A relação entre o intelecto e os intelectuais é fascinante, pois muitas vezes se encontra uma dicotomia entre a sofisticação do conhecimento e a acessibilidade da comunicação.
Belizário era um jovem com alma antiga, daquelas pessoas metódicas no jeito de ser. Nessa manhã ele tinha ido ao Shopping para consertar os óculos que quebraram quando ele deu um esbarrão em plena luz do dia, estava apressado para não chegar atrasado ao trabalho. Era escriturário do INSS e atrasar não era seu forte, gostava das coisas na mais perfeita ordem. Porém, tem dias que parece que o universo conspira para tudo acontecer exatamente ao contrário do que costuma ser.
Meu amigo Antônio Torres, sertanejo como eu e baiano como Jorge Amado, me contou, certa vez, que o autor de Gabriela, Cravo e Canela considerava José Américo o pai dos grandes romancistas de uma geração magnífica como a dele próprio. Com todo o devido respeito ao autor de A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água, sua mais brilhante novela, e ao de Querida Cidade, obra-prima de Seu Tonho do Junco, o grapiúna nosso rei é exatamente o melhor exemplo de que não existe uma literatura regional monofásica, como se pretende por aí. Itabuna e Ilhéus
Há escritor que esconde suas preferências, mas assinala referências, exibe seu gosto pela arte e até expõe suas manias, ao contrário do poeta que ao apontar os caminhos da alma, usa metáforas para falar de seus amores e paixões.
Zygmunt Bauman (1925 – 2017) foi sociólogo e filósofo, nasceu na Polônia e exerceu suas atividades acadêmicas no Canadá, Estados Unidos, Austrália e na Grã-Bretanha. Tornou-se professor emérito de Sociologia das universidades de Leeds e Varsóvia. Em seu livro Modernidade líquida (1999), o sociólogo versa que a modernidade líquida é leve e dinâmica e está em oposição à uniformidade da modernidade sólida. Para o pensador, a atual sociedade foi reduzida a valor de consumo por ter um preço materializado pela influência do poder econômico. Por exemplo, o amor, numa cultura da sociedade líquida, é tratado à semelhança de outras mercadorias. Os seus livros mais lidos são: Ética pós-moderna (1993); Medo Líquido (2006); Modernidade e Ambivalência (1991); Vida para o consumo (2008); Tempos líquidos (2006); Vida Líquida (2005), dentre outros.
A definição do Google diz, literalmente: 'autistas são crianças isoladas, que não aprendem a falar, não olham para as outras pessoas nos olhos, não retribuem sorrisos, repetem movimentos sem muito significado ou ficam girando ao redor de si mesmas e apresentam deficiência mental importante'.
A escritora inglesa Virginia Woolf dizia que as mulheres sempre escreveram, mas se perguntava no início do século XX porque então não ouvimos falar delas; e responde com toda a sua propriedade: a resposta pode estar trancafiada nos velhos diários, entocados em gavetas, escondidos nas memórias do tempo. Pode estar também na vida e na sua obscuridade, nos corredores sombrios da História, onde vagamente as figuras de gerações de mulheres tão pouco eram percebidas. Porque muito pouco se sabe das mulheres. A História da Inglaterra é uma História de uma linhagem masculina e não feminina. Dos nossos pais sempre sabemos de algum fato, alguma distinção. Eles foram soldados, ou marinheiros, pertenciam a alguma instituição e faziam as leis. Mas sobre as nossas mães, nossas avós, nossas bisavós, o que restou? Nada, mas uma tradição. Uma era bela; outra tinha o cabelo vermelho; uma outra foi beijada pela Rainha. Não sabemos nada delas a não ser seus nomes e as datas dos seus casamentos e o número de filhos que tivera.
(Virginia Woolf, “Women and Fiction”, tradução livre)
No último dia 26 de março, A Fundação Casa de José Américo fez um evento por ocasião dos festejos do Dia Internacional da Mulher, chamado de “Escritas nas Estrelas - Mulheres na Literatura da Paraíba”. Evento esse que, teve como ponto de partida, a pesquisa da Professora Doutora Ana Coutinho, cuja tese de doutorado na UFPe, 2005, título “Tecendo fios de liberdade: escritoras da Paraíba
do começo do século 20”. Tese essa que teve como foco o resgate/visibilidade das escritoras paraibanas do início do século até uma determinada data. Ana trabalhou com memória e estudou algumas das nossas escritoras até então desconhecidas e/ou silenciada, como Eudésia Vieira, Maria Ignez Maris, Olivina Olivia Carneiro e Lylia Guedes, que se destacam pela produção literária significativa. Ana, hoje é voluntária da FCJA, e junto com a equipe dessa Casa e em parceria com a Secretaria da Mulher e da Diversidade Humana e a Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), por meio da Editora A União, resolveram estender essa homenagem às escritoras de hoje, da atualidade, dando assim um pontapé inicial para uma catalogação mais efetiva das mulheres que escrevem aqui na Paraíba.
Como professora de Literatura Infantil por mais de vinte anos, Ziraldo sempre esteve presente nas minhas aulas. Lembro-me do primeiro texto que publiquei no Correio das Artes (1983) – Flicts: um texto fantástico? Este texto foi também apresentado em um dos Congressos de Teoria e Crítica Literária, organizado pela professora Elizabeth Marinheiro, em Campina Grande.
O MEU MOTE
Ele vem devagarinho,
Se aloja dentro de mim.
É uma inspiração sem fim,
É o cantar de um passarinho.
Se achega que nem carinho,
_ E me trata com respeito _
O seu cortejar aceito,
Num mês de do outono chuvoso:
Os gramáticos definem a hipálage como um expediente retórico segundo o qual uma palavra ocupa numa frase o lugar que convém logicamente a outra que com ela mantém um vínculo semântico-gramatical. Quando Guimarães Rosa fala em “presentes mágicos dos reis”, num dos seus poemas, ele desloca o adjetivo “mágicos” de “reis” para “presentes”: os reis é que são mágicos (magos), não os presentes. Quando fala no “apetite necrófago da mosca”, Augusto dos Anjos pretende dizer, retoricamente, que a mosca é que é necrófaga, não o apetite. Ao falar, em Os Lus. X, 2, em “abundantes mesas de altos manjares”, Camões quer dizer, retoricamente, “abundantes manjares de altas mesas”. O dicionário do Aurélio apresenta vários exemplos interessantes de hipálage em Miguel Torga, Dalton Trevisan e Eça de Queirós.
Santino. Menino que nasceu nas margens tortas da sangria de um açude a certa distância do fim da cidade. Mais do que “ponta-de-rua”, foi para ali que a prefeitura – a propósito de se inserir no desenvolvimento da Sudene e se colocar como moderna – escondeu parte de sua miséria tangendo aquela massa crescente de desassistidos dando um pequeno suporte em madeira, zinco e tudo de mais de quinquilharia que era possível carregar dos velhos galpões da prefeitura. A ordem era “limpar” o terreno para novas ocupações e essa horda de infelizes que se virasse de alguma maneira.
Muitos adjetivos se lhe aplicam. Mas elegante é o primeiro que me vem à mente. Quem o conheceu, sabe. Agora mesmo, enquanto escrevo, estou a vê-lo com os olhos adolescentes do ginasiano do Colégio Estadual do Roger de fins dos anos 1960. Na antiga construção que antes abrigara o Seminário Arquidiocesano, destacava-se a sua figura calma, de voz baixa e impecavelmente vestida. Nele, via-se claramente o esmero pessoal, sem que significasse dandismo ou fútil vaidade; era apenas o seu jeito de ser e de estar no mundo, personalíssimo.
Deus ao lado
E a sucessão de mundos
Não cessa…
Como acreditar?
Um pingo de chuva
Um vento na flor
E o pólen flutua
Nuvens carregadas
Como a consciência
Um vazio de lado…
Nesta idade de releituras, trago às mãos uma obra de Balzac e vem-me à lembrança o esforço da antiga editora Globo, de Porto Alegre, para editar a versão brasileira da “Comédia Humana”.
Quando os Lutos já não cabiam na dimensão do dia a dia, resolvi transpô-los para o papel. Já não havia tanto espaço no meu esquife interior. Tive que sair do luto à luta. Foi aí que nasceu o “Lutos diários”, meu 3º livro de poemas, uma tentativa de renascer a partir de cicatrizes. Para cada experiência de luto que tive só aumentou a consciência de redobrar a força.