Ouvi essa história de um amigo e a reconto com as licenciosidades da crônica. Mal os negócios se recuperavam da crise decorrente da...

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Ouvi essa história de um amigo e a reconto com as licenciosidades da crônica. Mal os negócios se recuperavam da crise decorrente da pandemia que tangera a clientela da sua e de tantas outras lojas, a mulher apareceu com a novidade: eles estavam para receber uma sobrinha, seu marido canadense e um casal de filhos adolescentes, estes últimos com bom domínio do Português. O aviso viera em cima da hora por telefonema da cunhada residente em São Paulo. Ela falava da filha, do genro e dos dois netos. Saídos de Toronto,

      NOME O nome que me resta não cabe em meu corpo ouvidos poucos se prestam a escutar a minha urgência troco a minha fom...

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NOME
O nome que me resta não cabe em meu corpo ouvidos poucos se prestam a escutar a minha urgência troco a minha fome pelo espasmo de minha carne pouca e esse desapego deixou de ser escolha, é o meu rastro pelas calçadas onde escrevo meu nome de hoje

A autoestima, essa raiz profunda da nossa valorização pessoal, é como um farol que ilumina os recantos mais sombrios da nossa jornada.

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A autoestima, essa raiz profunda da nossa valorização pessoal, é como um farol que ilumina os recantos mais sombrios da nossa jornada.

violência simbólica representa uma ameaça à dignidade da pessoa, resultando em sua submissão, seja de forma psicológica, econômica ou...

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violência simbólica representa uma ameaça à dignidade da pessoa, resultando em sua submissão, seja de forma psicológica, econômica ou social. Essa prática ocorre com a conivência tanto da vítima quanto do agressor, muitas vezes sem que percebam — com lucidez — o que estão vivenciando ou praticando. O conceito foi introduzido pelo filósofo e sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930 - 2002). A natureza violenta de uma força simbólica coercitiva é complexa em sua manifestação, tornando-se mais sutil para ser

Tempo. Será ele igual para a mente, o corpo e a alma? E para os jovens? Os velhos? Evidentemente, não. Podemos dividir o tempo em três...

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Tempo. Será ele igual para a mente, o corpo e a alma? E para os jovens? Os velhos? Evidentemente, não. Podemos dividir o tempo em três categorias básicas: físico, mental e espiritual. O físico corresponde ao tempo do relógio, também chamado de cronológico, Cronos, tempo que nos envelhece, que mata o corpo, coloca-nos rugas, tira-nos o vigor físico.

Mulheres, esperar o quê delas? (As Avós) Ao ver o título desse romance da ganhadora do prêmio Nobel de Literatura 2013, Doris Lessi...

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Mulheres, esperar o quê delas?
(As Avós)


Ao ver o título desse romance da ganhadora do prêmio Nobel de Literatura 2013, Doris Lessing, achamos fofos. E pensamos que vamos encontrar bolinho de chuva, tricô, e meus netinhos. Pista enganosa!

Apesar do título alusivo ao hino do clube de Futebol, quero falar da figura histórica controversa que deu nome ao bairro e consequent...

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Apesar do título alusivo ao hino do clube de Futebol, quero falar da figura histórica controversa que deu nome ao bairro e consequentemente ao time esportivo. João Pereira de Sousa, o Botafogo, foi um grande artilheiro do galeão São João Batista. O navio bélico foi o maior de seu tempo, recebendo, portanto, o apelido de "Botafogo".

O poeta e acadêmico Luiz Nunes Alves , durante a festa do aniversário quando completou 90 anos, ocorrido no dia 16 de abril, espalh...

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O poeta e acadêmico Luiz Nunes Alves, durante a festa do aniversário quando completou 90 anos, ocorrido no dia 16 de abril, espalhou luzes. Reunião familiar que contou com a participação de amigos. Teve lançamento de livros, sendo um de poemas de sua autoria e outro que registra fatos de sua trajetória de vida, desde a infância em Água Branca, aos estudos na Capital, aborda a atividade de professor e poeta, até a ascensão aos mais relevantes cargos públicos, culminando como conselheiro do Tribunal de Contas do Estado.

"Você ouvirá todos os dias as máximas de uma baixa prudência. Você ouvirá que o primeiro dever é conseguir terras e dinheiro, l...

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"Você ouvirá todos os dias as máximas de uma baixa prudência. Você ouvirá que o primeiro dever é conseguir terras e dinheiro, lugar e nome. "O que é esta Verdade que você procura? O que é esta Beleza?" os homens perguntarão, com escárnio."
Ralph Waldo Emerson

O jornalista Kubitschek Pinheiro tem se dedicado a uma tarefa literalmente edificante: percorrer a cidade...

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O jornalista Kubitschek Pinheiro tem se dedicado a uma tarefa literalmente edificante: percorrer a cidade em busca de prédios, moradias, recantos turísticos que foram por alguma razão abandonados por seus proprietários ou pelo Poder Público. Ele tem nos revelado inúmeras preciosidades arquitetônicas deterioradas em razão desse abandono e da inclemente ação do tempo. Faz-nos então olhar a cidade com olhos nostálgicos e uma ponta de culpa.

Gertrude Stein foi uma genial escritora e poetisa americana que, em sua permanência na França, se alistou no F.A.F.F. (Fundo de Proteçã...

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Gertrude Stein foi uma genial escritora e poetisa americana que, em sua permanência na França, se alistou no F.A.F.F. (Fundo de Proteção aos Americanos) durante a Primeira Guerra Mundial.

Ela e sua companheira, Alice, foram à Europa observar a vida dos franceses no início do século XX. Elas não consideravam os franceses insensíveis à ciência,

Os gramáticos costumam usar os termos pátrio e gentílico como sinônimos. Celso Cunha e Lindley Cintra, em sua Nova gramática do portu...

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Os gramáticos costumam usar os termos pátrio e gentílico como sinônimos. Celso Cunha e Lindley Cintra, em sua Nova gramática do português contemporâneo, estabelecem uma distinção que alguns dicionários registram: os adjetivos que se referem a continentes, países, estados, cidades, municípios ou regiões são os pátrios. Os que se referem a raças e povos são os gentílicos. Os pátrios opõem-se aos ádvenas, isto é, aos não-nativos. Infelizmente, aqueles autores não dão exemplos de gentílicos, mas apenas de pátrios.

Foi o próprio João Batista que falou: “Diz-se que poesia não se traduz. Mas se tenta.” É verdade. Pois se há realmente algo difícil de...

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Foi o próprio João Batista que falou: “Diz-se que poesia não se traduz. Mas se tenta.” É verdade. Pois se há realmente algo difícil de traduzir para outro idioma é poesia. Não raro custa interpretá-la até na mesma língua, como sabemos. Além do exímio domínio das línguas envolvidas, requer-se do tradutor muita sensibilidade poética, sem falar na capacidade criativa, requisito essencial do ofício. Claro que a prosa também exige muito, mas é evidente que a poesia é bastante mais complexa. O trabalho vai além da simples versão das palavras e frases, pois há que se alçar voo até as alturas da arte poética, na qual significantes e significados nem sempre – ou quase nunca – coincidem com o previsto nos dicionários. E nem sempre dispõe o exegeta de asas grandes e fortes o suficiente para o arriscado desafio.

Cilgin ficou imaginando se não havia acontecido algo semelhante agora. E, naquela manhã, precisamente naquela manhã, que poderia ser u...

insana lucidez helder moura solidao
Cilgin ficou imaginando se não havia acontecido algo semelhante agora. E, naquela manhã, precisamente naquela manhã, que poderia ser uma quarta-feira, chovia, enquanto os últimos dias tinham sido de sol. Quarta-feira? Ora, os dias já não eram mais os dias, desde que acordou domingo numa segunda-feira. Poderia ter acontecido uma catástrofe semelhante à do ano de 536. Afinal, o que poderia explicar a ausência de gente no mundo?

Ou poderia ter sido uma invasão alienígena. O cinema com seu mercado de catástrofes faz com que acreditemos na possibilidade. Uma invasão de seres,
insana lucidez helder moura solidao
Renata Meneses
necessariamente, violentos, raivosos, famélicos, tipo o Alien, de Ridley Scott. Vieram só para exterminar a humanidade, por alguma razão. Sabe-se lá. Mas, porque teria restado apenas ele, o sujeito melancólico, dado a sonhos e pesadelos, igualmente, catastróficos? Ele, o escolhido. Pelo menos nas redondezas. Quem sabe, não haveria outros em locais distantes. Ou escondidos. Ou em outra dimensão, com a física do improvável, a quântica e suas possibilidades fantasmas, onde a lógica não conseguiu explicar.

E, pela primeira vez, pensou como tendo sido escolhido para sobreviver, era muito mais um castigo e um penar, do que tinha sido para os demais sacrificados pela fúria da carnificina alienígena. Morrer, afinal, só traz dor naqueles momentos derradeiros. Num instante, tudo acaba. Inclusive, qualquer possibilidade de sofrer. Sim, porque, para Cilgin, morrer era realmente o fim. Nada haveria além. Até entendia quem pensava na possibilidade de uma vida após a morte, mas ele, ele tinha imensa dificuldade de acreditar.

À tarde, cismou de ir até uma agência bancária. Se estava tudo tão disponível, então certamente haveria de encontrar dinheiro. E, realmente, a agência, como tudo ao redor,
Celyn Kang
estava deserta, e ele pode entrar sem problemas, dirigir-se aos caixas, onde encontrou maços de dinheiro, tão perfeitamente engomados. Montes deles. Pegou o quanto pôde e saiu exultante da agência. Até começar a sentir certo incômodo: aquilo era roubo!

Mas, roubar de quem, se não havia ninguém por ali? De quem é, afinal, o dinheiro que está nos bancos? Dos banqueiros ou das pessoas que depositam nos bancos? Haveria banqueiros sem pessoas para confiar seu dinheiro nos bancos? Caminhava digerindo esses pensamentos, quando se deu conta: pra que dinheiro, se tudo que preciso basta pegar e levar? Sim, de fato.

Mas, após algum tempo, decidiu levar o dinheiro assim mesmo, vai que de repente as pessoas voltam ao mundo, e ele terá feito uma poupança. Roubo? Sim, mas haverá roubo se não existe quem reclame o objeto do roubo? Roubo pressupõe um que rouba, outro que perde. Não parecia ser o caso.

* Excerto do livro de Hélder Moura, 'A insana lucidez do ser', publicado recentemente (Editora Ideia), disponível na 👉🏽 Livraria do Luiz.

"Gosto do modo como Hélder busca equilibrar o psicanalítico com o ontológico, associando a crise do ser (cuja defecção, segundo Kristeva, é uma marca do quadro depressivo) aos fantasmas a que o sentimento de culpa dá forma." (Chico Viana)

Hildeberto Barbosa Filho ressalta numa Letra Lúdica dos meus guardados a falta que vem fazendo a crônica assinada por Martinho Moreira...

martinho moreira franco cronica paraibana
Hildeberto Barbosa Filho ressalta numa Letra Lúdica dos meus guardados a falta que vem fazendo a crônica assinada por Martinho Moreira Franco, em sua maioria fadada a se manter viva em livro. Quantas delas nos revisitam por si mesmas, associadas a alguma emoção do instante presente. Foram muitos os momentos bem-sucedidos de sua especial subjetividade.

“Como tantos outros, não coligiu seu texto publicado nos jornais num volume que permitisse relê-los, ao sabor do critério da vontade e da estesia que a arrumação de suas palavras na frase despertava no leitor.”

— lamenta, às custas de seu exemplo, estendendo aos outros o amor que nutre pelo labor literário.

martinho moreira franco cronica paraibana
Martinho Moreira Franco
@A União
Martinho ironizava-se se dizendo cronista de variedades, carona que pegou na qualificação de intenção elogiosa como uma confrade amiga o tratara num registro qualquer.

E que variedades! Lembrei-me, já agora, por ser final do abril de Augusto e pela insistência como o telefone forçou-me a sair da rede só para ouvir um “desculpe, foi engano” - lembrei-me de crônica fora do estilo de Moreira a tirar partido da “ultrajante invenção do telefone”, nevrose que ele não deixou exclusiva do poeta do EU. Pena que essa crônica tenha se ido com ele.

Também Crispim se queixava da intervenção do telefone nos momentos mais inoportunos, cortando frases ou ideias em formação, como se escrever para ele fosse um prazer de portas bem fechadas. Andava de caderneta e lápis para o surto das ideias.

Quanto a Martinho, devo lembrar que foi sempre comedido em sua própria avaliação. Até mesmo em vazar seus autores e leituras, salvo as de cinema ou autores que migraram do jornal antes do livro e que fizeram o que ele não fez, buscar homizio mais seguro. Mas ninguém se deixasse levar por essa parcimônia. Percorrera o melhor da literatura brasileira e muita coisa estrangeira quase sempre atraído pela versão cinematográfica como Hemingway, só para citar o de sua maior nota, O velho e o mar.

martinho moreira franco cronica paraibana
Gonzaga Rodrigues e Martinho Moreira Franco @A União
Quando existiam aqui três jornais impressos, gastava a manhã inteira a saber dos outros, sobretudo da cidade, mais para conferir suas andanças, seus reparos, que para saber novidades. Lia por nós todos, e como sabia que muitos não liam ou liam por cima, era ele que fazia o telefone nos acordar para a notícia que suscitasse solidariedade ou nos deixasse numa boa. Lia por nós todos e para todos nós. Nas suas mãos o telefone deixava para trás a má fama de invenção ultrajante.

Nesse amor firme e justo pelas letras dos outros, Hildeberto não esquece seu antigo colega de colégio, Arlindo Almeida,

“de quem li, no dia a dia dos jornais impressos páginas de indiscutível valor a transbordar da fugacidade do tempo e da circunstância, detentora daquele olhar especial que só o autêntico jornalista possui.”
martinho moreira franco cronica paraibana
Hidelberto Barbosa Filho Livraria do Luiz
— conclui depois de ressaltar o pendor de Arlindo para as temáticas literária e filosófica, revelado desde o aluno do Colégio da Prata, em Campina Grande. Não cuidou de si, como reclama seu fiel colega de classe escolar, mas deve-se à dedicação de Arlindo, morto precocemente, a coleta possível das crônicas de outro que se consagra como belo exemplar humano, Nathanael Alves, mas que subestimou o belo acervo de páginas escritas em tom de apólogo dirigido a um mundo muito mais carente de amor que a do autor do seu livro de cabeceira, o jesuíta Teilhard de Chardin.

Jorge Elias Neto (1964) nos apresenta novo livro de poemas, este “XXI – Sombras”, obra significativa por nos fazer refletir sobre os ...

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Jorge Elias Neto (1964) nos apresenta novo livro de poemas, este “XXI – Sombras”, obra significativa por nos fazer refletir sobre os tempos brumosos da realidade. Em seu décimo primeiro livro de poemas, número significativo para quem começou a publicar em 2007, com “Verdes Versos”, e acaba de lançar os excelentes “Manual para estilhaçar vidraças” (2021) e “A arte do zero” (2021).