Antes de viajar para Portugal, onde permanecerá em temporada de observação da paisagem cultural e poética da qual falam escritores e poetas lusitanos, acertamos com o professor Milton Marques Júnior que, durante sua ausência, eu seria o guardião do pequeno tamarindo de Augustos dos Anjos, que floresce no Jardim de nossa Academia.
Há gramáticos, entre os quais Napoleão Mendes de Almeida, que repudiam como erradas as expressões tevê a cores e tevê de cores, e recomendam apenas tevê em cores, sob a alegação de que, no Brasil, não se diz tevê a preto e branco, mas apenas tevê em preto e branco. Na verdade, a expressão tevê em cores é menos vernácula do que tevê a cores, já que tevê em cores me parece um galicismo (Cf. télé en couleurs). Em Portugal, diz-se televisão a cores/a preto e branco. Ora, as preposições a, de e em, com frequência, se podem intercambiar em várias expressões, sem que se possa afirmar que apenas uma seja a correta. Senão vejamos: fogão à lenha / de lenha; panela de pressão / à pressão; vestido de muitas cores / em muitas cores;
Na véspera de Natal, Dª. Teresa desapareceu no shopping. Ela saíra de casa cedo para escapar dos congestionamentos comuns nessa época do ano. Levava uma lista com os inúmeros presentes que pretendia comprar. Estavam na relação os filhos, genros, noras, o porteiro do prédio, as empregadas, as manicures, o professor de ginástica, o terapeuta comportamental, os colegas da repartição e pessoas que a família ignorava mas, de alguma forma, compunham o seu círculo de relações. Ela sempre se sentira no dever de presentear a todos.
Possuo muitas bibliotecas perdidas em sonhos, que descrevem experiências que vivi. Não lembro de alguns detalhes saborosos de minha infância, mas recordo que meus pais me deram muito amor e carinho, que eu gostaria de rever em meus olhos. Queria tocar novamente aquela risada longa e espontânea, recheada de sorriso e abraço.
O Cristianismo é uma das maiores religiões do mundo, centrada na figura de Jesus Cristo e em sua doutrina. Jesus, conhecido como o Filho de Deus, é o pilar central do Cristianismo e sua vida e seus ensinos são registrados nos Evangelhos do Novo Testamento da Bíblia. Ele é reverenciado como o Salvador e o Messias, cuja missão foi trazer a salvação e reconciliação entre Deus e a Humanidade. Seus ensinamentos enfatizavam o amor, a compaixão, o perdão e a busca pela justiça, atraindo seguidores de todo o mundo.
85 anos viveu Nélida Piñon, uma das grandes da literatura brasileira. Falecida ano passado, 2022, em Lisboa, foi apanhada pelo “sopro da morte” em plena atividade, como sempre viveu, desde mocinha, essa valente descendente de espanhóis da Galícia, nascida no Rio de Janeiro em 1937. Filha única e sem filhos, tomou a si a responsabilidade de inscrever o nome familiar na história do Brasil, através da escrita, ofício a que se dedicou por inteiro e que lhe retribuiu com muitas glórias, inclusive a de ser a primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras.
Nestes anos mais recentes tenho ido à farmácia quase na mesma frequência que à padaria. Não é de agora. Mas só agora, sem muita estrada à vista, essa preocupação começa a tecer sombras e puxar lembranças a ponto de empanar-me os passos mais rotineiros.
A concepção médica da morte está fundamentada em critérios científicos que indicam a cessação irreversível das funções vitais do organismo. Para a medicina contemporânea, há dois principais tipos de morte: a morte cerebral e a morte clínica. A primeira ocorre quando há uma completa e irreversível perda de atividade cerebral, uma vez que o cérebro é fundamental para a regulação das funções vitais do corpo, como a respiração e a função cardíaca. O diagnóstico desse tipo de morte é feito com base em critérios rigorosos, como a ausência de atividade cerebral mensurável por eletroencefalograma e a confirmação de que a condição é irreversível. Já a morte clínica acontece quando há a cessação irremediável das funções cardíacas e respiratórias. Historicamente, o coração parado era o principal indicador de morte. Atualmente, porém, a morte cardíaca é confirmada por critérios bem mais rigorosos, que podem incluir a ausência de pulso e de atividade cardíaca detectável.
Neste ano de 2023, a publicação da obra A Paraíba e seus problemas, de José Américo de Almeida, paraibano de Areia, completou 100 anos. É, sem dúvida, um dos grandes vultos que a Paraíba forneceu ao Brasil. A natureza aguçada de José Américo de Almeida para a crítica social e sua dedicação aos estudos sobre a Paraíba resultaram, anos depois, na grande obra A Bagaceira, de 1928,
Ele foi morar por um tempo em Coimbra, onde passará quase um ano. Acompanhou a esposa — A Musa — professora Alcione Albertim, a grande companheira do também professor Milton Marques Júnior, cujo currículo se enriquecerá com pós-doutorado em literatura clássica na Universidade de Coimbra.
Há os que pensem ser invencionice minha os causos que rabisco nesta longeva e respeitável gazeta. Há uns que sim, raros, é bom que saibam. A maioria vou descobrindo em conversas de pé-de-ouvido entre uma talagada e outra, como ocorre algumas vezes no bar do Lulinha, ou os descubro rascunhados pelos muros da vida. É assim.
No outono de 1684, o grande poeta do período Edo, Matsuo Basho, passou pelo Monte Fuji, que estava escondido por névoa e chuva, mas Basho - monge leigo e autor de relatos de viagem poéticos - valeu-se da sua capacidade de “enxergar” através dos obstáculos. A montanha estava presente, em espírito. Ele estava feliz por sabê-la ali.
Recebo uma convocação, em forma de uma provocação benfazeja do meu amigo Stelo Queiroga, a partir de uma postagem que ele replicou no Facebook. A publicação chama a atenção para o fato de que poucos teriam percebido que a palavra “noite” é composta da letra “n” mais a palavra “oito”. Segue-se, então, uma lista com “noite”, nas mais conhecidas línguas latinas:
Adoro essa expressão. Principalmente quando quem a pronuncia põe antes as mãos “nos quartos”, começa com um “- Marminino” e em seguida acunha o “— Eu fico incrívi...”.
A Paraíba é terra fértil para esse tipo de reação. Aqui basta alguém chegar de fora com uma conversinha mole para emplacar o mais absurdo projeto. Quando faltam estrangeiros os Toinhos bitcoins locais suprem essa permanente necessidade de sermos iludidos com ideias tão estrambólicas que às vezes nem a minha reconhecida loucura é capaz de imaginar.
Em mim,
solidão e liberdade
andam de mãos dadas.
Solidão com poesia:
eis a melhor companhia.
Todos os dias
uma boa dose
de solidão
me embriaga.
A saudade passou
dentro de mim...
E deixou seu rastro.
Fui à minha
Torre conversar...
Encontrei apenas
sombras mortas ao luar.
Tomo, por empréstimo, o título da bela toada do cearense Luiz Vieira a fim de falar de uma das minhas grandes saudades: a que me remete, em cada fim de ano, às antigas festas do interior. Na verdade, elas por décadas existiram, também, em áreas históricas e bairros periféricos das Capitais.