Venho de outra experiência existencial. Da utopia concreta que é resistência de uma vida inteiramente dedicada à causa da educação. Nã...
O poder revolucionário do magistério
Com uma edição especial, a Academia Paraibana de Letras se integrou às comemorações do centenário do EU , livro que imortalizou Augus...
A travessia de Augusto
Quando O Quadro-Negro foi lançado pela José Olympio, em 1954, era improvável que a ele eu pudesse ter acesso, nem mesmo à notícia de ...
A representação minimalista de ''O Quadro-Negro''
Guardo na memória a primeira vez em que estive na velha sede da APL. O presidente Oscar de Castro levou-me a conhecê-la, numa tarde l...
Lições insuperáveis
Das cinco perguntas, a primeira é tão abrangente e desafiadora que, nela, todas estão contidas. Assumo a ousadia de responder: “quem fo...
Odilon, a condição humana cultivada
Partirei de uma indagação: Por que Odilon tinha o dom de encantar pessoas com características tão diversificadas? Ou, em outras palavras, o que fazia de Odilon um ser tão especial?
Em nome de discutíveis ordens, de injustas leis, de absurdas razões, os poetas são impunemente censurados, perseguidos, presos, tortura...
''Para sempre viverão os poetas martirizados''
Quinze anos da existência contínua, cada vez mais intensa e significativa do Ambiente de Leitura Carlos Romero , na cena cultural de...
Um projeto movido pelo amor
Narrar é sobreviver. É vencer o tempo e as armadilhas da vida. E enganar a morte. Foi assim com Sherazade e continua a ser com todos a...
Sísifos do sempre
Foi assim com Sherazade e continua a ser com todos aqueles que dão sequência ao texto ou ao "risco do bordado" que a humanidade vai desenhando e tecendo ao longo de sua história.
Não será difícil perceber a discrepância entre grande parte dos trabalhos que constituem a Fortuna Crítica do EU . Mas, como diria o p...
'Tudo convém para o homem ser completo'
Existem estudos que se tornaram clássicos, pelas verdades estabelecidas há muitas décadas, pelo reconhecimento pioneiro da poesia instauradora de nova concepção estética nos meios literários brasileiros, incompreendida e recusada por "cantar de preferência o horrível ". São trabalhos insistentemente repetidos, sempre que se retoma o assunto.
Uma sociedade que não enxerga a educação como valor essencial, também é insensível à preservação da memória, indiferente à necessidade...
É preciso morrer de saudade
Mais uma vez, preciso dominar a emoção, para falar sobre o acadêmico, o escritor, o amigo Odilon Ribeiro Coutinho. Conter a emoção que ...
Odilon Reencontrado
Nascido em Pirpirituba, no ano de 1921, lá, no pequeno povoado, Magela Cantalice fez seus primeiros estudos. Aos onze anos, foi inte...
A criação poética como compromisso de vida
A saída de Magela é surpreendente. Vai para o Rio de Janeiro e ingressa na Polícia Militar. Seis anos depois, Cabo Cantalice regressa à Paraíba, fixando-se em Guarabira. Transforma-se em professor do Colégio Nossa Senhora da Luz, vindo depois a assumir a direção do Instituto Arruda Câmara, aqui em João Pessoa.
Em 1948, volta ao Rio de Janeiro para a função de auxiliar de escritório. Posteriormente, experimenta o jornalismo, trabalhando no Correio do Povo, na Gazeta de Notícias e no Diário Trabalhista.
Daí transferiu-se para Belo Horizonte, onde se fez funcionário da Belgo-Mineira. A seguir, retorna ao Rio de Janeiro para acumular as funções da Belgo Mineira, com as de Chefe de Relações Públicas da Mesbla e Diretor Cultural da Panair do Brasil.
Acompanhando sua trajetória, compreende-se por que Magela Cantalice apontava com ênfase suas "sandálias peregrinas" e se autodenominava de "ave de arribação", ao tomar posse na Academia Paraibana de Letras.
Encontrou em Salvador sua estação final. Lá, ingressou no Serviço Público Municipal, ocupando sucessivamente as funções de Almoxarife, Agente Fiscal, Chefe da Casa Civil, e de Secretário Adjunto de Administração. Simultaneamente, concluiu o curso de Direito na Universidade Católica de Salvador, de onde se tornou, logo a seguir, professor de Direito Romano.
Ainda, na área jurídica, exerceu os cargos de Procurador do Município e de Assistente da Casa Civil do Governo do Estado.
Revisitando esta existência de ocupações tão diversificadas quanto desiguais, cabe a indagação sobre o traço característico que o teria conduzido à vida acadêmica.
Pode-se responder que Magela imprimiu às suas publicações o mesmo ritmo da vida que viveu. Deixou 19 livros, lançados a partir de 1950.
Brasil, Por que não sou comunista e Luzeiros da Fé definem suas convicções ideológicas. Noções de Direito Romano e Influência do Cristianismo sobre o Direito Romano sedimentam sua experiência didático-pedagógica. Folhas de Outono, Trevas de Luz, Pérolas de Amor, Flores da Noite, Vozes D'Alma, Réstias de Luar, Ecos do Silêncio, Festival de Solidão, Lição do Tempo, Fantasia de Palhaço, Taça de Cristal, Brinde de Amor, Rosa Mística, Torre de Marfim e Casa de Ouro constituem sua opção mais definitiva.
A recitação dos títulos já denuncia o gênero. São 14 livros, onde a forma (leia-se fôrma) poética do soneto predomina quase absoluta.
Magela parece haver incorporado esta forma (leia-se fôrma) poética à sua dicção, à semelhança de um vocábulo ou de um modo de dizer que se incorpora à fala. Nela registrou tudo quanto quis, lembrando a postura espontânea dos cantadores em suas rimas improvisadas.
"Acontecimentos", "afinidades", "aniversários", "incidentes pessoais", o "excelente, completo e confortável corpo" , "a gota de bile", "a careta de gozo", "sentimentos"; "a cidade", "a sepultada e merencória infância" — todo o avesso da lição drummondiana.
Fascinado pelo som da rima e pelo desafio dos catorze versos, neles encontrou sua forma especial e eficaz de comunicação. E bem mais que isso. Neste exercício permanente de que resultou sua produção predileta também se revela, sem qualquer disfarce, um jogo de sedução a que o dado referencial empresta uma característica inusitada. Na maioria das circunstâncias, a mulher é o objeto deste entretenimento, visualizada através de conceitos reducionistas e deformadores ou de preconceitos incompatíveis com a tradição antecipadora e libertária da expressão poética.
Um curioso exemplário poderia ser exposto. Mas fiquemos apenas com a rápida amostragem de alguns versos ou estrofes, para comprovação da análise:
Levando em conta os aspectos já apresentados, as concepções de Magela a respeito do poeta e da poesia não surpreendem. Podendo-se constatar a compatibilidade entre a sua produção e a estranheza dos conceitos enunciados à margem da teoria poética.
Temos os versos finais de Revide que se desenvolve na presunção de uma polêmica há muito arquivada pela História e pela crítica. Sabendo-se que rima e métrica são recursos poéticos ou anti-poéticos, dependendo da utilização que deles se faz. Não podem ser entendidos como condição de existência da poesia.
Em Bem-aventurados e Gratíssima Resposta, onde se propõe a refletir sobre o poeta e sua atividade, o que se estabelece são desconcertantes afirmações em detrimento da tradição firmada neste sentido.
Impossível não lembrar Heidegger em sua categórica retificação: "O poema não é uma vagabundagem do espírito, inventando por toda parte aquilo que lhe apraz." Entendimento este que os poetas reiteram na metalinguagem de suas metáforas, onde a criação poética, assumida como compromisso de vida, se traduz em trabalho, luta, suor, desespero, degredo, sangue, morte etc.
Na previsão do Programa Empreendedor Cultural, a Academia Paraibana de Letras deveria ser representada nesta solenidade pelo seu presi...
Outro tamarindo para Augusto
Discurso pronto, com o rigor que lhe é peculiar no cumprimento dos compromissos assumidos, nosso presidente foi impedido de estar presente, por aconselhamento médico que lhe prescreveu repouso e cuidados especiais.
Do ponto de vista de uma fervorosa admiração, José Nunes acrescentou à série histórica NOMES DO SÉCULO, de A União , a figura expo...
Ariano: o tom maior
Apoiado na reportagem ou na entrevista, o jornalista vai descobrindo, no esboço do perfil ou no delineamento biográfico, outra vertente para sua vocação.
O gosto de Severino Sertanejo pelos temas e formas da literatura oral e, especificamente, sua dedicação ao folheto de feira, pode susci...
Os mitos heróicos da meninice
O reino das palavras. Cedo me encantou o poder libertário de seus estatutos. Concretizado, na memória mais antiga, por aquele Pássaro ...
'A síndrome narcísica das Academias'
Editado em 1960, pela Livraria Freitas Bastos do Rio de Janeiro, "Vingança, não" foi um livro marcante. Recuperava um episó...
Vingança, não: a fatalidade histórica derrotada
Com a beleza de sua palavra, com a coragem de expor as entranhas de um drama que poucos ousariam passar a limpo, com a severa imparcialidade que se impôs, padre Chico Pereira Nóbrega conquistou o público. Principalmente a juventude estudantil, tanto secundarista quanto universitária, de quem ele se tornou um líder.
Éramos todos seus leitores e corríamos para ouvi-lo em conferências inesquecíveis. Trazia uma pregação inovadora, questionamentos que vinham ao encontro de nossas inquietações. Não falava de céu, nem de inferno, nem de castigos ameaçadores. Falava da construção do ser, da vida e do amor, tema de sua predileção. E nos ensinava a pensar, a duvidar das verdades sacramentadas, das verdades ditas inquestionáveis.
O sucesso do livro trouxe logo a segunda edição, no ano seguinte ao lançamento. E, depois, as reedições permaneceram suspensas por quase três décadas. Era a consequência de revelações que alteravam substancialmente a história contada pelos vencedores. Por fim, a terceira edição veio em 1989 e a quarta, em 2002, patrocinada pela FUNESC.
Tem toda razão o meu querido Martinho Moreira Franco, quando despreza detalhes verdadeiramente insignificantes para enxergar no velho...
O Liceu de professor Gibson
Não pode ser outro o espírito dos paraibanos, recebendo como presente de fim de ano a bela e simbólica estrutura arquitetônica, completamente restaurada e, ao mesmo tempo, internamente adaptada às exigências da sociedade contemporânea.
São tantas as afinidades entre as Memórias e a ficção romanesca, que a aproximação entre as duas espécies narrativas se impõe, naturalment...
Como se fosse um romance
O médico e jornalista Marcus Aranha, para comemorar o centenário de nascimento da professora Anayde Beiriz , publicou a correspondência de...