OS HEROIS
É que chega a noite E existem corpos Corpos nas calçadas É que existem corpos Feitos em camas, becos Chãos e sedas E também corpos Crivados De balas E os corpos São arquivos E contam memórias Nos cantos da história Dedicada Aos marginais
É que chega a noite E existem corpos Corpos nas calçadas É que existem corpos Feitos em camas, becos Chãos e sedas E também corpos Crivados De balas E os corpos São arquivos E contam memórias Nos cantos da história Dedicada Aos marginais
Teu nome
Homem
Nos vales da morte
A flor do si e se
Ao sol do outono
E aos demais
E de todos
Um nome
É que o homem
Só tem serventia
Se à luz de si
E de resto
A angústia
De saber se vai ter flores no velório
Flores cor do pôr do sol
Paisagens de ontem
Através das curvas
E nos abismos
A beleza do nada
Carregada pela mão
A mão que diz não:
Homem de si que cai
Ou nada
Chega a
Cor branca
Sobre minha mente
E mostra-me
Das coisas
Celestes
Atravessa meu corpo
Vagueia no meu
Rio de sangue
E me conta
Na memória
O meu tamanho diante do tudo
Mas do tudo mesmo
Porque sei
Que em mim
Moram muitos universos
Eles, os físicos
Meus átomos são sistemas
Solares
O tempo é um lento
Caminho
Que temos que atravessar
Nós
Consciência
Porque o tempo não há
É construção
De quem precisa dele
Para morrer
Mas os imortais
Não Precisam de tempos
Nem memórias
Eles são
A conquista de dominar a dor
E se soltar do corpo e fluir
Os imortais
Não existem
Porque não há morte
Era um tempo
Das coisas idas
As mais lindas
E nele havia futuro
Também
Pra quem quiseze
Era um tempo de horas
E de projetos
Na esperança do amanhã
Um tempo de flores prometidas
Melhoras de vida
Novos frutos e canções
Até que a música parou
E o tempo virou de direção
O ouvido dormiu e o relógio também
O tempo então morreu
E dentro dele apagou
Quem um dia já foi
Um dia
Na correnteza
Não é tempo
É tão somente o veloz
Deslocar-se das coisas
Pelo Universo e dentro de nós!
O espaço do ser
É onde ele estiver
Com suas memórias
Carregamos o mundo
Não só na mente ou desejos
Mas por onde passamos
O que construímos
Nos construiu também e
Fez cicatrizes
Do que deixemos
Levemos cópias
Que causarão dores ou alegrias
Findar o dia é bom
Como findar a noite
Ambos relâmpago de vida
As fotos
As marcas nas cavernas antigas
Os livros
Os satélites sobre o mundo
AI e Blade Runner
Um futuro que atropela o presente
Mas nós que já estamos de saída
Não devemos nos assustar
Já fizemos nossa revolução
Já atropelamos nossos futuros
Em nossos presentes
E somos responsáveis por hoje
Que chova num fim de tarde com Internet caída
E Anjos em volta da minha cama
Para minha despedida
Foi assim
Com meus ancestrais
E o Sol e a Lua assistiram