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“Onde aprender a odiar para não morrer de amor?” Lá está ela! Veste um casaco marrom sobre um vestido bege, e calça mocassins cor de t...

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“Onde aprender a odiar para não morrer de amor?”

Lá está ela! Veste um casaco marrom sobre um vestido bege, e calça mocassins cor de terra. Os cabelos, ainda que curtos e meio engordurados, esvoaçam ao vento da tarde. Uns fiapos de luz, que se coam pelo sobrecéu de folhas e galhos, deitam uns dourados intermitentes no rosto da mulher. Um rosto fino e ossudo, de maçãs salientes, um sulco profundo entre as sobrancelhas arqueadas. A boca, quase uma cicatriz.

Naquela manhã de sábado, ao entrar pelos fundos para guardar a bicicleta no quartinho, estaquei à porta da cozinha, alarmado e curioso com...



Naquela manhã de sábado, ao entrar pelos fundos para guardar a bicicleta no quartinho, estaquei à porta da cozinha, alarmado e curioso com a movimentação em casa. Tia Madrinha tentava consolar Mamãe de alguma aflição, e ela, entre um soluço e outro, murmurava, não, não pode ser possível, o Major Jacobina, não, e Dona Felícia martelava, que a notícia estava bem ali, estampada na primeira página do jornal, com fotografia e tudo mais, inclusive depoimentos de várias pessoas, que lesse, conferisse, e se acalmasse, afinal, não havia o que fazer, o ser humano era bicho de natureza escura e deslizante, pedra limosa em águas profundas, onde existia o sopro de uma alma, existiam dois ou três, quem sabe, mais. Em cada homem, minha querida, sentenciava Dona Felícia com voz consternada, há muitos homens.