Os elementos significativos que fazem parte da rede de relações chamada língua se chamam formas. Formas livres são as que se podem pronunciar isoladamente, constituindo-se num enunciado completo, como livro, caneta, pasta. Formas presas são as que se associam às formas livres e não se podem pronunciar separadamente, como o {–s} final de livros, que significa “mais de um”, ou como as terminações verbais. Formas dependentes são os elementos átonos que dependem de outro vocábulo, mas não se prendem diretamente a ele, como
Circulou, há algum tempo, a notícia, aparentemente anedótica, de que havia um personagem sentimentalmente avesso. Nunca sabia manter-se em consonância com as conversas de que participava, substituindo, para contrariá-la, azuis por amarelos. Não era como as pessoas consideradas normais, que ponderam, discutem, trocam idéias, digamos, num espaço civilizado, onde são tratados assuntos polêmicos, mesmo palestras leves, flutuantes.
O mais recente livro de poemas de Alexei Bueno, Naquele remoto agora (Rio, Anadiômene, 2024), circunscreve-se na busca da apreensão dos instantes. Diversos os instantes, diversas as formas de dizê-los e as fôrmas para apreendê-los.
Nunca pensei pequeno e sempre deu certo, portanto, nada mais natural do que partir para enfim ser milionário nestes últimos 50 anos de vida que me restam. O difícil foi conciliar a necessidade de descobrir uma maneira de ganhar muita grana com o nadismo, filosofia que desenvolvi e prático com perfeição. Ou seja; apenas ficar esperando que a grana chegue sem que eu execute qualquer tarefa.
Muito se comenta sobre a tendência das pessoas a prenderem-se as memórias passadas. À medida que amadurecemos, mais colecionamos passagens inusitadas, alegres, às vezes nem tanto, desafios e problemas.
Marcelo - Nem nas suas noites insones Hitchcock iria ter um argumento desses. Passamos a semana com uma cena de horror sendo repetida à exaustão, talvez para que acreditássemos no que víamos. A polícia de São Paulo, aborda um homem numa moto, e por motivo torpe, dá a voz: “ou você ou a moto vou jogar do outro lado da ponte. Como o homem, incrédulo, provavelmente não respondeu, o policial o pegou como se pega um saco de batatas e o arremessou murada afora, ou acima. Diante de um bando de homens que impassivos assistiam à cena de horror. Um córrego existia abaixo e o homem caiu de cabeça. Pessoas vivendo em situação de rua o salvaram. Imagino que deva estar até agora em estado de choque. Prestou depoimento e disse que não pediram seus documentos e que até agora não sabe por que foi abordado. O policial foi preso. E o seu pai, um homem humilde e de sorriso também em risco, pede por justiça ao seu filho trabalhador.
Leio que o 25 de dezembro é data improvável. Não, Cristo não teria nascido em tempo tão frio, porquanto o evento não condiz com alguns relatos bíblicos: o de um céu estrelado, o de pastores e rebanhos ao relento e o do censo determinado por César.
POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças” (Editora COUSA – 2022)
MANUAL DE SE ENVEREDAR EM CAMINHOS
Os campos eram de um algo
de desprezar estradas,
percorrer vazios,
recontar as sombras.
Era um bastar-se
despercebido.
(Mesmo sem,
era muito.)
Preparar saltos,
conter a fadiga.
O Natal é um período mágico que nos convida a refletir sobre nossas ações, intenções e o verdadeiro significado que atribuímos a essa data. À medida que o ano se aproxima do fim, somos tomados por um sentimento de nostalgia e esperança.
Cá entre nós, eu que nem de longe sou um exemplo de beleza masculina, não deveria ter a ousadia de discorrer sobre a presente temática. E do que se trata? Vou contar: Mulher bonita que se casou com um homem feio. Feio? Meus amigos e amigas, botem feio nisso.
“É preciso ter ainda o caos dentro de si para dar à luz uma estrela bailarina” (Friedrich Nietzsche)
Não saber nomear as coisas, os sentimentos e o vazio que por vezes nos acomete é causa de muita angústia e de adoecimento psicofísico. Desde cedo, intuía isso, por isso lia dicionários diversas vezes, na vã tentativa de aplacar o sofrimento que sequer sabia de onde vinha. Se “o amor é o fogo que arde sem se ver”, a dor ascende quando não sabemos como dizer. E, por ironia, o não dito literalmente nos tira a voz. O estado de pânico, a solidão mal administrada, o impacto de uma ida sem volta. Se a boca não fala, o corpo padece. Problemas respiratórios, gastrointestinais, dor de cabeça...
Abri minha janela no natal
vi as ruas coloridas iluminadas
vi um ébrio tombando na calçada
aos tropeços, sem saber que noite era
decidi debruçar em minha janela
a pensar naquela noite encantada
tanta festa, música alta, algaravia
e alguns, dormindo gélidos, nas calçadas
Quando Padre Gaspar Rafael e eu chegamos ao santuário mítico de Pirauá, formado por pedras e vegetação de caatinga, em um final de tarde luminosa e silenciosa, estávamos ansiosos para conhecer o lugar.
Uma das mais significativas composições de Augusto dos Anjos é o soneto “Aberração”. Ele não tem a mesma popularidade de “Versos íntimos”, considerado uma amostra do pessimismo do poeta, nem de “O morcego”, no qual o eu lírico apresenta esse mamífero como uma metáfora da consciência humana, mas constitui um veemente testemunho da sua filiação à estirpe dos melancólicos.