade as noites do sábado, no Pilar da minha infância. Às 20 horas, em ponto, Seu Zé Ribeiro m...
Os Perigos de Nyoka
Hoje eu peço licença para abordar uma categoria sofrida, explorada, mal-reconhecida. O seu labor não está previsto em lei trabalhista nem...
A moça da casa
Sonhe como se fosse viver para sempre, viva como se fosse morrer amanhã. James Dean James Byron Dean, ator norte americano, morto p...
Ainda quero ver a Acrópole
James Dean
ACHO que, em todas as épocas, sempre que surgia uma novidade, alguém enaltecia o quão avançado era aquele tempo. Portanto, o que nos surpr...
Tempos modernos!
Leonardo, velho amigo Léo, antigo parceiro de sinuca e de paquera, únicos jogos que nos levavam a campo, surge como fantasma perdido, com ...
Torre, o bairro de Seu Joaquim
Ah quanto tempo, hem Léo!
Vínhamos da noite, descíamos do bonde na esquina da Juarez Távora com a Maroquinha Ramos, onde, uma casa depois da outra, nos recolhíamos. Aí Léo ganhou o Sul, se fez por lá, e depois de uns cinquenta anos, isto, meio século, acha de cruzar com meus passos numa rua que, sem sair do lugar, não é mais a Adolfo Cyrne, ponto da marinete do velho Orlando, pai de sua namorada.
Dialética ela disse que sou homem de paixões avassaladoras não de amores sólidos talvez porque os amores são eternos (e morr...
Amor quando chega
ela disse que sou homem de paixões avassaladoras não de amores sólidos talvez porque os amores são eternos (e morrem) e as paixões são instantes (que ficam).
poeta é bicho esquisito todo mês sangra (versos) e aduba loucuras vermelhas com frases azuis.
Meu tempo inicial de formação artística em parte se gastou, como é recorrente, num tanto de tanto procederes incipientes, devidamente aí r...
Construindo narrativas
Cheguei para morar nesta cidade banhada pelo mar, sem sair do meu cantinho de terra. Há 50 anos, precisamente no dia 27 de junho de 1971,...
Aqui andava como um camponês
VIAGEM Sim, as asas estão emplumadas E nada nesse ninho me faz ficar, O vento assobia de longe, convidando-me, Incita em mim...
Voar e nada mais
Sim, as asas estão emplumadas E nada nesse ninho me faz ficar, O vento assobia de longe, convidando-me, Incita em mim o desejo do voo, Nada me prende nessa terra, Quero voar. Sim, a alma está pronta. Olho para o céu E o passeio preguiçoso das nuvens Chama-me à aventura De um voo pleno, em busca de novas paragens, De outras venturas.
Que força poderosa que tão pouco se conhece tem o nosso pensamento! Discorremos sobre o alcance e os rumos que ele toma nos caminhos do ol...
As plantas riem e ouvem
Se a energia é palpável, matéria condensada, e o nosso pensamento uma via magnética, como atesta a ciência, imagine a densidade desta rede que se tece mentalmente nos bilhões de humanos que aqui vivem.
Era uma referência no canto da pracinha recentemente construída. Engraçado que flagrantemente seca, já morta, ainda era majestosa como dev...
A árvore
Seu amigo fará uma cirurgia em breve. Caso não muito simples, com perspectivas incertas. Sem dúvida, uma situação delicada, daquelas em qu...
Conversas difíceis
Nessa conversa incontornável, sabemos, as palavras nem sempre expressarão a verdade completa dos fatos e dos sentimentos. Mas não se trata de hipocrisia, claro, e sim de compaixão recíproca, uma forma de amor ao próximo, que, infelizmente, só costuma revelar-se – quando o faz – nos momentos em que os empecilhos abundam. É preciso coragem para fazer a ligação – e também para atendê-la.
Um dos amantes deixou de gostar do outro, não importa a razão. Pode ser por nenhum motivo aparente, pelo simples deixar de gostar, que isso acontece. Ou por uma paixão inesperada e avassaladora por outrem. Nos dois casos, não é fácil para o parceiro que sai comunicar ao parceiro que fica. Principalmente quando o que termina a relação guarda um certo bem-querer e algum respeito pelo outro. Pois, nesse caso, não se trata simplesmente de ir embora, como muitos fazem, sem qualquer explicação, deixando atrás de si mágoas e perplexidades para sempre. Fazer isso até que seria cômodo. Mas não. Aqui é o caso de ir-se embora com alguma dignidade, alguma decência. Por isso, é preciso conversar com quem se deixa, buscando justificar o que, para o outro, a priori, não se justifica. É preciso ter coragem para começar o penoso colóquio da separação; é preciso cautela e tato para selecionar palavras e frases, de modo a, se possível, minorar a dor e o trauma do(a) abandonado(a).
O funcionário é bom, eficiente, cumpridor de suas obrigações. O patrão simpatiza com ele e aprecia sua dedicação. Ele trabalha já há algum tempo na empresa. Não é um simples estagiário. É casado, tem filhos e não é mais nenhum garoto. Ocorre que os negócios não vão bem, as despesas estão altas, a receita mingua e a necessidade de demitir impõe-se com todas as suas consequências sombrias. O bom funcionário terá que ir embora. E o patrão terá que dizer-lhe isto olhando nos seus olhos estupefatos. Mas como fazê-lo, de modo a amenizar o impacto de tal notícia devastadora? Como fazê-lo sem que o empregado leal não se afunde mais que o necessário? O sofrimento e o desconforto do chefe, que, diga-se, não é nenhum capitalista insensível, são tão incômodos quanto serão os do funcionário logo a seguir. A boca do que falará primeiro está tão seca e sem voz quanto a do que ouvirá calado sua sentença. Aqui não há margem para diálogo, pois nenhum argumento em contrário poderá prevalecer. Aqui a palavra única, árdua e definitiva pertence exclusivamente ao que manda – e que se constrange – e sente - ao fazê-lo.
Três situações típicas. Muitas outras existem, o leitor sabe, viveu ou ouviu falar. A vida é também feita dessa matéria espinhosa, cotidianamente. Nada a fazer. E nunca estaremos suficientemente preparados para isso. Todavia, uma coisa percebo: a cada experiência dessa, quando somos a parte ativa do processo e conseguimos desempenhar relativamente bem nosso ingrato papel, saímos como que mais fortes, mais maduros, exatamente porque mais calejados, mais sofridos, o que confirma a máxima de que só crescemos nas dificuldades.
Conversas difíceis. O leitor certamente terá tido as suas.
Para Ana Gondim Era a segunda metade dos anos 60. A música era parte essencial de nossas vidas, quando ouvi falar sobre ela. Mariann...
Marianne Faithfull, em estado de graça
“Toma um fósforo! Acende teu cigarro!” Já se vão mais de cinco décadas desde que ouvi esses versos pela primeira vez. Quem os citava era u...
Sob o signo da culpa
Levante a mão se, numa noite quente, você lentamente abriu os olhos e perguntou, baixinho: Você está aí? Se está, pode me dizer, por favor...
Sei que agonizo, e nisso há prazer
Somos diariamente impactados pelo noticiário que mostra o quanto a violência contra as mulheres tem se acentuado no Brasil. Isso está dir...
A igualdade de gênero como questão política
... W. J. Solha tem recado curto e grosso : Leiam O LABORATÓRIO DAS INCERTEZAS. Paulo Vieira (UFPB 2013) é dono de um senhor currículo, ...