“Animus é originário do latim, e era usado para descrever ideias como alma racional, vida, mente, poderes mentais, coragem ou desejo. No início do século XIX, animus era usado para significar "temperamento" e era tipicamente usado em um sentido hostil. Em 1923, começou a ser usado como um termo na psicologia junguiana para descrever o lado masculino das mulheres.”1
Termo da moda e altamente em voga, a inteligência artificial (AI), remonta a tempos mais longínquos do que imaginamos. Há quem diga até que é possível identificá-la ainda na Grécia e Roma antigas em máquinas e equipamentos em uso na época, porém, oficialmente se considera seu nascimento em 1936, com a Máquina de Turim, criada pelo britânico Alan Turing. Tratava-se de um dispositivo capaz de executar processos cognitivos, desde que os passos fossem fatiados em pequenas etapas individuais representadas por um algoritmo, porém o termo Inteligência Artificial (AI), foi criado em 1956, durante a Conferência Dartmouth.2
Há dois momentos em “Lira dos vinte anos”, de Álvares de Azevedo: um tipicamente romântico, no qual o poeta revela obediência aos códigos da escola; e outro em que ele, saturado das injunções idealizantes que orientam a configuração do eu lírico, da mulher e do próprio mundo, procede a uma reação no sentido do Realismo. O conflito se intensifica pelo fato de o eu lírico ter uma visão ambígua do objeto amoroso. A ambiguidade é uma pré-condição da melancolia, responsável pela coexistência no sujeito, em relação a quem ou àquilo que o abandonou, de sentimentos de amor e ódio. Essa forma de se relacionar com o objeto explica muitas das imagens antitéticas e duais presentes na obra de Álvares de Azevedo.
A lagosta se refugia sob as pedras quando sua carapaça se torna apertada, pois seu crescimento exige uma nova proteção. Da mesma forma, em nossas vidas, enfrentamos momentos de estresse e desconforto e, frequentemente, buscamos alívio imediato. No entanto, é nesses desafios que encontramos a oportunidade de crescer e evoluir.
Contar e ouvir histórias são atividades muito antigas. As narrativas orais estão presentes na gênese de toda literatura e, em particular, na literatura infantil. Se fizermos uma retrospectiva dos contos antigos do mundo oriental e ocidental, iremos encontrar o hábito de contar histórias como uma forma de entretenimento. Antigamente adultos e crianças se reuniam em torno das fogueiras para ouvir histórias.
O velho Eudes chega às setenta primaveras com a disposição de sempre. O espírito é leve e muita é a disposição para correr o mundo atrás do belo em suas múltiplas formas. Ainda há pouco fez sua tradicional peregrinação à Europa, região de sua particular devoção, desde a juventude. O que faz todo sentido, pois ali ele encontra tudo que ama: a história, a cultura ocidental, a arte, os museus, as galerias e os antiquários,
Na famosa novela de Tolstói, o personagem Ivan Ilitch, já moribundo, encontra consolo em um simples gesto de compaixão de um servo o conforta em sua agonia final. Ivan descobre, no fim, que a verdadeira riqueza de uma vida não está no que foi acumulado, mas no que foi doado.
Talvez a impossibilidade de descrever as belezas da vida com precisão fez com que compositores como Richard Strauss, Debussy, Delius e Ravel transcrevessem para a música o que anteviam perante os olhos, a alma e o coração. Ou por concluírem que as palavras são insuficientes para transmitir com merecida fidelidade as emoções que emanavam de sua refinada sensibilidade.
Foi exatamente essa a dificuldade que sentimos ao decolar de Queenstown — sem dúvida alguma, para alguns, a mais bela cidade do mundo — em escrever alguma coisa que se aproxime de tão belas paisagens.
Podemos até despertar certo ciúme naqueles que consideram outros países mais bonitos do que a Nova Zelândia. Mas confessamos que é difícil encontrar, em alguma de nossas lembranças de viagens, experiências tão deslumbrantes como nas três oportunidades que tivemos de colocar os pés nesta ilha isolada do mundo, entre o Pacífico e o Mar da Tasmânia.
Nossa curiosidade pela Nova Zelândia se iniciou através do que deste país paradisíaco se fala mundialmente: Primeiro lugar na lista dos lugares menos corruptos do mundo, um dos mais elevados índices de qualidade de vida e de maior respeito à Natureza.
Povoada pelos polinésios, há centenas de anos, a Nova Zelândia foi "descoberta" por um holandês, chamado Abel Tasman, e, mais tarde, colonizada pelos britânicos, que lá aportaram com o navegador James Cook. Em seguida, nossa curiosidade se consagrou como desejo, quando indagamos a duas amigas historiadoras que eram autênticas globe-trotters, paraibanas das mais viajadas pelo mundo afora, qual era o país mais belo visitado por elas até então. Sem titubear,
a resposta veio rápida, igualmente de ambas: "A Nova Zelândia"! Mais tarde, perguntando a outro amigo, um alemão idem viajante frequente e conhecedor dos cinco continentes, a resposta foi idêntica: A Nova Zelândia. Daí, para a curiosidade passar a desejo e, finalmente, à realidade foi bem rápido, e, em 2008, rumamos à Oceania pela primeira vez.
As impressões trazidas foram tão preciosas que se mantiveram na ala carinhosa das melhores lembranças de nossa memória. E eis que, cinco anos mais tarde, estávamos novamente pelas terras dos Maoris - tribo nativa que veio da Polinésia e lá se firmou em uma grande comunidade. Felizmente, a colonização pelos ingleses se deu em bases, de certo modo, mais amigáveis do que em outros exemplos coloniais, com acordos bilaterais proveitosos, e o resultado é o que se vê no dia-a-dia: harmonia e direitos preservados com respeito às origens e ao agraciado habitat deste belo país.
Passados oito anos, lá estamos de volta àquela verdadeira "Ilha da Fantasia". Viajar para lá é uma aventura multifacetada. Primeiro, pela enorme distância que se percorre dutante 22 horas de voo no total. A opção via Chile é a mais curta, saindo de João Pessoa. São três horas para São Paulo, de São Paulo para Santiago mais cinco, e, de Santiago para Auckland, o destino final e a maior cidade do país, somem-se quatorze. Entretanto, apesar do longo percurso, é um sacrifício que indubitavelmente nos traz inúmeros e prazerosos benefícios. O primeiro, é preciso lembrar, foi poder constatar a sinceridade do que disseram simultaneamente os citados amigos. “A Nova Zelândia é o país mais bonito do planeta”. Ainda que, cá entre nós, possa ser equiparado à Suíça, Islândia e Noruega. Eis uma difícil escolha.
Ilha Sul, Nova Zelândia
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A diversidade de paisagens, que mudam a cada 50 quilômetros, da água para o vinho, ou melhor, dos mares para os lagos, de montanhas para geleiras, de cascatas para gêiseres, é uma das coisas que mais encantam. Qualidade de vida, nem se fala. Serviços públicos impecáveis, trânsito que flui sereno e educado, pouca densidade demográfica e uma noção de cidadania intrinsecamente agregada ao espírito das pessoas, sempre amáveis e sorridentes.
Ilha Sul, Nova Zelândia
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Acredito que o melhor de todas as coisas que lá podemos desfrutar foi a intensa sensação de proximidade com a natureza em seu estado praticamente original. Talvez pelas condições primitivas e intocadas em que se encontram suas florestas e praias como, por exemplo, Kare-Kare, na qual estivemos 3 vezes, sempre com impactante sensação mística de sagrada reverência por aquele mágico lugar de areias negras, montanhas imensas e um mar tão selvagem e exuberante como seria qualquer impressão que se pudesse ter de um retrato de Deus.
A emoção lá sentida possui aspectos que transcendem o deslumbramento visual experimentado ao ver cidades onde a beleza da monumentalidade arquitetônica se exalta acima da paisagem natural. Conquanto exultemos, apaixonados, diante de grandes e históricas edificações projetadas pelo ser humano, o ensimesmamento diante das exuberantes cordilheiras, geleiras, florestas, lagos e cascatas neozelandesas, que permanecem intactas, é imensamente superior.
Lago Ianthe, West Coast, Nova Zelândiacarlosromero.com.br
É encantador constatarmos que ali a humanidade soube se organizar com bem dosados princípios de justiça, respeito mútuo e cuidado com o meio ambiente. Sem o
luxo típico do acúmulo e dos exageros do consumo, e sem a distribuição extremamente desigual dos bens a si concedidos.
Lá, como muito bem disse o cronista Carlos Romero, "o único excesso é o da beleza".
Prezados leitores, prosseguimos com a nossa série sobre o perfil da sociedade da antiga Paróquia de Nossa Senhora das Neves, antiga Parahyba, atual cidade de João Pessoa, com base no Livro de Registros de Batizados do ano de 1833. Apesar do foco ser as crianças que já nasciam escravizadas, hoje trataremos das crianças nascidas livres (ingênuas) com foco na orfandade e escolha de tutores. A orfandade de crianças que nasciam escravizadas merece um tópico próprio. Também falaremos da miscigenação da sociedade local da época e a relação com classe e gênero.
Religiões há que, em princípio, privilegiam tanto a violência que, não raro, a consideram santa. Em contrapartida, o sexo é considerado coisa suja e indigna. Se pensarmos que os religiosos cultuam um Deus que criou o sexo exatamente para a preservação da espécie, ¿Não seria um contrassenso esse mesmo Deus renegar a própria criação? ¿Por que dar tanto valor à virgindade em detrimento da função natural de um pai, de uma mãe?
A pedido do meu amigo, Marcílio Franca, em 2019, fiz a tradução de “À Paz”, hino da autoria do internacionalista holandês Hugo Grotius, um dos fundadores do Direito Internacional, no século VII. O aludido hino consta em artigo de autoria de Marcílio Franca e de Alessandra Franca, intitulado “Os Epigramas da Haia – Direito Internacional e Poesia em Epitácio Pessoa e Hugo Grotius”, que veio a ser publicado no livro Pensar, ensinar e fazer Justiça – Estudos em homenagem a Paulo Ferreira da Cunha, com organização
Venho de uma família de ativistas culturais do interior da Paraíba, cujos irmãos e meu pai eram músicos e minha mãe locutora de uma difusora a ecoar sua voz pelos alto-falantes espalhados pelos cantos da cidade. A arte sempre esteve presente, tanto pelo exemplo familiar, como por uma vontade inata de estabelecer diálogos com os movimentos criativos como um bem a ser cultivado e expandido.
Não sei vocês, mas comigo dá-se que quando eu começo a pensar em qualquer assunto vou muito além do que seria razoável. Como não faço nada na vida à conta do nadismo que pratico, às vezes quedo-me imaginando soluções para problemas mais ou menos sérios e esses pensamentos me levam a um futuro que nem sei se a humanidade atingirá tantas são as armadilhas que nos esperam, desde as guerras à crescente deterioração do clima.
Gosto das conversas compridas com o amigo João. Mais, ainda, quando ocorrem no quintal dele, bem pertinho do café e do bolo de fubá da Dona Madalena. É João que me vem à cabeça quando ouço aquelas piadas de Jessier atinentes aos saberes dos matutos. Os caras, de fato, parecem entender de tudo: da atracação de navio à picada de muriçoca, como assegura o poeta.
POEMAS DO LIVRO “XXI Sombras (Editora COUSA – 2023)
MONÓLOGO
Pode ser meia
a dor que te consome?
Viver, apreender palavras,
guardá-las no silêncio.
O mormaço já está distante
e os grãos da areia não povoam mais a mesma praia.
A mãe, um vazio sem nome,
os passos trocados do pai.
A memória se movimenta para trás das cortinas
e o esquecimento ocupa o palco dos nomes.
Maria Teresa Horta, escritora portuguesa, faleceu há poucos dias deixando o mundo literário, feminista, das mulheres, mais pobre. Maria Teresa de Mascarenhas Horta Barros, escritora, jornalista, ativista e poetisa portuguesa. Foi uma das autoras do livro Novas Cartas Portuguesas, pelo qual foi processada e julgada em 1972, ao lado de Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa. Mas a sua obra é extensa, entre ficção e poesia.