Território assinalado pela cordilheira do Zagros, a planície mesopotâmica dos históricos rios Tigre e Eufrates e, mais ao longe, por ...

Os Árabes dos Pântanos (Arab al-Ahwar)

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Território assinalado pela cordilheira do Zagros, a planície mesopotâmica dos históricos rios Tigre e Eufrates e, mais ao longe, por escarpas e encostas pedregosas e pelas áridas estepes que se prolongam pelos desertos sírios, o Iraque foi berço das primeiras culturas orientais e um dos primordiais pontos de partida da civilização mundial.

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Fonte: Wikimedia (adapt.)
Sumérios, acádios, caldeus, assírios, hititas, persas, gregos, partos, romanos e árabes e outros povos, sucederam-se aos grupos pré-históricos estabelecendo-se na região mesopotâmica onde, cerca do ano 4.000 a.C., nasceram a roda e o arado, a primeira linguagem escrita conhecida, a unidade básica de cálculo de 60 minutos e os 360 graus do círculo, assim como os cultos básicos das crenças religiosas que predominam no mundo actual.

São nomes míticos da história da Humanidade: Babilónia, Ninawa, Khorsabad, Ctesifonte, Baghdad (cidade fundada pelo califa Abássida Al-Mansur – a combinação dúbia de palavras de influência persa significará algo como “Fundada por Deus” ou “Dádiva do Ídolo”, sendo que os árabes, em geral, conhecem-na por “Cidade da Paz”) e Basrah, cidade localizada no sul do país, situada nas margens do rio Shatt Al-‘Arab (ou “rio dos árabes”), onde ocorre a confluência de dois dos mais famosos rios da Antiguidade, o Tigre (ad-dijlis) e o Eufrates (al-furat). O rio Tigue, com a sua nascente no lago Hazar, forma, ao longo de cerca de 40 quilómetros, a fronteira entre a Síria e a Turquia. Seus principais tributários são os rios Botan, Batmansu, Karpansu e o Great Zap Rivers. O rio Eufrates nasce nas montanhas da Anatólia, de uma locução grega que significa “nascer do sol”.

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O rio Eufrates, em sua passagem pela província da Babilônia, Iraque. ▪ Fonte: Biblioteca do Congresso / EUA
Sobre Basrah, conhecida antanho como “A Veneza do Oriente”, conta-se que seria a imagem terrena do Jardim do Éden, descrita como um abundante paraíso exuberante e fértil, em que os rios Tigre e Eufrates proviam água para irrigação e recursos agrícolas.

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Basrah, no sudeste do Iraque. ▪ Fonte: GMaps

Essa região é o lar dos chamados “árabes dos pântanos” (Arab al-Ahwar), também conhecidos como Ahwaris, Ma’dan (“morador das planícies”) ou Shroog (“os do Leste”, em árabe mesopotâmico), habitantes das áreas alagadas do sul do Iraque, principalmente nas proximidades dos Pântanos Mesopotâmicos, e que mantêm um estilo de vida semelhante aos sumérios antigos, uma das civilizações mais antigas da Mesopotâmia (as cidades de Ur, que dizem ser o local de nascimento do profeta Abraão, e Uruk, a maior cidade do mundo em 3000 a.C., estavam localizadas ao longo do rio Eufrates nas bordas destes pântanos). Ali constroem as suas casas tradicionais feitas de junco ihdri (as mudhif), domesticam búfalos-d’água para ajudarem na agricultura, alimentando-se da sua carne, arroz, cevada, trigo e de masgouf, um peixe característico, grelhado em fogueiras.

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Imagens: UNDP Iraq
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Os Ma’dan, predominantemente shi’itas, falam o dialeto árabe, com a incorporação de palavras de línguas antigas, hoje extintas (suméria e acádia), possuem as suas próprias tradições, práticas sociais e códigos de conduta diretamente descendentes dos beduínos. O seu folclore popular é influenciado pelo ambiente no qual vivem. Exemplo disso é a crença em seres espirituais, semelhantes aos jinn, al-jinun (ahl al-jan)
ou al-afarit (no singular al-’afrit ou al-ifrit), pequenos génios que se manifestam sob a forma de serpente, do islamismo tradicional, mas de uma forma adaptada à vida nos pântanos, tais como a crença em Anfish e Afa, serpentes gigantes que viveriam no interior dos pântanos, ou a crença em Hufaidh, uma espécie de paraíso terreno que se encontraria em alguma região dos pântanos, mas que seria escondida dos homens por aqueles seres.

A locomoção entre os pântanos é feita em pequenas embarcações rudimentares, conhecidas como mashoof. Navegar pelas redes de pântanos de Hawizeh — que abrangem o Iraque e o Irão —, e os pântanos de Hammar — no sudeste do Iraque —, numa tarde de verão, é como entrar num mundo à parte. A temperatura quente é aliviada pela brisa suave que passa pelos canais estreitos entre a vegetação exuberante. À medida que o dia avança, as cores vão-se transformando também, criando um espetáculo de tons quentes e vibrantes que contrastam com a tranquilidade das águas. É uma verdadeira imersão na natureza intocada, conectando-se com tradições antigas e testemunhando a vida que prospera nos pântanos.
UM CERTO ORIENTE
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O autor convida os leitores a acompanhar seu programa semanal Um Certo Oriente, com músicas e temas orientais, transmitido nas seguintes emissoras e horários (de Portugal), via internet: Segunda-feira 15h—16h Rádio Portimão 106.5 FM 19h—20h Rádio Alta Tensão 20h—21h Rádio Tejo 102.9 FM 20h—21h Rádio Azores High (horário dos Açores) 21h—22h JB Nostalgia ON Terça-feira 22h—23h Rádio Metropolitana Porto 23h—24h00 Rádio Clube Penafiel 91.8 FM Quarta-feira 03h—04h Rádio Castrense 93.0 FM 21h—22h Rádio Via Aberta 22h—23h Rádio Marmeleira Quinta-feira 09h—10h KajiFM (10h—11h em Angola) 11h—12h Rádio Alcobaça 23h—24h Rádio Cantinho da Madeira Sexta-feira 01h—02h Rádio Tejo 102.9 FM 19h—20h Rádio Paixão FM 20h—21h Rádio Tejo 102.9 FM 23h—24h Rádio Onda Certa Sábado 03h—04h Rádio Castrense 93.0 FM 08h—09h Rádio Surpresa 16h—17h Rádio Antena Mais (horário de Luxemburgo) 18h—19h Antena Web (Canal 1) 20h—21h Rádio Portimão 106.5 FM 21h—22h Rádio Horizonte Atlântico 21h—22h Rádio Clube Penafiel 91.8 FM Domingo 03h—04h Rádio Via Aberta 08h—09h RCP FM 92.6 FM 10h—11h Rádio Coração do Alentejo 13h—14h Rádio 100Margens 19h—20h Rádio Dueça 94.5 FM 20h—21h Rádio Voz Online na Cossoul 21h—22h Canal Viana 21h—22h Rádio Marmeleira
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