Vou retroceder no tempo até a década de 1960 para que saibam os detalhes desse mexerico que trago ao meu amigo leitor, à querida leitor...

Eduardo & Mônica

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Vou retroceder no tempo até a década de 1960 para que saibam os detalhes desse mexerico que trago ao meu amigo leitor, à querida leitora, até porque os sei apreciadores de um bom fuxico.

Eduardo, um ano só mais velho do que Mônica. Adolescentes, estavam cursando o ginásio naquelas priscas eras. Ele, uma série adiante da dela. É quando inicia toda uma história, a história de Duardinho e Mô, pois é
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assim que começaram a se tratar desde o dia que Duardinho tirou Mô para dançar na casa dela. Como assim, na casa dela? Vamos às explicações.

Nesses tempos, a década carimbada nas primeiras linhas deste texto, eram comuns os bailinhos caseiros que ocorriam nas casas de família afastando-se os móveis e outros objetos das salas, varandas ou garagens. Luz baixa e na vitrola rodando os elepês, os antigos bolachões, com boleros, jovem guarda, músicas italianas, rocks lentos e nunca faltava a orquestra de Ray Coniff. Às escondidas rolava a Cuba Libre, a famosa mistura de run com Coca-cola. Em cada lugar desse nosso Brasilzão, esses encontros tinham nomes diferentes: domingueira, brincadeira dançante, fandango, tertúlia, assustado, ou simplesmente bailinho.

Pois então, aos fatos. Mônica organizou em casa, com autorização dos pais, um assustado na garagem e Eduardo estava entre os convidados. Pois foi dessa vez que os presentes na tertúlia descobriram que o nosso amigo era um verdadeiro pé-de-valsa. O garoto tinha molejo nos pés e o espinhaço aguentava firme os rodopios do garotão.

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Quando a vitrola tocou “Bessame Mucho”, Duardinho tirou Mô para o balacubaco. A moçadinha presente parou de dançar só para ver a exibição do casalzinho. Uma lindeza de se ver. Se Duardinho era um danado, Mô não ficava devendo, era uma dama que sabia ser conduzida e obedecia muito jeitosa e insinuante os movimentos do cavalheiro.

Daí em diante, nunca mais se separaram, podia ser uma brincadeira dançante, um baile de debutantes ou formatura, não deixavam de convidar esse par de bailarinos Eram sempre um espetáculo à parte.

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Fora dos rala-buchos, rolava alguma coisa? Nada! Aqui só amizade, dizia um e repetia a outra. Muita gente achava que eram namorados, mas não eram.

Havia um acordo, digamos involuntário, entre ambos, embora daquele mato não saísse coelho, também não saía nem um camundongo do outro mato. Duardinho nem paquerar paquerava, o mesmo acontecia com Mô.

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Só que rolava ali uma certa atração. Dele e dela, mas ficavam só nisso. Nada de dar uma avançadinha no sinal. Tirando o fato de que nosso rapaz ser um exibido nos salões, era em outras circunstância tímido por natureza, o mesmo podia-se dizer da outra parte.

O tempo foi passando, passando... e os dois só dançando. Os anos foram correndo e dançar juntinho foi saindo de moda quando surgiram as discotecas. Eles entraram no esquema e não deixavam de balançar o esqueleto nessas danças malucas onde os pares mais parecem duas galinhas com pescoço destroncado.

A vida foi continuando.

Duardinho já estava chegando nos quarenta quando a mãe enviuvou e ele ficou morando com ela. Bem antes disso, os pais de Mônica foram falar com Deus e ela foi para a casa de uma irmã mais velha. Continuavam, solteiros, se encontrando para dançar. Ficaram felizes quando na década de 1990 inauguraram o Flor de Liz, um novo espaço para quem gostasse de dançar às antigas de rostinho colado, buchos e outras partes mais ainda.

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Hoje, Duardinho, setentão, solteiro, vive só. Mô vive com aquela irmã que já está mais para lá do que para cá. Ainda vão ao Flor de Liz. Quando alguém pergunta porque nunca ficaram juntos para valer, a resposta de ambos é sempre a mesma: É para não estragar a amizade!

Quem entende um pouco desses mistérios que os corações escondem, vai descobrir que ali rolava o tal de amor ou algo muito parecido. Mas para surpresa geral o nosso Pé-de-valsa um dia resolveu tomar atitude e lá no Flor de Liz quando dançavam um bolero de Francisco Petrônio, Duardinho chegou junto:


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  1. Muito bom. Recordações inesquecíveis de uma época que também vivi.

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