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“Em minhas derivas, observando os mobiliários de iluminação pública, detectei algo que sempre me incomodava esteticamente nos centr...

arte daniel hora
“Em minhas derivas, observando os mobiliários de iluminação pública, detectei algo que sempre me incomodava esteticamente nos centros mais urbanizados: a completa desordem neste tipo de equipamento, especialmente no que tange aos fios e cabos que compõem as várias redes: elétrica, telefonia, internet, etc. Dessa forma, este caos me fez refletir esteticamente sobre ele e sublimá-lo, me dando as bases que eu precisava para expurgar essa minha ojeriza pelo aspecto mal acabado dos postes e instalações elétricas tão presentes.”

Existe um sentimento mais intenso no ser humano do que o amor? Por ele, muitos poemas, cartas, hinos e canções foram escritos. Por caus...

amor cancao musica poesia
Existe um sentimento mais intenso no ser humano do que o amor? Por ele, muitos poemas, cartas, hinos e canções foram escritos. Por causa dele, muitos ídolos foram levantados, chegaram ao poder e posteriormente derrubados. Em nome dele, muitos têm lutado, matado e morrido.

"As pessoas não querem ouvir sua opinião, querem ouvir a opinião delas saindo da sua boca". Ouvi essa frase de uma psicól...

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"As pessoas não querem ouvir sua opinião, querem ouvir a opinião delas saindo da sua boca". Ouvi essa frase de uma psicóloga que me levou a refletir sobre o tema: dar e ouvir opinião.

O Natal chegará, mesmo que ninguém mais saiba sua data exata, mesmo que alguns não acreditem, mesmo que não possuam árvore ornamentada...

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O Natal chegará, mesmo que ninguém mais saiba sua data exata, mesmo que alguns não acreditem, mesmo que não possuam árvore ornamentada para recebê-lo. Ele chegará.

A primeira vez que ouvi falar sobre o Apocalipse, o mundo para mim era pequeno demais, resumia-se apenas ao quintal da casa dos meus pa...

apocalipse juizo final
A primeira vez que ouvi falar sobre o Apocalipse, o mundo para mim era pequeno demais, resumia-se apenas ao quintal da casa dos meus pais. Pessoas morrendo, o planeta aquecendo, prédios desabando, tornados, ciclones, doenças, fome, nada disso cabia no meu universo infantil.

Viralizou na internet uma trend — algo que é repetido por várias pessoas nas redes sociais. O trecho do livro Memórias Póstumas de Brá...

Viralizou na internet uma trend — algo que é repetido por várias pessoas nas redes sociais. O trecho do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, se espalhou rapidamente: "ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver", frase que ressalta a visão irônica do personagem-defunto do livro.

Essa trend aconteceu devido ao compartilhamento de um vídeo de uma influenciadora norte-americana que teceu elogios ao romance e afirmou que é a melhor obra de todos os tempos: "Por que vocês não me avisaram que esse é o melhor livro já escrito?" Disse encantada.

Depois desse hit nas redes sociais, o livro liderou a vendas nas livrarias físicas e virtuais do Brasil. Confesso que não fiquei nada surpreso com a admiração de um gringo com a qualidade de uma obra brasileira, porque de fato temos artistas fabulosos. O que me surpreendeu foi uma "bolha da internet" ficar admirada com a grandeza dos artistas brasileiros.


Será mesmo que precisamos de uma "certificação" norte-americana para que possamos valorizar nossa cultura, nossa arte, nossos talentos? Será que ainda nos comportamos como colonizados que anseiam o aval dos colonizadores? Quantos YouTubers brasileiros já devem ter feito vídeos em redes sociais encantados com o romance machadiano, mas não viraram hit, por não terem o peso do aval de um gringo? Ou será tudo uma jogada mercadológica, uma estratégia de vendas, um publipost para aumentar a vendas de livros?

Deixando de lado os questionamentos e a trend — já que tende a ser passageira e possivelmente nas próximas semanas os caçadores de likes e views já terão esquecido até dos vermes do cadáver — passemos para um ponto altamente relevante desta reflexão: a atemporalidade de uma obra.

Para vocês terem noção, o livro Memórias Póstumas de Brás Cubas foi publicado pela primeira vez em 1881, é um dos livros mais traduzidos no mundo e há séculos é considerado um clássico da literatura brasileira, sendo estudado em escolas e universidades, e, ainda assim, segue sendo redescoberto por novas gerações. Esse é o lado positivo dessa trend: o acesso à literatura, uma vitrine democrática, apresentar os clássicos aos jovens leitores.

Recordei-me até do trecho de uma entrevista de Ariano Suassuna, em que ele faz a diferenciação entre êxito e sucesso. Faço questão de transcrevê-lo:

Ariano Suassuna
"Então, eu acho que a pessoa não deve procurar o gosto da moda. Eu faço muito a distinção entre êxito e sucesso. Pegue qualquer banda de rock atual que ela faz mais sucesso que Euclides da Cunha, mas Os Sertões é um livro que é um êxito muito maior, porque no século seguinte, no século XXII, ninguém vai mais se lembrar da banda de rock, mas se lembrarão de Os sertões”.

O Brasil tem o livro como esteio para seu povo e para sua identidade como nação. Memórias Póstumas de Brás Cubas não é só uma trend, uma visualização, não é só sucesso de vendas, é um êxito, é nosso esteio, a identidade do povo brasileiro e será sempre redescoberta por gerações e gerações, mundialmente. Como bem diz nosso dito popular brasileiro: para gringo ver.
SOBRE O AUTOR
babel babilonia
Paulo Henrique é mestre em Relações Internacionais, especializado em Linguística Aplicada, licenciado em Letras e graduado em Economia. É autor de vários livros, disponibilizados na Amazon, entre eles: "Poemas para Apaixonados, Magoados e Iludidos", "O Prazer nas Palavras", "O Amor se Acaba com o Tempo?" e "Fantásticas Estórias com 6 Palavras".