Atravesso a Rua Maroquinha Ramos a passos lentos, recordando um tempo que não foi meu, mas que carrego como se fosse. Com as mesmas ansiedades e as paixões do adolescente vindo do interior, ainda andando como camponês, a camisa aberta ao peito, alpercata de couro nos pés e nas mãos os sinais do massapê.
"Os livros têm um poder extraordinário. Mas tenha cuidado. É o livro que detém o poder, não você"
(Sosuke Natsukawa ▪️ O gato que amava livros)
O gato está associado à literatura, ao meditar, ao filosofar, e vários romancistas, poetas, pintores, artistas de um modo geral são admiradores desses felinos, eles aparecem em fotos com seus donos, em telas de pintores famosos. É bem conhecido o quadro de Matisse – O Gato com peixes vermelhos - e Marc Chagall pintou a belíssima tela Paris através da janela em que um gato, com cara de um ser humano, está situado em primeiro plano com o olhar voltado para a Torre Eiffel. Quem não se recorda das pinturas de gatos do brasileiro Aldemir Martins? São várias telas em cores bem tropicais. É frequente também a presença de gatos em romances e poemas.
As expectativas não são nada boas para o ano que se inicia, mas lhe convido a ser otimista. Sei que não é fácil diante de tantas ameaças, como a do aquecimento global, mas até disso é possível tirar algum proveito. O excesso de calor pode, por exemplo, fazê-lo dormir menos e colocar em dia as tarefas atrasadas, ou ir mais à praia.
No início do século XVI, o maior poeta italiano, Ludovico Ariosto, imaginou que somente na Lua se encontrava tudo o que se perdia na Terra, como as lágrimas e os suspiros dos amantes, o tempo desperdiçado no jogo, os projetos inúteis e os anseios insatisfeitos. Ele pensava assim devido à impossibilidade da viagem à lua naquela época, e a associava aos atos
Heinz Kohut (1913–1981), psicanalista austríaco, analisou como défices emocionais no ambiente empático durante a infância podem resultar em comportamentos disfuncionais na vida adulta. A atitude disfuncional refere-se a padrões de ações irregulares, pensamentos ou reações que prejudicam a saúde mental e física tanto do indivíduo quanto o bem-estar das pessoas em seu relacionamento social. Esse tipo de comportamento caracteriza-se, frequentemente, pela dificuldade em gerenciar as próprias emoções ou lidar com seus desafios de maneira produtiva e respeitosa.
"As pessoas não querem ouvir sua opinião, querem ouvir a opinião delas saindo da sua boca". Ouvi essa frase de uma psicóloga que me levou a refletir sobre o tema: dar e ouvir opinião.
Fechando o ano de 2024, a Editora Record deu a público A Intensa Palavra, coletânea de crônicas de Carlos Drummond de Andrade, publicadas no jornal carioca Correio da Manhã, no período de 1954 a 1969. A compilação foi organizada pelo escritor paranaense Luís Henrique Pellanda, que também assina o prefácio. Não preciso dizer que, como tudo do itabirano,
Meu querido amigo Germano Romero citou uma curiosa estrofe em suas redes sociais por ocasião das festas de fim de ano:
"Felicidade é uma canoa no rio
Uma espiga na brasa
Um cobertor p'ro frio
E um amor em casa"
A citação foi retirada da "Canção da Felicidade", também conhecida no cancioneiro popular português, e que já foi regravada por diversos intérpretes. Em sua versão supostamente "original", os versos aparecem assim:
"Uma canoa no rio,
Uma sardinha na brasa,
Um cobertor para o frio,
E um amor dentro de casa"
Germano teve a sensibilidade de trocar o substantivo feminino singular "sardinha" por "espiga", numa contextualização cultural muito interessante, pois, no Brasil, o milho substituiu a sardinha nas fogueiras de São João devido à sua maior abundância e praticidade, começando pelo interior, onde a cultura agrícola predomina. O milho, colhido em junho, se adaptou às tradições regionais e se tornou símbolo das celebrações. Como o "São João" no Brasil se disseminou como uma festa de raiz interiorana, a espiga venceu a sardinha até mesmo no litoral.
Outro velho amigo sempre me recitava os mesmos versos, atribuindo-os a um pescador do município de Lucena, que costumava repeti-los. Curiosamente, o grupo de chorinho da vizinha cidade de Cabedelo, costuma tocar a "Canção da Felicidade" , sempre acompanhando a elogiada interpretação da cantora Roseleide Farias.
A canção também pode ser encontrada nas vozes dos cantores de bolero Hélio Portinhal e Orlando Dias, e também de Teixeirinha, mais dedicado a músicas gaúchas.
Há uma versão lusitana, executada por José Afonso, diferente da que circula no Brasil:
Felicidade é uma quimera
Que o homem persegue pela vida fora,
É uma casa pequenina
E uma roseira à porta.
Felicidade é uma sardinha na brasa
E um amor dentro de casa.
Felicidade é uma conversa à janela,
Um sorriso de criança,
É uma coisa tão singela.
A autoria dessa adaptação é atribuída aos compositores portugueses José Niza e Luís Oliveira, enquanto a versão brasileira é imputada a Francisco Luiz, que aparece como autor na gravação feita por Hélio Pontinhal.
A canção é mais portuguesa ou mais brasileira? Qual a sua versão "verdadeira"? Quem a compôs primeiro?
Antes de William Shakespeare, a história de "Romeu e Julieta" já fora contada pelo poeta inglês Arthur Brooke em 1562, que, por sua vez, baseou-se no escritor italiano Matteo Bandello, que publicou o drama dos amantes de Verona em 1554, inspirado em antigas lendas e narrativas populares.
Ariano Suassuna relatou que se inspirou num mentiroso contumaz, com o qual conviveu em sua infância na cidade de Taperoá, para criar o personagem Chicó. Já em relação a João Grilo, Suassuna faz o resgate de uma figura muito popular nos contos nordestinos, e que se insere numa longa tradição de personagens pícaros portugueses e espanhóis, a exemplo de João Ratão e Lazarillo de Tormes.
O famoso Cordel nordestino "O Romance do Pavão Misterioso" relata o resgate da condessa grega Creuza pelo herói João Evangelista, que a bordo de uma máquina voadora criada pelo inventor português João Sem Medo, retira-a de uma torre. A história se assemelha à de Rapunzel, popularizada pelos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, a partir do seu livro "Contos de Fadas", publicado em 1812. O autor francês Charles Perrault também apresentou uma versão de "Rapunzel" em 1697, no livro "Histórias ou Contos de Tempos Passados", mas há narrativas ainda mais remotas sobre uma donzela sendo socorrida por um herói.
Uma das partes mais emocionantes e épicas do Ramayana, o grande épico hindu atribuído ao sábio Valmiki, é sobre o resgate da princesa Sita, após ela ser sequestrada pelo demônio Ravana, o rei de Lanka, o que provocou a longa e árdua jornada de Rama para resgatá-la.
Acredita-se que o Ramayana tenha sido escrito entre os anos 200 a.C. e 200 d.C.
A pergunta sobre "quem é o autor?" desafia a ideia de uma origem fixa. Ao longo de gerações, canções, contos, fábulas e histórias se transformam, enriquecidos e remodelados pelas mãos e pelos corações dos que os recriam.
Não pode haver um único autor para aquilo que toca a todos, pois o povo, em seu poderoso imaginário coletivo, é também criador.
A literatura, como o rio que atravessa os campos de nossa memória cultural, não pode ser contida. As suas margens são fluidas, como o próprio conceito de autoria. Um escritor é, na verdade, um guardião da herança espiritual da humanidade, que preserva a memória para que ela seja reinventada e resignificada pelas novas gerações, que a mantém desse modo dinâmico, recriando-a e não apenas recitando-a, pois só o espírito vivifica.
A propósito da solenidade do dia 6, da Epifania do Senhor ou “Dia de Reis”, uma das festas tradicionais mais singelas celebradas em todo o mundo cristão, há curiosamente uma lenda na Síria que perdura como tradição entre as crianças, para as quais não existe a figura do Pai Natal nem dos Reis Magos (derivado da palavra grega magoi, que significa homens sábios ou conhecedores) a distribuir presentes, como sucede nos países ocidentais. Em vez disso, as crianças recebem prendas de um elemento muito original:
Roço o dedo à procura do telefone de João Batista Simões, nesta passagem de ano e, sem que possa me queixar, surge Gil Messias no site de Romero inconformado com o tempo que levamos para vencer uma avenida de légua das muitas que dão nome à nova cidade litorânea sem atinar com o que lhe devemos e mesmo quem foi.
No mural de alguém no Facebook, certa vez surpreendemo-nos com uma postagem em que o autor relatava sobre uma “maldita colheita” de objetos plásticos jogados na beira-mar. No respectivo texto ele dizia que “a coleta havia sido feita na manhã de uma sexta-feira, em faixa de areia da bela praia do Cabo Branco com aproximadamente 200 metros de extensão, por dois de largura”. “Coletei quase 40 objetos de até 10 centímetros
Segundo HALLIDAY, M.A.K. e HASAN, Ruqaiya (Cohesion in English. London: Longman, 1976, p.35), Peter Hawkins, pesquisador da Sociological Research Unity, deu a crianças de 5 anos uma série de 4 quadros cuja sequência sugere uma história: o primeiro quadro mostra alguns meninos jogando futebol; no segundo, a bola atravessa, quebrando, a janela de uma casa; o terceiro quadro mostra uma senhora olhando pela janela quebrada
Em 1954, com o tricentenário de Sorocaba, o quadro com a fundação da cidade, do suíço Ettore Marangoni, inundou as capas de meus cadernos, no curso ginasial, e o Baltazar Fernandez da tela foi reproduzido em estátua de bronze ante a qual eu passava todos os dias - de 55 a 62 - quando ia para o trabalho.
A República de Platão fundamenta-se na Paideia (παιδεία), cujo objetivo é a busca da Justiça em cada um de nós, o que permitirá a sua materialização exterior, com a dikaiosyne (δικαιοσύνη), a prática da Justiça, tornando-se ela própria, dike (δίκη). Para tanto, é necessário ter a responsabilidade como embasamento para o despertar dessa prática. Sem a essência da responsabilidade, não há Paideia; sem Paideia, não há Justiça e, sem Justiça, o Estado soçobra, jamais se erige.
No final de julho de 1995 o Superintendente do jornal O Norte, Marcondes Brito, trouxe a João Pessoa o seu amigo pessoal, o jogador de futebol Nilton Santos, ex-lateral do Botafogo, duas vezes campeão do mundo pelo Brasil (Copas de 1958 e 1962), eleito o maior lateral esquerdo do mundo.