É admissível e até necessário que a linguagem específica da tecnologia, da ciência ou de uma profissão, como a dos computadores, por exemplo, mantenha o uso de empréstimos (como deletar), ou de estrangeirismos (como download, shift, etc.), até porque sua universalidade os torna cômodos. Mas a existência de equivalentes semânticos no nosso léxico deveria inibir o uso ou o abuso desses recursos linguísticos ou metalinguísticos estranhos ao nosso idioma,
O desenvolvimento da humanidade se deu pelos conflitos entre modos diferentes de organizar a vida social e de se apropriar dos recursos naturais e transformá-los, também de conceber a realidade e expressá-la. Neste último processo, a História registra as transformações por que passam as culturas e as características que as unem e as diferenciam. A cultura é um produto coletivo da vida humana e está em constante transformação por ser um fenômeno da interação social e é necessária a percepção da identidade, dos costumes, das crenças e dos hábitos de cada comunidade, nação ou povo. Marilena de Souza Chauí (1941), filósofa e escritora brasileira, em seu livro Convite à Filosofia afirma:
Em 2006, juntamente com a jornalista Yolanda Limeira, organizamos o livro Memórias rendilhadas: vozes femininas (João Pessoa: Editora Universitária/UFPB). O título foi inspirado em um bonito texto da poeta alagoana Arriete Vilela, Alma enrodilhada, alma rendilhada. Quinze paraibanas escreveram textos em forma de crônicas que falavam de suas primeiras experiências com a leitura. O livro foi muito bem recebido pela crítica e com quatro meses estava esgotado, infelizmente não foi mais reeditado. Em 2008, foi selecionado pela SEC/PB para constar no acervo das bibliotecas públicas da Paraíba. Teve lançamento em
Começo abrindo um parêntesis, para me referir a uma reclamação bem-humorada do nosso amigo comum, o escritor Hélder Moura, que me disse eu ter abandonado o coimbrão, para abraçar o conimbrigense. Estou apenas sendo fiel a esta milenar cidade, de origem romana, Conímbriga, cujas ruínas se encontram em Condeixa-a-velha, a 18 km de onde nos encontramos.
DO MEU SÃO JOÃO
Eu tenho
uma fogueira
acesa dentro
do coração.
Enquanto
ela queima,
trago
à memória
Imagens de
um tempo
em que se
acreditava
nos poderes
das simpatias
das noites
de São João.
"Vi ontem um bicho na imundície do pátio catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa não examinava nem cheirava: engolia com voracidade. O bicho não era um cão, não era um gato, não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem".
Já lá se vão mais de 70 anos desde que Manuel Bandeira produziu essa obra prima sobre a miséria humana e a situação só piorou.
Eu estava saindo do supermercado e no estacionamento um quase cadáver ambulante aproximou-se. Segurava um papelão rasgado ao meio onde só apareciam as palavras "com fome". Desnecessário. Aliás, até o cartaz era desnecessário porque a face encovada do ainda ser humano já gritava sua agonia.
Recordei do poema de Manuel Bandeira e naquele momento decidi que não seria por minha omissão que ele iria disputar com animais o lixo que nossa abundância produz. Contrariando uma prática que nem sabia existir em mim (mas que naquele momento mostrou toda a sua crueldade) não virei o rosto nem me escondi na tela do celular para não ver o que todos precisamos ver. Desci, comprei uma refeição no self-service da loja e dei ao mendigo. Ele afastou-se e eu procurei segui-lo para ver se ia jogar fora, porque na minha crença “essa cambada só quer dinheiro para encher a cara de cana”. Nada disso. Por trás da mureta estavam uma mulher e duas crianças a quem ele entregou a comida. Nem provou, voltou ao estacionamento para pedir mais ajuda.
Dei partida no carro e logo à frente encontrei uma venezuelana com seu vestido colorido esmolando no sinal luminoso.
Na calçada 4 crianças esperavam por ela. Tive coragem suficiente para olhar aqueles pares de olhos esbugalhados. Eram os olhos da fome.
Envergonhado segui em frente, atordoado pela incapacidade humana de resolver algo tão básico. É emocionante ouvir as pessoas dizerem que a fome não pode esperar. E é verdade. Mas o que poderemos fazer sobre isso para além de esperarmos soluções dos poderes que por mais bem intencionados sejam, não estancam o crescimento da fome ao redor do mundo? As ONGs que cuidam do “problema” não me mostram resultados perceptíveis a não ser belos comerciais e a única iniciativa que me emocionava porque visível, voou nas ASAS da corrupção.
Eis que chove novamente por todos os cantos e a água sempre refresca a memória quando o junino mês se estende... Já em seus meados dias enfeitados de tantas festas se reveste de tiras de papel e pano, bandeirolas coloridas por terreiros e postes, contraste em dias de céu nublado. Junino de alegrias, de tempos sorrisos, múltiplos encantos com sabores de receitas do milho de vivo verde e gosto a mais no sentimento de enamorados que passeiam na garupa e carrocerias pelas estradas, campinas e fantasias.
Acho que acontece a todos nós. Temos, desde a infância, recantos preferidos das nossas casas e quintais e, em razão disso, lembranças que vão e voltam. Eu mesmo já quis muito uma goiabeira em detrimento de um pé de pinha. A primeira, de galhos mais fortes, permitiu-me a instalação horizontal de uma banda de porta, a dois metros do chão, para as brincadeiras infantis. Dali, ora eu montava guarda contra o bando de índios vistos
Ao luar, ao Lago de Como, à beira do Danúbio, foram tantas as cenas e paisagens que inspiraram grandes músicos... Harmonias da noite, prelúdios de gotas d’água em chuva de colcheias às janelas de Maiorca, barcarolas, ave-marias, réquiens e canções de ninar, noturnos, quanta coisa bonita!
Terminei de ler neste domingo que passou essa obra monumental de Erich M. Remarque, o “Nada de Novo no Front”, em que o autor desmistifica o heroísmo, o patriotismo e outros “ismos” que povoavam a literatura quando, lá atrás nos tempos, guerra era o tema. Nada mais heroico e patriótico do que pegar em armas para defender o solo pátrio. Pelo menos, era o que apregoava a literatura até mais de dez anos depois de finda a 1ª Grande Guerra, quando em 1929, Remarque conseguiu publicar sua obra.
Vivemos em uma época de intensa polarização, onde divergências de opiniões têm o potencial de gerar debates acalorados e até mesmo rupturas em relações antes sólidas.
Estou eu aqui quebrando a cabeça para escrever um texto sobre diabetes mellitus para ser divulgado no trabalho. Já fiz uma pesquisa sobre a história da doença, de como ela foi descoberta, os primeiros remédios, os sintomas e outras curiosidades, mas está difícil juntar tudo isso num texto enxuto e agradável de ler.
Nem se pense em preconceito: mas o personagem é pesadão em quilos. Não consegue passar por uma lanchonete sem que a invada. Muitas vezes (e a escutei comentando com amiga íntima) fica esperando que a fritura chie e lhe venha ao prato com o pastel enorme (tipo família) e de um gelado refrigerante.
“[...] eu nascera, crescera e envelhecera num só dia”Mia couto
Se é verdade que poeta nasce velho, então sou uma comprovação. Não sou da década em que nasci. Vivo com um sentimento constante de nostalgia. Gosto das coisas que abrigam histórias e, talvez por gostar do conteúdo, eu procure continentes para abastecer as minhas lembranças que não são minhas. Com menos idade que hoje tenho, já procurava pessoas mais velhas para estabelecermos uma prosa. Todavia, nem sempre fui tão bem recebido.
Quando se completaram três anos da leitura de Os Miseráveis, de Victor Hugo, uma silenciosa leitura recomendada pelo mestre Milton Marques Júnior, estudioso do conjunto da obra deste autor francês, retorno agora para apreciar este monumental livro cheio de lições para nosso cotidiano.
ESSÊNCIA FEMININA
No mês de junho, em Campina,
Em arretado forró,
No bairro Bodocongó,
Vi a essência feminina.
Coisa linda, cristalina,
Conquistou meu coração,
Me pegou de supetão,
Com vestido todo em flor:
Encontrei o meu amor,
Numa noite de São João.