O anacoluto é a interrupção brusca de uma frase inicial a que se segue outra à qual aqu...

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O anacoluto é a interrupção brusca de uma frase inicial a que se segue outra à qual aquela não se integra. Por exemplo: “O presidente, eleito só por causa da moeda forte, os professores das Universidades Federais sabiam que dele não podiam esperar apoio.” O início do período não tem conexão com o resto, sintaticamente.

Em conversa com alguns amigos, perguntei-lhes qual o contrário de diabo. A resposta veio pronta: Deus . Não é isto mesmo, caríssimo L...

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Em conversa com alguns amigos, perguntei-lhes qual o contrário de diabo. A resposta veio pronta: Deus. Não é isto mesmo, caríssimo Leitor? Parece ser, mas não é. O leitor talvez se espante, como aconteceu com os meus amigos, ao saber que o contrário de diabo é símbolo. Por mais estranho que pareça, posso afirmar que, considerando a origem das palavras, o mais acertado seria ter em mente o par opositor diabo/símbolo. Para que a questão possa ter um esclarecimento satisfatório, vamos, então, buscar ajuda na etimologia.

Por uns instantes apenas, queridos leitores, imaginem-se Juízes numa comarca localizada em cidadezinha do interior do Estado. Eis que...

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Por uns instantes apenas, queridos leitores, imaginem-se Juízes numa comarca localizada em cidadezinha do interior do Estado. Eis que chega uma ação judicial pedindo para que vocês determinem ao Município o fornecimento de um remédio chamado Elevidys, que se destina ao tratamento da distrofia muscular de Duchenne. O remédio ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) porque custa “apenas” dezessete milhões de reais e serve para um único paciente.

Um menino com aparentes cinco anos a reclamar do acalanto materno, em vídeo no YouTube, trouxe-me à memória a Cuca e o Boi da Cara P...

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Um menino com aparentes cinco anos a reclamar do acalanto materno, em vídeo no YouTube, trouxe-me à memória a Cuca e o Boi da Cara Preta da minha infância. “Por que a Cuca vem me pegar quando meu pai vai trabalhar? Por que vocês vão me deixar sozinho?”, perguntava o filho bem aflito à mãe que mal continha o riso por trás da câmara com que gravava aquela indignação.

Longos monstros de braços gigantes espiam sobre a serra. Alertas, atravessam enormes pás ciclopes para além do horizonte na...

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Longos monstros de braços gigantes espiam sobre a serra. Alertas, atravessam enormes pás ciclopes para além do horizonte na vigilância da serpente negra por onde trafegam inventos que transportam humanos no sentido leste-oeste. A paisagem seca por quilômetros abriga muita vida e o verde desaparecido está à espera de qualquer invernada para reflorescer a região.

No final do século XVIII o pastor, teólogo e filósofo alemão, Johann Kaspar Lavater sur...

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No final do século XVIII o pastor, teólogo e filósofo alemão, Johann Kaspar Lavater surpreendeu Goethe com a sua capacidade de dizer sobre a personalidade das pessoas a partir da análise da expressão facial, características físicas e a postura corporal. Lavater ficou conhecido pelo seu livro Fisiognomia e por sua amizade com o jovem Goethe e com o médico Mesmer (criador do mesmerismo).

A busca incessante pelo progresso econômico e pela acumulação de riquezas tem gerado profundas consequências na sociedade e no meio am...

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A busca incessante pelo progresso econômico e pela acumulação de riquezas tem gerado profundas consequências na sociedade e no meio ambiente.

Essa garotada aí é parte da turma de 1969, que se encontrou neste último sábado – 19/12/2024 - para comemorar os 55 anos de formatura ...

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Essa garotada aí é parte da turma de 1969, que se encontrou neste último sábado – 19/12/2024 - para comemorar os 55 anos de formatura do curso científico. Essa gente aí, há pouco mais de meio século, colou grau no inesquecível Instituto de Educação João Cursino, lá em São José dos Campos. Como acabei não indo, fiquei por aqui e algumas recordações foram me atropelando…

      Intermináveis desejos Triste de quem guarda Sonhos para si mesmo De quem esconde a alma Para dizer que não chora De q...

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Intermináveis desejos
Triste de quem guarda Sonhos para si mesmo De quem esconde a alma Para dizer que não chora De quem demora Para confessar amor E quando confessa Logo transforma em mágoa.

Nas manhãs de sábado, quase sempre acontece, ao redor de mesas na Livraria do Luiz, na Galeria Poeta Augusto d...

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Nas manhãs de sábado, quase sempre acontece, ao redor de mesas na Livraria do Luiz, na Galeria Poeta Augusto dos Anjos, conversa em torno da literatura, das artes, da poesia, da política e questões atinentes ao nosso País.

Natália pensou em chamar Paulo para celebrar seu casamento. Não sabia por que de rep...

cronica paraibana carta casamento
Natália pensou em chamar Paulo para celebrar seu casamento. Não sabia por que de repente lhe ocorrera isso, mas tinha curiosidade de o rever. Como foi ele quem a deixou, não se constrangeria de ser o celebrante – mesmo que o futuro esposo fosse o antigo rival. Tomou coragem, ligou para a igreja e perguntou quando podia encontrá-lo. Para lhe fazer uma surpresa, não disse de quem se tratava.

Horas depois, entrava no recinto contíguo ao altar. Sentou-se e, enquanto esperava o ex-namorado (achou esquisito pensar nessa palavra), correu os olhos pelo ambiente. Os móveis escuros, pesados, sugeriam renúncia e gravidade. Do conjunto emanava uma paz que devia ser o que ele procurava quando a deixou. Chegava a compreender que a tivesse trocado por uma vida solitária e sem maiores inquietações.

Paulo entrou. Quando a reconheceu, ficou levemente pálido e deu um sorriso.

– Você?!

Ela também sorriu, buscando afetar naturalidade. O rapaz mudara pouco; perdeu alguns cabelos e ganhou um ar meio espiritualizado, comum nos que desistem dos prazeres deste mundo. Sentaram-se um de frente para o outro, e Natália explicou o motivo de estar ali. Falou do casamento próximo, com Saulo.

– Saulo?!
– Sim. Sei que você não gostava dele, mas faz tanto tempo, não é? Além do mais, você (hesitou um pouco, e corrigiu)... o senhor foi quem desapareceu.
– Mas como eu não podia desaparecer depois daquela carta?
– Que carta?
– A carta que você me escreveu terminando tudo – esclareceu com um sorriso amargo, revivendo por instantes a emoção de anos atrás.

Natália sentiu uma pequena tontura e mal ouvia as palavras de Paulo. Ele disse que a carta tinha sido um marco; após ler aquelas palavras, caiu numa melancolia que só encontrou alívio em Deus. “Fechou-se” por um tempo, sem falar com ninguém, depois entrou no seminário.

– Sua carta doeu tanto, que não consegui mais ser o mesmo. Ainda assim guardei ela comigo, junto da Bíblia. Afinal de contas, uma entrou na minha vida por causa da outra.

Depois de dizer isso foi a um recinto lateral, de onde voltou com um envelope amarelado. Entregou-o a Natália, que àquela altura compreendera o que tinha acontecido.

– A carta... não era para você.
– Como não era? Olhe aqui: “Para Paulo”, no envelope. E depois o vocativo: “Caro Paulo”.
– Isso não é um “P”. É um “S”. A carta era para Saulo. Quando eu pedi a uma colega da escola que entregasse a ele, não pronunciei o nome do destinatário. Ela também deve ter confundido as letras. Meus professores de redação sempre disseram que eu devia corrigir isso, mas nunca dei importância.

Paulo se levantou, atordoado.

– Se a carta era para Saulo, por que o casamento agora?

– Depois que você me deixou sem dar notícias, comecei a me sentir muito só. Saulo agia como se nada tivesse acontecido (e não aconteceu mesmo!). Imaginei que ele se comportava assim por ser persistente e não aceitar me perder, então não toquei no assunto da carta. Comparada com a sua atitude, a dele me parecia muito superior. Terminei aceitando-o como uma forma de lhe esquecer.

Ficaram em silêncio por um bom tempo. Quem primeiro falou foi Natália:

– E então? Faz o casamento?
– Faço, é claro. E sei que vou me emocionar mais do que das outras vezes. Afinal, o noivo era para ser eu.
– Mas não vai dizer isso no sermão...
– Não vou. Apenas eu e você vamos ficar sabendo. No sermão, o máximo que eu vou fazer é retificar o ditado. Em vez de “Deus escreve certo por linhas tortas”, “Deus às vezes escreve certo por letras trocadas”.


É comum se querer apontar a moral de uma história. Se o texto acima tem alguma, pode se resumir nesta prosaica lição, que costumo passar aos alunos: “Ao redigir, escreva com legra legível. A falta de clareza pode mudar um destino.”

Algumas pessoas tem a capacidade de ler os outros sem que esses percebam que seus atos entregaram suas personalidades através do olhar...

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Algumas pessoas tem a capacidade de ler os outros sem que esses percebam que seus atos entregaram suas personalidades através do olhar dado ao afeto, ódio, medo, ou quem sabe, através de suas almas.

Charles-Louis de Secondat (1689–1755), mais conhecido por Montesquieu, foi um filósofo, escritor e teórico político iluminista. Ele con...

montesquieu
Charles-Louis de Secondat (1689–1755), mais conhecido por Montesquieu, foi um filósofo, escritor e teórico político iluminista. Ele contribuiu para criar a ideia de tripartição dos poderes do Estado. Em 1748, o pensador publicou o seu livro Do Espírito das Leis. Neste trabalho, uma de suas teses é o liberalismo político.

Só mesmo uma oriental para comemorar a conquista do Nobel de literatura tomando chá, em silêncio. Pois foi isto que fez a escritora...

Só mesmo uma oriental para comemorar a conquista do Nobel de literatura tomando chá, em silêncio. Pois foi isto que fez a escritora sul-coreana Han Kang, 53 anos, ao receber a notícia da grande vitória. “Tomarei chá com meu filho, em silêncio”. Só esta frase, esta reação tão serena e tão sábia, justificam, para mim, a outorga do prêmio, não tivesse ela escrito, apesar de ainda jovem, livros que, segundo a Academia Sueca, “inovaram a prosa contemporânea”. “Tomarei chá com meu filho, em silêncio”. É preciso repetir esta frase extraordinária para penetrar-lhe o profundo sentido e alcance. Nada da algazarra do mundano e previsível champanhe que outros elegeriam para momento tão festivo, mas a sóbria ancestralidade do chá e o recolhimento do silêncio, símbolo de modéstia, de reflexão e, quem sabe, de oração.

“Como foi bom te ver...” Operava-se nesta exclamação um milagre de supermercado, abelheiro em que nem sempre as vistas se dispõem a s...

cartorio souto jose carneiro
“Como foi bom te ver...”

Operava-se nesta exclamação um milagre de supermercado, abelheiro em que nem sempre as vistas se dispõem a sair da lista de compras ou do chamariz das gôndolas.

Apesar da prolação generalizada pego (com /e/ (= ), de preferência, e não com /ε/ (= ), há razões para crer que o verbo pegar só a...

gramatica lingua portugues
Apesar da prolação generalizada pego (com /e/ (= < ê >), de preferência, e não com /ε/ (= < é > ), há razões para crer que o verbo pegar só admita pegado como particípio.