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No verão tudo se acasala. Isso é um lugar comum. Saía de casa de mãos dadas com Carlos para a nossa caminhada antes das 7 horas da noite,...

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No verão tudo se acasala. Isso é um lugar comum.

Saía de casa de mãos dadas com Carlos para a nossa caminhada antes das 7 horas da noite, ainda com o parque aberto, porque o sol batia a montanha pelas costas, mas ainda estava longe de chegar ao seu poente pacífico.

Teu corpo é flor nativa Vinga nos desertos Nas paragens áridas Nos açudes vazios

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Teu corpo é flor nativa

Vinga nos desertos

Nas paragens áridas

Nos açudes vazios

A cadeira de balanço roça a roda macia sobre o piso avarandado O mar, a brisa, os coqueiros zunem vindo a noite com maresias e murm...

Ana Elvira Steinbach Ambiente de Leitura Carlos Romero

A cadeira de balanço
roça a roda macia
sobre o piso avarandado

...
O mar, a brisa, os coqueiros
zunem vindo a noite
com maresias e murmúrios

Lado a lado se apertam em cima e em baixo Entreposta a elas sutil lâmina, membrana plácida de pó sensível, inquebrantável, com fé ...


Lado a lado se
apertam
em cima e em baixo

Entreposta a elas
sutil lâmina,
membrana plácida
de pó sensível,
inquebrantável,
com fé estofada

Te espero como a manhã o sol como o brilho o cristal


Te espero

como a manhã o sol
como o brilho o cristal

Mesmo que eu fale contigo todos os dias, os silêncios pesam porque tu não estás No alucinar das horas e de meu próprio discurso, vag...


Mesmo que eu fale contigo todos os dias,
os silêncios pesam porque tu não estás

No alucinar das horas e de meu próprio discurso,
vagueio falando sozinho

Busco a tua voz,
nada soa, a solidão me encerra,
devora, apavora,
une e confunde

Quero o ressurgimento
do gota a gota do amor diário
inconcluso sempre, ininterrupto

Ah...meu diálogo é um o sole mio piegas
de devaneios obscuros, enquanto obscenos
os assovios de um pássaro mecânico


Ana Elvira Steinbach Torres é doutora em ciências humanas e professora

Ao som da serra mais a tarde cai. O frio raja penetrante,        a força da vida se aquieta        ao adormecer noturno. Ganho franja...


Ao som da serra mais a tarde cai.

O frio raja penetrante,
       a força da vida se aquieta
       ao adormecer noturno.

Ganho franjas, sulcos,
       como os galhos secos despidos
       na queima do inverno.

Sob a chuva dos afagos,
       entre os carvalhos, flores e olivas
       no reino da primavera em cio

Sou como as asas da mariposa
       batendo sôfrega, resistente,
       sobre vidro impassível.

Contraio nele o ventre
       para na luz dos teus olhos,
       acesos em esmeralda,
       encontrar o casulo de minhas asas.


Ana Elvira Steinbach Torres é doutora em ciências humanas, professora e escritora

J. A. Kaplan, compositor, maestro, pianista, professor e escritor (nosso Kaplito) era naturalizado brasileiro, como também cidadão paraiban...


J. A. Kaplan, compositor, maestro, pianista, professor e escritor (nosso Kaplito) era naturalizado brasileiro, como também cidadão paraibano, da sociedade paraibana, e sua obra obviamente reflete toda a intertextualidade entre sons latinos, nordestinos, etc, outros sons a desvendar…

Nasceu em Rosário, Argentina, mas ao se mudar para a Paraíba, aqui virou um "severino", e fez nesse lugar a sua vida, a sua família (de lá e de cá) e amizades, a sua obra, a sua carreira, a sua história.

Kaplan e minha mãe, Márcia, deixaram imenso legado. Legado esse que tenho a honra de zelar. Toda a vida e obra de Kaplan formam um tesouro fascinante, como um cubo mágico a se transformar em harmonias surreais. Uma obra de formação, sem dúvida, que transcendeu. Uma obra de intertextualidade universal, apreciada por intérpretes e ouvintes de muitos países, afora o Brasil.

A UFPB, sempre a sua paixão, pois o seu amor eram Márcia (minha mãe) e a Música. Kaplan, como você disse, se paraibanizou, completamente, e suas cinzas foram colocadas para o plantio de uma árvore no Departamento de Música da UFPB, onde plantaremos ao lado outra árvore em homenagem à minha mãe, Márcia Kaplan, sua companheira de vida e morte

* texto escrito a propósito das considerações feitas por Germano Romero, que foi aluno de Kaplan por 5 anos, no Bacharelado de Música de UFPB, sobre sua obra executada em recente recital na Sala Radegundis Feitosa, em crônica de A União, transcrita a seguir:

Por fim, uma homenagem mais que merecida e à altura do nível musical que o antecedeu veio encerrar o repertório com uma sonata de autoria do maestro argentino, José Alberto Kaplan, um dos ilustres personagens de nosso meio musical que se paraibanizou muito identificado com a cultura e os valores regionais. Foi um momento especial em que se ouviu toda a pujança de expressões de nosso folclore, magistralmente transcritas com a elegância rítmica e temática que caracteriza a obra de Kaplan. Na qual se vislumbra não somente a arte musicada mas também os clamores de um povo sofrido, que permeiam subliminarmente a tessitura estética de suas composições, algumas vezes, idem pontuadas com claras recordações de sua terra natal. Em Kaplan, o tango abraça o coco de roda com uma fraternidade muito bem construída.

Assim, em meio a frases que sugeriam berrantes ao convite da boiada, ritmados em compassos de xaxado e outras alegrias nordestinas, cantadas em dueto de técnica virtuosa, foi finalizado o concerto da memorável noite.