Mostrando postagens com marcador Lau Siqueira. Mostrar todas as postagens

Pequenas cidades sempre encantam. O tempo é outro. Gosto de observar e até experimentar hábitos de quem, aparentemente, não tem pres...

interior cidade pequena paraiba cariri
Pequenas cidades sempre encantam. O tempo é outro. Gosto de observar e até experimentar hábitos de quem, aparentemente, não tem pressa. Também gosto de saborear as metrópoles. Por exemplo, às vezes tenho impressão de que São Paulo é um conglomerado de pequenas cidades. São Miguel Paulista é um exemplo. Parece cidade, mas é bairro. Há um toque de Tonico e Tinoco em cada executivo que caminha apressado na Avenida Paulista. Ah, mas existem também as cidades

Não tenho medo da morte. No balanço geral o meu saldo é positivo. Gracias a la vida siempre. Aos sessenta e quatro anos juntei bem mais...

poesia reflexos auto ajuda
Não tenho medo da morte. No balanço geral o meu saldo é positivo. Gracias a la vida siempre. Aos sessenta e quatro anos juntei bem mais que cabelos brancos. Criei filhas, vi nascer netos e neta. Plantei coentro e cebolinha. Gozei dentro. Escrevi poemas e publiquei livros. Ganhei algumas alegrias, perdi outras. Quando amei olhei nos olhos. Até aqui nada foi meia boca. Não há meias verdades na minha história. Dei cabeçadas. Não sei se aprendi. Acho que não. Algumas coisas a gente nunca aprende. Apenas se sabe que machuca, dói, sara e fica no grau para a próxima pancada. O sangue das emoções jorra na face. É sempre tudo muito claro. Quase ninguém percebe. Nem eu.

Lembro da amiga paulistana que levei para conhecer as belezas do litoral sul da Paraíba. Coqueirinho, Tabatinga e… Tambaba – nosso pa...

elegancia arrogancia artificialidade exagero
Lembro da amiga paulistana que levei para conhecer as belezas do litoral sul da Paraíba. Coqueirinho, Tabatinga e… Tambaba – nosso paraíso naturista. Convidei-a para entrar e recebi a melhor resposta: “não estou vestida adequadamente”. Nunca mais esqueci. Não achei engraçado. Apenas refleti sobre não estar com chapéu de palha e camisa xadrez numa festa junina. A nudez só existe de fato quando fechamos os olhos. Nudez de verdade é pensar e sentir. Uma pele apartada da poeira no forró de feira que é existir.

TEOREMA tudo passa tudo sai de cena gente bicho tema nem sempre é eterno o que cabe no poema às vezes é só uma sede extrema C...

poesia paraibana lau siqueira
  • TEOREMA tudo passa tudo sai de cena gente bicho tema nem sempre é eterno o que cabe no poema às vezes é só uma sede extrema
  • CORAGEM
    viver é voar além do ninho no sopro do abismo no olho do redemoinho
  • FILOSOFREE dialogar com o vento mesmo sem ar eu tento

Nascer se nasce em qualquer lugar. Todavia quando perguntam de onde eu sou, fico confuso. Nasci em Jaguarão-RS, mas minhas filh...

brasil extremos monte roraima paraiba
Nascer se nasce em qualquer lugar.

Todavia quando perguntam de onde eu sou, fico confuso.

Nasci em Jaguarão-RS, mas minhas filhas nasceram na Paraíba. Nasci de novo em cada uma delas.

Minha neta mais velha e meu neto mais novo também nasceram na Paraíba. Meu neto João nasceu em Roraima. Neles e nela ainda estou crescendo.

Desde que mudei de vez para o Nordeste - e lá se vão trinta e sete anos – muitas coisas me encantam. Especialmente o jeito de falar, os...

nordeste expressoes linguagem oxente
Desde que mudei de vez para o Nordeste - e lá se vão trinta e sete anos – muitas coisas me encantam. Especialmente o jeito de falar, os sotaques, as expressões. Tudo me aqui apaixona. É muita riqueza e diversidade num só povo. Certamente, um dos lugares mais apaixonantes é a minha Paraíba “réa”. Nos primeiros tempos, lembro de ir a uma bodega perto de casa comprar algo e a pessoa dizia: “tem não”. Acostumado ao sim e ao não, ficava sempre com o verbo seco e derrapava no entendimento. Por exemplo:

A tristeza é um tipo de tatuagem. Nunca mais sai da pele. Não impede a alegria, mas fica por lá. Impregnada com suas formas e cores. A ...

auto ajuda tristeza alegria
A tristeza é um tipo de tatuagem. Nunca mais sai da pele. Não impede a alegria, mas fica por lá. Impregnada com suas formas e cores. A tristeza, assim como a tatuagem, nasce com o nosso consentimento. Nunca existe um culpado. A nossa tristeza apenas revela a autonomia do acaso. Geralmente é fruto de uma sedução estremecida ou de um equívoco só nosso. Por isso as alegrias podem até sobrepor a tristeza como a espuma e a água podem sobrepor momentaneamente a tatuagem. Mesmo que a tatuagem permaneça inalterada.

    DOMINGO DE PÁSCOA esperei a mansidão da manhã e os primeiros acervos coloridos do sol esperei ouvir a ladainha dos pardais e ...

poesia paraibana lau siqueira domingo pascoa
 
 
DOMINGO DE PÁSCOA
esperei a mansidão da manhã e os primeiros acervos coloridos do sol esperei ouvir a ladainha dos pardais e o alerta indiscreto dos bem-te-vis uma noite inteira sumido na mansidão da espera recolhi os mantos invisíveis da ausência e as resinas decompostas do sereno

Ah, esses meus delírios crônicos! Verdadeiros bálsamos que me salvam das agonias da existência. Vivo um tipo de luta permanente do bem co...

voltaire filosofia bom humor
Ah, esses meus delírios crônicos! Verdadeiros bálsamos que me salvam das agonias da existência. Vivo um tipo de luta permanente do bem contra o lau. Sou um tanto clown. Eis a principal fonte de inspiração das minhas galhofas. Nunca rio ou faço chacota de ninguém, pois tenho muito a rir de mim mesmo. Gosto de gente que ri. Só não gosto de gente perfeita. Gente que não dá defeito. Às vezes até gosto. Mas gosto desgostando e sobretudo, não confio.

Nunca tive muita frescura com comida. Não tenho preferências. Comida para mim sempre foi um detalhe necessário. Tem que comer e pronto. Nu...

comidas cultura gastronomia nordestina vegano coalhada
Nunca tive muita frescura com comida. Não tenho preferências. Comida para mim sempre foi um detalhe necessário. Tem que comer e pronto. Num determinado período da vida, radicalizei. Virei macrobiótico. O problema era a pouca popularidade dessa dieta naquele tempo. Início dos anos oitenta em Porto Alegre. Eu caminhava para uma vida refinada, de maiores cuidados comigo mesmo. Almoçava na Associação Macrobiótica de Porto Alegre e seguia para a Discoteca Pública Natho Hen, ouvir quase sempre o mesmo disco: Oito Sonatas para Flauta e Cravo, de J. S. Bach.

Tenho várias manias e cacoetes. Sobretudo uma mania que considero muito boa. Aliás, me orgulho dessa mania. Sempre me dá bons retornos. Ad...

literatura paraibana mercado publico feira livre honestidade
Tenho várias manias e cacoetes. Sobretudo uma mania que considero muito boa. Aliás, me orgulho dessa mania. Sempre me dá bons retornos. Adoro visitar mercados públicos. Quando visito uma cidade, a primeira pergunta que faço é: “onde fica o mercado municipal?” Do jeito que adoro mercados, detesto shoppings. Em Itaporanga, no sertão da Paraíba, comprei algumas corujas esculpidas em madeira. Obras magníficas do saudoso Mestre Gabriel, artesão reconhecido. Gente de primeira qualidade. No Mercado de São Luiz do Maranhão, fiz algumas compras e ganhei preciosidades. CDs de um grupo de Boi de Matraca. Uma lindeza só. Em Belém do Pará, comprei um prato de cerâmica Marajoara (foto que ilustra esse texto) que ainda hoje está na minha sala.

Um dos muitos livros que li na juventude foi "O ovo apunhalado", de Caio Fernando Abreu. Nem de longe é o seu livro mais conhec...

literatura paraibana reflexao envelhecimento vaidades juventude velhice melhor idade
Um dos muitos livros que li na juventude foi "O ovo apunhalado", de Caio Fernando Abreu. Nem de longe é o seu livro mais conhecido, mas ainda hoje lembro do conto que falava de um hippie que se sentava numa calçada e, todos os dias, desenhava o rosto de um burocrata engravatado que morava no prédio ao lado. O homem observava tudo e não dizia nada. Apenas passava em silêncio. Depois de algum tempo sua curiosidade virou inquietação. Pediu para ver os desenhos e foi prontamente atendido. A sequência de retratos mostrava o tal engravatado envelhecendo.

A memória é uma espécie de armadilha. Para o poeta Wally Salomão, “uma ilha de edição”. Ou quase isso. Bem mais algumas vezes. Alçapão esc...

literatura paraibana passaros prisao aprisionamento liberdade gaiola lau siqueira
A memória é uma espécie de armadilha. Para o poeta Wally Salomão, “uma ilha de edição”. Ou quase isso. Bem mais algumas vezes. Alçapão escondido na mata esperando o pássaro. Quando menos se espera canto e voo se entregam em troca de migalhas. A partir de então, só o que foi aprisionado existe. Um canto triste para a alegria cruel dos seres esmaecidos. Aprisionado, o voo não se mantém na insuficiência das asas. Beleza que sangra num passear serelepe pelos poleiros. Movimentos que parecem graciosos, mas são tristes. Do mais puro desespero nasce o canto. Tristes penas cumpridas sem condenação.

Viver é caminho sem volta. Cada momento, cada dia. Toda conversa com amigos no bar é infinita. As grandes e as pequenas emoções vividas. T...

literatura paraibana lau siqueira digressoes reflexoes amor maturidade sabedoria verdades desencontros
Viver é caminho sem volta. Cada momento, cada dia. Toda conversa com amigos no bar é infinita. As grandes e as pequenas emoções vividas. Tudo parece banal, mas não é. Nunca mais aquele momento irá se repetir. Parece óbvio, mas também parece óbvio que as pessoas desprezam o óbvio e pagam caro por isso. Do que se apresenta como desprezível ao que há de mais relevante, o tempo não perdoa. A vida vai nos engolindo aos poucos e se formos indigestos, vomita nossos sonhos um por um.

Essa quarentena vai deixar marcas profundas. Não tenho dúvidas. Até minhas mãos não são mais as mesmas. Minha casa já não é vista com os mes...



Essa quarentena vai deixar marcas profundas. Não tenho dúvidas. Até minhas mãos não são mais as mesmas. Minha casa já não é vista com os mesmos olhos. Percebo, por exemplo, que alguns livros lidos e lindos pediam uma nova leitura. Pacientes, esperaram anos a fio. As amizade distantes nunca estiveram tão perto. Esse hiato na vida de um escritor, entretanto, tem de tudo.

Descubro que as utopias estão transmutadas. Alegorias do cotidiano passeiam pela sala. Estamos com a vida minimalizada. Com medo do medo que sentimos. Mas na verdade eu só queria dizer que não aguento mais lavar panelas.



Fico pensando em Alana, minha companheira, meu maior amor do mundo. Médica e tanta coisa na vida. Sensibilidade à flor da pele. Tem duas filhas ainda crianças, país idosos, pai doente. Vai pra luta com garra, sabendo dos riscos, coração em chamas.

Estamos separados por uma pandemia, mas, mais perto que nunca um do outro. Assim estão vivendo milhares de profissionais da saúde neste momento. Se podemos ajudar? Claro que sim. Vamos ficar em casa. Vamos pensar que tudo isso vai passar. Vamos transmitir o vírus da alegria e do amor. A única certeza que tenho é do abraço gigante que tenho aqui guardado.



Trabalhei na área social da prefeitura, um tempo, e tive lições doídas e inesquecíveis. Certo dia, numa visita ao Timbó, uma comunidade muito pobre, perto de onde moro hoje, uma senhora me contava sobre aS suas dificuldades na vida.

Moravam onze pessoas num casebre de dois cômodos, com o esgoto correndo por trás do cômodo que era a cozinha. Em tempos de quarentena, a lembrança de uma frase dela me atingiu como uma facada:

- Meu filho, aqui quanto todos deitam para dormir, ninguém pode andar em casa.

(excertos da Web)

Os dias se arrastam com uma uma velocidade sem limites. No entanto, sabemos que nada saiu do lugar. As ruas estão plenas: caos e si...



Os dias se arrastam
com uma uma velocidade
sem limites. No entanto,
sabemos que nada saiu
do lugar.

As ruas estão plenas:
caos e silêncio na espera
de uma normalidade tão
mais louca que a memória
das noites sem estrelas,
sem nuvens, sem lua...

Aquelas que pesam. Perdem
altitude. As que escondem
nossos passos. Comem nossas
sombras e prometem não
amanhecer.

Um inimigo invisível corre
pelas calçadas com motivos
para destruir. Devastando
o silêncio que somos quando
nos tiram o ar.

A morte e a vida caminham
lado a lado. Trocam flores
e trocam tapas. Se escondem
no medo de nunca mais voltar.

(suspiro)

Hoje foi um dia sisudo.
Troquei sementes de cedro
e jacarandá. Não porque
sejam eternas, mas por
serem a própria resistência.

O ignóbil passeia nas redes.
A farsa grotesca da miséria
não esconde a tristeza ou
a tatuagem sangrada dos
que não temem a eternidade.

Mas quando amanhecer
ainda estaremos aqui.
Vamos comer o que sobra
da vida que pouco temos.

Outros serão metade, ou
quem sabe até bem menos.
Alguma coisa invisível
nos jogou contra a parede.

Tudo é mar e tudo é sede.

No alto de um prédio
tremula uma sentença.
Estamos seguros como
o suicida antes do salto.

É bárbaro o que não voa,
mas nos joga pelos ares.
Como se fôssemos
a dobra de toda leveza.

A vida é um susto.
E eu abri mais uma
cerveja.


Primeiro cuida do jardim. Depois convida os pássaros e as abelhas. As borboletas e as lagartas. Beija-flores e vagalumes. Estamos cuidand...


Primeiro cuida do jardim. Depois convida os pássaros e as abelhas. As borboletas e as lagartas. Beija-flores e vagalumes.

Estamos cuidando do quintal no Casarão dos Azulejos. Eis aqui o Jardim das Palavras, onde acontecem projetos como o Quintas de Primeira, o Conversas Tocadas...

Livros, violinos, trompetes, flores, pássaros... e gente. Gente que gosta de gente. Gente que gosta de bicho. Gente que gosta de arte. Gente que gosta de cuidar...

Eis a revolução!



Escutei de longe André falando sobre leitura e lembrando das histórias que sua mãe contava.

Então lembrei da minha mãe. Dona Joanna também me contava histórias. Lia cordéis pra mim. Me contava as histórias de cangaço contidas nos cordéis. Me trouxe contos de castelos e princesas, do bem e do mal, histórias de bondade, de aventura, de humanidade.

Mas também as trágicas como a história do sapo que foi de carona para uma festa no céu e voltou voando sozinho. Agora imaginem o desespero da narração. Ao ver que iria cair sobre uma pedra, o sapo dizia: “abre-te pedra se não te racho”. (hahaha)

Minha mãe não só me ajudou a gostar de histórias. Ela me ensinou que ler é inevitável e que, portanto, a gente precisa aprender a ler cada vez mais e melhor.

(Excertos do cotidiano web)