E no meio da noite surgiram desenhos na escuridão. O céu rabiscado em furiosos traços como se fora grafados por uma mão agitada, acordada de um pesadelo ou que tivesse uma ideia sensacional e necessita urgentemente colocar tudo para fora, registrar no horizonte. A tinta branca traça formas geométricas indecifráveis na superfície delicada das nuvens transportadoras de chuvas. E todo aquele turbilhão penetra a janela, invade o quarto, clareia o sono, um espetáculo teatral descortina o horizonte acompanhado de uma melodiosa sonoridade que pousa depois devido ao distanciamento físico.
Esta missiva é para transmitir notícias do tamarindo que você plantou no Jardim de Academus da Casa de Coriolano de Medeiros, por ocasião de sua posse como acadêmico.
"Nos últimos anos, políticos irresponsáveis minaram deliberadamente a confiança na ciência, nas autoridades públicas e na mídia. Agora, esses mesmos políticos irresponsáveis podem ficar tentados a seguir o caminho do autoritarismo, argumentando que você simplesmente não pode confiar na mídia ou na ciência para fazer a coisa certa.”
A passagem acima é de Yuval Noah Harari, o festejado autor de “Sapiens – uma breve história da humanidade”. Há quem o considere um guru dos tempos atuais, mas ele se recusa a aceitar tal denominação. A tendência dos gurus é reunir pessoas que os seguem de maneira acrítica e cega; Harari, pelo contrário, quer levá-las a pensar.
Em seu livro “O verdadeiro criador de tudo”, o neurocientista Miguel Nicolelis trata daquilo que são as criações do cérebro humano (dinheiro, religião, ideologia, entre outras). Esse órgão, que deveria ser o centro do universo, desenhou nossa existência e se mantém evoluindo num caminho adverso e sem volta.Como não somos máquinas ou sistemas digitais, nosso sistema nervoso opera em um estado analógico muito oposto ao digital.
Que não se pense jamais que estou a querer fazer cortesia com o chapéu alheio. Jamais. O que pretendo é tão somente apresentar uma modesta sugestão de melhor aproveitamento do belo e decrépito casarão que pertenceu ao doutor Odilon Ribeiro, na avenida João Machado. Um imóvel de considerável valor arquitetônico e histórico, símbolo de uma época de nossa cidade, de uma sociedade e de conjunturas econômico-sociais desaparecidas, mas que resistem, como testemunho a ser devidamente preservado, na pedra e no cal da casa desabitada há tempos, mesmo que não de todo abandonada, eis que ainda guarda livros e algum mobiliário do culto proprietário falecido, conforme mostrou recentemente o atento jornalista Kubitscheck Pinheiro nas redes sociais.
O pensamento é uma faculdade singular da mente, capaz de processar informações, formular ideias e conceitos, e conceber soluções para os desafios da vida. Para além de um processo cognitivo, o pensamento é também um fenômeno complexo que ultrapassa as fronteiras individuais e se insere no contexto mais amplo do universo ao nosso redor.
Com o passar do tempo a gente vai se recolhendo, sumindo dos pontos ou lugares onde foram sedimentadas as mais fundas amizades. Onde está o clube dos meus antigos intervalos de redação? Dos meus dedos de prosa com Dr. Celso Mariz, com Rubin Falcão, com Mário Santa Cruz, com Luciano Wanderley, com Rivadávia Pereira Guedes? O meu Cabo Branco erguia-se desse calcário humano. E ficou neles, tão insubstituível quanto a cal das almas em suas paredes.
No calendário de Rômulo, o primeiro rei de Roma e seu fundador, o ano começava em março e tinha dez meses, cujos nomes primitivos eram Martius (em homenagem ao deus da guerra, Marte), Aprilis (nome relacionado a Apros ou Afros, designativo de Afrodite, nome grego da deusa Vênus, a quem abril era dedicado); Majus (em homenagem à deusa Maia, uma das Atlântidas, amada de Júpiter e mãe de Mercúrio), Junius (em homenagem à deusa Juno, equivalente à deusa Hera dos gregos), Quintilis, Sextilis, September, October, November e December. A relação de aprilis com
A que nos leva a saudade? A tentar, de algum modo, reconstruir memórias agradáveis que dão sentido ao passado e projetam no futuro a ânsia de repetição do prazer. Escondido e disfarçado nos labirintos do inconsciente, um alimento surgia, com recorrência, da infância: o pão... especificamente um determinado tipo de massa servido há muitos anos, no Convento dos Capuchinhos.
Todos os anos, no dia 31 de março, ele me dava os parabéns e contava como foi aquele dia complicado que eu resolvi nascer. Deixou mamãe na maternidade Frei Martinho, recomendou cuidados a enfermeira, prometendo um “agrado” e correu de volta pra casa: foi queimar os livros que poderiam ser taxados de “esquerda”. O medo já tinha se instalado no país com informações de um golpe dos militares. De repente, batem na porta. Eu imagino que ele deve ter se assustado. Era meu avô que chegou de surpresa, vindo do Recife, onde morava. Trazia uma “encomenda, para esconder aqui em João Pessoa”. Era meu tio Geraldo Kleber, que veio na mala do carro.
Estivemos em Braga, no final de semana passado (22-24/03), em casa de amigos brasileiros, que nos receberam muito bem. Conversa boa, regada a um bom vinho e bem apascentada com excelente comida e passeios por essa cidade aprazível e florida, apresentando em cada canto e recanto a sua herança histórica e cultural.
Um amigo confessou que quando vai a um bar é para ficar bêbado, porque se
não for assim ele nem sai de casa.
De uma certa maneira deu-se comigo o mesmo com relação a um livro que já
reescrevi uma dezena de vezes. Trato de uma temática arretada, personagens
incríveis e mesmo contado histórias com H, revelando muitas nuances nunca
O Brasil é isso aí mesmo. Fernando Henrique Cardoso
para João Moreira Salles
Para Rolando Boldrin
O Brasil é isso aí:
munganga de sagui,
moqueca de siri,
delícia de abacaxi
e licor de pequi.
O Brasil é isso mesmo:
um índio a esmo,
um negro forro,
tutu com torresmo.
O Brasil é isso:
um enguiço,
chouriço,
espinho de ouriço,