Encantamento. Momento lúdico. Magia. É a infância a fase que passeia por sutilezas contundentes de um mundo real. Infelizmente, este instante é “veloz como o vento”. Em “Isaura – veloz como o vento”, de Norma Alves (Editora União, 2012), a palavra se delicia com a imagem. O livro inicia-se com a clássica expressão “era uma vez” e segue mantendo a expectativa do leitor, que é mantida através de jogos de palavras, como a antítese, além de neologismos.
A religião surgiu da necessidade - quando não havia, ainda, suficiente ciência - de se entender o que é o mundo e o que fazemos aqui, mas sempre - infelizmente - foi instrumento do oportunismo de grandes opressores. Sempre.
Quando o poeta voltou seu olhar para a mãe que se encontrava distante, ele iniciou a composição da canção que nunca concluiu. Recordando as canções de ninar que escutava quando menino, no aconchego do colo, silenciosamente tentou compor o poema que se perdeu na imensidão das metáforas e do sonho. Mas não desistiu, persistiu na composição poética que dedicaria para ela, mas jamais terminou o trabalho porque nunca se conclui a canção a ser dedicada às mães.
A expressão “vida de cachorro” precisa ser atualizada. Antigamente, era sinônimo de desprezo e abandono. Viver como um cão era dormir ao relento, comer sobras de refeições, levar vez por outra uns pontapés. Hoje, traduz um cuidado e uma abastança que muitos humanos não têm. O excesso de zelo com esses bichos tem chegado a preocupações sutis, como a de levá-los a terapeutas comportamentais.
Você é aquilo que consome e por isso é seu próprio fandom (fã-clube)”, assim escreveu a escritora Claire Dederer que publicou o livro Monster: A fan's Dilema, que trata da busca pessoal para lidar com a intersecção de critérios morais e estéticos na apreciação de uma obra.
Houve uma Cartilha da Doutrina Social da Igreja, publicada há alguns anos, em que o Papa João Paulo II recomendou aos clérigos que não comunguem com a ideia de legalização do casamento entre homossexuais. Ora, o amor entre duas pessoas já é o casamento. A cerimônia para celebrar essa união ou tem fins meramente burocráticos, pois a sociedade a exige para alguns atos da vida civil, como, por exemplo, para definir regras de herança e de venda de bens – nesse caso, qual a diferença se num casamento civil as pessoas têm sexos opostos ou não? – ou tem fins festivos, como acontece na cerimônia religiosa, onde os nubentes, jubilosos, diante da divindade em que acreditam, proclamam seu amor um para o outro e para as pessoas queridas.
Não, a intenção não é falar sobre a até agora hipotética extinção dessa categoria tão importante, necessária e querida, a dos livreiros, hoje tão ameaçada, por várias razões. O objetivo é tratar da morte concreta e irrecorrível de um livreiro especial: Pedro Herz, dono da icônica Livraria Cultura, que tanto serviu aos brasileiros nas últimas décadas. Entretanto, creio que os dois temas estão de alguma forma relacionados, de modo que abordarei ambos, sucintamente, como convém à crônica.
O ouro que plantou o homem à terra e cultivou dramas se foi, restou talhado como ornamentação de igrejas e soterrado em paredes de velhas minas e da história. Aos vivos restou o chão cercado por serras e os alicerces antigos fincados nas rochas, equilibrados em caminhos imprecisos e íngremes. Só o tempo com suas incertezas traz algum sentido. Antes lágrimas, sangue e chibata, agora poses e história. Minas Gerais é terra de misturas, de desencontros e encontros, é plural, de início forçosamente, depois à revelia da vontade dos homens.
Antes de tudo, falemos um pouco de Marineuma de Oliveira, nascida em Campina Grande, mas que viveu a infância e a juventude na cidade de Pocinhos (PB), em meio a uma família de músicos e ativistas culturais. Reside em João Pessoa desde os anos 80, é educadora, poetisa, doutora em Linguística e professora aposentada da Universidade Federal da Paraíba. Admiradora da literatura e da poesia, é idealizadora e coordenadora do Poética Evocare (palavra cantada e ritmada), grupo que promove performances artísticas em escolas, eventos culturais, acadêmicos, buscando despertar o gosto pela leitura por meio de um diálogo interdisciplinar.
Como hoje é quase um chavão, um lugar comum (que me desculpe o bardo inglês), dizer-se que há mais coisas entre o céu e a Terra do que possa conceber nossa vã filosofia, devo confessar que isso eu já havia constatado lá nos meus verdes anos quando uma mulher misteriosa apareceu pelos meus caminhos. Vou escrever algo que remonta àqueles dias, dizer alguma coisa dessa senhora cheia de sortilégios e lhes contar de uma situação no mínimo inusitada.
Hoje trago para vocês um pouco da minha leitura sobre o novo livro do escritor Helder Moura - A INSANA LUCIDEZ DO SER - uma fábula
O livro inicia, já na dedicatória, com uma provocação sobre a insanidade da lucidez.
Meu caro Tarcísio Pereira, por indicação sua, fiz uma visita ao Panteão Nacional de Lisboa, instituição monumental cuja existência, confesso, ignorava completamente. Conhecia o Pantheon romano, erigido por Marco Agripa, general de Augusto, e o Panthéon francês, em Paris, construído para ser o templo da República, cujo braço forte era a poderosa Convenção Nacional, consequência da Revolução Francesa.
Como já dito anteriormente, meus pais dispunham de um capital enorme, o que lhes possibilitava a liderança inconteste do comércio no Estado da Paraíba. Por consequência tinham um crédito fantástico junto à rede bancária. À época a atividade econômica deles desenvolvia-se num imenso armazém composto de vários prédios ligados uns aos outros por portas e aberturas que iam sendo criadas à medida que progrediam os negócios. O resultado foi uma coisa meio filme de terror, ambientes escuros e altíssimas pilhas de mercadorias espalhadas sem qualquer identificação. Imagino hoje como era difícil achar uma determinada peça no meio daquelas cavernas. O que aparecia para o público que comprava a varejo eram três enormes salões: à esquerda a parte destinada à casa (louças, presentes, faqueiros, pratarias...) no centro material de limpeza, pilhas, armarinho e à direita a seção de brinquedos.
Verbo vicário é o que se usa em lugar de outro, anteriormente citado, para evitar-lhe a repetição. É da palavra latina “vicarius”, substituto, que se originou, por via erudita, “vicário”, e, por via popular, “vigário” (o sacerdote, o substituto do bispo), e suas formas derivadas, como “vigarice”, “vigarismo”, etc., que se relacionam ao “conto do vigário”, isto é, ao conto do substituto (a vítima leva o substituto do que acredita estar levando). Há autores que chamam o verbo vicário de “verbo pronominal”.
Um vento forte, em lufada de segundos, sacudiu a rede que armei na varanda para o cochilo vespertino, costumeiro, justo e merecido. O susto que tive agravou-se com o baque de dois varões metálicos. Dias antes, quando ainda não haviam sido trocados por trilhos mais modernos, sustinham a cortina da sala. Mas, agora, esquecidos, verticalmente, num cantinho de parede, foram ao chão com um barulho dos diabos.