Éramos, os três, inseparáveis naqueles anos de faculdade. Eu e Arlindo da mesma cidade e Dos Coco, cearense. Este último. descera algum...

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Éramos, os três, inseparáveis naqueles anos de faculdade. Eu e Arlindo da mesma cidade e Dos Coco, cearense. Este último. descera algumas latitudes para estudar engenharia por aquelas bandas lá de baixo. Era um danado de inteligente. Mais para frente cada um de nós tomou seu rumo na vida. Fomos perdendo o contato, Eu, cuidando das minhas coisas. Arlindo das dele e Dos Coco também foi se afastando.

Em um invólucro, para proteger-me de mim e do mundo, sou incoerente: não quero tamanha proteção. Que o mundo me afete, mas não me fa...

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Em um invólucro, para proteger-me de mim e do mundo, sou incoerente: não quero tamanha proteção. Que o mundo me afete, mas não me faça perder o afeto. Talvez já seja um tanto tarde demais, mas ainda me resta um pouco de delicadeza. E eu vou entre contrações e descontrações. A cada dia me (re)parto na ávida busca pela unicidade. Antes, ser plural. Mas meu corpo se desencontra da minha alma.

Transpareço pelas esquinas e ruas como uma nuvem flutuante, ou um cão dono da própria vida que é atraído pelo cheiro da co...

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Transpareço pelas esquinas e ruas como uma nuvem flutuante, ou um cão dono da própria vida que é atraído pelo cheiro da comida, a abelha conectada pelo néctar das flores a sugar vida. A cidade velha me atrai. Faz mergulhar nas histórias. Em outros instantes me afoga nas vivências de anos partidos. Ela me agarra na revisita das marcas visíveis e conceituais das suas paredes e monumentos.

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Quando a Primavera troca a roupagem da terra, durante as noites, regando as flores com sua aragem, é tempo de reconstruir sonhos.

Em 1954, a Primavera festejou o amanhecer com as roseiras, os cajueiros, as mangueiras, os ipês, os flamboyants e os mulungus floridos ao redor da casa. A cada ano, as floradas se renovavam, até no meu entardecer.

A função da publicidade não é apenas vender. É despertar em nós recônditos impulsos, criando necessidades até então inexis...

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A função da publicidade não é apenas vender. É despertar em nós recônditos impulsos, criando necessidades até então inexistentes ou, pelo menos, ignoradas. O comercial age um pouco como a droga, que o indivíduo propenso ao vício despreza enquanto não conhece. Depois de tê-la experimentado, não consegue mais viver sem ela.

POEMAS DO LIVRO “O ORNITORRINCO DO PAU OCO” (Editora Cousa – 2018) EU ME APRESENTO Há que se entender ou não o ornitorrinco d...

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POEMAS DO LIVRO “O ORNITORRINCO DO PAU OCO”
(Editora Cousa – 2018)

EU ME APRESENTO

Há que se entender ou não o ornitorrinco do pau oco?

Eu, por exemplo, vivo em busca de algum autoentendimento. Só recentemente, relendo uma definição do Breviário da decomposição de Emil Cioran, é que me descobri um pessimista entusiasmado.

O espírito do tempo eventualmente demonstra uma apatia quando não tomamos as rédeas de nossas vidas. Aquela sensação de enxugar gel...

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O espírito do tempo eventualmente demonstra uma apatia quando não tomamos as rédeas de nossas vidas. Aquela sensação de enxugar gelo, decorrente das escolhas estressantes e exaustivas, nos faz adoecer no lugar de sentir a real emoção saudável que uma vida deve proporcionar.

O uso inadequado da tecnologia contra o bem comum e a exploração perversa do sistema econômico na vida das pessoas estão destruindo pr...

pertencimento desigualdade literatura valores morais
O uso inadequado da tecnologia contra o bem comum e a exploração perversa do sistema econômico na vida das pessoas estão destruindo princípios morais, levando à exclusão, discriminação e acentuando a competição destrutiva entre os cidadãos. A ausência de autocuidado resulta na desvalorização da dignidade humana em grande parte das pessoas. Diante dessa violência, é necessário examinar os efeitos desumanizadores que eliminam o significado da existência e do pertencimento.

Não é qualquer um que tem amigos há mais de meio século. Amigos de verdade, digo, e não meros conhecidos de ocasião, de conveniência, ...

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Não é qualquer um que tem amigos há mais de meio século. Amigos de verdade, digo, e não meros conhecidos de ocasião, de conveniência, de mesa de bar ou de chapéu, como diria Machado de Assis. Amigos para o que der e vier, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, semelhante a um casamento feliz e longevo. Amigos, uma meia dúzia, no máximo, feitos ao acaso (ou não), ao puro sabor das circunstâncias, e que jamais poderiam prever a rara longevidade da amizade, esse tesouro que ilumina nossas vidas, não raro mais que os próprios parentes de cada um.

As lembranças e os sabores não precisam morrer para outros nascerem. O espaço da memória é infinito. Juliana Ulyssea . Quero vive...

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As lembranças e os sabores não precisam morrer para outros nascerem. O espaço da memória é infinito.
Juliana Ulyssea. Quero viver para sempre.

Na infância, duas pessoas foram fundamentais na minha formação literária, minha mãe e Chicuta. Minha mãe costumava contar histórias para que o sono chegasse. Menina traquina e fujona, só ficava quieta quando estava ouvindo histórias. Lembro-me bem de três dessas histórias que embalaram minhas noites insones – João e Maria, Maria Borralheira e A menina dos cabelos verdes que, em Câmara Cascudo aparece com o título de A Madrasta. Anos mais tarde,

Reencontro um livro de que me desfiz não sei como. Estou só, a casa no primeiro sono, a solidão da noite e o peso dos anos levando-me...

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Reencontro um livro de que me desfiz não sei como. Estou só, a casa no primeiro sono, a solidão da noite e o peso dos anos levando-me juntos a recorrer à brochura encontrada por acidente num sebo pouco frequentado da Visconde de Pelotas. Ia a caminho da ótica, tombei numa saliência da calçada, indo bater entre as estantes do sebo. Deram-me água, retomei o fôlego e me vi com o olhar num livro de Palmeira, “O habitante do amanhã”.

Sob função primordial de vigilância e segurança, a Arquitetura Militar se destaca em eminentes exemplos pelo mundo. Da Idade Média, ...

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Sob função primordial de vigilância e segurança, a Arquitetura Militar se destaca em eminentes exemplos pelo mundo. Da Idade Média, período em que este estilo se destacou com mais força em magníficos castelos, régias torres e monumentais muralhas, chamadas de “remparts”, aos dias de hoje, como se verificou na restauração e repaginação da arquitetura do quase milenar Castelo de Breda, na Holanda, durante o século passado.

Roma levou perto de quatro séculos para estender seus domínios por quase todo o mundo conhecido de então: de 241 a.C., com a conquista...

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Roma levou perto de quatro séculos para estender seus domínios por quase todo o mundo conhecido de então: de 241 a.C., com a conquista da Sicília, até o ano 107 da era cristã, com a colonização da Dácia.

Com a decadência de Roma e com a invasão dos bárbaros, no séc. V, o Império Romano do Ocidente se esfacelou. O do Oriente – chamado também de Império Bizantino – só caiu em meados do séc. XV (1453), com a tomada de Constantinopla pelos turcos, marcando o fim da Idade Média.

Apesar de enxergar pouco, continuo a recolher no casulo do meu ser grãos de vida, ou melhor, grãos de areia, de ações que transformam...

solidariedade animais rua
Apesar de enxergar pouco, continuo a recolher no casulo do meu ser grãos de vida, ou melhor, grãos de areia, de ações que transformam o orvalho de bondade das relações sociais, tão ausentes ou fecundadas de sentimentos. Não me conformo que, na luta pela sobrevivência, a vida se torne nada=nada.

O Livro III de Notre-Dame de Paris é composto de dois capítulos – Notre-Dame e Paris à vol d’oiseau ( Paris vista de cima ou Paris...

victor hugo notre dame paris
O Livro III de Notre-Dame de Paris é composto de dois capítulos – Notre-Dame e Paris à vol d’oiseau (Paris vista de cima ou Paris em rápida visão do alto) – que eu considero a pedra no sapato de quem está iniciando as leituras de Victor Hugo. Não que os capítulos sejam enfadonhos,

Claro que os queridos leitores sabem que privilégio vem do latim Privilegium , ou seja, "lei privada". Ocorre quando legis...

Claro que os queridos leitores sabem que privilégio vem do latim Privilegium, ou seja, "lei privada". Ocorre quando legisladores (sempre eles, os políticos) produzem uma lei ou bem brasileiramente enxertem em qualquer projeto de lei um dispositivo que privilegie um determinado grupo ou alguém. É o jaboti, porque esses animais não sobem em árvores, principalmente a árvore legal. Vou citar dois exemplos para mostrar o que são os privilégios no Brasil.

O primeiro deles é recente e está totalmente documentado. Em 2017 o governo de Minas Gerais lançou um Refis (patranha legal que beneficia periodicamente os sonegadores) para facilitar a quitação de impostos devidos. Segundo a
Museu Inhotim (MG) inhotim.org.br
Lei 22.549/ 2017, os devedores poderiam também dar obras de arte para pagar seus débitos com a fazenda estadual. Era um jaboti cultural e com toca certa.