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POEMAS DO LIVRO “XXI Sombras (Editora COUSA – 2023) A PARTE METADE A parte metade, de todo inteira, (esse canto chão de me...


POEMAS DO LIVRO “XXI Sombras
(Editora COUSA – 2023)



A PARTE METADE
A parte metade, de todo inteira, (esse canto chão de meu ócio) é a música que visto, meu quarto de despir mentiras. Parte partida, fosca pela sujeira do repisar o pó; fosso cavado para assentar a paz.

POEMAS DO LIVRO “XXI Sombras (Editora COUSA – 2023) SONETO PARA A INCERTEZA E se os pés trocados na subida no horizonte viv...

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POEMAS DO LIVRO “XXI Sombras
(Editora COUSA – 2023)



SONETO PARA A INCERTEZA
E se os pés trocados na subida no horizonte vivo da vertigem fosse o rumo certo dessa vida de busca e perda, sem céu, sem origem Na imagem perdida em cada foto no suporte do poste, arrebol das nuvens, em plumas, como um horto de desejos, de enfim um portal

POEMAS DO LIVRO “XXI Sombras (Editora COUSA – 2023) MELODIA Se laço ou corda me fizeram refém de sua volta, vai melodia — e...

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POEMAS DO LIVRO “XXI Sombras
(Editora COUSA – 2023)



MELODIA
Se laço ou corda me fizeram refém de sua volta, vai melodia — esse estilhaço de eternidade — (nessa revolta interminável)

POEMAS DO LIVRO “XXI Sombras (Editora COUSA – 2023) Para meus filhos Canto primeiro Habita em mim um sem número de dester...

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POEMAS DO LIVRO “XXI Sombras
(Editora COUSA – 2023)



Para meus filhos

Canto primeiro
Habita em mim um sem número de desterrados, meus pares eternos, raízes que me circundam. Resmas e resmas de histórias perdidas, descartadas, um cotidiano de ossos e aboios de heróis impuros.

POEMAS DO LIVRO “XXI Sombras (Editora COUSA – 2023) MONÓLOGO Pode ser meia a dor que te consome? Viver, apreender pala...

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POEMAS DO LIVRO “XXI Sombras
(Editora COUSA – 2023)



MONÓLOGO
Pode ser meia a dor que te consome? Viver, apreender palavras, guardá-las no silêncio. O mormaço já está distante e os grãos da areia não povoam mais a mesma praia. A mãe, um vazio sem nome, os passos trocados do pai. A memória se movimenta para trás das cortinas e o esquecimento ocupa o palco dos nomes.

POEMAS DO LIVRO “XXI Sombras (Editora COUSA – 2023) O DECLÍNIO DO ÚLTIMO DIA Arde o sol na terra posta sobre o tropel dos c...

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POEMAS DO LIVRO “XXI Sombras
(Editora COUSA – 2023)



O DECLÍNIO DO ÚLTIMO DIA
Arde o sol na terra posta sobre o tropel dos compassivos.
Os restos de ontem combinam com os corpos de outras eras. São os mesmos mortos, as mesmas taças, o mesmo desperdício. A tradição das luvas e das meias,

POEMAS DO LIVRO “XXI Sombras (Editora COUSA – 2023) A MULHER QUE ME APRESENTOU A VIDA Não sei se o veneno tinha cheiro...

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POEMAS DO LIVRO “XXI Sombras
(Editora COUSA – 2023)



A MULHER QUE ME APRESENTOU A VIDA
Não sei se o veneno tinha cheiro de um sonho e a composição da cura passava por despertar um corpo, uma consciência (o mutilado se satisfaz com uma miragem da perfeição) Mas não me vesti com seu desejo, não me coube as cores de seu futuro, vesti-me de mim, esse ser salobro que se interroga a capacidade de amar

POEMAS DO LIVRO “XXI Sombras (Editora COUSA – 2023)     O poema corre contra o sol nascente para que se espalhe a sombra...

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POEMAS DO LIVRO “XXI Sombras
(Editora COUSA – 2023)


 
 
O poema corre contra o sol nascente para que se espalhe a sombra dos homens sobre as cores da Terra.


PORQUE CARECEMOS DA ILUSÃO
Precisamos de um novo herói, de um mago, de um mestre dos tempos, que nos corrompa e seja obsceno, que nos derrame o sangue de seu afeto e nos apresente os desígnios das nuvens.

POEMAS DO LIVRO “XXI Sombras (Editora COUSA – 2023) “Morte, tu me obrigas a mudar Nesta estufa em que meu corpo sua Todos os e...

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POEMAS DO LIVRO “XXI Sombras
(Editora COUSA – 2023)



“Morte, tu me obrigas a mudar
Nesta estufa em que meu corpo sua
Todos os excessos do século.”
Hélinand de Froidmont
“Os Versos da Morte – Século XII"


POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças” (Editora COUSA – 2022)   MANUAL DO SANTO AMPARO Apoio a cabeça em mão que ...

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POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças”
(Editora COUSA – 2022)



 
MANUAL DO SANTO AMPARO
Apoio a cabeça em mão que não é minha. Ela me batiza, me passa a unha, acaricia, desmancha o cabelo, me põe medo tampando os olhos, empurra o nariz

POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças” (Editora COUSA – 2022)   MANUAL PARA LOUVAR A POESIA Abençoado o terror dos...

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POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças”
(Editora COUSA – 2022)



 
MANUAL PARA LOUVAR A POESIA
Abençoado o terror dos dedos entregues à poesia madrugadora. Abençoado o menestrel das insurgências absurdas, das desculpas, do torvelinho, que late solto pelas cordilheiras. Abençoado o nascido sonolento, um passo atrás das urgências. Abençoado o talo da imensidão e o machado do corte, o soletrar dos vícios na paz dos escombros.

POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças” (Editora COUSA – 2022)   1° de janeiro Após o pão e circo, sigo em busc...

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POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças”
(Editora COUSA – 2022)



 
1° de janeiro
Após o pão e circo, sigo em busca da ciência de desinventar. No vazio do salão amanhecido ainda ressoam os ecos dos champanhes, os alaridos esperançosos, os sussurros de cumplicidade.

POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças” (Editora COUSA – 2022) MANUAL PARA FAZER BOLA DE GOMA DE MASCAR A goma...

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POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças”
(Editora COUSA – 2022)




MANUAL PARA FAZER BOLA DE GOMA DE MASCAR
A goma é urbana — ruminância humana.
Observar os preceitos do bom uso dos dentes, da forma de mascar, de sorver a abundância da saliva, remoer na mandíbula e repousar sobre a língua.

POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças” (Editora COUSA – 2022)   MANUAL DE SE ENVEREDAR EM CAMINHOS Os campos er...

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POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças”
(Editora COUSA – 2022)


 
MANUAL DE SE ENVEREDAR EM CAMINHOS
Os campos eram de um algo de desprezar estradas, percorrer vazios, recontar as sombras. Era um bastar-se despercebido. (Mesmo sem, era muito.) Preparar saltos, conter a fadiga.

POEMAS DO LIVRO “A arte do Zero” (Editora Arribaçã – 2021)   Quo Vadis Sou um devoto de pernas tortas, um desequilíbrio me p...

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POEMAS DO LIVRO “A arte do Zero”
(Editora Arribaçã – 2021)


 
Quo Vadis
Sou um devoto de pernas tortas, um desequilíbrio me preenche, uma crença na embriaguez (Um tom de cor que não percebem os olhos claustrofóbicos) Conforme os cartazes, não existo, uma impossibilidade me percorre como um sangue incolor

POEMAS DO LIVRO “A arte do Zero” (Editora Arribaçã – 2021)     Cacos do Zero Meus cacos ― grãos no deserto do sonho desfei...

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POEMAS DO LIVRO “A arte do Zero”
(Editora Arribaçã – 2021)


 
 
Cacos do Zero
Meus cacos ― grãos no deserto do sonho desfeito.


Zero hora
Sou o princípio, não passagem. momento-prece dos ponteiros rendidos ao capricho do tempo.


POEMAS DO LIVRO “A arte do Zero” (Editora Arribaçã – 2021)   A terra é plana no avesso do Zero. O início O Zero já in...

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POEMAS DO LIVRO “A arte do Zero”
(Editora Arribaçã – 2021)


 
A terra é plana no avesso do Zero.

O início
O Zero já inscrito na imensidão, boca aberta aguardando o verbo ― trocou os dentes.


POEMAS DO LIVRO “SONETOS EM CRISE” (Editora Mondrongo – 2019)   O QUE NÃO CABE A forma contida - este imbroglio, amarras de ...


POEMAS DO LIVRO “SONETOS EM CRISE”
(Editora Mondrongo – 2019)

 
O QUE NÃO CABE
A forma contida - este imbroglio, amarras de cizal ao vento, feixo de palavras, regalo, falso cabedal de um momento do poeta diante do espelho, de um olhar vaidoso, soberbo, lidando com a morte dos tolos no penduricalho do verbo, não basta ao real esquecimento retinto por outros no tempo como transitório alento.

Conheci Carlos Nejar em um almoço na casa de meu amigo e poeta capixaba, Oscar Gama Filho . Sempre admirei a obra de Nejar, uma exte...

Conheci Carlos Nejar em um almoço na casa de meu amigo e poeta capixaba, Oscar Gama Filho.

Sempre admirei a obra de Nejar, uma extensa e rica produção literária que comprova tratar-se de um dos maiores poetas brasileiros.

POEMAS DO LIVRO “SONETOS EM CRISE” (Editora Mondrongo – 2019)   MASSA DE PÃO O dote, esta maçã mordida; A voz, esta tinta d...


POEMAS DO LIVRO “SONETOS EM CRISE”
(Editora Mondrongo – 2019)

 
MASSA DE PÃO
O dote, esta maçã mordida; A voz, esta tinta de estar Nome, fugaz expectativa, Moinho dos ossos, o lar. Resmas, orvalhos e os espectros Restam postos, nomeando dias, Fermento gestando o passado, Massa de pão, refluxo, azia.