novembro 17, 2024
A energia de Carlos Aranha contagiou todos na noite em que lançou na Academia seu livro, “Nós / an insight” (poesia). Contagiou pri...
A energia de
Carlos Aranha contagiou todos na noite em que lançou na Academia seu livro, “Nós / an insight” (poesia). Contagiou principalmente a casa, que viu gente nova, de outras cogitações e auditórios, ocupando as cadeiras e reclamando a falta de espaços. Contagiou a crítica do acadêmico Hildeberto Barbosa, que foi da análise literária ao fervor poético.
novembro 17, 2024
novembro 10, 2024
Por mais próximo que Bayeux estivesse ou sempre esteja, meu olhar nunca se deteve em algo que se distinguisse como seu cartão postal. E...
Por mais próximo que Bayeux estivesse ou sempre esteja, meu olhar nunca se deteve em algo que se distinguisse como seu cartão postal. Em décadas e décadas de chegadas e saídas, de idas e vindas, a antiga Barreiras pouco passou de entrada ou saída para outros destinos. O ônibus entrando em Bayeux, cortando a avenida central que já foi incriminada como Corredor da Morte, e a intenção lá na frente, na ponte do Baralho ou subida de Álvaro Jorge e Matarazzo, que continuo avistando ainda que em ruínas ou cobertas de melão até que a Prefeitura ou o Estado possa transformar toda essa área abandonada num amplo recreio cultural com escola especial, centro de arte e praça de esporte aberto a todo aquele mundo pobre lá de baixo certamente rico de crianças.
novembro 10, 2024
novembro 03, 2024
Nem bem termino de ler as Elegias do poeta maduro, de Hildeberto Barbosa , expansão em ritmo de repente dos seus 70 anos, bate-me à p...
Nem bem termino de ler as Elegias do poeta maduro, de
Hildeberto Barbosa, expansão em ritmo de repente dos seus 70 anos, bate-me à porta a Regente final surgida das sombras no último fragmento do poema, dessa vez interrompida pelo desgarramento de
Vladimir Carvalho de sua obra. Obra que, por mais que eu tente comentar, pouco viria acrescentar a outra elegia, esta em prosa de Silvio Osias, escrita sob o imediato efeito da notícia e, paradoxal que possa parecer, de final feliz.
novembro 03, 2024
outubro 27, 2024
Saio do estacionamento na Marechal Deodoro com os olhos entrados no bangalô em frente, um modelo ao gosto de um século atrás, logo que...
Saio do estacionamento na Marechal Deodoro com os olhos entrados no bangalô em frente, um modelo ao gosto de um século atrás, logo que a cidade se estendeu em torno da Lagoa, espraiando-se modernosa entre Jaguaribe e Tambiá. Era a arquitetura do bem-estar da classe média nutrida pelo comércio que prosperava a leste, ladeira abaixo, até acostar ao porto colonial, ou privilegiada pelo status do funcionalismo. Inquilino na Alberto de Brito de Jaguaribe ou nas ruas da Torre, eu entretinha minhas idas e vindas diárias de olho grande nesses castelos encantados. Encantados por ficarem a rés dos meus passos e tão longe do meu emprego!
outubro 27, 2024
outubro 20, 2024
“Como foi bom te ver...” Operava-se nesta exclamação um milagre de supermercado, abelheiro em que nem sempre as vistas se dispõem a s...
“Como foi bom te ver...”
Operava-se nesta exclamação um milagre de supermercado, abelheiro em que nem sempre as vistas se dispõem a sair da lista de compras ou do chamariz das gôndolas.
outubro 20, 2024
outubro 13, 2024
Qual a praça, a rua, o parque, a vista, o horizonte que mais me toca nesta cidade inteiramente outra em relação à vila real que me ...
Qual a praça, a rua, o parque, a vista, o horizonte que mais me toca nesta cidade inteiramente outra em relação à vila real que me acolheu em meados do século passado? Vila na visão bairrista da cidade de onde saí, orgulhosa do seu comércio e da imponência de quase todas as estatísticas anteriores a 1970.
outubro 13, 2024
outubro 06, 2024
Praça foi feita para a gente sentar. Fiquei sozinho, numa noite dessas, num banco de praça que o prefeito montou no Retão de Manaíra...
Praça foi feita para a gente sentar. Fiquei sozinho, numa noite dessas, num banco de praça que o prefeito montou no Retão de Manaíra. Filha e netos mandaram parar no acostamento enquanto postavam uma encomenda nos Correios do outro lado.
outubro 06, 2024
setembro 29, 2024
Setembro era o mês de Nathanael Alves, 11 de setembro o seu dia. Se vivo fosse estaríamos levantando o cálice a estes 90 anos. Cálice, ...
Setembro era o mês de Nathanael Alves, 11 de setembro o seu dia. Se vivo fosse estaríamos levantando o cálice a estes 90 anos. Cálice, que sugere muitos sentidos, desde o sagrado aos extremos da dor.
setembro 29, 2024
setembro 22, 2024
Onde os índios se esconderam, se enfurnaram para subsistir está sob chamas. Atingidos pela fornalha ambiental da poluição , ateada pe...
Onde os índios se esconderam, se enfurnaram para subsistir está sob chamas. Atingidos pela fornalha ambiental da poluição , ateada pelo desmatamento incontrolável ou por mãos incendiárias?
setembro 22, 2024
setembro 15, 2024
Reencontro um livro de que me desfiz não sei como. Estou só, a casa no primeiro sono, a solidão da noite e o peso dos anos levando-me...
Reencontro um livro de que me desfiz não sei como. Estou só, a casa no primeiro sono, a solidão da noite e o peso dos anos levando-me juntos a recorrer à brochura encontrada por acidente num sebo pouco frequentado da Visconde de Pelotas. Ia a caminho da ótica, tombei numa saliência da calçada, indo bater entre as estantes do sebo. Deram-me água, retomei o fôlego e me vi com o olhar num livro de Palmeira, “O habitante do amanhã”.
setembro 15, 2024
setembro 08, 2024
Custa compreender como pessoas cultas e de sensibilidade para as vicissitudes da condição humana se agastem com programas sociais adota...
Custa compreender como pessoas cultas e de sensibilidade para as vicissitudes da condição humana se agastem com programas sociais adotados num país com dívida cinco vezes centenária a um povo que nasceu igual e foi encontrado plantando e colhendo com deveres e dádivas pacificamente iguais. País verde com seus arranha-céus cercados de montanhas que servem de painel ostensivo para a mais profunda desigualdade social num mundo ultramoderno. Triste e perigosa miséria, seja às margens do nosso pequeno rio Jaguaribe, em cujo pico se adensam os andares de luxo, ou da belíssima e universal Baía da Guanabara. Lá, aos olhos do mundo; aqui afrontando o deslumbre do mais novo turismo.
setembro 08, 2024
agosto 25, 2024
A carteira do trabalho é de março de 1954, quando o ministro Goulart propõe ao governo 100% de aumento ao salário mínimo. Eu traduzia t...
A carteira do trabalho é de março de 1954, quando o ministro Goulart propõe ao governo 100% de aumento ao salário mínimo. Eu traduzia telegrama no jornal O Norte e ganhava o mínimo, sem carteira, como revisor. Ganhava pouco, bem aquém do necessário, mas com leitura e intuição suficientes para invejar o texto enxuto, sem excrescência nem conectivos importados via radiotelegrafia.
Em entrevista para as “Memórias” de A União, Rubens Nóbrega, 22 anos depois de mim, também festeja a mesma experiência. Ler copiando nos atém muito mais ao significado ou valor de cada palavra ou construção, parecendo impregnar-se mais seguramente em nossa experiência cognitiva. Para o antigo tradutor, quando o lead chegou às nossas redações já nos encontrou meio desasnados pelas agências internacionais de notícia, que falseavam no conteúdo, mas nos iniciava na concisão e na forma.
agosto 25, 2024
agosto 18, 2024
Vivi desde fins do último julho, a partir das Olimpíadas, deslembrado da condição de idoso a não ser quando, a pé, ia à padaria ou à ...
Vivi desde fins do último julho, a partir das Olimpíadas, deslembrado da condição de idoso a não ser quando, a pé, ia à padaria ou à farmácia nas duas esquinas mais próximas. Apesar da pequena distância, os tropeços das calçadas arrastavam-me à dura realidade de uma cidade sem espírito público ainda que a crônica lírica chegue a consagrá-la como cordial. Cidade cordial, assim refletida em sua historiografia e no espírito representado por Coriolano, Celso Mariz, Carlos Romero, Crispim, Martinho Moreira Franco, seguidos sem hiato pela nova ou jovem crônica dos dias de hoje. Foi preciso que a Prefeitura, em gestão ainda recente, nivelasse no cimento toda a Beira-Rio e toda a Epitácio para advertir ou lembrar um espaço como direito ou prerrogativa humana.
agosto 18, 2024
agosto 11, 2024
A cachaça é tão antiga quanto o descobrimento do nosso país, mas foi sempre sonegada da crônica historiográfica como se tivesse chegad...
A cachaça é tão antiga quanto o descobrimento do nosso país, mas foi sempre sonegada da crônica historiográfica como se tivesse chegado no matulão dos degredados.
agosto 11, 2024
agosto 04, 2024
Nesta véspera de aniversário da cidade, palmas primeiro para o fotógrafo Leonardo Ariel ao flagrar dois jovens restauradores em passara...
Nesta véspera de aniversário da cidade, palmas primeiro para o fotógrafo Leonardo Ariel ao flagrar dois jovens restauradores em passarada com os pelicanos do Cruzeiro num banho de restauração e simbolismo que pela primeira vez me surpreende nestes 73 anos de vida pessoense. A foto, um flagrante antológico tanto pela surpresa da arte quanto pelo significado, saiu publicada na 1ª página da nossa
A União da última sexta-feira (2).
agosto 04, 2024
julho 28, 2024
“É quase ininteligível que uma nação com o desenvolvimento dos Estados Unidos fosse entregue à direção de um ser tão inadequado quanto...
“É quase ininteligível que uma nação com o desenvolvimento dos Estados Unidos fosse entregue à direção de um ser tão inadequado quanto Donald Trump. E esteja ameaçada de repetir o desatino. Guardadas as proporções, o Brasil de Bolsonaro, a Venezuela de Maduro, a Argentina de Milei, apesar de tudo, não justificam tamanho desprezo do destino”.
É como reencontro o jornalismo de Jânio de Freitas, estranhamente despachado da Folha de S. Paulo onde alimentou consciências quarenta e mais anos seguidos. O parágrafo que abre este registro chega-me por conta de Paulo Emmanuel, um jovem da terceira geração de seus fiéis leitores que o resgata de publicação nova não sei se impressa ou virtual. Tão fiel quanto o nosso
Frutuoso Chaves, outro cultor de carteirinha de Jânio.
julho 28, 2024
julho 21, 2024
Não resisti ao apelo de quem pôs em livro o Café Alvear, o ponto de encontro perdido, aderindo a esta cidade ainda no tempo em que tod...
Não resisti ao apelo de quem pôs em livro o Café Alvear, o ponto de encontro perdido, aderindo a esta cidade ainda no tempo em que todas as pessoas se conheciam e fui ver, com o sol brando, o Ponto de Cem Réis em obra na nova versão de Cícero Lucena.
julho 21, 2024
julho 14, 2024
Veio a insônia, talvez o receio de me entregar aos fundões da noite, e acendi a luz da varanda como a procurar companhia. Num cantin...
Veio a insônia, talvez o receio de me entregar aos fundões da noite, e acendi a luz da varanda como a procurar companhia. Num cantinho ao lado da cadeira vegeta uma pilha de livros à espera de leitura. Entre eles — os demais que não se queixem — o Ulysses da professora Bernardina da Silveira, já que não fui adiante, por mais que se exigisse de um leitor de romances, o de James Joyce na tradução do grande Houaiss.
julho 14, 2024
julho 07, 2024
Para os da minha geração, a tendência mesmo é nos deixarem sem nada. Ainda me banho de poder usar o pronome num plural acanhado graças ...
Para os da minha geração, a tendência mesmo é nos deixarem sem nada. Ainda me banho de poder usar o pronome num plural acanhado graças à sobrevivência de uns pouco iguais na idade ou de contemporâneos aproximados, uns reclamando menos, outros mais, todos, porém, sem graça, no prejuízo dos seus mais enraizados costumes, devoções e lazeres.
julho 07, 2024
junho 30, 2024
Existem duas ladeiras escarpadas desaguando para a Rua da Areia das quais nunca me senti livre: a Feliciano Coelho e a Peregrino de Car...
Existem duas ladeiras escarpadas desaguando para a Rua da Areia das quais nunca me senti livre: a Feliciano Coelho e a Peregrino de Carvalho, que exigiam o máximo de nosso fôlego para se chegar ao cume que era a Rua Nova com o belo portal de sua biblioteca universal e, do outro lado, à Rua Direita, o sonho do meu primeiro emprego, base e mirante ansioso de quase tudo a que pude chegar na vida.
junho 30, 2024