Caíram as folhas que vi nascer quando parti Não fui testemunha das aguadas e da prenhez da terra que alimentaram Apenas a meia-volta da memória se despede, vez ou outra E sigo na constância, e os dias, sim, brotam
CAÍRAM AS FOLHAS Caíram as folhas que vi nascer quando parti Não fui testemunha das aguadas e da prenhez da terra que...
Caíram as folhas
Caíram as folhas que vi nascer quando parti Não fui testemunha das aguadas e da prenhez da terra que alimentaram Apenas a meia-volta da memória se despede, vez ou outra E sigo na constância, e os dias, sim, brotam
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Itinerário Lírico de Campina Grande (II)
Branquinho feito algodão, aquele inhame. E quase tão macio. Estava, ali, na mais fumegante das três panelas de barro. A segunda continh...
Terapia na panela
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Sonetos para Fevereiro
Encontro-me pensando no passado... Minh’alma, flor rebelde, sem desgosto... Sorrisos abundavam no meu rosto... Um tempo frutuoso e desvairado. Hoje as dores encobertas que eu sinto... São fissuras que sangram ferimentos... São páginas rasgadas, são lamentos... Veredas tortuosas, labirinto.
Velho, não entardecido talvez Antigo sim. Me tornei antigo porque a vida, tantas vezes, se demorou. e eu a esperei como um rio aguard...
Mais uma volta ao redor do Sol
(Mia Couto)
(Albiege Fernandes)
Assim está o meu pequeno currículo.
Sou aquariana e amante da liberdade. E do sossego. Sou muito grata por ter nascido em meados dos anos cinquenta e ter assistido a transformação inimaginável do mundo. Final do século XX e começo do XXI. Quantas mudanças! e a tecnologia e junto com ela, a gente com um celular na mão e uma loucura na cabeça. Mas tenho que admitir que, sem essa maquininha, a minha vida e transformações íntimas não teriam sido possíveis – ficar viúva, ninho vazio, e morar sozinha. Essa simultaneidade das coisas e instantaneidade me dão companhia e a ilusão de pertencimento, mas, a essa altura, quem quer saber da verdade? Contento-me com a ilusão.
Com tantas décadas no lombo, vamos mudando também. Vou ficando mais parecida com meu pai, ensimesmada. Mas sem o seu xadrez, infelizmente. Sempre fui caseira, mas tinha um pé no mundo. Hoje bem menos. Ainda gosto da rua, mas o calor me deixa dormente.
Gosto de olhar para trás e ver tudo o que aconteceu comigo. Não tudo, claro. Se pudesse mudar, sim, mudaria alguns destinos. Quem nunca?
Festa? Lembro da personagem de Virginia Woolf, Mrs Dalloway, que vivia a dar festas. Uma forma de uma mulher naqueles tempos londrinos observar o mundo, se expressar e viver o mundo público. Eu já gostei muito de festas. Não por esses motivos. Mas também para me expressar dançando, beijando os meninos bonitos, e explodindo as alegrias da juventude. Lembro que nos meus 50 ofereci uma festa para a família e amigos chegados, no Parahyba Café, e amanhecemos o dia, eu e Juca dançando Caetano: “E agora, que faço eu da vida sem você?...você não me ensinou a te esquecer”.
Nos 60, eu estava enlutada e tivemos só um bolinho para a família no aconchego da minha casa. Hoje, com mais uma volta ao sol, completando essa data redonda, 70 anos, quadrada e triangular, agradeço – Gracias a la vida! Que me há dado tanto. E celebro com meus filhos, companheiras, neta, irmãs, sobrinhos e cunhados, a minha vida. Recentemente, tive sustos na saúde, sustos que chacoalham a nossa existência e temos que tirar forças outras para enfrentar a vida: que não vai te tratar bem...
Quem quiser que fale bem de uma idade dita terceira. Queria mesmo era voltar aos 40! Mas não temos opção e seguir em frente é a Pasárgada possível. Comerei pastel de nata, sim! Darei uns mergulhos no mar, e já tenho os meus desejos íntimos. Conquistas? Nunca são muitas. Mas nunca fui ambiciosa. Ter um chão iluminado. Comidinha quentinha na mesa e contas pagas. Saúde e alegria de viver. Quem já teve depressão e síndrome do pânico, sabe do que falo. Um vestido novo, um sorvete de pinha, um entardecer, uma boa noite de sono, são luxos. Mas, e o Carnaval? A loucura dele é um êxtase que me faz falta.
A finitude? Assusta sim. Os cabelos brancos nos lembram sempre dessa data num futuro próximo, mas gosto de pensar num futuro perdido nas nuvens, que não tenho controle, que ele só aconteça.
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Vício
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É natural encontrar anglicismos, na língua falada ou escrita. Isso pode acontecer em todos os idiomas: a adaptação de palavras de outras línguas que se tornam corriqueiras num determinado país.
Machado de Assis, em seu romance “Quincas Borba”, escreve que a inveja é “a admiração que luta”. O professor e historiador Leandro Karn...
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Duas notícias recentes: roubaram o busto de bronze (45 quilos) que adornava o túmulo de Nelson Rodrigues no cemitério São João Batist...