Mohamed Bzeek é um libanês radicado nos Estados Unidos que, há mais de vinte anos, adota crianças abandonadas em hospitais em estado te...

Qual a recompensa do bem?

fazer bem semear caridade
Mohamed Bzeek é um libanês radicado nos Estados Unidos que, há mais de vinte anos, adota crianças abandonadas em hospitais em estado terminal. Inicialmente, ele realizava esse trabalho na companhia de sua esposa, que faleceu em 2015. No entanto, mesmo após a morte da companheira, Mohamed seguiu com sua missão de devolver a crianças, que de outro modo passariam seus momentos finais sem o afeto de um lar, a dignidade de pertencer a uma família. Desde o início de sua jornada, ele já acolheu mais de oitenta crianças. "Eu sei que elas são doentes, sei que vão morrer. Eu faço o melhor que posso como ser humano e deixo o resto nas mãos de Deus", afirma ele.

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Mohamed Bzeek Amigos de Chico Xavier
Há uma grandeza silenciosa em fazer o bem sem esperar recompensa. Um gesto que não se mede por aplausos e que não se curva diante das ingratidões do mundo. É um amor que se oferece por si mesmo, como uma chama que insiste em iluminar, mesmo quando ninguém percebe sua luz.

Madre Teresa de Calcutá é outro desses rostos eternos da bondade desinteressada. Nas ruas de Calcutá, ela recolhia os corpos rejeitados de moribundos esquecidos para morrer ao relento e lhes oferecia o mínimo que a dignidade humana exige: uma morte limpa, assistida por cuidados paliativos, com um olhar de compaixão e uma mão entrelaçada à sua. Não pela glória nem pela fama, mas simplesmente porque, para ela, cada um daqueles abandonados era o próprio Cristo disfarçado de dor e abandono.

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Madre Teresa de Calcutá churchpop.com
No Antigo Testamento, o caso do profeta Oséias também nos deixa um retrato profundo e doloroso do amor incondicional. Deus o chamou a viver uma experiência que chocaria qualquer lógica humana: casar-se com uma prostituta, Gômer, que o trairia e o humilharia diante de todos. Ainda assim, o profeta não a abandonou, mesmo aviltado em sua honra e dignidade de homem, suportando a vergonha e a rejeição. Deus usou a história de Oséias como metáfora de Seu amor incondicional por aqueles que O rejeitam e não reconhecem Sua dedicação e cuidado, ensinando, através daquela vida, que o amor verdadeiro não é calculista e não busca o próprio interesse.

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Khalil Gibran CC0
Esses exemplos nos ensinam que o bem maior não nasce daquilo que recebemos, mas daquilo que damos — mesmo quando dói. O amor verdadeiro é uma oferta livre, que não se prende a resultados nem se alimenta de retornos. É um reflexo da misericórdia divina: puro, imerecido, eterno.

Hoje, em um mundo que mede tudo em termos de prestígio, status, vantagens, ganhos e perdas, fazer o bem de maneira desinteressada é um ato revolucionário. É recordar que, apesar de toda a frieza, ainda podemos ser abrigo, consolo, luz.

Agir pelo bem é participar de algo que transcende o próprio tempo. Um conterrâneo do benfeitor Mohamed Bzeek, o poeta Khalil Gibran, nos recorda:

"O significado da vida é plantar árvores sob cuja sombra você não espera se sentar."

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Unsp
Fazer o bem é exatamente isso: semear sem exigir colheita, sem cobrar frutos. É doar sem cálculos, amar sem condições, servir sem esperar reconhecimento. A alma que se entrega pelo simples gesto de amar, servir e cuidar encontra uma paz que o mundo, com todos os seus prêmios e louros, jamais poderá oferecer.

A satisfação de fazer o bem é invisível aos olhos, mas eterna no espírito. É a alegria silenciosa de ter participado, ainda que discretamente, da construção de um mundo mais humano e mais próximo de Deus.

O bem que fazemos por amor se torna parte de quem somos e do que levaremos conosco para a eternidade.

A compreensão verdadeira de que o bem deve ser praticado sem esperar nenhum retorno talvez seja, em si, a maior de todas as recompensas.

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