Quando a gente tem filhos, são tantos desafios a cumprir, desde que o teste dá positivo que um turbilhão de hormônios e mudanças no corpo, nos tomam de assaltos e alegrias. E medo. Muito medo do desconhecido. Ou um monte de sentimentos paradoxais de uma vez. Depois, vem o nascimento e mais desafios. Exaustão. Cansaço mental. E solidão. Daí também a presença, por vezes, da depressão pós-parto. Aos poucos e muitos custos, vamos sendo invadidas de um amor in-condicional e experiências, que vão transcendendo todo o resto e vamos mergulhando no aprendizado de criar um filho. A cada dia um muro intransponível. Dores. Aconselhamentos. E mais medo.
Escola Sempre Viva
Sempre tive profunda admiração pela profissão do educador. Ainda mais daqueles que alfabetizam e cuidam das crianças no primeiro grau. Adolescentes então, tarefa hercúlea para os fortes. Uma vez fui ao colégio Pio X, falar sobre o meu filho caçula, e espiei pela fresta da porta a sua turma. Tinham 11 para 12 anos. A testosterona pelos cabelos e aquela turma enorme a falar, gritar, se movimentar, como se não houvesse amanhã. Saí com dó da professora.
Quanto aos pequeninos, os meus estudaram desde os dois anos de idade na Escola Sempre Viva. Admirava muito o trabalho pioneiro desses trabalhadores da educação infantil, enfrentando ferozmente todas as adversidades de ter uma Casa-Escola pequena, e com métodos diferenciados. A criança como centro, alimentação natural, liberdade, espaço para a criatividade, solidariedade, expressão artística, e respeito. Escrevo aqui de memória e sem nenhum manual das linhas pedagógicas da escola. Uma memória afetiva e de admiração por Dorgilan, Olga, Olgarina e Tutu, e hoje já com uma turma a mais, incluindo a segunda geração de filhas desse pessoal.
Atividades da Escola Sempre Viva
A minha neta, Luísa, estuda nessa escola, do alto dos seus 5 anos. E está já no quarto ano de aprendizado. Este ano, todo o seu orgulho era de estar no Maternal 2 e ter a permissão para subir na Casa da Árvore. Quanta ascensão! Nesse período, participo quando posso das festas comunitárias, me informando do seu gosto pela escola, amiguinhas, novidades que aprende e as belas festas do final do ano, sempre com temas da nossa cultura.
Por esse Carnaval ensimesmada, pedi para ver os seus portfólios (Espaço de páginas em branco, que as crianças vão preenchendo com as atividades das várias disciplinas ou linhas mestras de cada ano). Foram três ao todo, as quais me deliciei ao ler por onde fazem a conexão Escola e a Vida,instrumento de
Ana Adelaide e Luisa
Em 2022, no seu primeiro ano, as crianças tiveram o tema da Amazônia, para trabalhar. Luísa com seus dois aninhos, estudando sobre meio ambiente. Temas como o Carnaval, as mulheres, emoções, as cores, a Páscoa, o autoconhecimento, passeios pela cidade, leituras de livros, dentre outros foram explorados. Ao final de cada trimestre, avaliação profunda e detalhada sobre: “O Eu, o outro e nós; o corpo, gestos e movimentos; traços, sons, cores e formas; escuta, fala, pensamento e imaginação, espaços, tempos, quantidades, relações e transformações”. Uma cartinha pessoal de cada professora fazendo um resumo de como é Luísa na escola, e as suas peculiaridades subjetivas. Em 2023, ainda a Amazônia e os povos originários. As lendas, O Saci, e a cultura popular; o São João, a sua moradia. E em 2024 o tema da Ciência, Cultura e Arte. Tintas naturais, Maio Amarelo, Literatura de Cordel, Alfredo Volpi e suas bandeirolas, Comadre Fulôzinha, Boi bumbá, Feira do Conhecimento, a Letra U, e as charadas.
Escola Sempre Viva
Escola Sempre Viva
E que suba muito nessa Casa da Árvore. O seu grande sonho deste ano. Ano que vem outras subidas virão.