NO CURSO DAS LETRAS Repouso a caneta – penumbra no papel. A vida assim não se deslumbra, porque traços, vírgulas e met...

Poemas esparsos (III)

poesia paraibana leo barbosa
 
 
 
NO CURSO DAS LETRAS
Repouso a caneta – penumbra no papel. A vida assim não se deslumbra, porque traços, vírgulas e metáforas ponteiam minha vida de essências. Reticenciar é hipocrisia; meus pontos são períodos. A escrita é uma fase perpétua na qual só se respira na leitura, vai edificar molduras, vai emoldurar palavras. Eu não faço letras, elas me fazem, porque sou muitos, um dicionário indizível.


ANDARILHO DA PALAVRA
Não sou redemoinho, página em branco, chuva esparsa, peregrino sobre a palavra. Quero a escritura que me atrai, que não me trai. Não peço prêmios, só palavra. Direito de abrir lábios e pronunciar meus maiores desejos sem que seja alvo do impostergável silêncio. Basta ante passados de elementares conclusões.


(RE)PARTO
“O parto é uma mentira: nós não nascemos nele. Antes, já estamos nascendo. A gente vai acordando no antecedente tempo, antes mesmo de nascer. É como a planta que, no segredo da terra, já é raiz antes de proclamar seu verde sobre o mundo” – Mia Couto
A mãe se ausenta e tem explicação. e não é escolha. Prefere abortar tudo e gerar o nada. Escolho fecundar. Entre a solidão e a droga, entre a prostituição e o fracasso, escolho a poesia. A luz não muda. O tempo é o subsolo e sua água evaporou.

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  1. Reflexão poética sobre a palavra, base de tudo. Há poesia sem palavra? Há poesia sem poema? O poeta reflete e daí nasce o poema; não sempre, mas às vezes. Parabéns, Leo. Francisco Gil Messias.

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