Meu caríssimo amigo José Nêumanne Pinto , Ao longo da minha vida profissional de professor de Língua e de Literatura, uma boa parte...

poesia jose neumanne pinto antes atravessar livro
Meu caríssimo amigo José Nêumanne Pinto,

Ao longo da minha vida profissional de professor de Língua e de Literatura, uma boa parte do tempo levei a seguir os preceitos formais da análise e da crítica literária. Adianto que, mesmo não sendo crítico literário, para o exercício da minha função de professor, preciso saber manejar a sua técnica, com a finalidade de, tendo analisado um texto, eu possa ter uma visão fundamentada sobre ele. Dizendo de outro modo, a análise literária, que proporciona uma reflexão crítica, é, no meu caso, um meio, para atingir a finalidade maior de ser uma espécie de mediador entre o livro e os leitores, sobretudo com relação àqueles que se projetam professores na área da linguagem.

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Leonid Pasternak
De uns tempos para cá, passei, gradativamente, a abrandar certa rigidez da técnica de leitura em grau mais verticalizado, para buscar outra maneira de ler, sempre procurando ser criterioso, tendo em vista que o texto literário requer um olhar que penetre o reino surdo das palavras, como diria o poeta de Itabira. Procurei dar vazão a uma sensibilidade e emotividade que, às vezes, a formalidade tende a passar por cima. É assim que vejo meus textos, hoje. Não me furto a deixar aflorar o sensível que me belisca e me encanta no que leio, sentindo-me mais perto do leitor, a quem meu texto se dirige, do que dos padrões formais que funcionam, muitas vezes, ao contrário do intentado, afastando-o da leitura do texto de base.

Com essa nova concepção em mente, meu amigo, enfrentei a leitura do seu belo livro de poemas Antes de atravessar (Rio de Janeiro: Ibis Libris, 2022). Não espere, portanto, que eu me detenha nas muitas referências literárias do seu texto – Drummond, Bandeira, Lorca, Rosa, Horácio, o mito greco-latino, a Bíblia..., só para ficar em algumas – porque o que espicaçou a minha sensibilidade foi o resultado que você conseguiu, transformando um livro de poemas, em um livro-poema.

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Leonid Pasternak
Estou habituado, de há muito, à leitura dos livros mais densos e longos. Gosto dos poemas narrativos. Atrai-me o poeta que gosta de escrever e de espraiar-se em versos. Não sou o que se pode chamar de leitor da poesia contemporânea, principalmente no que diz respeito aos poetas paraibanos. Digo-lhe, no entanto, Nêumanne, que conhecendo muitos dos nossos poetas, nossos coevos, agradou-me mais a sua maneira de encarar o fato poético. Quem o conhece e assiste aos seus posts políticos, reconhece imediatamente o tom que ali se encontra nos seus poemas, que não fazem questão de ser econômicos ou de se perder em joguinhos de palavras. Senti algo como se o amigo procurasse deixar o poema respirar, em lugar de sufocá-lo com minimalismos. Deixar o poema falar é abrir a porteira da poesia. E isto você faz com conhecimento de causa, meu amigo. Não se trata só de habilidade, aquilo que Camões chamou de “arte”, mas daquilo que o nosso maior poeta da Língua Portuguesa, chamou de “engenho”. A arte deve subordinar-se sempre ao engenho, para que dali o poema se transforme em poesia, única forma possível de eternizar a sua sobrevivência.

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Leonid Pasternak
Vejo o seu livro, meu amigo, como uma preparação ritualística e bem ensaiada, na compreensão de que a vida é uma travessia inevitável, que ninguém pode fazer por nós. Cada um tem que enfrentar a sua própria, sempre diferente das demais e, frequentemente, diferente do traçado que, um dia, quisemos lhe dar. A idade, entretanto, tem, quase sempre, o condão de nos fazer experientes, para que preparemos uma viagem que começou há muito e que está longe de terminar, porque estaremos sempre fazendo travessias até aprendermos o caminho que nos acomodará na última morada espiritual.

Começo por confessar, Nêumanne, que gosto muito de capas e quando elas são bem escolhidas, tornam-se uma complementação do sentido do livro, não apenas uma parte integrante, para muitos, descartável. E que beleza de capa para Antes de atravessar! O frágil bote, à margem pedregosa, contrastando com a fluidez do rio, em cuja margem oposta, descortinam-se colinas verdes, sobre as quais o céu fulvo predomina, numa indefinição ambígua, que se adequa ao livro, como um fio condutor do poema: é o pôr-do-sol, findando o dia/vida, ou é a homérica Aurora
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dos dedos cor de rosa, no prenúncio de mais um começo? Parabéns a Romildo Castro Gomes e a Chico Pereira, os envolvidos na sua elaboração.

É aí, Nêumanne, que entra o seu verso, parte do título de minha leitura: sem fim, não há começo, porque cada fim nos leva a outro começo e assim sucessivamente, afinal de contas, rosianamente falando, só existem travessias. A outra parte do título – a relevância de alisar as coisas ásperas –, também verso seu, me leva a dois autores, ainda Rosa e o meu querido Virgílio. No Grande sertão, Riobaldo diz, compreendendo a dificuldade das travessias, que “não convém, a gente levantar escândalo de começo, só aos poucos é que o escuro é claro” (22ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2019, p. 141). Já o poeta da Eneida, exige de seu herói, Eneias, em sua fuga de Troia, ordenada pelos deuses, que ele “are o mar”, para poder chegar ao seu novo destino. Assim são as travessias que fazemos e que você, meu amigo, estrutura de uma forma sutil, deixando a encargo do leitor a percepção de uma viagem com preâmbulo, origens, a travessia em si, testamento, despedida e transcendência, que não aparecem necessariamente nessa ordem e nem são estanques, interpenetrando-se o mais das vezes, porque, afinal de contas, a sua criação poética revela um fluxo irrepresável, seja no fundo, seja na forma.

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Ivan Aivazovsky
Para que tudo isso possa tornar-se compreensível e se realizar, o leitor deve começar com o poema Será uma vez, uma Consoada às avessas, em que nada está preparado, porque a morte é apenas uma transição, entre tantas travessias a fazer, e não, com todo respeito a Bandeira, o fim de todos os milagres. Não escapa ao poeta a ironia, com referência ao choro falso dos “inimigos eventuais”, contrapondo-se ao lirismo “dos doces instantes”, que devem ser guardados pelo seu amor. Aliás, ver o Amor como a possibilidade de renascimento (Juventude a três), como um despertar que transforma (Isabel, Mar e Minas), sendo uma ousada celebração da amada (Manual de pintura, cartografia e anatomia), é uma condição sine qua non, para enfrentar com sabedoria a vida. O Amor Eros, que sai do ideal espiritualizado dos Cantares de Salomão, para encarnar na Musa Isabel; Amor maiúsculo, que faz frutificar no ser estéril, uma vida que só ele é capaz de conceder:

Isabel, Mar e Minas O Brasil pisado pelos pés de Isabel, o país moldado pelas mãos de minha mulher, é tudo que eu queria legar pro futuro como uma herança só de paz, sem medo nem desesperança. Ai, que delícia! Estéril como a figueira da Bíblia, meu amor por você dá flores e frutos nas quatro estações.

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Joachim Patinir
Da visão do Amor como essência da vida, surge o preâmbulo da travessia (Antes de atravessar), pois enganar Caronte e alongar a vida só tem sentido se for pela grande arte de amar. Já nas origens, estão dois magistrais poemas, um em verso (Stabat Mater), outro em prosa (Fundação do Pai), este último que denomino um Stabat Pater. São poemas que revelam a consciência de que não morremos e que os nossos vivem em nós e se transmigram sem cessar. Mãe Mundica e Pai Anchieta, meu amigo, não são apenas a genetrix e o genĭtor, que vivem e se multiplicam eternamente em cada célula dos seus descendentes; que vivem espiritualmente no renascimento; são, sobretudo, o mito fundador, com ambos glorificados na poesia. Sob todos os aspectos, o casal mater/pater transcende o tempo e o espaço. E como eu gostaria de ter escrito alguns versos/frases que se encontram nos poemas acima citados:

Fundação do Pai “Eu fui tu, antes de ser eu mesmo.” (p. 104) “Éramos matéria em movimento, almas em harmonia.” (p. 105) “Sem ti, meu pai, gênese e deuteronômio, fui deserdado da genética” (p. 106) “E estaremos rondando por aí, quando mundos novos se dispersarem numa poeira de estrelas, que se fundirem num gás, engendrando novas galáxias e um universo novinho em folha, novinho em fé, novinho em falhas.” (p. 111)

O melhor desse poema em prosa, Nêumanne, guardei para o final:

“Tu não me sabias ainda, mas eu já era teu, então, quando ainda nem havia.” (p. 103)

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William-Adolphe Bouguereau
Qual a compreensão, senão a poética, para sentir o saber e o sabor do maior presente que o Universo nos deu, a Vida, fundidos em um verbo de significado duplo e instigante?

Já em Stabat Mater, surge o retrato mais fiel da mãe, que amalgama as torturas do sofrer e as tonturas do prazer, diante da geração e da criação dos filhos. Mãe, que não estava (stabat), como escolheu o frei Jacopone Da Todi, mas que está (stat), como escreveu João, aquele que foi dado à Virgem, como filho, por Cristo, na hora dolorosa; mãe que está, como processo contínuo, porque jamais deixará de estar presente:

“E, aí, minha mãe vai renascer nos filhos que eu tiver, e vai crescer de novo nos netos que eu lhe der, e vai viver pra sempre nos versos que eu fizer: cantigas de amor na terra bruta, na grama dura, o infinito grão.”

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Joachim Patinir
O testamento está em Legado, expondo aos descendentes a consciência da miséria que nós geramos, o que, porém, é melhor do que deixar a ilusão de que o paraíso foi reencontrado. A despedida encontra-se em A volta de novo; a transcendência, que já se anuncia nos poemas aos pais, revela-se em No Oito, deitados. No meio de cada momento desse, aquilo que chamamos travessia, está a costura de sofrimentos e prazeres, que se fundem e se confundem, fornecendo o fio e o sentido da vida, porque é na exiguidade do espaço-tempo que se decide e se a vida se esvai ou se constrói; se se revela vã ou profícua; se cada um encontra a sua Isabel e, assim, há a remissão, no Amor que alivia como bálsamo, ou se a cada um cabe a sua Medeia e recebe a danação, consumido pelo fogo da miséria e abjeção de um mundo/país que não se ajeita (Medeia aqui e agora):

“E, entretanto, fora de nós, o humano se reinventa no sórdido bis da barbárie e na sublime beleza renovada.”

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Simon Vouet
Destaque-se, portanto, nesse costurar, meu amigo, a travessia, esse louvor ao Amor, encarnado na Musa Isabel, que desperta os gozos e a memória, fusão essencial de Érato e Mnemósine, cujo umbigo rouba à Delfos Apolínia a primazia de ser o “centro do universo” (Manual de pintura, cartografia e anatomia). Destaque-se o Amor, porque alguns teimam em fazem da travessia uma linha sem sentido, com finalidades pífias, deixando o Amor para as vias marginais. E a vida, como você bem o diz, meu amigo, a “vida é pra viver/e não há tempo que se possa perder”, no já citado e magnífico poema Manual de pintura, cartografia e anatomia. Chega de perder tempo, no embrenhado das vias transversas e oblíquas.

Afinal, o compromisso maior é o Amor, exposto sem pejo e sem medida, em seus versos, meu amigo, e amar é saber a “relevância de alisar as coisas ásperas” (Magister dixit). Sem Musa, sem Amor, sem compromisso, sem memória, não há travessia, só fatuidade, e, no dizer de Riobaldo, “o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente, é no meio da travessia” (op. cit., p. 53).

Grande abraço, meu amigo!

Imaginem, queridos leitores, que vocês receberam sementes de uma árvore raríssima, cujos frutos são dinheiro vivo. Vocês contratam um...

precatorio golpe
Imaginem, queridos leitores, que vocês receberam sementes de uma árvore raríssima, cujos frutos são dinheiro vivo. Vocês contratam um jardineiro para plantar essa árvore e cuidar do seu desenvolvimento. Em troca esse jardineiro ficará com 10% dos frutos que nascerem. A partir daí a natureza segue seu ciclo normal. Um belo dia, entretanto, um sabido que nem jardineiro é, passa embaixo da árvore e constata que os frutos estão quase maduros. Vai até vocês e diz que se ele receber 30% ou até 50% dos frutos que nascerão, dará um jeito de apressar o processo natural. Claro que é golpe, mas muita gente vai concordar porque realmente precisa dos frutos, está cansada de esperar e antes de morrer queria aproveitar a safra.

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Nos anos 50 e 60, havia muitas livrarias em Campina Grande. A Livraria Nova, em frente ao Colégio Alfredo Dantas; uma pequena livraria, ao lado do Cine Capitólio, especializada nos livrinhos das Edições de Ouro; a Livraria Modelo (especializada em livros sobre música e partituras musicais), no Beco 31; a Livraria Universal, no Edifício Palomo, e a Livraria Cruzeiro, na Maciel Pinheiro, quase ao lado da Pedrosa. Mas nenhuma dessas livrarias tinha o espírito de livraria, se comparadas à Livraria Pedrosa, na esquina da Maciel Pinheiro com o Beco 31.

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Já ouviram falar de Modesto, a cidade da Califórnia? Nunca estive lá, mas sou capaz de levá-los àquele aeroporto, à estação de trem, à Rua Ramona, ou à Estrada Paraíso, palco de formidáveis “rachas” entre felizes e despreocupados proprietários de carros fabricados no fim de 1950, começo dos anos 60.

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Envelhecer exige uma espécie de coragem peculiar. Não a coragem cinematográfica, heroica e ostensiva, mas aquela sutil e silenciosa, que é a de continuar existindo quando a realidade insiste em mudar corpo, mente e cotidiano. Caminho sozinha por ruas semidesertas neste final de verão. E enquanto ando, faço promessas a mim mesma.

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A reflexão sobre a verdadeira essência da caridade e do serviço ao próximo nos leva a um profundo entendimento sobre o papel que desempenhamos neste mundo.

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encarar realismo sinceridade fato

Para mim o “fato” é insubstituível. Ele existe. Ponto.
Fato!

Odeio conversas fiadas, para não dizer mentirosas; interrompidas; deixadas pela metade; mergulhadas no pavor da verdade e com despedidas apressadas; motivada pela fuga, para que o adágio da realidade não se cumpra; acompanhadas das corriqueiras frases: “depois conversamos” ou “assim que possível entrarei em contato”.
Odeio!

Éramos, os três, inseparáveis naqueles anos de faculdade. Eu e Arlindo da mesma cidade e Dos Coco, cearense. Este último. descera algum...

amizade nostalgia
Éramos, os três, inseparáveis naqueles anos de faculdade. Eu e Arlindo da mesma cidade e Dos Coco, cearense. Este último. descera algumas latitudes para estudar engenharia por aquelas bandas lá de baixo. Era um danado de inteligente. Mais para frente cada um de nós tomou seu rumo na vida. Fomos perdendo o contato, Eu, cuidando das minhas coisas. Arlindo das dele e Dos Coco também foi se afastando.

Em um invólucro, para proteger-me de mim e do mundo, sou incoerente: não quero tamanha proteção. Que o mundo me afete, mas não me fa...

cubismo paul klee misterio vida
Em um invólucro, para proteger-me de mim e do mundo, sou incoerente: não quero tamanha proteção. Que o mundo me afete, mas não me faça perder o afeto. Talvez já seja um tanto tarde demais, mas ainda me resta um pouco de delicadeza. E eu vou entre contrações e descontrações. A cada dia me (re)parto na ávida busca pela unicidade. Antes, ser plural. Mas meu corpo se desencontra da minha alma.

Transpareço pelas esquinas e ruas como uma nuvem flutuante, ou um cão dono da própria vida que é atraído pelo cheiro da co...

joao pessoa paraiba centro historico
Transpareço pelas esquinas e ruas como uma nuvem flutuante, ou um cão dono da própria vida que é atraído pelo cheiro da comida, a abelha conectada pelo néctar das flores a sugar vida. A cidade velha me atrai. Faz mergulhar nas histórias. Em outros instantes me afoga nas vivências de anos partidos. Ela me agarra na revisita das marcas visíveis e conceituais das suas paredes e monumentos.

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primavera bach crepusculo natureza

Quando a Primavera troca a roupagem da terra, durante as noites, regando as flores com sua aragem, é tempo de reconstruir sonhos.

Em 1954, a Primavera festejou o amanhecer com as roseiras, os cajueiros, as mangueiras, os ipês, os flamboyants e os mulungus floridos ao redor da casa. A cada ano, as floradas se renovavam, até no meu entardecer.

A função da publicidade não é apenas vender. É despertar em nós recônditos impulsos, criando necessidades até então inexis...

rivalidade infancia escola comercial antigo
A função da publicidade não é apenas vender. É despertar em nós recônditos impulsos, criando necessidades até então inexistentes ou, pelo menos, ignoradas. O comercial age um pouco como a droga, que o indivíduo propenso ao vício despreza enquanto não conhece. Depois de tê-la experimentado, não consegue mais viver sem ela.

POEMAS DO LIVRO “O ORNITORRINCO DO PAU OCO” (Editora Cousa – 2018) EU ME APRESENTO Há que se entender ou não o ornitorrinco d...

poesia capixaba jorge elias ornitorrinco pau oco

POEMAS DO LIVRO “O ORNITORRINCO DO PAU OCO”
(Editora Cousa – 2018)

EU ME APRESENTO

Há que se entender ou não o ornitorrinco do pau oco?

Eu, por exemplo, vivo em busca de algum autoentendimento. Só recentemente, relendo uma definição do Breviário da decomposição de Emil Cioran, é que me descobri um pessimista entusiasmado.

O espírito do tempo eventualmente demonstra uma apatia quando não tomamos as rédeas de nossas vidas. Aquela sensação de enxugar gel...

estatuas gregas arte classica
O espírito do tempo eventualmente demonstra uma apatia quando não tomamos as rédeas de nossas vidas. Aquela sensação de enxugar gelo, decorrente das escolhas estressantes e exaustivas, nos faz adoecer no lugar de sentir a real emoção saudável que uma vida deve proporcionar.

O uso inadequado da tecnologia contra o bem comum e a exploração perversa do sistema econômico na vida das pessoas estão destruindo pr...

pertencimento desigualdade literatura valores morais
O uso inadequado da tecnologia contra o bem comum e a exploração perversa do sistema econômico na vida das pessoas estão destruindo princípios morais, levando à exclusão, discriminação e acentuando a competição destrutiva entre os cidadãos. A ausência de autocuidado resulta na desvalorização da dignidade humana em grande parte das pessoas. Diante dessa violência, é necessário examinar os efeitos desumanizadores que eliminam o significado da existência e do pertencimento.