Por vezes amo tanto alguns escritores e compositores que os tenho como amigos. Tchaikovsky é um deles. No dia 6 de novembro passado completaram-se 130 anos da morte de Pyotr Ilyich Tchaikovsky. E a data me deixa melancólica.
A estrada abriu-se em um abraço da saudade e, ao mesmo tempo, sinalizou reencontros enquanto o dia ainda dormia durante o avanço pelo tapete negro espichado por entre planos e elevadas passagens. A estrada já conhecia os passantes de outras épocas e sabia que fazia parte da história escrita pelas idas e vindas na aproximação das distâncias entre corpos e almas. Agora, um novo capítulo era escrito, antes imaginado tantas vezes, do mesmo modo desejado ser indefinidamente adiado. E tudo ao fim e a cabo se resumia a cumprir um ritual.
Quando ela vem, tudo paralisa. A respiração se altera, sinto um pulsar diferente. Ela é digna de silêncio. Meus olhos são lavados. Uma lágrima já se encaminha. É nesse instante que algo me indica: estou diante da beleza; quando o deslumbramento ocorre, mesmo sendo algo que sempre esteve ali, mas não enxerguei por falta de vagareza no olhar. Tudo que realmente é belo nos remete à arte e poesia.
Descansar a vista em algo ou alguém, hoje em dia, tornou-se um privilégio. Estamos cada vez mais rodeados de excessos: poluição sonora, visual e, principalmente, pelas falsas belezas... Pessoas que se vangloriam por seus bens materiais e esquecem que aquilo que desperta interesse não é a pessoa, mas o objeto. Além dos vários sorrisos que nos são dados; entretanto, repletos de más intenções. Vai-se um preço, um valor sem valor. Beleza hipócrita que nos devora lentamente, até nos darmos conta de que estamos ficando feios.
Há horas nas quais me sinto faminto por beleza. Então, procuro nas plantas, nalgum livro, poema ou numa música. E isso me preenche e me descarrega de uma forma que me sinto uma pessoa melhor. Não que devamos fugir do que nos desagrada, mas que reconheçamos o que nos faz bem e traz o bom. Encarar o que nos ofende também é um exercício artesanal.
O belo não tem tempo certo para acontecer. Na verdade, a sua presença nos leva à outra dimensão, como sugere o poeta Affonso Romano de Sant’Anna:
“A ausência da beleza é quando o tempo se inaugura. E o tempo é falha e ruptura. A ausência da beleza é um erro, o pecado. A beleza é alegria e o avesso do que é triste. A beleza é a notícia de que Deus existe”.
Não devemos dizer que uma árvore não dará frutos, porque ainda não os vemos, ou que um pássaro pousado não voa. Que venha o belo! Mesmo que cause inveja, desdém, pois o belo sempre o será, enquanto o sentirmos, e ainda que não. Sei que é transcendente, permeado de som, cheiro, imagem. E que o poeta será poeta, ainda que não faça mais poemas. Em outras palavras, o amor borda.
Um lugar encantado. Uma praia poderia ser. Sentir a água dançando nos pés. Sentir um lábio trêmulo tocando noutro. E, mesmo que a transformação seja transposta na harmonia entre formas, cada traço representará resquício de seu contraste. Embelezar a vida com brutos tons e aos poucos retirar-lhes as sobras. Já estou começando a divagar. Estou com sintomas de taquicardia...
Alagoa Nova, 10 de junho de 1923. Nesta data nascia Carlos Augusto Romero, que se tornou um homem de bem. Grandioso nas suas atitudes. Um de nossos grandes cronistas do cotidiano. Humanista, deixou lições que ajudam a construir espaços de convivência no exercício do amor.
A poesia começa assim
Emprenhar-se de miudezas;
deixando as mãos rendidas aos gestos costumeiros.
E, quando a luz se aperceber, desmembrada
pelo estalo da palavra,
jogar-se nos trilhos
para salvar a flor.
Na crônica “Todo mundo pode errar um pouco”, publicada em “Um cartão de Paris”, Rubem Braga mostra alguns descuidos cometidos por estudantes franceses na redação. As “pérolas” foram extraídas do livro “de um tal de Maurice Rat”, que também faz questão de mostrar deslizes cometidos por escritores renomados.
A Moral Filosófica dos estoicos propõe que nossas opiniões atormentam mais do que as coisas em si, sendo formuladas pelas palavras que utilizamos quando algo surpreendente ocorre; pois chamamos uma coisa pelo nome de outra, e a imaginamos como aquela outra coisa, permanecendo a ideia em nossas mentes.
Tinha uns cinco anos - 1946, suponho - quando me veio a otite – muita dor nos ouvidos inchados - e o médico da Estrada de Ferro Sorocabana - em que meu pai trabalhava - disse que eu teria de consultar um especialista na capital, pelo que sobrou para meu pai, que teve de faltar ao trabalho e de me levar a São Paulo.
É um luxo. E sempre foi. Principalmente agora, nestes nossos tempos despudorados. Para alguns, tão importante e necessário quanto o silêncio, outro requinte civilizacional. Mas só para alguns, parece. A maioria, o rebanho, prefere a exposição e persegue a exposição, a “mostração”, como diria minha sábia avó, referindo-se aos “mostrados” de seu tempo, ou seja, aqueles e aquelas que gostavam de se “mostrar”, de aparecer, de se exibir, como se sua inerente mediocridade não combinasse (e até exigisse) com o mais absoluto anonimato.
Um instante de desespero pode precipitar consequências devastadores que podem se estender indefinidamente. A impaciência não adianta nada. Quem se precipita, só ajuda a piorar circunstância já difíceis. O aborrecimento só agrava a enfermidade. Ninguém impressiona ou agrada ao demonstrar intranquilidade e agitação. Seja no convívio familiar ou no profissional, a impaciência apenas sabota o ambiente.
Uma das formas de aquisição da propriedade móvel é o que chamamos de "ACHADO DO TESOURO". Essa forma de aquisição é muito comum na Paraíba, pelo incrível que pareça, tanto no litoral norte paraibano e cidades próximas, desde o tempo das incursões francesas como das invasões holandesas, bem como no semiárido, em virtude da necessidade de esconder riquezas dos cangaceiros que invadiam propriedades rurais e cidades.
O busto do presidente Camilo de Holanda, no final das Trincheiras, foi arrancado do pedestal. Não soube pelo rádio, não li no jornal e menos ainda nas redes sociais. Faz isto uns cinco anos. Notei de relance ao passar pelos restos mortais de um dos postais que anunciavam a quem viesse do sul “a cidade mais vegetal do que urbana” assim estampada pelo paisagista mais fiel das nossas letras. Desrespeitei a norma e estacionei na calçada oposta para verificar de perto, à luz dos meus olhos e ao roçar dos meus dedos, a impotência das instituições do patrimônio cultural e histórico para defender-se e defendê-lo do desajuste extremado entre o quinhão que tem por que zelar e a massa bruta (porque nunca foi tratada) que não sabe o que vai comer no dia seguinte.
Num recôndito canto da parte velha da Avenue Mohammed V, na famosa Medina de Rabat, a capital do Reino de Marrocos, encontra-se um tesouro literário guardado por um homem cuja paixão pela leitura transcende o tempo e as adversidades. Mohamed Aziz, um livreiro de 76 anos de idade, tornou-se numa lenda viva não apenas pela sua longevidade no negócio, mas também pela dedicação incansável à disseminação do conhecimento e da cultura.
Em junho de 1951, o escritor paraibano José Lins do Rego completava 50 anos de idade com a sua obra ficcional praticamente concluída. De 1932, quando lançou o Menino de Engenho, até 1947, ele já havia publicado 11 dos 12 romances que escreveu, entre eles Fogo Morto, que é considerado a sua principal produção literária. No Rio de Janeiro, as comemorações do aniversário do escritor foram adiadas porque José Lins
Acrossemia é o nome que se dá à redução de palavras às suas sílabas iniciais ou aos seus fonemas iniciais. Assim, é acrossêmica a palavra Ifes, formada pelos fonemas iniciais das palavras “Instituição Federal de Ensino Superior”, assim como a palavra Contran, formada com as sílabas iniciais de “Conselho de Trânsito”. A acrossemia forma siglas, siglônimos e acrônimos. Qual é a diferença entre esses três conceitos?