O amigo jornalista Luiz Carlos de Souza disse-me, certa vez, que se Mozart jamais tivesse existido e viesse à luz agora, criando a m...

aldo lopes paraiba
O amigo jornalista Luiz Carlos de Souza disse-me, certa vez, que se Mozart jamais tivesse existido e viesse à luz agora, criando a mesma música genial que produziu no século XVIII, provocaria o mesmo deslumbramento.

Vivia numa mata fechada, sem saberem que existia. Sem grilhões em seus pés, pelo vale da confiança, sem medo de na decepção tropeça...

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Vivia numa mata fechada, sem saberem que existia.

Sem grilhões em seus pés, pelo vale da confiança, sem medo de na decepção tropeçar, corria sem cessar; nos rios do prazer, sem receio de em uma pedra de desgosto bater, mergulhava de olhos fechados; arriscava voar nas asas do regalo das trocas do saber; andava de mãos dadas com o riso frouxo; vestia-se sem os adornos da obrigatoriedade.

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Annie Spratt
Entre as árvores do anonimato era possível ouvir o canto da admiração, que encantava os dias de solidão sem deixar se tornarem escuridão.

Tranquila, vivia apostando nos avanços e recuos.

A incerteza em que pé iria dançar deixava a pura emoção aflorar.

Veio o fim dos tempos, em minutos o que era paraíso virou deserto.

Já não há abraços de carinho para as noites embalar, nem conversas para as dores amenizar. A escuridão sem estrela virou constante. O calor do verão da entrega congelou; flores da primavera do gozo não brotam mais; lágrimas do inverno dos desencontros não cessam de jorrar; a convivência vive no outono com suas folhas caídas pelo chão do dia a dia.

Na floresta as oportunidades eram enredadas pelas cordas do desejado encontro, hoje já não existe a matéria prima para sua criação, apenas a causalidade dita sua aparição.

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Barcin
O deserto cada dia castiga mais. Os oásis dos encontros estão mais escassos e disputados. O tempo de permanência no respirador da esperança foi reduzido para segundos. Assim, correndo contra o relógio da sobrevivência, ela tem tentado de tudo para não morrer.

Um fio de vida corre em suas veias certificando que ainda pulsa a raiz do que há anos foi plantado, amenizando a dor da cruenta situação que se encontra. A espera que bate forte em seu peito quebrantado, lhe garante que desse chão ressequido da presença brotará a mais linda flor que irá ver, mesmo que seja apenas no entardecer do seu viver.

Apesar da razão negar, o coração diz que basta mais um pouquinho de paciência e lhe pede para aguentar que o solicitado “um tempo” vai terminar.

Ela, seguindo firme com o propósito de se salvar, tem conseguido sorrir e não chorar.

* NPAA = nossa pequena amante amizade

Que belo contato com o velho e dileto amigo Sílvio Osias. Acho que décadas de respeito mútuo justificam os dois adjetivos: o primeiro...

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Que belo contato com o velho e dileto amigo Sílvio Osias. Acho que décadas de respeito mútuo justificam os dois adjetivos: o primeiro demarca o tempo do nosso primeiro encontro em meados de 1970 quando o tínhamos, na centenária A União, como garoto prodígio do jornalismo. O segundo é justificado pela estima que por ele nutro desde então. Amizade sólida com esse tipo de gente, acreditem, dispensa a convivência diária e a mesa do botequim. E com Sílvio tem sido assim. Vemo-nos pouco, sem que isso nos diminua o afeto e a consideração.

Para quem estuda a literatura védica e já teve a oportunidade de ler a edição dos anos 60 de " O Bhagavad Gītā Como Ele É "...

pardoca bhagavad gita krishna lenda
Para quem estuda a literatura védica e já teve a oportunidade de ler a edição dos anos 60 de "O Bhagavad Gītā Como Ele É", não há como não se sensibilizar com a história da Pardoca. Apesar do contexto se tratar da busca espiritual e da devoção ao Senhor Krishna, através do Bhakti Yoga, a história da Pardoca, em si, é exemplo de como a determinação e a sincronicidade conseguem atrair terceiros para que contribuam com a nossa causa.

De repente na manhã uma chuva de gotas fortes dá passagem e permite a volta do céu aberto... A mente levanta voo e vai buscar umas saud...

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De repente na manhã uma chuva de gotas fortes dá passagem e permite a volta do céu aberto... A mente levanta voo e vai buscar umas saudades aleatórias. Uma misturada de coisas antigas guardadas no depósito da memória que salta à superfície do imaginário como pedrinhas em meio a um pequeno terremoto de magnitude suficiente apenas para ser sentido, sem maiores danos. A terra se divide e surgem objetos de velhos mundos. E reaparecem, feito tempestade, objetos díspares em nuvens de lembranças.

A reflexão sobre a volta de Jesus em um mundo dominado pela rivalidade, onde a inteligência é utilizada como arma de humilhação e o...

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A reflexão sobre a volta de Jesus em um mundo dominado pela rivalidade, onde a inteligência é utilizada como arma de humilhação e onde os egos inflacionados imperam, convida a uma profunda análise da condição humana contemporânea.

Oração Hildeberto Barbosa As pedras paralisadas me movem o espanto nas veias dessa manhã. É um domingo neutro a se desdobrar ...

poesia paraibana hildeberto barbosa

Oração Hildeberto Barbosa As pedras paralisadas me movem o espanto nas veias dessa manhã. É um domingo neutro a se desdobrar sobre a pele dos campos paralíticos. Há uma enorme e sagrada limpeza batendo forte no meu coração. Meu coração, bicho feroz, atento aos decretos do sangue. A vida também acode, aqui, dentro do silêncio, do absurdo. As criaturas cumprem a caligrafia do destino. O mais fino tesouro da terra se converte numa oração sem motivos. Opaca, laica, salubre como o alho natural que me governa.

Como o samba de Noel, chega a mim, em feitio de oração, um poema do Professor Hildeberto Barbosa. Música, oração e poesia têm algo em comum: a contemplação, o pasmo diante da existência e da complexidade de tudo que a constitui e que nos cerca, a transcendência do ordinário, a conexão com algo maior do que nós mesmos, o encontro com o extraordinário.

      Não, eu não queria, de modo nenhum, ser flagrada assim nessa emoção traiçoeira. Logo na hora mais bela do dia, no i...

poesia paraibana milfa araujo valerio
 
 
 
Não, eu não queria, de modo nenhum, ser flagrada assim nessa emoção traiçoeira. Logo na hora mais bela do dia, no instante mais sagrado para o coração, nesse capítulo da nossa história.

É isso aí, Alain Delon se foi depois de colocar 88 velinhas em seu último bolo de aniversário. O bonitão, que a partir do final da dé...

alain delon
É isso aí, Alain Delon se foi depois de colocar 88 velinhas em seu último bolo de aniversário. O bonitão, que a partir do final da década de 1950 arrancou por mais de 30 anos suspiros de moçoilas mundo afora, partiu dias atrás para aquela viagem sem volta. Essa sua ida para outras dimensões foi merecidamente carpida por muitas senhorinhas que naqueles anos dourados estavam nas poltronas de nossos cinemas soltando ais e outros gemidinhos quando esse mocetão aparecia em close na telona. Era um Deus nos acuda. Um frenesi interminável. Quisera eu ser dotado de tais atributos. A vida teria sido mais generosa comigo. Beleza não é tudo, mas que facilita, facilita!

Onde mora a felicidade? Não mora, não tem casa, é andarilha, pousa às vezes, vezes mais, vezes menos. Não admite receitas, regras nem...

Onde mora a felicidade? Não mora, não tem casa, é andarilha, pousa às vezes, vezes mais, vezes menos. Não admite receitas, regras nem milagres. É rebelde, atrevida, teimosa. Muitos, por a procurarem demais, acabam ficando para trás, restando-lhe uma miragem. Queremos um oásis, mas sequer caminhamos para encontrá-lo. Alguns almejam que se materialize diante de si imediatamente.

Durante dois meses, cidades do Brejo paraibano viveram clima de efervescência cultural e visitações turísticas. Muitos foram desfr...

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Durante dois meses, cidades do Brejo paraibano viveram clima de efervescência cultural e visitações turísticas. Muitos foram desfrutar das riquezas naturais, do aconchego no frio ao abraço de seus habitantes.

Numa extensa faixa de terra no oeste da Paraíba, espremida entre os Estados de Pernambuco e o Ceará, situa-se a cidade de Con...

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Numa extensa faixa de terra no oeste da Paraíba, espremida entre os Estados de Pernambuco e o Ceará, situa-se a cidade de Conceição do Piancó. Sua gente arrasta pelos penosos caminhos dos tempos tradições e costumes que trazem a marca da sabedoria popular. Sobressai a espiritualidade dessa gente, que explora com espontânea verve o pitoresco dos fatos.

Qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar. Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar. (Fernando Brandt/ Milton Nascimento - ...

leitura livro infantil lembrancas
Qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar. Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.
(Fernando Brandt/ Milton Nascimento - Canção da América)

Uma amiga de longas datas me telefonou e fez esta solicitação: “meu neto quer saber quais eram as minhas leituras da infância, é um dever da escola e eu não me lembro mais.” Confessou que anda um pouco esquecida e resolveu recorrer a quem lida com literatura infantil. Calculei a idade da minha amiga e fui examinar alguns livros na minha estante e me deparei com três títulos: Heidi, Poliana e Reinações de Narizinho.

O homem não é naturalmente bom nem mau. Transforma-se naquilo que a sociedade faz de...

luxuria luxo poupanca
O homem não é naturalmente bom nem mau. Transforma-se naquilo que a sociedade faz dele. A civilização o dotou de uma consciência ética, mas isso não tem valor absoluto. Dependendo das condições, facilmente o ser humano regride à besta. O que impede que isso ocorra é a educação.

  Os pés dentro da ilha Falar da superfície, o que envolve, encharca e afoga, o que gruda nos pés – mangue e areia –, o cinz...

poesia capixaba espirito-santense jorge elias
 
Os pés dentro da ilha
Falar da superfície, o que envolve, encharca e afoga, o que gruda nos pés – mangue e areia –, o cinza absoluto, o verde disperso nas frestas e espelhos,

Em cada época de nossa existência, sempre tentaram explicar o funcionamento do cérebro por meio de metáforas extraídas da tecnologia ...

cavalos cerebro
Em cada época de nossa existência, sempre tentaram explicar o funcionamento do cérebro por meio de metáforas extraídas da tecnologia mais atualizada do momento. É famosa a descrição feita por Platão, que comparou a psique humana a uma biga puxada por dois cavalos: um deles representa a razão; o outro representa o desejo.