Os telefones celulares oferecem dopamina digital ao longo de 24 horas, 7 dias por semana, aos indivíduos conectados com seus interesses, apenas, e alheios ao que acontece ao seu redor. Vivemos em uma época de acesso sem precedentes a estímulos de alta recompensa e muita dopamina: drogas, comida, notícias, jogos, compras, sexo e redes sociais.
A variedade e a potência desses estímulos são impressionantes. E todos somos vulneráveis ao consumo excessivo e à compulsão ao utilizar as redes sociais. E qualquer pessoa pode desenvolver um vício desses.
Na era moderna, é fácil perceber o problema. Sabemos muito bem que os celulares, a internet e as mídias digitais são drogas potentes cujas baterias podem ser recarregadas todas as noites.
As redes ativam os mesmos circuitos que as drogas tradicionais, como o álcool, a cocaína e os comprimidos sintéticos. Elas liberam dopamina (nosso neurotransmissor de prazer) no sistema de recompensa do cérebro.
Quanto mais dopa mais viciante é a experiência. E a consequência disso é o que chamamos de custos irrecuperáveis de tempo, saúde, dinheiro... uma lista amarga que surpreende os especialistas à busca de soluções.
A doutora Anna Lembke, psiquiatra e professora da Escola de Medicina da Universidade Stanford, em seu livro Nação dopamina, explora as novas e empolgantes descobertas científicas que explicam porque a procura incansável do prazer gera mais sofrimento do que felicidade. Ela mostra que o caminho para manter a dopa sob controle é encontrar contentamento nas pequenas coisas e buscar conexão com as pessoas queridas.
Como prova disso, Dra. Anna compartilhou diversas experiências vividas por seus pacientes, em trechos que são histórias fascinantes de sofrimento e redenção. Os relatos trazem esperança de que é possível transformar nossas vidas e encontrar o segredo do equilíbrio, combinando a ciência do desejo com a sabedoria da recuperação.
"Navios não afundam por causa da água que está no seu entorno, mas sim como consequência de quem os maneja mal". Não é sobre o que os outros dizem sobre nós que insistimos em respirar. É sobre sonhos, os nossos, aqueles que acreditamos serem possíveis de realizar na vida real, e compartilhar com alguém que tenha as mesmas aspirações.
CansaçoAmor: quantas palavras necessárias para que um gesto se torne inscrito no tempo?
Hilton Valeriano
Não me presta,
não me cabe
o alforje de palavras,
a pretensão de
um discurso;
supor que a
obviedade
de um soluço ocupe
mais que um segundo
de um tempo que
se desfaz
e não cabe nesse
cabedal
polvilhado de tolices;
Artistas têm procurado sincronizar sua criação a distintas correntes de pensamento, seja nas ciências humanas ou nas ciências naturais. Esse vínculo gerou espaço para a elaboração de temas que orientam suas obras e impulsionam seu processo criativo, além de possibilitar o desenvolvimento de suas próprias teorias. Eles têm atribuído significados à arte, buscando novas possibilidades de relação entre filosofia, ciência e arte. Diante disso, destaca-se o paradigma trazido pela arte conceitual contemporânea nas últimas décadas do século XX com as investigações da Neuroestética. Essa nova área de estudo é explorada por meio da neurobiologia, neuroanatomia, neurofisiologia e neurociência, com o objetivo de aprofundar a compreensão do funcionamento do cérebro humano.
Conta Otto Lara Resende que Guimarães Rosa gostava de dar o seguinte conselho aos seus amigos escritores: “Não fabriquem biscoitos, fabriquem pirâmides.”. Referia-se o autor de Grande Sertão: Veredas provavelmente a obras semelhantes ao seu célebre livro. Obras importantes, definitivas, de preferência volumosas. Rosa gostava de livros grossos, que ficassem de pé sozinhos. Vejam só. Como se fosse fácil fabricar pirâmides. Como se dependesse apenas da vontade e do esforço do escriba. Quantas pirâmides não teríamos se fosse assim tão simples...
Há eventos que desanimam e quitam a alegria, contudo nos cabe criar estratégias de resistência e de motivação para prosseguir sem reclamar. A tristeza é uma ferida que não devemos conduzir no coração, sob o risco de vivermos abaixo da sombra projetada pelos próprios fantasmas que criamos, o que pode transformar a vida numa jornada fastidiosa e desgastante, malversando um recurso luminoso que nos foi facultado como benção e não como condenação.
Vivi desde fins do último julho, a partir das Olimpíadas, deslembrado da condição de idoso a não ser quando, a pé, ia à padaria ou à farmácia nas duas esquinas mais próximas. Apesar da pequena distância, os tropeços das calçadas arrastavam-me à dura realidade de uma cidade sem espírito público ainda que a crônica lírica chegue a consagrá-la como cordial. Cidade cordial, assim refletida em sua historiografia e no espírito representado por Coriolano, Celso Mariz, Carlos Romero, Crispim, Martinho Moreira Franco, seguidos sem hiato pela nova ou jovem crônica dos dias de hoje. Foi preciso que a Prefeitura, em gestão ainda recente, nivelasse no cimento toda a Beira-Rio e toda a Epitácio para advertir ou lembrar um espaço como direito ou prerrogativa humana.
A Mesopotâmia, a célebre “terra entre os rios” (nome dado à região supostamente por Alexandre, o Grande), não foi um todo único, mas um conjunto de civilizações diversas que ocuparam territórios para além das planícies dos rios Tigre e Eufrates, e que parece remontar mais longe no tempo ao norte (Assíria), onde os primeiros colonos construíram as suas pequenas aldeias, por volta de 6.000 a.C.
Nos mistérios diários que a vida tem, a felicidade é o ser mais fugidio na existência humana. Baila entre nós. Mostra-se fugazmente. No entanto, quase nunca permanece em uma morada por muito tempo. Aliás, os dois são parceiros em tudo.Isso acontece e nos passa despercebido.
Em 1912, em Portugal, Antônio Maria José de Melo Silva César e Menezes, conde de Sabugosa, no prefácio do seu livro Dama dos tempo idos, propõe o termo estória para designar a narrativa de ficção. No Brasil, proposto por João Ribeiro e encampado por Gustavo Barroso, em 1942, o termo adquiriu popularidade e prestígio, graças, possivelmente, à publicação, em 1962, do volume de contos Primeiras estórias, de Guimarães Rosa.
O que esperar de um poeta que intenta trabalhar a sua poesia optando pelo caminho da forma fixa tradicional, utilizando-se de métrica e de rima? Espera-se que, pelo menos, ele tenha um domínio do assunto. A pergunta retórica inicial tem a intenção de, mais uma vez, abrir caminho para uma abordagem sobre a poesia de Augusto dos Anjos. Dentre tantas coisas que, a respeito do poeta, já não têm sentido discutir, como a sua filiação estética ou a cediça afirmação de cientificismo, também coloco na conta das inutilidades afirmativas, com cara de grande importância, a discussão da forma ou da estranheza
Semana passada comecei a contar a história de Valmir Azevedo, o maior estelionatário do país, que muito jovem chegou a gerente do Banco do Brasil e desviou milhões das mais polpudas contas correntes que administrava. Foi descoberto pela vida de ostentação que levava e teve que cumprir pena na Casa de Detenção de São Paulo. Na prisão fez amizade com o supra sumo da bandidagem. Foi solto graças ao Advogado Arnault (guardem esse nome e aguardem). E voltou ao crime.
Acabo de acessar pela Internet catálogo no qual o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o velho IBGE cansado de guerra, menciona as Capelas da Batalha e de Nossa Senhora do Socorro, em Cruz do Espírito Santo, a meio caminho de Santa Rita. Ali mesmo, não muito longe do ponto onde o Rio Paraíba começa a sofrer empurrões do mar e a inchar e murchar no ritmo das marés.
Imagino José Américo de Almeida observando a paisagem da Praia do Cabo Branco pela primeira vez. O “Homem de Areia”, saído do Brejo e do meio dos engenhos, desembarcando no litoral. Penso no sossego dos dias quando o escritor residia na casa de número 3336 à beira-mar e compunha o cenário paradisíaco daquela região da cidade.
A educação é frequentemente descrita como a chave que abre as portas do futuro.
Desde os primeiros anos de vida, ela constrói as fundações sobre as quais iremos edificar nossos sonhos, nossas aspirações e nossa capacidade de impactar o mundo ao nosso redor.
Começo sempre pela Avenida Paulista – símbolo da nossa maior cidade, onde a força da grana destrói coisas belas. Uma flor lilás aqui enfronhada num prédio cinza e pujante, mas tudo contrasta com tanta pobreza ao relento. Nada mais doído do que numa avenida dessas, cheia de lojas, de apelos, de livrarias, hotéis, e o povo na rua. Tendas, cachorros, pedintes, e cobertores rasgados para o frio da noite. Eu que adoro frio com céu azul, não dava para aproveitar diante daquela paisagem triste.