Quando eu (flor) for arrancado do jardim, deixarei de ser flor. A noite é da lua, das estrelas, do bom vinho, da ce...

poesia paraibana raniery abrantes
 
 
 
Quando eu (flor) for arrancado do jardim, deixarei de ser flor.

A noite é da lua, das estrelas, do bom vinho, da cerveja, (des) encontros. É do mar, do vento, da maresia, da boemia, dos poetas, da poesia.

Velhas roupas e novas promoções podem ser atrativas no intervalo da TV que despeja centenas de bombas que ouvimos estrondar baixo. ...

melancolia angustia
Velhas roupas e novas promoções podem ser atrativas no intervalo da TV que despeja centenas de bombas que ouvimos estrondar baixo. No Sul do globo ocular os erros se repetem cometidos por outros. As caixinhas eletrônicas transmitem zilhões de informações consumidas aleatoriamente, que mal se consegue processar. O resultado é o julgamento sumário de realidades profundas. As cenas se sucedem entre o braço erguido

O mundo da filosofia e da escrita está repleto de grandes pensadores, filósofos e escritores que têm contribuído para o desenvolvimento...

O mundo da filosofia e da escrita está repleto de grandes pensadores, filósofos e escritores que têm contribuído para o desenvolvimento da humanidade ao longo dos séculos. Desde os tempos antigos até os dias atuais, esses indivíduos têm dedicado suas vidas à reflexão e ao questionamento, buscando compreender os mistérios da existência humana e do universo.

Retorno à leitura de A Nudez de Laura , de Ana Paula Cavalcanti, interrompida há dez anos, quando o romance foi lançado. Me peniten...

literatura paraibana ana paula cavalcanti
Retorno à leitura de A Nudez de Laura, de Ana Paula Cavalcanti, interrompida há dez anos, quando o romance foi lançado. Me penitencio porque passei tanto tempo sem penetrar nas entranhas dessa obra, que é recheado de episódios protagonizados por pessoas que se revelam portadoras de alma apaixonada.

Eis que uns pingos de chuva apanhados por mim me deixaram posto a sossego. O corpo dolorido como se houvera sido surrado, além da chuva...

medicina natural cura
Eis que uns pingos de chuva apanhados por mim me deixaram posto a sossego. O corpo dolorido como se houvera sido surrado, além da chuva travessa, uma tempestade de sola da popa à proa. O jeito foi me render.

Eu, historicamente, sujeito à amigdalite crônica, comecei a padecer a febre em braseiro, a rouquidão me fazendo assoviar pelas cordas vocais. Não quis incomodar o saudoso Ugo Guimarães , nem meu ex-colega de bancos ginasianos, o competente otorrinolaringologista Antônio Carvalho.

Walter Benedix Schönflies Benjamin (1892–1940) foi ensaísta, crítico literário, tradutor, filósofo e sociólogo alemão. Em seu livro...

Walter Benedix Schönflies Benjamin (1892–1940) foi ensaísta, crítico literário, tradutor, filósofo e sociólogo alemão. Em seu livro A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica (1934), o pensador alemão discorre sobre a importância da tradição cultural que a obra de arte irradia e como uma reprodução técnica desconstrói a originalidade e a memória afetiva na obra artística. Para ele, uma imagem estética tem um significado maior quanto mais autêntica for, uma vez que existem compreensões

De suas estranhezas notou-se primeiramente uma indisfarçável simpatia pela vida de caserna. Pois não é que, às...

literatura paraibana alberto lacet
De suas estranhezas notou-se primeiramente uma indisfarçável simpatia pela vida de caserna. Pois não é que, às vezes, chegava nos cantos subitamente marchando (entenda-se: você o via aproximar-se andando normalmente, quando, a poucos passos, assumia um andar retesado e o bater de pés dos que marcham, e isto apenas para – chegando junto a você – obedecer a uma imaginária ordem de Alto!), quando então estancava batendo um calcanhar no outro e prestando as continências militares, e só depois disto, voltando ele a normalidade da vida civil…Às vezes me pergunto: de onde viria aquilo lá… nele?

O filme Memórias de Paris (de Alice Winocour, 2022), no Festival de Cinema Varilux, tem como enredo os ataques terroristas em Paris ...

destino instante paris irreversivel cinema
O filme Memórias de Paris (de Alice Winocour, 2022), no Festival de Cinema Varilux, tem como enredo os ataques terroristas em Paris com foco num dos cafés atingidos.

A personagem principal, Mia (Virginie Efira), sai de um encontro com o marido depois de uma desculpa conveniente para ir a um encontro amoroso, e ela, por conta da chuva torrencial, resolve parar num Café. Fica a observar detalhes nos clientes. Duas moças que tiram selfie, um pescoço com um colar, uma outra que se dirige ao banheiro, um aniversário celebrado na mesa vizinha, um olhar sedutor do aniversariante, quando, de repente, uma explosão.

Li que o bilionário Jeff Bezos tem inve...

Li que o bilionário Jeff Bezos tem investido um dinheirão numa startup que pesquisa a imortalidade. Bezos, que já foi ao espaço, parece insatisfeito com a possibilidade de o homem explorar os domínios extraterrestres. Quer mais. Seu sonho é que no futuro possamos escapar de um evento que por excelência confirma a nossa condição animal – o fim da vida.

Quando ocorreu o aumento do consumo de ovos nos Estados Unidos surgiu o acolhimento inesperado e volumoso de pintinhos nas residências ...

horta caseira
Quando ocorreu o aumento do consumo de ovos nos Estados Unidos surgiu o acolhimento inesperado e volumoso de pintinhos nas residências daquele país. Parece uma nova linhagem de pets, e com uma segunda função nos lares americanos: fornecer comida.

O nome cardinal vem do adjetivo latino cardinalis, que significa “principal”, donde a expressão cardinales numeri, isto é, “números pri...

O nome cardinal vem do adjetivo latino cardinalis, que significa “principal”, donde a expressão cardinales numeri, isto é, “números principais, que servem de base a outros”. É da palavra cardinalis, latina, que vêm o substantivo cardeal para designar o prelado religioso e o adjetivo que designa os pontos principais de orientação (pontos cardeais).

Um gramático ensina que se deva dizer “anos sessentas”, flexionando-se o numeral cardinal. A ideia básica é a de que, se dizemos que há dois sessentas no número 6060, então devemos também dizer “anos sessentas”, já que a dezena se
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repete a cada ano: 1961, 1962, etc.. O argumento não é convincente, e a lição carece de respaldo documental, uma vez que não existe usuário culto da língua (escritor, filólogo, linguista) que pluralize o cardinal depois do nome.

O numeral cardinal tem basicamente duas funções semânticas e duas funções sintáticas, dependendo de sua posição em relação ao substantivo. Se vem antes do nome, o numeral cardinal participa da natureza do pronome indefinido, mas é quantificador determinado, e sua função semântica é de numerativo (na terminologia de Halliday e Hasan, no livro Cohesion in English, London: Longman, 1976, p. 40-41). Sintaticamente, é um adjunto adnominal. Nessa função, alguns numerais cardinais se flexionam, como um, dois e os terminados em –entos. Ex.: duas casas, duzentas obras. Mas, variando ou não, o numeral cardinal, na função semântica de numerativo e na função sintática de adjunto adnominal, é sempre um determinante do nome.

Quando vem posposto ao nome, porém, o numeral exerce função semanticamente classificatória e sintaticamente apositiva (aposto especificativo) e é invariável: prédio dois, casa um, apartamento cento e um, revólveres 38, calibre 45, anos sessenta.

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Em seu emprego isolado, isto é, como núcleo de um sintagma nominal, o numeral cardinal também funciona como um pronome indefinido, como um quantificador determinado. Cf.: “Pedro, José, Maria e Clara não voltaram ainda. Os quatro saíram cedo, todos com pressa.” Segundo Halliday e Hasan, p. 147 e ss. da obra citada, só existe elipse nominal quando o nome elidido é recuperável anaforicamente, e um termo periférico do nome elidido assume a função nuclear. Assim, o termo “os quatro” da frase acima, sujeito de “saíram”, não pressupõe a elipse de nenhum substantivo e equivale ao emprego de “todos”, sujeito da oração seguinte.

Quando se diz “prova dos noves”, “os oitos”, “os cincos”, o numeral passa a ser substantivo (derivação imprópria) e flexiona-se em número. Como substantivo, o numeral cardinal pode exercer uma função nuclear (de sujeito, de predicativo, de objeto direto,
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de objeto indireto, de complemento nominal) ou uma função periférica (de adjunto adnominal ou de aposto). Assim, por exemplo, temos: “Os quatros que ele desenhou parecem noves”, “Gostei dos oitos que ele desenhou” etc.

Em sua função classificatória, o numeral cardinal é invariável porque é um aposto especificativo, como em “professores adjuntos quatro”. Os termos que exercem a função de apostos especificativos pospostos ao fundamental, normalmente não se flexionam, como, por exemplo, sequestros relâmpago, desvios padrão, operários padrão, comícios monstro, vestidos laranja, tons pastel, elevadores Nacional, contas fantasma, cópias xerox, etc. Esses apostos às vezes se confundem com palavras compostas, como em: bananas-maçã, canetas-tinteiro, mangas-rosa, salários-família, em que o segundo elemento não varia por restringir a significação do primeiro ou por indicar-lhe destinação ou fim (como em navios-escola). Se o segundo elemento não restringe a significação do primeiro, ambos geralmente variam, como em: cartas-bilhetes, cirurgiões-dentistas, decretos-leis, etc. No caso do numeral, se ele exerce função classificatória (de aposto especificativo), só o fundamental varia: revólveres trinta-e-oito ( e não “trintas-e-oitos”), anos sessenta (e não “anos sessentas”). Se o aposto especificativo não for um numeral cardinal, ele pode confundir-se com um adjunto adnominal e flexionar-se, como em Casas Pernambucanas (Cf.: Casas Aurora, Livrarias Santana, Lojas Pet, Óticas Visual, etc.). Atente-se para o fato de que em nenhuma língua neolatina o numeral cardinal posposto ao nome se flexiona. Cf. “les années soixante”,
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“los años sesenta”, etc. Não há, pois, nenhuma razão para pleitear que o numeral posposto ao nome se flexione em português. Em italiano, o século pode ser designado pela centena que o caracteriza, como, por exemplo, “l'ottocento”, que indica o séc. XIX.

Equivocam-se, portanto, os que pleiteiam a flexão do numeral cardinal posposto ao nome. A única exceção se dá com o nome “página” (ou “folha”). Com “página”, no singular, o cardinal posposto fica sempre invariável; com “páginas”, no plural, o cardinal posposto pode flexionar-se em gênero: “à página dois”, “a páginas duas” (Cf. BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37 ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Lucerna, 1999. p. 207.) Essa concordância excepcional do cardinal posposto ao nome origina-se talvez da analogia com a expressão “a folhas tantas”, “a páginas tantas”.

A função classificatória também é exercida pelo pronome possessivo. Quando digo “meu livro”, estou dizendo que possuo o livro. Mas, quando digo “meu avião sai às 10h”, ou “minha poltrona no cinema é par”, não estou indicando posse, mas classificando.
José Augusto Carvalho, mestre em linguística pela Unicamp e doutor em letras pela USP, é autor da Gramática superior da língua portuguesa (Brasília: Thesaurus, 2011) e De língua e linguística (São Paulo: Cajuína, 2022), entre outros livros sobre língua portuguesa.

Gosto de falar do que entendo e do que vivenciei durante as quase cinco décadas que eu dediquei ao ensino. Por isto mesmo, em determ...

educacao leitura biblioteca
Gosto de falar do que entendo e do que vivenciei durante as quase cinco décadas que eu dediquei ao ensino. Por isto mesmo, em determinados momentos, acho importante fazer a diferença entre conhecimento e opinião, o que não constitui nenhuma novidade, tendo em vista que Platão cansou de fazer isto, nos embates de Sócrates com os sofistas. Para facilitar o entendimento, sugiro a leitura gostosa e rápida do diálogo Íon.

Mais um livro de Hildeberto Barbosa Filho (já são mais de sessenta), o mais produtivo autor paraibano em todos os tempos. E autor d...

hildeberto barbosa literatura paraibana
Mais um livro de Hildeberto Barbosa Filho (já são mais de sessenta), o mais produtivo autor paraibano em todos os tempos. E autor de indubitável qualidade, tanto na prosa como na poesia. Desta vez, trata-se de Da Volúpia do Erro – Pensamentos provisórios, Editora Ideia, João Pessoa, 2023, reunião de pequenos textos (os tais pensamentos) anteriormente publicados, aos poucos, no Facebook. Comecemos, então, pelo título, que é por onde todo livro começa.

Dos colonizadores empobrecidos (mas nobres ou aventureiros) ou cristãos-novos fugidos que aqui chegaram a partir de 1532 (São Vicente)...

familia holanda hollanda dom manuel
Dos colonizadores empobrecidos (mas nobres ou aventureiros) ou cristãos-novos fugidos que aqui chegaram a partir de 1532 (São Vicente) e de 1535 (Olinda), a maioria traz o DNA mesclado com o de Dom Egas Moniz IV, o Aio. Depois dele, o DNA mais comum é de Dona Tereza e Dom Henrique de Borgonha, pais de Dom Afonso Henriques.

Com a esticada dos meus dias, curto o privilégio de ver a cidade de 1951 com seus 119 mil habitantes, na grande e rica João Pessoa de h...

joao pessoa crescimento urbano
Com a esticada dos meus dias, curto o privilégio de ver a cidade de 1951 com seus 119 mil habitantes, na grande e rica João Pessoa de hoje, beirando o milhão. Rica, sim, com o metro quadrado de suas construções de elite o mais caro do Nordeste e um dos mais ansiados pelos que já renegam a angústia de vida no espaço-tempo das megalópoles.

Fui contemporâneo da escrita com pena, tinteiro e mata-borrão. Exigia que se escrevesse com leveza para não rasgar o papel. Sinto que...

tempo estudante escola antiga
Fui contemporâneo da escrita com pena, tinteiro e mata-borrão. Exigia que se escrevesse com leveza para não rasgar o papel. Sinto que o ato de escrever, naquele tempo, exigia maior concentração, no mínimo mais cuidado, até porque estudávamos caligrafia.