A filosofia de Leibniz é de discussão problemática, uma vez que grande parte de sua obra é fragmentária, faltando-lhe, muitas vezes, o devido cuidado de um processo de revisão, que poderia eliminar do corpo de sua obra certas inconsistências e incongruências. De outra banda, Leibniz aceita a lógica aristotélica de sujeito-predicado, o que, de certo modo, confundiu, para o público em geral, o sentido de seus estudos sobre a lógica matemática, tendo boa parte de sua obra produzida nesse campo vindo à tona somente no início do século XX. Uma de suas concepções
Importante é observar que o universo leibniziano é uma bem ordenada estrutura com amarração metafísica e ontológica, com elementos e conceitos filosóficos ecléticos (platônicos, aristotélicos, agostinianos, tomistas, luteranos, calvinistas e da revolução científica do então mundo moderno). Além disso, a chamada “harmonia preestabelecida” ocorre por obra de Deus, hipótese metafísica com a qual arremata seu sistema especulativo (é a cereja do bolo leibniziano). É essa elaboração racional que garante a perfeita correspondência
Leibniz, desde o início de sua produção intelectual, aspira à criação de uma ciência universal, que compile em si várias disciplinas, visando a uma organização cultural e política global. Teoriza, portanto, com bastante lucidez e pertinência, a diferença estrutural entre a pesquisa científica e a de cunho filosófico-metafísico. Com a revolução científica capitaneada por nomes como Galileu, Copérnico, Kepler, Bacon e, sobretudo, Descartes, o pensamento ocidental sofre uma reviravolta radical: extensão e movimento são então considerados causas suficientes para a explicação da realidade ontológica do mundo e de seus fenômenos.
Figura central na história da filosofia, nas áreas da metafísica e da lógica, bem como na história da matemática, Gottfried Wilhelm Leibniz (1646 – 1716) foi um pensador muito à frente de seu tempo, portanto bastante incompreendido entre seus pares. Contudo, devido ao caráter holístico e abrangente de sua obra e ao ecletismo de suas ideias, tornou-se, décadas após a sua morte em quase esquecimento, um dos principais nomes do racionalismo filosófico e da ciência matemática, com um poderoso pensamento hoje reconhecido e ainda em processo de tradução – dado que ele escrevia em latim e francês
Mestre de Aristóteles e discípulo de Sócrates, o ateniense Platão (427-347 a.c.) é considerado o “pai do idealismo”, epíteto que ele mesmo atribuía a Parmênides de Eleia. Pertencia a uma das famílias mais nobres de Atenas. Seu nome verdadeiro era Arístocles, mas recebeu o apelido de Platão (“de ombros largos”).
“A economia é o que sobra quando acaba a Política.”
“Gosto de Platão, mas gosto mais ainda da verdade.”
Essas são frases famosíssimas do homem que foi preceptor de Alexandre, o Grande, durante três anos. Embora Aristóteles de Estagira (384-322 a.C.), tal como seu mestre Platão, tenha vivido há cerca de dois mil e quinhentos anos, suas ideias permanecem vivas até os dias atuais, constituindo parte fundamental da cultura ocidental.
Um tal de José Domingos de Morais nasceu na cidade de Garanhuns, agreste pernambucano, oriundo de uma família humilde e numerosa. Seu pai, “mestre Chicão“, era um conhecido sanfoneiro e afinador de acordeons. Sua mãe poeticamente era conhecida como “Dona Mariinha”. Ambos, alagoanos.
Dono de uma prolífica discografia (sua produção vai de 1964 a 2010), desde menino José Domingos já se interessava por música, por influência do pai, que lhe dera uma sanfona de oito baixos. Aos seis anos de idade, aprendeu a tocar o instrumento e começou a se apresentar em feiras livres,
Que causa mais repulsa em você: bandidos fortemente armados explodindo caixas eletrônicos e empresas de vigilância privada ou crimes de desvio de dinheiro público? Qual dessas condutas é menos nociva a seus olhos? Talvez venha à tona a velha estória do ovo e da galinha...
Em que pese vivermos em uma sociedade em que o nível educacional ainda é bastante baixo, está ocorrendo uma lenta mudança de paradigmas, em decorrência da influência exercida pela mídia e pelas redes sociais na população de um modo geral.
Não foi à toa que o filósofo alemão do século XIX Arthur Schopenhauer recebeu o epíteto de “o filósofo do pessimismo”, pois via o mundo dos fenômenos como produto de uma vontade metafísica cega, colossal e maligna.
Sua filosofia foi influenciada por Kant, “o maravilhoso Kant”, como costumava chamá-lo. Partindo do idealismo transcendental de seu conterrâneo germânico, desenvolveu um sistema metafísico ateu e ético, buscando
Outro dia assistia ao premiadíssimo filme Argo, de Ben Affleck. O diretor me parece supervalorizado entre seus pares, ao passo que a película é um tanto inferior aos comentários grandiloquentes que recebeu. Mas o fato é que uma das cenas do longa retrata uma festinha de bastidores do cinema, na típica Califórnia dos anos setenta. Ao fundo, como trilha musical, Dance the Night Away, que fez que com eu retirasse do limbo uma banda que há muito não ouvia: o quarteto californiano de hard rock Van Halen.
Sócrates (469-399 a.C.) foi o exemplo vivo de como o pensamento crítico realmente incomoda as estruturas de poder de uma sociedade. Seu nome é um dos mais difundidos na cultura ocidental. Sua atitude de humildade diante do conhecimento resiste até nossos dias.
Para quem pregava que o corpo era a imagem da alma, poder-se-ia dizer que Sócrates não servia como um exemplo a ser analisado. Para muitos, portanto, a fealdade dele não se coadunava com sua pureza moral. Contudo, sua aparência é apenas
A epistemologia é basicamente o estudo do conhecimento humano. Há uma notável tríade de filósofos britânicos, além de Francis Bacon e Thomas Hobbes, que representam uma linha de pensamento que baseia a origem fundamental do conhecimento na experiência sensível. O ponto de partida é, por óbvio, o mundo exterior. Tal vertente de abordagem da realidade seria uma espécie de realismo ou materialismo, isto é, no processo de conhecimento, o que importa mais é o “objeto a ser conhecido” (a realidade, o mundo, os inúmeros fenômenos), e não o “sujeito conhecedor” (nossa consciência, nossa mente), substrato para elucubrações idealistas.
O pêndulo do pensamento ocidental oscila entre realidade e sonho, entre o mundo real e o substrato imaginário, entre o palpável e o intangível.
Há quem diga que a filosofia começou com o pensador, político, geômetra e astrônomo Tales, de Mileto, cidade situada na Jônia, litoral ocidental da Ásia Menor (atual Turquia). Foi uma época em que se iniciou a busca pela “substância primordial” (“arché”, em grego), que seria a matéria-prima de que são feitas todas as coisas.
Antes de mais nada, registre-se que este não é um texto alarmista, visto que não guarda semelhança com outros que pululam por aí, disseminados pelas redes sociais. É tão somente uma constatação da realidade que nos cerca. Ou, para ser menos combativo, um ponto de vista acerca de nosso
Foi o escritor norte-americano T. S. Eliot que a descreveu como “o ponto mais alto que a poesia já alcançou e jamais conseguirá alcançar”. Narrada em primeira pessoa e estruturada em cem cantos divididos em três cânticos com 33 cantos cada um (inferno, purgatório e paraíso), além de um cântico de abertura, A Divina Comédia, de Dante Alighieri, é um marco para a língua italiana moderna, utilizando dialetos e coloquialismos do vernáculo toscano e desafiando as convenções do latim tradicional da Idade Média.
O nome de batismo recebido por Platão, quando nasceu em 428 a.C., foi Arístocles. Poderíamos até dizer, em decorrência do nome que nos soa estranho, “pobre Arístocles!”. No entanto, Platão já despontou sólido, forte. Sua ascendência era nobre: seu pai, Aristo, era descendente de Codro, o último rei de Atenas; sua mãe vinha da linhagem de Sólon, notável legislador ateniense.
O filósofo prussiano Immanuel Kant (1724-1804) curiosamente se parece um pouco com uma boa parcela dos políticos e juristas: quase sempre está em cima do muro. Apesar disso, é por muitos considerado o principal pensador da era moderna. Nascido em Königsberg, passou toda a sua vida nesta cidade, em cuja universidade estudou e da qual se tornou professor.
Muitos estudiosos da literatura brasileira – do quilate de Otto Maria Carpeaux, José Guilherme Merquior, Luís Augusto Fischer e José Castello – dão a entender, curiosamente, em algumas de suas análises, que o nosso país parece ter grande afinidade com gêneros artísticos menores ou, pelo menos, considerados pela crítica como menores, tais como a crônica e a canção popular, em detrimento de outros tidos como maiores, como o romance e a sinfonia. Isso ficou mais evidente após a explosão da cultura de massa em nosso mercado moderno do século XX: corria
Flagrei-me ao lado do escritor, artista, crítico, intelectual e pensador Waldemar José Solha, e de sua adorável esposa Ione, quando os dois comemoravam, em Paris, suas bodas de ouro, em 2015.
Poder ter participado de uma tarde dentre os dias dessa festa é algo que guardarei comigo para sempre. Nos dias de hoje, invadido por redes sociais, em que vemos tantos casamentos de fachada, não é para qualquer um passar cinquenta anos de sua vida ao lado de outra pessoa.
Martinho Lutero foi, sem dúvida, um revolucionário. Foi ele que disse: “Confiem em Deus, não nos ‘autonomeados’ intérpretes de Deus.” Tal afirmação desafiadora à poderosíssima Igreja Católica Romana, com seu séquito interminável de exegetas da lei divina, hierarquicamente distribuídos em diversas funções eclesiásticas, muito tinha a ver com um tremendo feito do monge agostiniano: ele, em 1522, publicara a primeira versão vernácula,