Ouvi essa história de um amigo e a reconto com as licenciosidades da crônica. Mal os negócios se recuperavam da crise decorrente da...
O sabor das coisas simples
NOME O nome que me resta não cabe em meu corpo ouvidos poucos se prestam a escutar a minha urgência troco a minha fom...
Meu rastro pelas calçadas
O nome que me resta não cabe em meu corpo ouvidos poucos se prestam a escutar a minha urgência troco a minha fome pelo espasmo de minha carne pouca e esse desapego deixou de ser escolha, é o meu rastro pelas calçadas onde escrevo meu nome de hoje
A autoestima, essa raiz profunda da nossa valorização pessoal, é como um farol que ilumina os recantos mais sombrios da nossa jornada.
Autoestima e superação
violência simbólica representa uma ameaça à dignidade da pessoa, resultando em sua submissão, seja de forma psicológica, econômica ou...
Violência simbólica
Tempo. Será ele igual para a mente, o corpo e a alma? E para os jovens? Os velhos? Evidentemente, não. Podemos dividir o tempo em três...
Mais uma vez: tempo
Mulheres, esperar o quê delas? (As Avós) Ao ver o título desse romance da ganhadora do prêmio Nobel de Literatura 2013, Doris Lessi...
As avós
(As Avós)
Apesar do título alusivo ao hino do clube de Futebol, quero falar da figura histórica controversa que deu nome ao bairro e consequent...
''Botafogo, Botafogo, campeão...''
O poeta e acadêmico Luiz Nunes Alves , durante a festa do aniversário quando completou 90 anos, ocorrido no dia 16 de abril, espalh...
Sob o luar do Sertão
"Você ouvirá todos os dias as máximas de uma baixa prudência. Você ouvirá que o primeiro dever é conseguir terras e dinheiro, l...
Flores que nascem e morrem
Ralph Waldo Emerson
O jornalista Kubitschek Pinheiro tem se dedicado a uma tarefa literalmente edificante: percorrer a cidade...
Ao sabor do tempo
Gertrude Stein foi uma genial escritora e poetisa americana que, em sua permanência na França, se alistou no F.A.F.F. (Fundo de Proteçã...
Antigo ditado grego
Ela e sua companheira, Alice, foram à Europa observar a vida dos franceses no início do século XX. Elas não consideravam os franceses insensíveis à ciência,
Os gramáticos costumam usar os termos pátrio e gentílico como sinônimos. Celso Cunha e Lindley Cintra, em sua Nova gramática do portu...
Pátrios e gentílicos
Foi o próprio João Batista que falou: “Diz-se que poesia não se traduz. Mas se tenta.” É verdade. Pois se há realmente algo difícil de...
João Batista de Brito e Sérgio de Castro Pinto: traduzir é preciso
Cilgin ficou imaginando se não havia acontecido algo semelhante agora. E, naquela manhã, precisamente naquela manhã, que poderia ser u...
Era domingo numa segunda-feira...
Ou poderia ter sido uma invasão alienígena. O cinema com seu mercado de catástrofes faz com que acreditemos na possibilidade. Uma invasão de seres, necessariamente, violentos, raivosos, famélicos, tipo o Alien, de Ridley Scott. Vieram só para exterminar a humanidade, por alguma razão. Sabe-se lá. Mas, porque teria restado apenas ele, o sujeito melancólico, dado a sonhos e pesadelos, igualmente, catastróficos? Ele, o escolhido. Pelo menos nas redondezas. Quem sabe, não haveria outros em locais distantes. Ou escondidos. Ou em outra dimensão, com a física do improvável, a quântica e suas possibilidades fantasmas, onde a lógica não conseguiu explicar.
E, pela primeira vez, pensou como tendo sido escolhido para sobreviver, era muito mais um castigo e um penar, do que tinha sido para os demais sacrificados pela fúria da carnificina alienígena. Morrer, afinal, só traz dor naqueles momentos derradeiros. Num instante, tudo acaba. Inclusive, qualquer possibilidade de sofrer. Sim, porque, para Cilgin, morrer era realmente o fim. Nada haveria além. Até entendia quem pensava na possibilidade de uma vida após a morte, mas ele, ele tinha imensa dificuldade de acreditar.
À tarde, cismou de ir até uma agência bancária. Se estava tudo tão disponível, então certamente haveria de encontrar dinheiro. E, realmente, a agência, como tudo ao redor, estava deserta, e ele pode entrar sem problemas, dirigir-se aos caixas, onde encontrou maços de dinheiro, tão perfeitamente engomados. Montes deles. Pegou o quanto pôde e saiu exultante da agência. Até começar a sentir certo incômodo: aquilo era roubo!
Mas, roubar de quem, se não havia ninguém por ali? De quem é, afinal, o dinheiro que está nos bancos? Dos banqueiros ou das pessoas que depositam nos bancos? Haveria banqueiros sem pessoas para confiar seu dinheiro nos bancos? Caminhava digerindo esses pensamentos, quando se deu conta: pra que dinheiro, se tudo que preciso basta pegar e levar? Sim, de fato.
Mas, após algum tempo, decidiu levar o dinheiro assim mesmo, vai que de repente as pessoas voltam ao mundo, e ele terá feito uma poupança. Roubo? Sim, mas haverá roubo se não existe quem reclame o objeto do roubo? Roubo pressupõe um que rouba, outro que perde. Não parecia ser o caso.
"Gosto do modo como Hélder busca equilibrar o psicanalítico com o ontológico, associando a crise do ser (cuja defecção, segundo Kristeva, é uma marca do quadro depressivo) aos fantasmas a que o sentimento de culpa dá forma." (Chico Viana)
Hildeberto Barbosa Filho ressalta numa Letra Lúdica dos meus guardados a falta que vem fazendo a crônica assinada por Martinho Moreira...
Amor-próprio e ao dos outros
— lamenta, às custas de seu exemplo, estendendo aos outros o amor que nutre pelo labor literário.
Martinho ironizava-se se dizendo cronista de variedades, carona que pegou na qualificação de intenção elogiosa como uma confrade amiga o tratara num registro qualquer.
E que variedades! Lembrei-me, já agora, por ser final do abril de Augusto e pela insistência como o telefone forçou-me a sair da rede só para ouvir um “desculpe, foi engano” - lembrei-me de crônica fora do estilo de Moreira a tirar partido da “ultrajante invenção do telefone”, nevrose que ele não deixou exclusiva do poeta do EU. Pena que essa crônica tenha se ido com ele.
Também Crispim se queixava da intervenção do telefone nos momentos mais inoportunos, cortando frases ou ideias em formação, como se escrever para ele fosse um prazer de portas bem fechadas. Andava de caderneta e lápis para o surto das ideias.
Quanto a Martinho, devo lembrar que foi sempre comedido em sua própria avaliação. Até mesmo em vazar seus autores e leituras, salvo as de cinema ou autores que migraram do jornal antes do livro e que fizeram o que ele não fez, buscar homizio mais seguro. Mas ninguém se deixasse levar por essa parcimônia. Percorrera o melhor da literatura brasileira e muita coisa estrangeira quase sempre atraído pela versão cinematográfica como Hemingway, só para citar o de sua maior nota, O velho e o mar.
Quando existiam aqui três jornais impressos, gastava a manhã inteira a saber dos outros, sobretudo da cidade, mais para conferir suas andanças, seus reparos, que para saber novidades. Lia por nós todos, e como sabia que muitos não liam ou liam por cima, era ele que fazia o telefone nos acordar para a notícia que suscitasse solidariedade ou nos deixasse numa boa. Lia por nós todos e para todos nós. Nas suas mãos o telefone deixava para trás a má fama de invenção ultrajante.
Nesse amor firme e justo pelas letras dos outros, Hildeberto não esquece seu antigo colega de colégio, Arlindo Almeida,
Jorge Elias Neto (1964) nos apresenta novo livro de poemas, este “XXI – Sombras”, obra significativa por nos fazer refletir sobre os ...