Pequenas cidades sempre encantam. O tempo é outro. Gosto de observar e até experimentar hábitos de quem, aparentemente, não tem pres...
Lições do Cariri
Não tenho medo da morte. No balanço geral o meu saldo é positivo. Gracias a la vida siempre. Aos sessenta e quatro anos juntei bem mais...
Sobre tristeza e loucura
Lembro da amiga paulistana que levei para conhecer as belezas do litoral sul da Paraíba. Coqueirinho, Tabatinga e… Tambaba – nosso pa...
A elegância invisível
TEOREMA tudo passa tudo sai de cena gente bicho tema nem sempre é eterno o que cabe no poema às vezes é só uma sede extrema C...
Degraus
- TEOREMA tudo passa tudo sai de cena gente bicho tema nem sempre é eterno o que cabe no poema às vezes é só uma sede extrema
- CORAGEM
viver é voar além do ninho no sopro do abismo no olho do redemoinho
- FILOSOFREE dialogar com o vento mesmo sem ar eu tento
Nascer se nasce em qualquer lugar. Todavia quando perguntam de onde eu sou, fico confuso. Nasci em Jaguarão-RS, mas minhas filh...
Sou cidadão dos extremos?
Todavia quando perguntam de onde eu sou, fico confuso.
Nasci em Jaguarão-RS, mas minhas filhas nasceram na Paraíba. Nasci de novo em cada uma delas.
Minha neta mais velha e meu neto mais novo também nasceram na Paraíba. Meu neto João nasceu em Roraima. Neles e nela ainda estou crescendo.
Desde que mudei de vez para o Nordeste - e lá se vão trinta e sete anos – muitas coisas me encantam. Especialmente o jeito de falar, os...
Eita, gota serena!
A tristeza é um tipo de tatuagem. Nunca mais sai da pele. Não impede a alegria, mas fica por lá. Impregnada com suas formas e cores. A ...
Sobre as tristezas tatuadas
DOMINGO DE PÁSCOA esperei a mansidão da manhã e os primeiros acervos coloridos do sol esperei ouvir a ladainha dos pardais e ...
Domingo de Páscoa
esperei a mansidão da manhã e os primeiros acervos coloridos do sol esperei ouvir a ladainha dos pardais e o alerta indiscreto dos bem-te-vis uma noite inteira sumido na mansidão da espera recolhi os mantos invisíveis da ausência e as resinas decompostas do sereno
Ah, esses meus delírios crônicos! Verdadeiros bálsamos que me salvam das agonias da existência. Vivo um tipo de luta permanente do bem co...
Sobre ir e Voltaire
Nunca tive muita frescura com comida. Não tenho preferências. Comida para mim sempre foi um detalhe necessário. Tem que comer e pronto. Nu...
O enigma da coalhada
Tenho várias manias e cacoetes. Sobretudo uma mania que considero muito boa. Aliás, me orgulho dessa mania. Sempre me dá bons retornos. Ad...
O lado bom do Brasil real
Um dos muitos livros que li na juventude foi "O ovo apunhalado", de Caio Fernando Abreu. Nem de longe é o seu livro mais conhec...
Precisamos aprender a conviver com o espelho
A memória é uma espécie de armadilha. Para o poeta Wally Salomão, “uma ilha de edição”. Ou quase isso. Bem mais algumas vezes. Alçapão esc...
Sempre o mesmo pássaro
Viver é caminho sem volta. Cada momento, cada dia. Toda conversa com amigos no bar é infinita. As grandes e as pequenas emoções vividas. T...
Quando sonhar não basta
Essa quarentena vai deixar marcas profundas. Não tenho dúvidas. Até minhas mãos não são mais as mesmas. Minha casa já não é vista com os mes...
Retraços da pandemia
Essa quarentena vai deixar marcas profundas. Não tenho dúvidas. Até minhas mãos não são mais as mesmas. Minha casa já não é vista com os mesmos olhos. Percebo, por exemplo, que alguns livros lidos e lindos pediam uma nova leitura. Pacientes, esperaram anos a fio. As amizade distantes nunca estiveram tão perto. Esse hiato na vida de um escritor, entretanto, tem de tudo.
Descubro que as utopias estão transmutadas. Alegorias do cotidiano passeiam pela sala. Estamos com a vida minimalizada. Com medo do medo que sentimos. Mas na verdade eu só queria dizer que não aguento mais lavar panelas.
Fico pensando em Alana, minha companheira, meu maior amor do mundo. Médica e tanta coisa na vida. Sensibilidade à flor da pele. Tem duas filhas ainda crianças, país idosos, pai doente. Vai pra luta com garra, sabendo dos riscos, coração em chamas.
Estamos separados por uma pandemia, mas, mais perto que nunca um do outro. Assim estão vivendo milhares de profissionais da saúde neste momento. Se podemos ajudar? Claro que sim. Vamos ficar em casa. Vamos pensar que tudo isso vai passar. Vamos transmitir o vírus da alegria e do amor. A única certeza que tenho é do abraço gigante que tenho aqui guardado.
Trabalhei na área social da prefeitura, um tempo, e tive lições doídas e inesquecíveis. Certo dia, numa visita ao Timbó, uma comunidade muito pobre, perto de onde moro hoje, uma senhora me contava sobre aS suas dificuldades na vida.
Moravam onze pessoas num casebre de dois cômodos, com o esgoto correndo por trás do cômodo que era a cozinha. Em tempos de quarentena, a lembrança de uma frase dela me atingiu como uma facada:
- Meu filho, aqui quanto todos deitam para dormir, ninguém pode andar em casa.
(excertos da Web)
Os dias se arrastam com uma uma velocidade sem limites. No entanto, sabemos que nada saiu do lugar. As ruas estão plenas: caos e si...
Uma máscara cairá sobre o seu rosto
Os dias se arrastam
com uma uma velocidade
sem limites. No entanto,
sabemos que nada saiu
do lugar.
As ruas estão plenas:
caos e silêncio na espera
de uma normalidade tão
mais louca que a memória
das noites sem estrelas,
sem nuvens, sem lua...
Aquelas que pesam. Perdem
altitude. As que escondem
nossos passos. Comem nossas
sombras e prometem não
amanhecer.
Um inimigo invisível corre
pelas calçadas com motivos
para destruir. Devastando
o silêncio que somos quando
nos tiram o ar.
A morte e a vida caminham
lado a lado. Trocam flores
e trocam tapas. Se escondem
no medo de nunca mais voltar.
(suspiro)
Hoje foi um dia sisudo.
Troquei sementes de cedro
e jacarandá. Não porque
sejam eternas, mas por
serem a própria resistência.
O ignóbil passeia nas redes.
A farsa grotesca da miséria
não esconde a tristeza ou
a tatuagem sangrada dos
que não temem a eternidade.
Mas quando amanhecer
ainda estaremos aqui.
Vamos comer o que sobra
da vida que pouco temos.
Outros serão metade, ou
quem sabe até bem menos.
Alguma coisa invisível
nos jogou contra a parede.
Tudo é mar e tudo é sede.
No alto de um prédio
tremula uma sentença.
Estamos seguros como
o suicida antes do salto.
É bárbaro o que não voa,
mas nos joga pelos ares.
Como se fôssemos
a dobra de toda leveza.
A vida é um susto.
E eu abri mais uma
cerveja.
Primeiro cuida do jardim. Depois convida os pássaros e as abelhas. As borboletas e as lagartas. Beija-flores e vagalumes. Estamos cuidand...
Eis a revolução!
Primeiro cuida do jardim. Depois convida os pássaros e as abelhas. As borboletas e as lagartas. Beija-flores e vagalumes.
Estamos cuidando do quintal no Casarão dos Azulejos. Eis aqui o Jardim das Palavras, onde acontecem projetos como o Quintas de Primeira, o Conversas Tocadas...
Livros, violinos, trompetes, flores, pássaros... e gente. Gente que gosta de gente. Gente que gosta de bicho. Gente que gosta de arte. Gente que gosta de cuidar...
Eis a revolução!
Escutei de longe André falando sobre leitura e lembrando das histórias que sua mãe contava.
Então lembrei da minha mãe. Dona Joanna também me contava histórias. Lia cordéis pra mim. Me contava as histórias de cangaço contidas nos cordéis. Me trouxe contos de castelos e princesas, do bem e do mal, histórias de bondade, de aventura, de humanidade.
Mas também as trágicas como a história do sapo que foi de carona para uma festa no céu e voltou voando sozinho. Agora imaginem o desespero da narração. Ao ver que iria cair sobre uma pedra, o sapo dizia: “abre-te pedra se não te racho”. (hahaha)
Minha mãe não só me ajudou a gostar de histórias. Ela me ensinou que ler é inevitável e que, portanto, a gente precisa aprender a ler cada vez mais e melhor.
(Excertos do cotidiano web)