Fernando Lobo. Aqueles com mais idade e ligados às coisas da nossa música popular irão associar o nome ao jornalista, cronista, produtor e apresentador de programas na antiga TVE do Rio Janeiro. Outros lembrarão que Fernando Lobo é o pai de Edu Lobo, um dos mais brilhantes compositores da geração pós Bossa Nova, a de Chico, Caetano, Gil, Milton Nascimento, entre outros. Curiosamente, em razão da separação dos pais, Edu só viria a conhecer Fernando quando tinha 10 anos, como ele contou em depoimento ao escritor Eric Nepomuceno:
Deus!
De que lado do universo
Você está?
Que vias percorres?
De leite, pão, piano, atabaque
Ou pano da costa
Estendido nas vagas
Sobre o Atlântico?
De que luz e escuridão?
Em qual Buraco Negro
Navegas e
Te escondes?
O Aurélio, versão em papel, teve seu início no Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, organizado por Hildebrando de Lima, revisto por Manuel Bandeira e José Baptista da Luz. Em 1975, Aurélio Buarque lança o dicionário com seu nome na capa, e o nome anterior deixou de existir. A segunda edição ocorreu em 1986. Pouco depois, Aurélio lança o dicionário com o nome de Novo Dicionário da Língua Portuguesa, pela Editora Nova Fronteira. Depois da morte de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, em 1989, familiares assumiram a edição do Dicionário com o nome de Aurélio Século XXI – O Dicionário da Língua Portuguesa. Em 1999 saiu a primeira edição em CD, mesmo ano em que saiu a 3ª edição do Dicionário em papel, a última com o selo da Nova Fronteira.
Em meio à correria do dia a dia, muitas vezes acabamos negligenciando nossa saúde em detrimento de outras demandas e compromissos que consideramos urgentes ou prioritários.
A reflexão interior nos conduziu, há algum tempo, para uma grande
piedade na hora de jogar a semente de uma fruta no lixo. Imaginar o fenômeno que há ali dentro, a energia vital capaz de fazer brotar um novo ser, pronto para se reproduzir em terra fértil, tornou-nos, destarte, cuidadosos com seu destino, na medida do possível.
Aos amigos Astenio Cesar Fernandes e Manoel Jaime Xavier Filho, pelas fecundas conversas semanais sobre Dante e Literatura.
É muito difícil destacar algo dentro da excepcional narrativa épica do Inferno, primeira parte da Commedia de Dante, dita Divina, a partir da classificação de um de seus mais fervorosos leitores e apreciadores, o escritor Giovanni Bocaccio. É difícil porque tudo é de suma importância e de grande beleza poética, a que se aliam os ensinamentos vários que ali se encontram e se sucedem. Gostaria, no entanto, de destacar três momentos, que são semelhantes, mas que guardam diferenças entre si, pelo contexto exterior à narrativa a que estão ligados.
Moro escoteiro há muitos anos e tenho sentimentos bem peculiares. Sempre pensei que era único nessa forma de viver o dia a dia. Qual o que!
Da mesa na padaria Bonfim de onde observo a vida, vez por outra engreno conversa com outros solitários que também sofrem demais à falta de mais pessoas em suas casas ou apartamentos para compartilharem o dia a dia.
Não tenho medo de altura e nem de andar de avião, no entanto, diante de uma ameaça de incêndio ou de uma turbulência um pouco mais forte, não há como não sair da linha. Falo isso para relatar o que aconteceu comigo há alguns dias.
Um gênio aquele meu colega de escola. Basta dizer que foi responsável pelo único desastre de avião ocorrido na cidadezinha onde morávamos. Era época de carnaval quando ele vestiu a bicicleta com armação de arame grosso o suficiente para suportar um corpo de lona, hélice e asas. Tudo bonitinho. Parecia um teco-teco em branco e preto, as cores do seu time, o Vasco. Mas uma manobra arriscada com os pedais em alta rotação ocasionou o arrasto de uma das asas no piso de pedras e, em seguida, as cambalhotas que despedaçaram aquilo tudo. Piloto sem capacete, meu amigo sofreu
A falsa tolerância é uma repressiva força ideológica, a fim de excluir, de dominar e manter um poder autoritário contra cidadãos destruídos pela miséria humana, que estão desprovidos de oportunidades para sobreviver dignamente. A crueldade de destruir para dominar torna um cidadão subordinado e submetido ao convencimento da existência de um poder maior, que deve ser obedecido.
A vida que me chama
A vida que me chama de todas as maneiras
A vida que me chama
Insiste nas palmas no portão
tal como
quando eu era criança
e Aninha me chamava para brincar
A vida que me chama
fui à missa com o vestido de domingo,
de estilo balão
era de laise cor de rosa, todo lindo
Que preguiça de ouvir o padre!
olho comprido na saída
no que estava do lado de fora
Por vezes amo tanto alguns escritores e compositores que os tenho como amigos. Tchaikovsky é um deles. No dia 6 de novembro passado completaram-se 130 anos da morte de Pyotr Ilyich Tchaikovsky. E a data me deixa melancólica.
A estrada abriu-se em um abraço da saudade e, ao mesmo tempo, sinalizou reencontros enquanto o dia ainda dormia durante o avanço pelo tapete negro espichado por entre planos e elevadas passagens. A estrada já conhecia os passantes de outras épocas e sabia que fazia parte da história escrita pelas idas e vindas na aproximação das distâncias entre corpos e almas. Agora, um novo capítulo era escrito, antes imaginado tantas vezes, do mesmo modo desejado ser indefinidamente adiado. E tudo ao fim e a cabo se resumia a cumprir um ritual.
Quando ela vem, tudo paralisa. A respiração se altera, sinto um pulsar diferente. Ela é digna de silêncio. Meus olhos são lavados. Uma lágrima já se encaminha. É nesse instante que algo me indica: estou diante da beleza; quando o deslumbramento ocorre, mesmo sendo algo que sempre esteve ali, mas não enxerguei por falta de vagareza no olhar. Tudo que realmente é belo nos remete à arte e poesia.
Descansar a vista em algo ou alguém, hoje em dia, tornou-se um privilégio. Estamos cada vez mais rodeados de excessos: poluição sonora, visual e, principalmente, pelas falsas belezas... Pessoas que se vangloriam por seus bens materiais e esquecem que aquilo que desperta interesse não é a pessoa, mas o objeto. Além dos vários sorrisos que nos são dados; entretanto, repletos de más intenções. Vai-se um preço, um valor sem valor. Beleza hipócrita que nos devora lentamente, até nos darmos conta de que estamos ficando feios.
Há horas nas quais me sinto faminto por beleza. Então, procuro nas plantas, nalgum livro, poema ou numa música. E isso me preenche e me descarrega de uma forma que me sinto uma pessoa melhor. Não que devamos fugir do que nos desagrada, mas que reconheçamos o que nos faz bem e traz o bom. Encarar o que nos ofende também é um exercício artesanal.
O belo não tem tempo certo para acontecer. Na verdade, a sua presença nos leva à outra dimensão, como sugere o poeta Affonso Romano de Sant’Anna:
“A ausência da beleza é quando o tempo se inaugura. E o tempo é falha e ruptura. A ausência da beleza é um erro, o pecado. A beleza é alegria e o avesso do que é triste. A beleza é a notícia de que Deus existe”.
Não devemos dizer que uma árvore não dará frutos, porque ainda não os vemos, ou que um pássaro pousado não voa. Que venha o belo! Mesmo que cause inveja, desdém, pois o belo sempre o será, enquanto o sentirmos, e ainda que não. Sei que é transcendente, permeado de som, cheiro, imagem. E que o poeta será poeta, ainda que não faça mais poemas. Em outras palavras, o amor borda.
Um lugar encantado. Uma praia poderia ser. Sentir a água dançando nos pés. Sentir um lábio trêmulo tocando noutro. E, mesmo que a transformação seja transposta na harmonia entre formas, cada traço representará resquício de seu contraste. Embelezar a vida com brutos tons e aos poucos retirar-lhes as sobras. Já estou começando a divagar. Estou com sintomas de taquicardia...
Alagoa Nova, 10 de junho de 1923. Nesta data nascia Carlos Augusto Romero, que se tornou um homem de bem. Grandioso nas suas atitudes. Um de nossos grandes cronistas do cotidiano. Humanista, deixou lições que ajudam a construir espaços de convivência no exercício do amor.