Em um dos seus mais belos sonetos, Camões inicia com um excepcional decassílabo, que atiça a curiosidade do leitor: “Mudam-se os tempos...

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Em um dos seus mais belos sonetos, Camões inicia com um excepcional decassílabo, que atiça a curiosidade do leitor: “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. No Brasil, parece que vivemos num universo paralelo, onde o tempo não passa e, por não passar, as vontades continuam as mesmas. Vivemos um tempo cediço, num atraso de dar dó, em que a pobreza se revela em todos os sentidos: da pobreza econômica, essencial para as mesquinharias de vidas ainda mais mesquinhas, à pobreza cultural, assomando nessa área, a miséria vernacular.

Na minha solitária mesa da padaria Bonfim ele identificou-se e pediu licença para sentar. Por que não? “- Eu sei que você não gosta de ...

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Na minha solitária mesa da padaria Bonfim ele identificou-se e pediu licença para sentar. Por que não? “- Eu sei que você não gosta de políticos. Vários deputados já me disseram isso”.

Há postes acesos, luz amarela se esvaindo pelo chão das ruas recônditas. Gente sobrada da sociedade dos abastados, a...

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Há postes acesos, luz amarela se esvaindo pelo chão das ruas recônditas. Gente sobrada da sociedade dos abastados, as mochilas nos recantos, fumaças em tiras flutuantes e se evolando pelas rachaduras das marquises. Naquele conglomerado de esquecimento, são marcados pelas rugas da pobreza em seus rostos com expressão de choro e de dor. Sobre as calçadas esburacadas procuram se esconder na noite.

    Poemas em cenas de Agosto Agosto voltou, Com mar distraído. Coqueiros dançando, O verde provido. O céu emplumado, Em belo ve...

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Poemas em cenas de Agosto
Agosto voltou, Com mar distraído. Coqueiros dançando, O verde provido. O céu emplumado, Em belo vestido.


E quando o mar canta, A onda balança. O mundo se encanta, E o azul me alcança.


Era um radinho pequeno, cabia na palma da mão. Compreio-o seminovo de um colega da quarta série do curso ginasial ministrado no Col...

radinho pilha
Era um radinho pequeno, cabia na palma da mão. Compreio-o seminovo de um colega da quarta série do curso ginasial ministrado no Colégio Santa Júlia, bairro da Torre. Depois disso, nos viria o Liceu Paraibano. Aquele aparelhinho captava sinais em ondas médias e curtas antes que os de frequência modulada surgissem e se popularizassem. O meninote saudoso do interior, que então eu era, o teve por bom tempo na conta de um amigo inseparável. Um amigo com transistores e pilhas, posto que os de carne e osso ainda

Em um mundo marcado pela correria do dia a dia, muitas vezes nos esquecemos de um aspecto fundamental da nossa existência: a gratidã...

gratidao cumprimentar delicadeza agradecer
Em um mundo marcado pela correria do dia a dia, muitas vezes nos esquecemos de um aspecto fundamental da nossa existência: a gratidão.

Vivemos buscando conquistas, sonhando com novos desafios e almejando um futuro melhor.

Sábado, 17 de agosto de 2024, data que ficará marcada na história da Televisão, para não dizer no Brasil. O país amanheceu com a imp...

silvio santos televisao brasileira
Sábado, 17 de agosto de 2024, data que ficará marcada na história da Televisão, para não dizer no Brasil. O país amanheceu com a impactante notícia da morte de Sílvio Santos.

Carlinhos foi falar com Deus assim sem mais e nem menos. Como dizem, bateu com as dez. Morte bem morrida na birosca de Toninho Malvade...

restaurante barzinho cachaca
Carlinhos foi falar com Deus assim sem mais e nem menos. Como dizem, bateu com as dez. Morte bem morrida na birosca de Toninho Malvadeza. Estava ele lá tomando das suas e jogando conversa fora quando emborcou sobre a mesa e deu com a cara num prato de cuscuz com nacos de bode que acabara de pedir. Nem deu tempo de provar o pitéu que Dalvinha lhe servira. Parou de respirar e sua história de vida acabou ali.

      Palavras de fundo Assombra-me um vazio no peito É noite, noite Brisa carícia De onde estou não vejo estrelas. Eu as sei,...

poesia paulistana tatui cristina siqueira
 
 
 
Palavras de fundo
Assombra-me um vazio no peito É noite, noite Brisa carícia De onde estou não vejo estrelas. Eu as sei, mas não as vejo. O perfume forte da dama da noite chega pelo ar. A realidade é opressora

O editorial de Le Figaro , de hoje, dia 21 de agosto de 2024, intitula-se Jeu des dupes , algo como Jogo de burlas. Título bem sint...

le figaro macron titanic ombre chinoise
O editorial de Le Figaro, de hoje, dia 21 de agosto de 2024, intitula-se Jeu des dupes, algo como Jogo de burlas. Título bem sintomático, que revela a situação atual da França, presa a um “teatro de sombras chinesas” (théâtre d’ombres chinoises) que, se não tivesse em jogo o futuro do país, poderia ser interessante e divertido. Mas não é. As sombras só mostram a situação obscura em que a Gália de Astérix se encontra afundada, situação que não era nova, mas que foi revelada com a decisão tresloucada da antecipação das eleições legislativas do último mês de julho.

O amor como a poesia nos repõe o olhar, sedento pela crueza revestida de um leve cozimento - cicatriz a ser a lembrança. Não quero te...

montanha abismo plenitude viver
O amor como a poesia nos repõe o olhar, sedento pela crueza revestida de um leve cozimento - cicatriz a ser a lembrança. Não quero ter filhos para ser pai do mundo. Sem pretensão de ser Deus. Não quero que ninguém seja órfão em sua dor. Por isso estou sempre a gestar. Paro às vezes para parir. Sofro as contrações da vida e nalgumas madrugadas pus meu choro à prova. Fui aprovado. Já diziam: “a noite é curada com a lágrima”. É mais fácil acreditar nos precipícios lacrimais do que no sorriso fácil.

Quando o professor Milton Marques Júnior retornou de Coimbra, onde passou oito meses na companhia de sua esposa Alcione, cuidei dos p...

Quando o professor Milton Marques Júnior retornou de Coimbra, onde passou oito meses na companhia de sua esposa Alcione, cuidei dos preparativos para seu reencontro com o tamarindo por ele plantado nos jardins da Academia Paraibana de Letras.

Certamente em função do tema que desenvolve – uma versão de como se teria urdido o mito de Jesus Cristo –, Waldemar Solha ope...

solha estoria jesus mikhail bakhtin satira dialogismo
Certamente em função do tema que desenvolve – uma versão de como se teria urdido o mito de Jesus Cristo –, Waldemar Solha opera com alguns dos recursos que inauguraram a vertente dialógica da literatura. O presente trabalho se propõe a apontar alguns desses recursos, ligados ao diálogo socrático e à sátira menipeia, observando-lhes a pertinência linguística, em função do plano temático, e a possível eficácia literária.

A escolha da ordem das palavras numa frase define uma intenção e um sentido. Daí que, ao dar título a esta conferência, optamos não p...

gilberto freyre paraiba
A escolha da ordem das palavras numa frase define uma intenção e um sentido. Daí que, ao dar título a esta conferência, optamos não por “Gilberto Freyre e a Paraíba”, mas “A Paraíba de Gilberto Freyre”. Com a preposição "de" queremos denotar posse ou pertencimento. Deste modo, a relação de afeição se explicita já na primeira frase. Como na passagem famosa do poema de San Juan de la Cruz:

Os telefones celulares oferecem dopamina digital ao longo de 24 horas, 7 dias por semana, aos indivíduos conectados com seus interesses...

Os telefones celulares oferecem dopamina digital ao longo de 24 horas, 7 dias por semana, aos indivíduos conectados com seus interesses, apenas, e alheios ao que acontece ao seu redor. Vivemos em uma época de acesso sem precedentes a estímulos de alta recompensa e muita dopamina: drogas, comida, notícias, jogos, compras, sexo e redes sociais.

R. Lach
A variedade e a potência desses estímulos são impressionantes. E todos somos vulneráveis ao consumo excessivo e à compulsão ao utilizar as redes sociais. E qualquer pessoa pode desenvolver um vício desses.

Na era moderna, é fácil perceber o problema. Sabemos muito bem que os celulares, a internet e as mídias digitais são drogas potentes cujas baterias podem ser recarregadas todas as noites.

As redes ativam os mesmos circuitos que as drogas tradicionais, como o álcool, a cocaína e os comprimidos sintéticos. Elas liberam dopamina (nosso neurotransmissor de prazer) no sistema de recompensa do cérebro.

Quanto mais dopa mais viciante é a experiência. E a consequência disso é o que chamamos de custos irrecuperáveis de tempo, saúde, dinheiro... uma lista amarga que surpreende os especialistas à busca de soluções.

Mikoto
A doutora Anna Lembke, psiquiatra e professora da Escola de Medicina da Universidade Stanford, em seu livro Nação dopamina, explora as novas e empolgantes descobertas científicas que explicam porque a procura incansável do prazer gera mais sofrimento do que felicidade. Ela mostra que o caminho para manter a dopa sob controle é encontrar contentamento nas pequenas coisas e buscar conexão com as pessoas queridas.

Cottonbro St.
Como prova disso, Dra. Anna compartilhou diversas experiências vividas por seus pacientes, em trechos que são histórias fascinantes de sofrimento e redenção. Os relatos trazem esperança de que é possível transformar nossas vidas e encontrar o segredo do equilíbrio, combinando a ciência do desejo com a sabedoria da recuperação.

"Navios não afundam por causa da água que está no seu entorno, mas sim como consequência de quem os maneja mal". Não é sobre o que os outros dizem sobre nós que insistimos em respirar. É sobre sonhos, os nossos, aqueles que acreditamos serem possíveis de realizar na vida real, e compartilhar com alguém que tenha as mesmas aspirações.
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    Cansaço Amor: quantas palavras necessárias para que um gesto se torne inscrito no tempo? Hilton Valeriano Não me pre...

poesia capixaba espiritossantense jorge elias neto
 
 
Cansaço
Amor: quantas palavras necessárias para que um gesto se torne inscrito no tempo? Hilton Valeriano Não me presta, não me cabe o alforje de palavras, a pretensão de um discurso; supor que a obviedade de um soluço ocupe mais que um segundo de um tempo que se desfaz e não cabe nesse cabedal polvilhado de tolices;