Dias atrás cometi a ousadia de rabiscar aqui a lista dos 10 melhores filmes que assisti. Insisto no detalhe “que assisti” o que abr...

Ah, meus amigos cinéfilos...

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Dias atrás cometi a ousadia de rabiscar aqui a lista dos 10 melhores filmes que assisti. Insisto no detalhe “que assisti” o que abre a brecha para que haja outros que não passaram pelo meu crivo e possam eventualmente ser melhores dos que eu pude ver na telona. Tratava-se de um testemunho meramente pessoal. Alguns citaram outras películas como Ben Hur, Perfume de mulher, Casablanca, Dançando na Chuva, A Doce Vida, Janela Indiscreta, A lista de Schindler, Os sete Samurais, Os pássaros, Os brutos também amam. Pronto! Aí já estão outros 10 que eu facilmente colocaria em minha lista.

Aliás já dizia minha sábia avó: “Gosto e nariz cada um tem o seu”. Não era bem “nariz” o que ela dizia, mas sim outra parte de nossa anatomia que não convém aqui citar. Então, meus caros: Tudo bem e estamos conversados

Acontece que houve uma criatura que achou um absurdo eu não ter citado duas obras que só um ignorante (no caso eu) em cinema teria olvidado: Cidadão Kane e o Encouraçado Potemkin.

Segundo esse meu detrator, os que sabem da sétima arte não deixariam escapar essas duas obras primas. E o que sei delas? Não muito, porque crítica de cinema não é uma expertise deste escrevinhador. Mas vamos ao pouco que sei.

Cidadão Kane, de 1941, escrito, dirigido e interpretado por Orson Welles que seria o filme dos filmes, o melhor de todos os tempos. Reconheço humildemente que essa turma tem para isso um bornal repleto de argumentações poderosas. Eu, um mero expectador, um apaixonado declarado por essa linguagem visual fascinante não tenho tutano para discordar. Consta-me que essa fita influenciou gente do calibre de Martin Scorsese a Steven Spielberg. Confesso que não sei onde e como.

O diretor de fotografia, Gregg Toland usou uma técnica em que era possível manter o foco com elementos em diferentes planos de imagem. Além desse ineditismo, as câmeras não estavam fixas, mas movimentando-se em ângulos que o cinema ainda não pensara em usar.

Outro detalhe é de que a narrativa não fluía de forma linear, mas contada a partir de diversos pontos de vista em “flashbacks” transmitindo versões diferentes sobre um determinado foco narrativo.

O filme conta a história de um bam-bam-bam da imprensa, o magnata William Randolph Hearst, sua ascensão e declínio. A obra é uma poderosa reflexão sobre o poder, vaidade, a busca da fama e a solidão que esse amontoado de coisas é capaz de trazer.

O final do filme provoca uma grande reflexão quando após a morte de Kane, seus pertences estão sendo recolhidos para serem incinerados. A câmera se aproxima de um pequeno trenó (na verdade, um brinquedo que teria pertencido da Kane ) e nele está escrito “Rosebud”. Um objeto de quando Kane fora, ainda pequeno, separado da família. Aí um simbolismo muito forte do que estava indo para o fogo naquele instante.

É o que eu já ouvi e um pouco que sei desse filme que assisti uma única vez e já faz um tempinho.

Há os que não acham Cidadão Kane o melhor de todos em todos os tempos e escolheram um filme soviético de 1925, “O Encouraçado Potemkin” do diretor Serguei Eisestein para subir no lugar mais alto do pódio. Esse filme surge logo após a revolução bolchevique ainda no calor da insurreição socialista relatando o levante dos marinheiros em 1905 ocasionada pelos mal tratos, ingestão de carne estragadas que é o estopim da revolta. O forte da obra está no que o cineasta denominou como “montagem dialética” com a intenção de que o expectador compreendesse o conteúdo não só pelo que é narrado, mas pelo modo como é narrado.

Em 1987, Brian de Palma, se inspira em uma cena dessa obra de Eisestein que ocorre numa escadaria em Odessa onde ocorre a trama, para a composição do seu “Os intocáveis”.

Reconheço contrito saber da existência de alguns que possam ter um bornal repleto de argumentações poderosas. Eu, um mero expectador, um apaixonado declarado por essa linguagem visual fascinante, não tenho tutano para discordar. aqui humildemente (e publicamente) reconheço o valor e a importância desses dois legados.

Mas cá entre nós, eita dois filmes duros de assistir. Ufa!

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