Hoje essa abordagem sistêmica é adotada até pelo Judiciário
Já imaginou que o acesso, a busca de aconchego ou interação com a ancestralidade, pode redirecionar nossa vida?
É possível, sim. Tudo fruto da decisão de fazer um recuo ou tour positivo no tempo. Já enveredei nessa direção.
Agora sou liberdade, segurança, esperança. Adquiri parte desses sentimentos olhando analiticamente para o passado e meus ancestrais. Ali estava o xis de tudo. É que na roda viva do tempo vamos carregando, inconscientemente, todas as influências da cadeia familiar. Sim, somos prisioneiros do emaranhamento de emoções, conflitos,
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Mas, felizmente, a vida é muito dinâmica. Sobretudo para quem tem uma mentalidade holística e olhos para enxergar, sem fronteiras, quem se dispõe a aceitar as diversidades de opções do pensar. Que bom que sou receptiva a isso! Ou seja, uma mente aberta para acolher diversas expressões do nosso ser. Foi num desses lances de minha curiosidade e abertura para investir no território do auto-conhecimento que me deparei com mais um roteiro – a Constelação Familiar.
Isso aconteceu há cerca de vinte anos, com o terapeuta pernambucano Barthô Nigro. A seguir, segui com a consteladora Jôzy Lucena, até os dias atuais. Na Constelação Familiar, aprendi que não somos uma alma isolada. Cada um de nós é integrante de uma alma maior, recebendo influências da família, cultura e sociedade. Então, precisamos partir para uma visão mais ampla, ou sistêmica, para compreendermos toda esta cadeia de reações no nosso cotidiano.
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O campo de aplicação ou a ser trabalhado é o mais extenso possível. Dentre tantos: conflitos familiares (pais, filhos, irmãos, tios, avós); conflitos conjugais; dificuldades em lidar com perdas de pessoas queridas; dificuldades de comunicar-se ou relacionar-se; problemas de saúde, financeiros ou outros níveis; conflitos entre sócios, funcionários e clientes. E assim, com a análise da nossa constelação, ao desatarmos os nós do emaranhamento que interfere no nosso equilíbrio energético, surge compreensão das situações problemáticas, vivenciadas por cada um de nós ou pelos membros de uma família.
Teapia da Constelação Familiar Acervo da autora
Entrevista com Jôzy Lucena
Para aprofundar o tema, recorri à consteladora Jôzy Lucena, que trabalha com o processo há mais de duas décadas.
O que é Constelação Familiar?
Jôzy Lucena Acervo da autora
Como o processo se desenvolve, na prática, e como reflete no nosso interior?
A Constelação acontece de duas formas: em grupo e individualmente. Em grupo, o cliente traz uma questão para ser constelada, seleciona pessoas para representar a família, os representantes expressam os sentimentos espontaneamente, demonstrando as dinâmicas e emaranhamentos familiares. O constelador sugere frases para restaurar as ordens do amor conforme às leis sistêmicas. Ou seja, promovendo responsabilidade, reconciliação e paz. De forma individual acontece por meio de bonecos, que, sintonizados com os comandos emitidos captam energia transmitida pelo constelante.
Quais as situações em que se pode procurar o suporte para se trabalhar numa Constelação?
Conflitos familiares, dificuldades no relacionamento de casal, problemas profissionais, doenças e padrões repetitivos disfuncionais, traumas transgeracionais, adoções, lutos etc.
O que muda ou pode mudar, numa pessoa, que adere a este tipo de conduta?
Geralmente relatam mudanças na percepção sobre seu lugar de pertencimento na família, compreendem melhor sua história ancestral. Há uma transformação emocional garantindo um posicionamento na vida mais assertivo e confiante.
Constelação no Judiciário
Jôzy Lucena Acervo da autora
Integrante do "Direito Sistêmico", este conceito foi desenvolvido pelo juiz baiano Samir Storch. Segundo Jôzy Lucena, essa tendência vem sendo aplicada para a resolução de conflitos, principalmente divórcios, guarda de filhos e disputas de herança.
"Busca promover soluções mais pacíficas, favorecendo o entendimento e reduzindo litígio prolongado", detalha a consteladora Jôzy Lucena.