A espera
Como se depois fosse
Melhor
Esperar é gastar
O tempo entre o desejo
E o seu alcance
Espera é tempo
Sem uso
Morto
A ilusão do desejo
É a lógica
Entre ser e o que poderá vir
O tempo não há
Sem desejos
Porque eles necessitam de espera
O nome do tempo
É na verdade
Esperar...
Pelas fortuitas
Conquistas
Até a morte
No mais
Somente o movimento dos
Astros e a beleza das almas
Elas que animam
Tudo aquilo
Que o passar do tempo permite
Carrego a cruz
De ser
Com imensa alegria
Sei das cores
Dos dias
E das noites
Tenho dores
Tenho
Orgasmos
Tenho a missão
E a omissão
Da vida
Tenho um Eu
Imperativo
Através do qual posso ver
Eu
Sou o elo entre o sonho
E a realidade
Já Deus
Há sim
E espera de mim
Lumem não há
Se nós às cegas
Por dentro
Não são só olhos fechados
São também casas de
Chagas antigas
Lumem é
Rasgo na noite
Através do Céu
E ver a luz e o dom
E suas nuances
Pela curvatura do nosso Aye
Ver a luz é mais que ver
Que ter olhos
É ser também luz de volta
Que recebe na alma a beleza das coisas
Luz
É também a medida
De todas as distâncias
Não só das atingíveis
E nas madrugadas
Dos tempos de minha mãe
A certa hora
Ela soprava a luz da lamparina
Era hora de dormirmos