Dona Zefinha é uma idosa que vive num sítio há muitos anos. A casa fica às margens de uma estrada; da janela da sala ela vê o movimento de...
Cachorros não comem pessoas?
Meu avô materno estava morrendo, e reuniu os filhos para se despedir. Com a voz debilitada, perguntou: “Vocês sabem onde fica o rio Pó?” ...
O padre e o nazista
Nenhum sabia onde ficava o rio Pó.
Nos anos de 1940, Cuité era um lugar mais conhecido por serra de Cuité ou lagoa de Cuité. Não tinha energia elétrica nem estrada, e as comunicações eram muito precárias. As notícias da Segunda Guerra eram anunciadas através do rádio e do Diário de Pernambuco.
Meu nome é Luiz e estou viajando há meia semana através de terras hostis, quase desertas. Não estou sozinho. Tenho a companhia de Augusto....
A conquista da montanha
COMO MUDEI MINHA VIDA Você não pode acreditar só em Deus, você não pode acreditar só em você, precisa acreditar em Deus e em você. É o...
Pequenas histórias, grandes lições
Você não pode acreditar só em Deus, você não pode acreditar só em você, precisa acreditar em Deus e em você. É o que Ele quer e espera. Veio o acidente e minha vida capotou, e foi tudo junto: sonhos, adolescência, todas as expectativas.
E quando você acha que está tudo perdido, você para e começa a pensar. E o que você precisa fazer?
Um rapaz andou dezenas de quilômetros para encontrar um mestre muito respeitado em sua aldeia por sua destacada sabedoria. Quando ali chego...
Duas grandes lições de um sábio
Ela tinha marcas no corpo e na alma, e estava decidida a mudar. Foi assim que Helena – ela me pediu para não revelar seu nome verdadeir...
O poder da decisão
Eu sou o que penso, e não o que quero. O pensar leva ao querer, é o querer quem provoca a ação. Ação sem querer é o mesmo que fazer sem vo...
Se pensar em morrer, vou morrer
Eu ouvi um grito, um ruído de pneus riscando o asfalto, vi uma bola atravessando a estrada. Olhei para um lado assustado, meu espanto se r...
Lágrima de menino
Aconteceu perto de casa, essa semana, quando eu voltava de viagem. Eu vinha desligado, pensando no mundo frenético, grande e fascinante que é lá fora.
Sempre que ouço Avôrai, uma das mais belas canções de Zé Ramalho, que fala do seu avô, um tipo bonachão e ao mesmo tempo árido como a terr...
Horácio não era Jesus
Ritinha surgiu na sala, de repente. Ao ver Luizinho, espantou-se. E não entrou. Surpreendida, quis fugir mas limitou-se a observá-lo. O c...
A tentação de Ritinha
Eu tinha dezesseis anos de idade, e isso já faz muito tempo, quando me mudei com minha mãe para Brasília. Meu destino era o hospital Sar...
Eu não queria morrer
O Sarah nascera como referência em reabilitação e reunia destacada equipe interprofissional, além de técnicas e equipamentos empregados com grande sucesso na Europa e Estados Unidos.
O menino se chamava Bem-te-vi e só estivera na escola ano e meio, depois não foi mais. Também a mãe não fazia questão, preferia que ficass...
A história de Zeca Rico
Em certa época do ano os barcos regressavam vazios, e não tinha lanço porque a tainha não vinha e também quase não havia ninguém para atravessar o rio. No entanto, ainda havia os jangadeiros que saíam pela madrugada.
Bem-te-vi avistou as jangadas chegando, correu para ajudar com os cepos e empurrar a embarcação para terra firme. Semana boa não precisava ir longe,
Ontem eu saí para ver a rua. Estava deserta e silenciosa. Uma mancha prateada no céu dizia que a lua estava lá. As nuvens esvoaçavam lembr...
Ventos do passado
Veio uma brisa fria com cheiro de chuva. E como numa espécie de encanto ouvi uma nuvem dizer:
“Se você quiser posso contar uma história?! “
Então ela começou a contar...
Cuité, julho de 1974.
Luizinho tem 10 anos, completou faz seis meses, perto do Natal. Como acontecia todas as manhãs, no dia do seu aniversário um beijo doce d...
A mãe de Luizinho
Alexandra caminhou sentindo os pés descalços tocarem a água espumosa que morria mansamente na praia. Antes, e isso não fazia muito tempo, ...
O milagre de Alexandra
Otacílio era o ferreiro. A oficina ficava entre uma marcenaria e o armazém do meu pai. Era um tipo simples, calmo, religioso, de poucas pa...
A filha de Otacílio
Depois que ficou viúvo meu avô paterno Samuel passou a dividir a casa com o filho mais novo, tio Chico, e Luiza, uma senhora a quem nós ac...
Elefante de louça
Cabia-lhe a função de arrumar e cozinhar, e o fazia com tanto zelo que meu avô, às vezes, reclamava, pedindo que fosse descansar, que não precisava de tanto.
Ele acreditava que Pepeta, talvez, tivesse feito alguma promessa à minha avó na hora da sua morte, pois cuidava dos interesses da casa como se sua salvação dependesse daquilo.
Parecia estar em todos os lugares, e volta e meia nos surpreendia, surgindo silenciosa e inesperadamente.
- No tempo da finada, essa casa tinha ordem! – protestava, aos gritos, erguendo o cabo da vassoura contra nós. Mas acabava rindo. Era um riso doce, mudo, de quem tinha a alma pura.
Na sala extensa havia uma mesinha ornada com um elefante grande, cinzento, de louça. A tromba estava sempre voltada para a parede. Eu achava aquilo esquisito e, quando passava, mudava sua posição.
Na manhã seguinte encontrava-o de costas novamente, e tinha pena de vê-lo daquele jeito. Era como se ele não participasse dos acontecimentos do mundo.
E não demorou. Dias depois Pepeta me surpreendeu no momento em que eu me aproximava da mesinha.
- Ah... é você? Vá simbora antes que eu lhe mate! – explodiu medonha, ameaçando-me com a vassoura.
Depois meu tio me explicou que elefantes de bunda para rua traziam sorte. A partir dali tudo de bom que acontecia em nossa família eu pensava no elefante.
Observei, contudo, que nem na casa de Luiz nem da de Rubinho, dois amigos da rua, tinham elefantes na sala.
“Talvez não saibam que elefantes com a bunda para a rua trazem sorte”, pensei. Depois imaginei algo mais objetivo: “ Eles não têm elefantes porque não acreditam em elefantes.”
Quando perguntei ao meu tio a respeito, disse-me que era isso mesmo, que a sorte dependia do tamanho da vontade de cada um.
“ Quando você acredita, tem vontade, e quem tem vontade tem sorte!”
A não ser galinhas e patos, na casa de vovô não tinha animais domésticos. Mas um dia meu tio arranjou um gato amarelo, assanhado, com listras brancas e pelo espesso.
Achou que sua aparência lembrava, de algum modo, o cantor Erasmo Carlos, que fazia muito sucesso na época.
Então o gato passou a se chamar Tremendão, o apelido do cantor. Pepeta não gostou muito, por isso lhe deu outro nome: Tupin.
Uma vez cheguei na sala com Tremendão nos braços. Vovô folheava o jornal.
- Vô, quando morrer o senhor deixa o elefante cinza para mim?
Ele me olhou por cima dos óculos, meio intrigado, perguntou:
- Está desejando minha morte?
- Não, vô! O senhor vai morrer um dia, não vai? É só quando morrer.
- Para que tanto interesse em meu elefante?
- Tio Chico falou que eles dão sorte.
- Você gosta de mim?
- Sim, vô, gosto muito.
- Então peça sorte para mim, aí eu não vou morrer.
Eu achei que ele estava certo, mas lembro que lhe disse:
- Só quero que morra quando ficar muito velho. Também quero que deixe Tremendão para mim. O senhor deixa?
Na esquina da nossa rua ficava a casa de dr. Willian, um tipo alto, entufado e de muita conversa. O homem criava canários-da-terra e se gabava dos seus pássaros, dizendo onde chegava que, para briga, não existiam melhores na região.
Nesses dias escutei uma discussão na calçada. Saí para ver. O tal doutor, desaforado, fora enredar ao meu tio que que um gato amarelo tinha comido seus canários. Meu tio, que não ficou por baixo, disse-lhe que havia outros gatos em nosso bairro, dezenas deles.
Sem provas, o homem foi embora. Mas pelo jeito não se dera por vencido.
E não se dera mesmo. Na noite seguinte Pepeta reclamou que Tremendão - para ela Tupin - tinha sumido, pois não o vira hora nenhuma e que sua tigela do leite continuava cheia.
Por trás da casa dos canários existia um terreno baldio, com mato crescido, lixo por toda parte. Um caminho estreito cortava o terreno.
Eu passeava de bicicleta, de repente entrei ali, na esperança de encontrar Tremendão. Foi quando senti um cheiro de podre, de bicho morto, quase insuportável. Estava sobre o monturo, de pernas para cima, rijo e coberto de moscas.
Muito triste, entrei na casa do meu avô para dar a notícia. Num canto da sala vi a mesinha, sobre ela o elefante de louça.
Capítulo 2 Meu nome é Celina e estou no meio do deserto de Chihuahua, em algum lugar do Sudoeste do Texas, próximo à fronteira com o M...
A travessia (Cap. 2)
Capítulo 1 Estou no sudoeste do Texas, fronteira com o México, às margens do Rio Bravo. Vejo pessoas do outro lado, são imigrantes com...
A travessia (Cap. 1)
Meu avô se chamava Samuel Furtado e morava numa casa simples, ladeada com a nossa, na praça Barão do Rio Branco, que virou Cláudio Furtado...