Os nazistas acreditavam na teoria de um médico alemão chamado Franz Joseph Gall (1758-1828), segundo a qual o tamanho do crânio, com suas saliências, indicaria o caráter e as tendências de seu possuidor. O que essa teoria, chamada frenologia, pretendia mostrar era a de que um ser humano já tem traçadas no cérebro suas tendências ao longo da vida. Um ladrão seria ladrão porque a conformação específica de seu crânio indicaria a tendência inata para o roubo,
Mapa frenológico, com as supostas áreas de virtudes e sentimentos no crânio humano ▪ Fonte: Wikimedia
por exemplo. Um “bom crânio” indicaria um bom caráter. Os nazistas acreditavam que eram arianos, seres especiais de uma raça superior, dolicocéfalos (de crânio alongado). Acreditava-se, na Alemanha, na época da II Grande Guerra, que os judeus, em sua grande maioria, tinham o crânio curto, pouco alongado, por isso os nazistas, às vezes, em caso de dúvida sobre a etnia de alguns prisioneiros, apelavam para a frenologia para fazerem a triagem deles e decidirem se eram braquicéfalos ou dolicocéfalos, se eram judeus ou arianos, se mereciam ou não o extermínio num campo de concentração.
Cientistas modernos acreditam que Jesus Cristo era braquicéfalo e mulato, como a maioria dos moradores de Nazaré. A ideia de um Cristo louro, branco, de olhos azuis foi difundida na Europa porque lá se acreditava que o ideal de beleza era a de uma pessoa loura de olhos claros.
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Além da cor da pele e dos olhos, há outros enganos a respeito do perfil de Jesus Cristo, difundidos pela Igreja e aceitos por uma multidão de crentes fervorosos: Jesus não falava latim, mas aramaico; não nasceu no ano I da nossa era, mas no ano 4 ou 5 ANTES de Cristo, por um erro no calendário romano-cristão, organizado pelo monge cita (ou armênio), Dionísio, o Pequeno (circa 500-545); não nasceu tampouco no dia 25 de dezembro, data que não está na Bíblia, mas possivelmente em março (Jesus era do signo de Peixes), e morreu no ano 28 ou 29 da nossa era, no final de março ou nos princípios de abril, nas comemorações da Páscoa.
Representação romana do deus Mitra ▪ Museu de Veneza
O dia 25 de dezembro foi fixado pela Igreja no ano 525 para cristianizar as festas pagãs que se realizavam nessa época, entre 22 e 25, em homenagem ao deus solar Mitra que, apesar de persa, era festejado em Roma, nas comemorações da entrada do solstício de inverno.
A influência pagã nos mitos católicos não é assim tão rara. Os reis magos nem eram magos, não eram reis e nunca existiram. Não se compreende como três reis (cujos reinos se ignoram) conseguem viajar sem escolta, sem súditos e sem apetrechos próprios para uma longa jornada (incluindo aí alimentação e vestimenta). Não creio que tenha existido no Oriente algum país ou reino governado por um mago negro, como Baltazar. Na Bíblia, apenas Mateus, em 2:1-12, fala dos magos, mas não os chama de reis. Magos era o nome que se dava aos sacerdotes da religião persa, tidos por sábios e possuidores de dons divinos. A lenda diz que esses sacerdotes (os magos) realizariam de Herodes Antipas o pedido para localizar Jesus e informá-lo, mas eles regressaram ao Oriente sem voltar a ver Herodes.
Três MagosLeopold Kupelwieser, 1825
Na verdade, os reis magos representam simbolicamente os três continentes conhecidos na época, ou as três raças humanas que devem respeito a Jesus: Gaspar, o asiático, representando a Ásia ou a raça amarela; Melquior, o velho, representando a Europa ou a raça branca; e Baltazar, o negro, representando a África ou a raça negra. Os reis magos, na verdade, são uma bela metáfora mitológica.
Cristo Pantocrator, S.XIII ▪ Mosteiro de Hilandar, Grécia
Os magos (que não eram reis) eram possivelmente essênios, isto é, talvez fizessem parte de um grupo asceta, praticante da lei mosaica, que fazia curas com ervas medicinais, acreditava em milagres e na bênção com as mãos. Jesus, ao que parece, era também essênio.
Está certo que muitos fatos históricos a respeito de Jesus e do Cristianismo são controvertidos e de difícil solução a curto prazo. Mas não é boa política insistir em lendas, em mentiras e em equívocos...
Mostrar as incertezas da História não é abalar a fé. É engrandecê-la com a ânsia de descobrir a verdade. E só a verdade prevalecerá.