Hoje se completam 110 anos da morte de Augusto dos Anjos (Ver, neste portal, o texto “Última revelação”, em que registramos os derradeiros momentos do poeta). A propósito da data, vale a pena relembrar aqui alguns aspectos da sua inovadora poesia.
O “Eu”, de fato, representou um divisor de águas em nossas letras. Com ele, a literatura brasileira despedia-se do século 19 e entrava na modernidade. O livro apareceu num contexto em que, segundo o crítico Ferreira Gullar,
Fé, dúvida, razão e religião. Nesta tetralogia, os quatro termos são simultaneamente complementares e antagônicos. A fé traz em si a incerteza que provém da dúvida, e desse modo fazemos da crença em Deus um desafio, utilizando também o cálculo racional para justificar o que permanece marcado pelo que ele ultrapassa.
O narcisismo doentio, muitas vezes associado ao Transtorno de Personalidade Narcisista (TPN), caracteriza-se por um padrão de grandiosidade, pela necessidade de admiração excessiva e a falta de empatia, que impacta negativamente as relações interpessoais e o bem-estar emocional do próprio indivíduo. O narcisista patológico possui uma autoestima vulnerável, que necessita constantemente de validação externa para se sentir acolhido e valorizado. Essa doença se manifesta em comportamentos e crenças que expõem uma visão distorcida de
si e dos outros. A pessoa com TPN que apresenta a voracidade pela grandiosidade exprime um sintoma compulsivo de sentir-se especial e única, de forma a se colocar acima dos outros e esperar uma evidência diferenciada. A necessidade de admiração constante depende da validação externa, a qual busca ser o centro das atenções a fim de receber elogios e reconhecimento. Um dos seus sintomas é acreditar na certeza de merecer tratamento especial, e - em muitos casos – manifestar uma agressividade quando suas expectativas não são atendidas. A exploração interpessoal utiliza as pessoas na sua convivência social como meio para alcançar seus interesses egoístas e suas metas profissionais sem respeitar os próprios sentimentos. A falta de empatia gera dificuldade em se relacionar com as emoções alheias, a qual impossibilita a construção de relacionamentos saudáveis. O narcisista doentio acredita que os outros o invejam ou sente-se ameaçado pelo sucesso de outras pessoas.
Li esta frase não sei onde e gostei. Ela me fez refletir sobre os estereótipos, os quais têm tanta força, como sabemos, e nem sempre retratam a verdade dos fatos, também sabemos. Mas quando eles “pegam”, acabou, não tem como se fugir deles; o trabalho para desmenti-los é grande – e não raro inútil. Vejamos alguns.
Certa vez plantei uma castanha em uma lata velha de tinta que restou da pintura da minha casa e fiquei emocionado ao ver, após seis meses, um caju vermelho brotar de um ambiente tão hostil. De cara, eu o apelidei de “Meu Pé de Caju Vermelho” em alusão ao enigmático livro nacional “Meu Pé de Laranja Lima”,
Por mais próximo que Bayeux estivesse ou sempre esteja, meu olhar nunca se deteve em algo que se distinguisse como seu cartão postal. Em décadas e décadas de chegadas e saídas, de idas e vindas, a antiga Barreiras pouco passou de entrada ou saída para outros destinos. O ônibus entrando em Bayeux, cortando a avenida central que já foi incriminada como Corredor da Morte, e a intenção lá na frente, na ponte do Baralho ou subida de Álvaro Jorge e Matarazzo, que continuo avistando ainda que em ruínas ou cobertas de melão até que a Prefeitura ou o Estado possa transformar toda essa área abandonada num amplo recreio cultural com escola especial, centro de arte e praça de esporte aberto a todo aquele mundo pobre lá de baixo certamente rico de crianças.
A primeira vez que ouvi falar sobre o Apocalipse, o mundo para mim era pequeno demais, resumia-se apenas ao quintal da casa dos meus pais. Pessoas morrendo, o planeta aquecendo, prédios desabando, tornados, ciclones, doenças, fome, nada disso cabia no meu universo infantil.
“Ainda que faças uma centena de nós, a corda continuará sendo uma só.”Parábola sufi
Os povos árabes acreditam no qaddar, uma palavra geralmente traduzida como "predestinação". Segundo este renque de pensamento, todo o ser humano terá já determinado pelo divino, à nascença, as suas características, bem assim tudo o que lhe acontece na vida. Esta crença, porém, não implica a rejeição do livre arbítrio.
Havia naquele fim de tarde um vento estranho. Forte, penetrava com intervalos inexplicáveis nas janelas, sacudia o interior das casinhas, balançava roupas e fantasmas das pessoas. Não trazia chuva, só uma fina poeira que se impregnava em tudo que tocava. Do rosto entristecido de um quadro na parede à superfície da mesa no canto da sala, do enfeite dependurado num armador de rede às garrafas de vinho enfileiradas como ornamentos ébrios num aparador...
Algumas gramáticas ensinam que {–zinho} é alomorfe, isto é, uma forma diferente do sufixo {–inho}, formador de diminutivos. Veremos mais à frente um conceito melhor de alomorfe. Outras gramáticas ensinam que {-zinho} é apenas o sufixo {-inho} com uma consoante de ligação. Chama-se “consoante de ligação” a consoante que se apõe entre a palavra primitiva e o sufixo, para facilitar a
O luto, no olhar humano, é o vazio que se instala após uma perda. Uma ausência que ecoa e se faz presente em cada instante de saudade. Mas, se o luto é tão humano, como explicar que o cão também sofra quando seu dono se vai?
Carta ao meu querido amigo e confrade, José Nunes.
Uma das imagens, Nunes, que tenho guardadas na memória, do período da minha infância, é com um quadro negro, quadrado, medindo 1x1, na cabeça, e uma caixa de giz com apagador, em uma das mãos, indo dar aula particular de francês, perto da casa onde eu morava.
Aperreio de verdade era acordar para levar o filho recém-nascido ao pediatra pela madrugada, conseguir que o médico acordasse para atender, torcer para ser uma doença daquelas que era suficiente o remédio para curar e achar uma farmácia de plantão que dispusesse em estoque do tal remédio. Só aí já eram 4 possibilidades difíceis de concretizar numa João Pessoa que não dispunha de quase nenhum recurso na área. À noite o que funcionava era o único pronto socorro da capital onde evidentemente não existia nenhum pediatra de plantão. E as farmácias? Que eu me lembre, aqui havia a farmácia Padre Zé na 1.817 que funcionava 24 horas.
Tem se intensificado a realização de eventos literários em que as pessoas se reúnem para dizer poemas, apresentar, debater e ler trechos de obras, acompanhadas de performances e/ou de execução musical, os famosos saraus.