Fechando o ano de 2024, a Editora Record deu a público A Intensa Palavra , coletânea de crônicas de Carlos Drummond de Andrade, pu...

drummond vargas
Fechando o ano de 2024, a Editora Record deu a público A Intensa Palavra, coletânea de crônicas de Carlos Drummond de Andrade, publicadas no jornal carioca Correio da Manhã, no período de 1954 a 1969. A compilação foi organizada pelo escritor paranaense Luís Henrique Pellanda, que também assina o prefácio. Não preciso dizer que, como tudo do itabirano,

Meu querido amigo Germano Romero citou uma curiosa estrofe em suas redes sociais por ocasião das festas de fim de ano: "Felic...

felicidade simplicidade ramayana canoa no rio

Meu querido amigo Germano Romero citou uma curiosa estrofe em suas redes sociais por ocasião das festas de fim de ano:

"Felicidade é uma canoa no rio Uma espiga na brasa Um cobertor p'ro frio E um amor em casa"
felicidade simplicidade ramayana canoa no rio
Michael Telitsyn
A citação foi retirada da "Canção da Felicidade", também conhecida no cancioneiro popular português, e que já foi regravada por diversos intérpretes. Em sua versão supostamente "original", os versos aparecem assim:

"Uma canoa no rio, Uma sardinha na brasa, Um cobertor para o frio, E um amor dentro de casa"

Germano teve a sensibilidade de trocar o substantivo feminino singular "sardinha" por "espiga", numa contextualização cultural muito interessante, pois, no Brasil, o milho substituiu a sardinha nas fogueiras de São João devido à sua maior abundância e praticidade, começando pelo interior, onde a cultura agrícola predomina. O milho,
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Tanisa.tw
colhido em junho, se adaptou às tradições regionais e se tornou símbolo das celebrações. Como o "São João" no Brasil se disseminou como uma festa de raiz interiorana, a espiga venceu a sardinha até mesmo no litoral.

Outro velho amigo sempre me recitava os mesmos versos, atribuindo-os a um pescador do município de Lucena, que costumava repeti-los. Curiosamente, o grupo de chorinho da vizinha cidade de Cabedelo, costuma tocar a "Canção da Felicidade" , sempre acompanhando a elogiada interpretação da cantora Roseleide Farias.

A canção também pode ser encontrada nas vozes dos cantores de bolero Hélio Portinhal e Orlando Dias, e também de Teixeirinha, mais dedicado a músicas gaúchas.

Há uma versão lusitana, executada por José Afonso, diferente da que circula no Brasil:

Felicidade é uma quimera Que o homem persegue pela vida fora, É uma casa pequenina E uma roseira à porta. Felicidade é uma sardinha na brasa E um amor dentro de casa. Felicidade é uma conversa à janela, Um sorriso de criança, É uma coisa tão singela.
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Alex George
A autoria dessa adaptação é atribuída aos compositores portugueses José Niza e Luís Oliveira, enquanto a versão brasileira é imputada a Francisco Luiz, que aparece como autor na gravação feita por Hélio Pontinhal.

A canção é mais portuguesa ou mais brasileira? Qual a sua versão "verdadeira"? Quem a compôs primeiro?

Antes de William Shakespeare, a história de "Romeu e Julieta" já fora contada pelo poeta inglês Arthur Brooke em 1562, que, por sua vez, baseou-se no escritor italiano Matteo Bandello, que publicou o drama dos amantes de Verona em 1554, inspirado em antigas lendas e narrativas populares.

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Ariano Suassuna
Ariano Suassuna Oxente
Ariano Suassuna relatou que se inspirou num mentiroso contumaz, com o qual conviveu em sua infância na cidade de Taperoá, para criar o personagem Chicó. Já em relação a João Grilo, Suassuna faz o resgate de uma figura muito popular nos contos nordestinos, e que se insere numa longa tradição de personagens pícaros portugueses e espanhóis, a exemplo de João Ratão e Lazarillo de Tormes.

O famoso Cordel nordestino "O Romance do Pavão Misterioso" relata o resgate da condessa grega Creuza pelo herói João Evangelista, que a bordo de uma máquina voadora criada pelo inventor português João Sem Medo, retira-a de uma torre. A história se assemelha à de Rapunzel, popularizada pelos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, a partir do seu livro "Contos de Fadas", publicado em 1812. O autor francês Charles Perrault também apresentou uma versão de "Rapunzel" em 1697, no livro "Histórias ou Contos de Tempos Passados", mas há narrativas ainda mais remotas sobre uma donzela sendo socorrida por um herói.

Uma das partes mais emocionantes e épicas do Ramayana, o grande épico hindu atribuído ao sábio Valmiki, é sobre o resgate da princesa Sita, após ela ser sequestrada
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pelo demônio Ravana, o rei de Lanka, o que provocou a longa e árdua jornada de Rama para resgatá-la.

Acredita-se que o Ramayana tenha sido escrito entre os anos 200 a.C. e 200 d.C.

A pergunta sobre "quem é o autor?" desafia a ideia de uma origem fixa. Ao longo de gerações, canções, contos, fábulas e histórias se transformam, enriquecidos e remodelados pelas mãos e pelos corações dos que os recriam.

Não pode haver um único autor para aquilo que toca a todos, pois o povo, em seu poderoso imaginário coletivo, é também criador.

A literatura, como o rio que atravessa os campos de nossa memória cultural, não pode ser contida. As suas margens são fluidas, como o próprio conceito de autoria. Um escritor é, na verdade, um guardião da herança espiritual da humanidade, que preserva a memória para que ela seja reinventada e resignificada pelas novas gerações, que a mantém desse modo dinâmico, recriando-a e não apenas recitando-a, pois só o espírito vivifica.

A propósito da solenidade do dia 6, da Epifania do Senhor ou “Dia de Reis”, uma das festas tradicionais mais singelas celebradas e...

dia reis magos camelo
A propósito da solenidade do dia 6, da Epifania do Senhor ou “Dia de Reis”, uma das festas tradicionais mais singelas celebradas em todo o mundo cristão, há curiosamente uma lenda na Síria que perdura como tradição entre as crianças, para as quais não existe a figura do Pai Natal nem dos Reis Magos (derivado da palavra grega magoi, que significa homens sábios ou conhecedores) a distribuir presentes, como sucede nos países ocidentais. Em vez disso, as crianças recebem prendas de um elemento muito original:

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Roço o dedo à procura do telefone de João Batista Simões, nesta passagem de ano e, sem que possa me queixar, surge Gil Messias no site de Romero inconformado com o tempo que levamos para vencer uma avenida de légua das muitas que dão nome à nova cidade litorânea sem atinar com o que lhe devemos e mesmo quem foi.

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No mural de alguém no Facebook, certa vez surpreendemo-nos com uma postagem em que o autor relatava sobre uma “maldita colheita” de objetos plásticos jogados na beira-mar. No respectivo texto ele dizia que “a coleta havia sido feita na manhã de uma sexta-feira, em faixa de areia da bela praia do Cabo Branco com aproximadamente 200 metros de extensão, por dois de largura”. “Coletei quase 40 objetos de até 10 centímetros

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Segundo HALLIDAY, M.A.K. e HASAN, Ruqaiya (Cohesion in English. London: Longman, 1976, p.35), Peter Hawkins, pesquisador da Sociological Research Unity, deu a crianças de 5 anos uma série de 4 quadros cuja sequência sugere uma história: o primeiro quadro mostra alguns meninos jogando futebol; no segundo, a bola atravessa, quebrando, a janela de uma casa; o terceiro quadro mostra uma senhora olhando pela janela quebrada

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Em 1954, com o tricentenário de Sorocaba, o quadro com a fundação da cidade, do suíço Ettore Marangoni, inundou as capas de meus cadernos, no curso ginasial, e o Baltazar Fernandez da tela foi reproduzido em estátua de bronze ante a qual eu passava todos os dias - de 55 a 62 - quando ia para o trabalho.

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A República de Platão fundamenta-se na Paideia (παιδεία), cujo objetivo é a busca da Justiça em cada um de nós, o que permitirá a sua materialização exterior, com a dikaiosyne (δικαιοσύνη), a prática da Justiça, tornando-se ela própria, dike (δίκη). Para tanto, é necessário ter a responsabilidade como embasamento para o despertar dessa prática. Sem a essência da responsabilidade, não há Paideia; sem Paideia, não há Justiça e, sem Justiça, o Estado soçobra, jamais se erige.

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Segundo uma pesquisa da Lies University a maior invenção do ser humano não foi a roda ou o aproveitamento do fogo, menos ainda a internet.

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No final de julho de 1995 o Superintendente do jornal O Norte, Marcondes Brito, trouxe a João Pessoa o seu amigo pessoal, o jogador de futebol Nilton Santos, ex-lateral do Botafogo, duas vezes campeão do mundo pelo Brasil (Copas de 1958 e 1962), eleito o maior lateral esquerdo do mundo.

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Princípio de 2025 e não me sai da cabeça a preocupação: Pobre Marte... É que, sem por isso procurar, pus as vistas num desses vídeos do Youtube com sabor de documentário acerca do processo de colonização desse nosso vizinho de parede e meia, se a distância que nos separa for tomada, como assim deve ser, em escala cosmológica.

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POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças”
(Editora COUSA – 2022)



 
1° de janeiro
Após o pão e circo, sigo em busca da ciência de desinventar. No vazio do salão amanhecido ainda ressoam os ecos dos champanhes, os alaridos esperançosos, os sussurros de cumplicidade.

Título: A ILHA E O ESPELHO Autor Fausto Luciano Panicacci

fausto panicacci ilha espelho
Título: A ILHA E O ESPELHO
Autor Fausto Luciano Panicacci

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As promessas de Ano Novo sempre carregam um peso especial, como se, com a mudança de um calendário, pudéssemos também transformar nossas vidas. No entanto, ao olharmos para trás, muitas vezes percebemos que as promessas feitas se repetem ano após ano. "Vou emagrecer", "Vou ser mais organizado", "Vou dedicar mais tempo à família".

A manhã abraça com um sorriso e uma chuva de cajus. Nas praças, nos quintais, em terrenos baldios, aquarela em amarelo ou ve...

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A manhã abraça com um sorriso e uma chuva de cajus. Nas praças, nos quintais, em terrenos baldios, aquarela em amarelo ou vermelho e mesmo verde. Um balanço natural ao toque do vento e ao sabor tropical. A chuva do verão anuncia o fruto que deixa um gosto travoso. Do suco, do doce, da boca na carnosidade vegetal ao inconfundível e resistente caju.

A MAIS RECÔNDITA MEMÓRIA DOS HOMENS Autor: Mohamed MBougar Sarr Vencedor do prêmio Goncourt - 2021 Tradução: Diogo Cardoso Ed. Fósfor...

dica leitura roberto bolano recondita memoria
A MAIS RECÔNDITA MEMÓRIA DOS HOMENS Autor: Mohamed MBougar Sarr Vencedor do prêmio Goncourt - 2021
dica leitura roberto bolano recondita memoria
Tradução: Diogo Cardoso Ed. Fósforo

O belo título é retirado do romance Os detetives selvagens, de Roberto Bolaño, no qual ele faz a reflexão sobre o desaparecimento da Obra e o fim da memória do humano.